Notícias Quase R$ 200 bilhões
VBP do Paraná triplica em 10 anos e irradia desenvolvimento pelo Estado
Crescimento consistente do VBP permite que ganhos dentro da porteira se reflitam em melhorias no meio urbano. Hoje, 35 municípios registram resultado acima de R$ 1 bilhão.

Soja, frango de corte, suíno, milho e leite foram os principais produtos do agronegócio paranaense em 2023. Juntos representam 54% do Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP), que, no ano passado, totalizou R$ 198,8 bilhões. Esse montante reflete a força da agropecuária na economia estadual, que cresce de forma expressiva ano após ano. O valor registrado em 2023 representa um crescimento nominal de 3% em relação ao levantamento anterior (2022) e 11% considerando a inflação do período.

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“Os números comprovam aquilo que já sabíamos: a grande força motriz da nossa economia vem do campo. O setor agropecuário do Paraná prova que é possível subir ainda mais a régua da produção e produtividade, mantendo a sustentabilidade, com resultados expressivos a cada ano”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
“Sem agricultura não tem desenvolvimento. Se os municípios conseguem produzir seu alimento localmente, eles ficam menos expostos a oscilações de preços e escassez de alimentos. Só isso já gera uma estabilidade social e econômica”, complementa Junior Ruiz Garcia, coordenador do grupo de estudos em macroeconomia ecológica da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Em 2023, pelo segundo ano consecutivo, o setor pecuário foi responsável pela maior fatia do VBP, com participação de 48,8%. A agricultura respondeu por 46,6% da composição do índice, com destaque para os grãos, que tiveram resultado 17% superior ao do ano anterior, impulsionados pelo bom desempenho das lavouras. A soja respondeu por 25% da composição do VBP 2023. Já as florestas plantadas reduziram a participação devido à desvalorização dos preços, para 4,7%.
Para efeito de comparação, há 10 anos, o VBP paranaense totalizava R$ 69,1 bilhões. Ou seja, em uma década o VBP paranaense quase triplicou (R$ 198,8 bilhões). Em termos reais, descontado o efeito da inflação para o período, o VBP avançou 29%. Ainda, enquanto em 2013 apenas três cidades registravam VBP acima de R$ 1 bilhão, hoje 35 municípios registram resultados bilionários vindos do campo.
R$ 198,8 bi – Este foi o montante do Valor Bruto de Produção Agropecuária do Paraná em 2023
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Toledo, na região Oeste, se destaca como maior VBP do Estado, com resultado acima de R$ 4,5 bilhões em 2023. A produção de suínos de
corte totalizou, sozinha, mais de R$ 1,3 bilhão. Esses montantes têm reflexos no bolso da classe produtora e também em outros setores da economia local. Afinal, quando o campo vai bem, os outros setores também são beneficiados. “Com certeza, esse recurso [da agropecuária] é revertido em qualidade de vida. Esse dinheiro circula e se multiplica várias vezes dentro do município. Não à toa que Toledo tem despontado como uma das melhores cidades para se viver”, aponta Cristiano Dall’oglio da Rocha, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit).
De fato, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede indicadores como expectativa de vida, escolaridade e renda do município do Oeste paranaense é de 0,768, acima da média paranaense (0,749) e também da média nacional (0,765). “Esses resultados sucessivos vêm mostrando a força do agricultor e a visão estratégica dos gestores rurais”, complementa Dall’oglio da Rocha.
A conclusão do dirigente da Acit tem respaldo também no fato de que o VBP é um dos critérios para o cálculo do repasse do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos municípios. No índice final a ser aplicado sobre a arrecadação do ICMS, que resulta na cota-parte destinada a cada cidade, o VBP tem participação de 8%. “Quanto maior o VBP do município, maior será a parcela do ICMS. Esses [municípios] que têm VBP acima de um bilhão vão receber repasses maiores”, explica o professor Junior Ruiz Garcia.

Riqueza que se irradia
Dessa forma, a produção agropecuária tem relação direta com o desenvolvimento dos municípios. Além da fatia do repasse do ICMS, ocorre a transferência direta de renda da agropecuária para outras atividades econômicas. “Hoje, Ubiratã é um canteiro de obras, tanto públicas quanto da iniciativa privada. Tudo isso se deve ao fato de o agro estar indo bem.

Nossa economia é baseada na agropecuária”, revela Thiago Munhoz D’Alécio, secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O município foi responsável pelo maior VBP da regional de Campo Mourão, com R$ 1,3 bilhão em 2023. “Percebemos essa força da agricultura junto ao comércio. Quando as lavouras vão bem, gira um volume maior de dinheiro, as pessoas consomem mais, compram mais”, observa o secretário.
Talvez por isso, o PIB per capita de Ubiratã seja um dos mais robustos do Estado: R$ 82,3 mil, enquanto a média paranaense é de R$ 49,9 mil e a brasileira R$ 42,2 mil. “O valor que gira na propriedade rural vai para a cidade. Se tem que fazer melhorias na propriedade, aumentar um barracão, comprar material de construção ou uma máquina agrícola, contratar o serviço de um veterinário: é tudo na cidade”, aponta o presidente do Sindicato Rural de Castro, Eduardo Medeiros.
Historicamente, o município da região dos Campos Gerais sempre está entre os maiores VBPs do Estado. Em 2023, Castro ocupou o segundo lugar com R$ 3,9 bilhões. Conhecido como a capital nacional do leite, o produto lácteo é a maior fonte de renda com participação de 50% do VBP. Reflexo dessa atividade, a produção de silagem (de milho e sorgo) figura como terceira colocada na composição do VBP do município.“A produção leiteira de Castro atrai capital humano para a região, impulsionando setores como o imobiliário, serviços, lazer
e educação. Sempre que um setor econômico tem um bom desempenho, ele impulsiona outros, que são necessários para sustentar a população beneficiada, melhorando a qualidade de vida local”, observa Luiz Caetano Magro, gerente de agência do Sicredi em Castro.
Além do repasse de impostos e da receita circulante na economia local, a pujança agropecuária traz outros impactos positivos para as cidades. “Se o agro vai bem, o município no qual o agro se desenvolve também vai. Se eu tenho produção acontecendo, eu tenho empregos sendo ofertados nesse município. Mesmo na agricultura que utiliza mão de obra familiar, também vai demandar mão de obra externa” considera a coordenadora do curso de AgroDigital da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Maria Fernanda Lopes de Freitas.
Não por acaso, entre os 35 municípios que despontam com VBP acima de R$ 1 bilhão, apenas dez deles possuem percentual de pessoas empregadas na agropecuária abaixo da média paranaense (3,53% dos empregos). O restante apresenta percentual acima deste valor, com alguns com boa parte da população local atuando na atividade agropecuária, como Tibagi, nos Campos Gerais, que tem 42% da sua força de trabalho atuando nesse setor.
Divisão do VBP por atividade


“Os números comprovam aquilo que já sabíamos: a grande força motriz da nossa economia vem do campo” – Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP
VBP dos municípios do Paraná

VBP não é PIB
Quando se fala de Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP) é comum confundir este termo com o Produto Interno Bruto (PIB). Enquanto o primeiro consiste no volume dos produtos multiplicado pelo preço, o segundo é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos ao longo de um ano. “São duas formas diferentes de olhar para uma mesma realidade. O PIB vê objetivamente o que a agropecuária produziu e vendeu. No caso do PIB não entra os produtos que sofreram processamento, pois observa apenas o setor primário”, afirma o professor Junior Ruiz Garcia, coordenador do grupo de estudos em macroeconomia ecológica da UFPR.
Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o PIB paranaense em 2023 totalizou R$ 665,6 bilhões, sendo que o setor agropecuário foi responsável por uma fatia de R$ 73,6 bilhões. Já o VBP foi calculado no mesmo ano em R$ 198,8 bilhões.

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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

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Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.
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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional
Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.
Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves
A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.
A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.
Fatores que influenciam mercado
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.
1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves
Fatores de alta:
- Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
- Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.
Fatores de baixa:
- Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
- Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
- Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
- Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.
2. Oferta e mercado interno
Fatores de alta:
- Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
- Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.
Fatores de baixa:
- Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.
3. Safra e clima
Fatores de baixa:
- Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

Foto: Claudio Neves
ciclo 2025/26;
- Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.
Acordo China-EUA
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.
Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.



