Conectado com

Suínos

Vão máximo do piso em granjas brasileiras ultrapassa limites recomendados e compromete bem-estar animal, aponta médico-veterinário

Especialista diz que não existe um piso ideal, pois cada aspecto positivo pode trazer um aspecto negativo. Porém, ele recomenda que é preciso avaliar a realidade de cada fase para fazer a melhor escolha.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

A escolha do piso ideal para suínos não possui uma resposta definitiva, uma vez que depende de diversos fatores e circunstâncias, assim como cada tipo de piso apresenta vantagens e desvantagens em diferentes situações e fases do sistema de produção. Além disso, fatores como clima, umidade, nutrição e genética também devem ser levados em consideração. Quem chama atenção para esses aspectos é o médico-veterinário e mestre em Ciência Animal, Tom Kramer, que foi um dos palestrantes do 17º Encontro Regional da Abraves/PR, realizado em meados de março, em Toledo, PR.

De acordo com um estudo realizado pela Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, foi constatado que cerca de 29% das mortes ou eliminações de suínos no plantel ocorrem devido a problemas locomotores, especificamente relacionados à claudicação. Em outro levantamento realizado em 2007, os problemas locomotores e a claudicação foram responsáveis por cerca de 30% das ocorrências de problemas no plantel de criação de suínos. Contudo, passados quase 20 anos, a suinocultura ainda enfrenta essa mesma realidade. “Isso sugere que há algo que não estamos fazendo corretamente para lidar com esse problema. É fundamental avaliar as práticas de manejo e a nutrição dos animais, bem como as condições de alojamento, a fim de identificar possíveis causas dessas ocorrências e implementar medidas para preveni-las”, menciona o médico-veterinário.

Médico-veterinário e mestre em Ciência Animal, Ton Kramer – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Ao analisar a realidade brasileira, com base em um levantamento realizado há quase 10 anos, constatou-se que 65% das porcas apresentavam algum grau de claudicação. Em uma amostra de mais de 60 mil fêmeas, avaliadas em 36 granjas, foi identificado que a prevalência de claudicação variava entre 43% e 83%. “Esses dados demonstram que a claudicação é um problema relevante e frequente na suinocultura brasileira, que pode afetar a saúde e o bem-estar dos animais e, consequentemente, a rentabilidade da produção”, revela Kramer.

Além de escolher um tipo de piso adequado, é fundamental considerar o design da instalação, a qualidade construtiva, a manutenção das instalações e a condição dos animais que ocupam esse ambiente. Entre os aspectos que devem ser considerados para definir o piso ideal, destacam-se a durabilidade, a facilidade de limpeza e higienização, o conforto térmico e biomecânico dos animais, a redução dos problemas locomotores e a prevenção de lesões. “É importante buscar informações especializadas para avaliar e selecionar o tipo de piso que melhor se adequa às necessidades da produção, garantindo a qualidade e a eficiência do sistema de produção”, frisa Kramer.

Aspectos anatômicos

O casco dos suínos é composto por uma unha lateral e uma unha medial, e a distribuição do peso nos membros é dividida igualmente, com cerca de 50% do peso nos membros anteriores e 50% nos membros posteriores. Nos membros anteriores, o peso é dividido entre os dois dígitos do casco do suíno, já nos membros posteriores a unha lateral suporta uma carga maior, correspondendo a 78% do peso do membro, ou seja, um quarto do peso total do animal está concentrado na unha lateral. “Compreender o tipo de piso, dimensionamento e design é essencial, uma vez que eles estão diretamente relacionados com a distribuição do peso sobre a superfície. A pressão exercida pelo animal é calculada a partir da divisão do peso pela área em que está apoiado ou exerce esforço. Por isso, a escolha do piso adequado pode contribuir para evitar problemas de locomoção e desconforto nos suínos, além de garantir a saúde e o bem-estar desses animais”, expõe.

Tipo da construção

Ao decidir o tipo de construção ou design para uma instalação destinada à criação de suínos, é fundamental levar em conta o dimensionamento apropriado para a fase dos animais que serão alojados. Ao considerar as diferenças entre os padrões, o americano prioriza a redução da mão de obra, tornando mais fácil a limpeza e manejo dos animais, em contrapartida, o modelo europeu enfatiza o bem-estar animal, procurando oferecer condições de vida mais adequadas para os suínos.

Embora os produtores brasileiros afirmem construir suas granjas com pisos adequados para os leitões, a realidade encontrada nas unidades produtivas é diferente. Com frequência, Kramer diz que é possível observar os animais apoiando suas duas unhas centrais no meio dos orifícios presentes no piso ripado da creche. “Infelizmente, muitos produtores ignoram essa situação, mas é importante destacar que as consequências podem ser graves para a saúde e bem-estar dos animais, comprometendo sua qualidade de vida e produtividade futura”, salienta.

Segundo Kramer, é comum encontrar em granjas a situação em que os leitões em crescimento, ao chegarem na fase de recria ou terminação, são submetidos a uma lâmina d’água que, embora apresente vantagens, pode causar lesões na linha branca dos cascos, como rachaduras laterais. “Essa lesão é a mais frequente encontrada em animais abatidos nos frigoríficos e pode levar à eliminação precoce de leitoas jovens e fêmeas de primeira e segunda gestação. É importante que os produtores estejam atentos a esses aspectos e promovam medidas preventivas para evitar tais problemas na criação de suínos”, pontua o médico-veterinário.

Espaço vazio do piso

Em um estudo de 1984, foi investigado o impacto da relação entre o espaço vazio e a parte sólida no piso ripado na ocorrência de lesões nos suínos. O estudo avaliou o peso corporal dos animais de zero a 140 quilos e determinou que o máximo aceitável para o espaço vazio seria de 30%, especialmente para os animais adultos, e que 70% do piso deveria ser sólido. Kramer destaca que esse estudo não considerou fatores como umidade, presença de dejetos e abrasividade do piso.

No entanto, a prática no campo revela que o piso ripado cilíndrico, comum em maternidades, tem uma superfície de apoio de apenas 10%, enquanto o espaço vazado é de 90%, ultrapassando o máximo de vazio recomendado. Já nas instalações de piso de ferro ou tri-bar, esse vazio aponta uma relação de um para um, aparentemente, 50% de superfície de apoio e 50% de espaço vazado, o que também não é ideal para as leitoas, pois elas podem prender suas unhas nos vãos. Já o piso ripado de plástico oferece apoio de 55%, o de ferro fundido 60% e o de concreto 83%. “É importante considerar essas proporções ao escolher o tipo de piso para os animais, pois a migração para um piso de concreto pode não resolver completamente o problema”, salienta Kramer.

Ao considerar o dimensionamento das estruturas, o profissional lembra que é importante levar em conta a largura das unhas em cada fase dos suínos. Quanto mais jovem o animal, mais estreita é a unha, e quanto mais velho, mais larga. “O vão máximo do piso deve ser um pouco menor do que a largura da unha do animal. Nos Estados Unidos, o padrão é de uma polegada, ou seja, cerca de dois centímetros e meio, o que pode ser aceitável para um animal adulto, mas não seria adequado para uma leitoa em desenvolvimento”, menciona.

Considerando o bem-estar e as diferentes necessidades de cada espécie de suíno, é preciso levar em consideração, quando se trata da escolha do piso, que existem duas questões distintas: a primeira é o apoio do animal sobre o piso e a segunda é a limpeza da instalação, que está relacionada com a permeabilidade do piso. “Para exemplificar, vamos considerar um piso ripado de concreto que siga o padrão americano de 2,5 centímetros de vão de 10,5 centímetros de superfície de apoio, totalizando 13 centímetros. Se imaginarmos um piso ripado que cubra 100% da baia, teremos uma permeabilidade de 19%. Porém, se considerar um piso ripado de 50%, a permeabilidade da instalação diminui para 9,5%. Isso afeta a forma como os resíduos se movem na instalação e, consequentemente, a sua limpeza. A permeabilidade é um fator crucial a ser considerado na manutenção da higiene do ambiente”, frisa Kramer.

Construção

Ao pensar na construção de um ambiente, é importante considerar a qualidade dos materiais e acabamentos utilizados. Esse é um aspecto que pode ser discutido com um engenheiro, mas é recomendado que se siga um padrão mínimo de qualidade para o concreto utilizado na construção e que se leve em consideração aspectos como resistência à compressão, relação máxima água-cimento, consumo mínimo de cimento, cobrimento mínimo para aço e design adequado para pisos e vigas. “O uso de concreto usinado é recomendado para instalações que terão contato com os animais e com os dejetos, pois oferece uma maior durabilidade e resistência, além de uma superfície mais lisa e uniforme, o que facilita a limpeza e reduz o acúmulo de sujeira e bactérias”, afirma o profissional.

Um dos fatores importantes a serem considerados durante a construção da granja é o coeficiente de atrito, que leva em conta a abrasividade e a elasticidade do piso. O ideal é que o coeficiente esteja entre 0,5 e 0,7. “Esse fator afeta de sobremaneira as fêmeas, porque limita sua movimentação para buscar alimento e água e pode levar ao sobrecrescimento das unhas, especialmente considerando as características dos animais atualmente”, reforça o mestre em Saúde Animal.

Kramer salienta que assim como o piso ripado, o piso de ferro fundido também apresenta boas condições de coeficiente de atrito. Já o piso plástico oferece as condições ideais apenas quando está seco. Por outro lado, o piso de ardósia não deve ser considerado, pois não atende aos requisitos de coeficiente de atrito e elasticidade necessários. “Outro aspecto importante a ser considerado no piso é a qualidade dos bordos e a baixa resistência do concreto. Essa condição é muito comum devido à queda de ração do comedouro no piso, que fermenta e produz ácido. Esse ácido reage com o cimento do concreto, expondo a pedra brita, o que só agrava a situação. Além disso, muitas vezes a qualidade do concreto é comprometida devido a economia nos materiais utilizados na construção”, explica.

Primeiros lotes perdidos 

Recentemente tem-se observado que em unidades de produção novas, particularmente em granjas de reprodução, o primeiro lote de porcas é perdido. Mas por que isso ocorre? De acordo com Kramer, os animais desenvolvem o que é conhecido como ‘doença do concreto novo’. Ele explica que o problema está relacionado com a abrasividade excessiva do piso, que desgasta o tecido cornificado associado ao hidróxido de cálcio. Esse desgaste ocorre devido ao pH elevado do concreto, que é causado pela falta de tempo suficiente para a cura adequada do material. “Para diminuir a abrasividade é importante adotar medidas como lavar o piso, usar um raspador metálico e aplicar um banho com barrilha para neutralizar o hidróxido de cálcio. Outra opção é esperar cerca de 30 a 45 dias para que o concreto tenha o tempo necessário de cura antes de introduzir as porcas na instalação”, menciona.

Manutenção

Em um levantamento realizado em 2014, constatou-se que 11% das gaiolas de gestação apresentavam danos, com a melhor granja registrando apenas 2% e a pior com 42%. “As fêmeas que sofrem com dor devido ao piso inadequado ficam preocupadas em se deslocar e acabam perdendo o apetite, o que afeta diretamente o desenvolvimento dos leitões e a produção de colostro”, afirma Kramer, ampliando: “O desenvolvimento de calosidade e bursite é favorecido por pisos escorregadios e úmidos, bem como o ambiente, seleção de marrãs, terminação, genética, manejo e nutrição são fatores que podem interferir na claudicação e outras condições que afetam a locomoção dos animais, não apenas o piso”.

Por fim, ao se considerar a escolha do piso, é importante levar em conta aspectos como dimensionamento, tipo, modelo, qualidade construtiva, manutenção e condição do animal. “Não existe um piso ideal, pois cada aspecto positivo pode trazer um aspecto negativo. É preciso avaliar a realidade de cada fase para fazer a melhor escolha. Por exemplo, leitões precisam de um piso menos abrasivo, enquanto o piso ripado de concreto é melhor para as porcas e o piso ripado cilíndrico é o pior. Já o ripado total é prejudicial à saúde e bem-estar dos animais, pois a umidade e os dejetos não são desejados na instalação”, sustenta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
Continue Lendo

Suínos

Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.