Notícias Maior índice da história do segmento
Vendas de defensivos biológicos cresceram 77% em 2018
Dados são da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico e confirmam tendência verificada nos anos anteriores

A indústria de controle biológico brasileira registrou, no ano passado, um dos maiores índices de crescimento de vendas de sua história. O conjunto das empresas membros da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), que representa 70% do mercado de agente biológico comercializado no Brasil, fechou 2018 com vendas totais da ordem de R$ 464,5 milhões, resultando numa expansão de 77% sobre os R$ 262,4 milhões obtidos em 2017. Os dados são de um levantamento do Departamento de Estatística da entidade e foram divulgados em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (21), em São Paulo, SP.
Para o presidente da associação, empresário Arnelo Nedel, eleito recentemente para a gestão do biênio 2019-2020, tal desempenho expressivo do segmento ganha ainda mais relevância por ser uma média. “Houve segmentos onde o aumento de vendas atingiu a espantosa marca de 148%, como no caso dos biofungicidas”, informa Nedel. Na análise do dirigente da ABCBio, o principal motivo para esse inédito aumento de vendas é a maior taxa de adoção dos agricultores por agentes biológicos contra pragas e doenças. Como o uso de defensivos biológicos ainda está numa fase de consolidação no Brasil, qualquer aumento na taxa de adoção em culturas que ocuparam grandes áreas, como por exemplo, a da soja, é suficiente para resultar em elevado volume de vendas. No exemplo da soja, cuja adoção em algumas regiões produtoras não chega a 5%, se entende a forte evolução, assim como as projeções futuras de aumento, já que a maioria ainda não se vale desse insumo.
Contribuiu também para a maior adoção de biológicos pelo produtor rural brasileiro uma ação melhor coordenada por parte das indústrias do segmento em se aproximar do produtor, oferecendo suporte, assistência técnica, sobretudo em relação as formas de aplicação de agentes que são organismos vivos que, portanto, demandam maior controle no seu manejo. Outro fator de incremento da adoção de biológicos é sua maior eficiência no controle de pragas e doenças. Há casos de agentes biológicos que já apresentam a mesma eficácia dos produtos convencionais. “O que se nota é que havia, e ainda há, uma demanda reprimida por soluções de defesa vegetal que resultem em menor impacto em termos de resíduos, principal característica dos agentes biológicos”, comenta o presidente da ABCBio.
Essa demanda reprimida ficou evidenciada em outra pesquisa feita pela ABCBio, na safra 2017-18, com 1.762 agricultores de todo o país. Uma das conclusões do levantamento foi a de que 43% dos produtores rurais disseram desconhecer os biodefensivos. De outro lado, a aceitação desse insumo por aqueles que já o utilizam é enorme, uma vez que 98% dos entrevistados que usaram defensivos biológicos na safra 2017-18, disseram que pretendiam usá-los também na próxima safra. Entre os fatores mais citados para a decisão do uso está a eficiência do controle, mencionado por 76% dos produtores ouvidos.
Outro fator que explica o excelente desempenho das vendas em 2018 foi um aumento dos lançamentos de produtos inovadores pelas indústrias de controle biológico. Diversas novas formulações foram colocadas à disposição do produtor entre o final de 2017 e durante 2018. Algumas delas ganham espaço no pacote tecnológico de controle de pragas e doenças das lavouras por proporcionarem aumento de vida útil e, consequentemente, maior tempo de prateleira. Além disso, os novos ativos que estão chegando ao mercado possibilitam controlar diferentes pragas e doenças, alguns possuem mais de um ativo biológico num mesmo composto e há ainda os chamados agentes híbridos, que combinam ativos biológicos com ingredientes de origem química.
Por fim, o que se nota em relação a maior utilização de biodefensivos é que está havendo uma mudança na concepção do uso desses agentes biológicos. Diante dessa transformação de paradigma, a expectativa é de maior crescimento do segmento nos próximos anos. Nada menos que 96% dos produtores ouvidos pela ABCBio afirmaram que deve haver crescimento no uso desse tipo de insumo no Brasil nos próximos cinco anos. Entre os ativos biológicos mais utilizados hoje pelos agricultores brasileiros, o estudo constatou que os preferidos são: Bacillus sp (diversos tipos), baculovirus, Beauveria, Cotesia, Metarhizium, Paecilomyces, Pochonia, Trichoderma e Trichogramma. Já as principais culturas onde o insumo é aplicado são: soja, cana, café, hortaliças e frutas.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



