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Valores do milho encerraram março em queda no mercado brasileiro
Em relatório divulgado no dia 8 de março, a Conab estimou a produção brasileira de 2022/23 em 124,67 milhões de toneladas, 0,8% acima do divulgado em fevereiro

Os valores do milho encerraram o mês de março em queda no mercado brasileiro e chegaram a operar nos menores patamares do ano em muitas praças acompanhadas pelo Cepea. Os principais fundamentos para a queda foram a elevada produção da safra verão, o clima favorável ao desenvolvimento da segunda temporada e, principalmente, a redução da demanda interna – compradores e exportadores limitaram as aquisições de novos lotes. Enquanto isso, do lado vendedor, muitos estivaram mais flexíveis nos valores de negociação e dispostos a realizar entregas imediatas. Produtores também deram preferência à comercialização do milho em detrimento da soja, seja para aguardar valorizações mais intensas da oleaginosa, seja porque não possuem mais espaços para armazenar o cereal. Assim, no acumulado de março, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa recuou 4,2%, fechando a R$ 82,6/saca de 60 kg no dia 31.
A média mensal do Indicador, de R$ 84,88/sc, é a menor desde novembro/22, quando foi de R$ 85,34/sc de kg, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de fev/22). Os valores de março também foram os menores do ano no Triângulo Mineiro, Sudoeste do Paraná, em Sorriso (MT), Mogiana (SP), Campos Novos (SC) e Ijuí (RS). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores acumularam quedas de 5% no mercado de lotes (disponível) e de 7,1% no de balcão (ao produtor). Quando comparadas as médias mensais, os recuos foram de 2,2% e de 2,9%, respectivamente. Na B3, os contratos também fecharam em queda, diante do fraco ritmo de negócios no spot e do desenvolvimento favorável da segunda safra. Deste modo, o vencimento Mai/23 cedeu fortes 9%, fechando a R$ 79,63/sc de 60 kg no dia 31. Os contratos Jul/23 e Set/23 também caíram 9%, indo a R$ 78,94/sc de 60 kg e a R$ 78,76/sc de 60 kg, respectivamente.
Portos
As negociações no spot e para entrega futura estiveram enfraquecidas em março, e os preços nos portos também recuaram, pressionados pela queda do dólar. No acumulado do mês, houve desvalorização de 1,41% no porto de Paranaguá (PR), a R$ 88,86/saca de 60 kg no dia 31. A moeda norte-americana se desvalorizou 2,9% de 28 de fevereiro a 31 de março, a R$ 5,069 no último dia de março. Apesar desse cenário, os contratos negociados antecipadamente fizeram com que os embarques brasileiros em março ficassem acima dos da temporada anterior. Segundo a Secex, as exportações brasileiras somaram 1,33 milhão de toneladas em março, muito acima das 14 mil toneladas de março/22.
Estimativas
Em relatório divulgado no dia 8 de março, a Conab estimou a produção brasileira de 2022/23 em 124,67 milhões de toneladas, 0,8% acima do divulgado em fevereiro, como consequência do aumento na produção da safra verão, que passou para 26,75 milhões de toneladas, alta de 7% em relação à temporada anterior. Quanto à segunda safra, o atraso na semeadura da soja pode prejudicar o desenvolvimento do milho e limitar a área com o cereal. Por enquanto, a previsão é de produção 11% superior à do ciclo anterior, em 95,6 milhões de toneladas. Para a terceira safra, a estimativa é de 2,31 milhões de áreas produtoras, cenário que não foi suficiente para limitar o atrasado na comparação com o ano anterior.
Segundo dados da Conab, até o dia 1° de abril, a colheita da safra verão chegou a 47,6% da área, e a semeadura da segunda safra, a 96,3% da área estimada, atrasos de 4 e de 3 p.p. entre as temporadas 2021/22 e 2022/23. A semeadura da segunda safra está praticamente concluída em Mato Grosso, somando 99,78% da área, de acordo com informações do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) do dia 31. Em Mato Grosso do Sul, produtores seguem atentos ao risco climático, devido ao atraso registrado nesta temporada. Segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), a semeadura está aproximadamente 14,3 pontos percentuais atrasada em relação a 2022, somando, até o dia 31, 83,7% da área estadual. No Paraná, a Seab/Deral apontou, no dia 3 de abril, que a área implantada é de 99%. Já na safra verão, a prioridade da soja limita em partes avanços mais expressivos do cereal. No Paraná, a colheita havia alcançado 70% da área estadual até o dia 3 de abril, segundo a Seab/Deral. No Rio Grande do Sul, a produtividade varia entre as regiões, e a colheita soma 77% da área (Emater/RS), pequeno avanço semanal de 3 p.p. até o dia 30 de março.
Campo
No início do mês, o alto volume de precipitações atrasou os trabalhos de campo e deixou produtores preocupados com a semeadura da segunda safra, mas a diminuição no volume de chuvas e as altas temperaturas permitiram avanços nas áreas produtoras, cenário que não foi suficiente para limitar o atrasado na comparação com o ano anterior. Segundo dados da Conab, até o dia 1° de abril, a colheita da safra verão chegou a 47,6% da área, e a semeadura da segunda safra, a 96,3% da área estimada, atrasos de 4 e de 3 p.p. entre as temporadas 2021/22 e 2022/23. A semeadura da segunda safra está praticamente concluída em Mato Grosso, somando 99,78% da área, de acordo com informações do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) do dia 31. Em Mato Grosso do Sul, produtores seguem atentos ao risco climático, devido ao atraso registrado nesta temporada. Segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), a semeadura está aproximadamente 14,3 pontos percentuais atrasada em relação a 2022, somando, até o dia 31, 83,7% da área estadual. No Paraná, a Seab/Deral apontou, no dia 3 de abril, que a área implantada é de 99%. Já na safra verão, a prioridade da soja limita em partes avanços mais expressivos do cereal. No Paraná, a colheita havia alcançado 70% da área estadual até o dia 3 de abril, segundo a Seab/Deral. No Rio Grande do Sul, a produtividade varia entre as regiões, e a colheita soma 77% da área (Emater/RS), pequeno avanço semanal de 3 p.p. até o dia 30 de março.
Internacional
Na Argentina, a colheita chegou a 7% da área, com as produtividades mantendo a tendência de baixa, conforme dados do dia 30 da Bolsa de Cereales. A produção nacional da safra 2022/23 está prevista em 36 milhões de toneladas, 16 milhões a menos que a safra anterior. Nos Estados Unidos, os contratos futuros acumularam altas, refletindo a boa demanda chinesa pelo cereal norte-americano. Segundo o USDA, somente de 14 a 30 de março, foram vendidas de maneira avulsa 3,1 milhões de toneladas do cereal à China. Os contratos Mai/22 e Jul/22 avançaram fortes 8% entre 28 de fevereiro e 31 de março, ao fecharem o dia 31 cotados a US$ 7,4875/bushel (US$ 294,76/t) e a US$ 7,33/bushel (US$ 288,56/t), respectivamente. Quanto à semeadura, de acordo com o USDA, 2% da safra de milho do país havia sido semeada até o dia 2 de abril, mesmo percentual da temporada anterior e da média das últimas 5 temporadas (2018-2022).

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.





