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Valor Bruto da Produção passa de R$ 1 bilhão em nove cidades do Paraná
O faturamento total foi de R$ 98,08 bilhões, valor nominal recorde na série; pecuário foi um destaque

A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento divulgou neste mês o relatório final do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2019. Além de revisar o faturamento total para R$ 98,08 bilhões, valor nominal recorde na série, o documento mostra que, pela primeira vez, o Paraná tem nove municípios com VBP superior a R$ 1 bilhão – cinco a mais do que no levantamento de 2018. Os valores correspondem ao faturamento bruto dos produtores com a comercialização da safra 2018/19, abrangendo cerca de 350 produtos da agropecuária.
Os municípios de Guarapuava (R$ 1,28 bilhão), Santa Helena (R$ 1,08 bilhão), Dois Vizinhos (R$ 1,05 bilhão), Assis Chateaubriand (R$ 1,05 bilhão) e Palotina (R$ 1,04 bilhão) agora integram a lista dos faturamentos mais expressivos junto com Toledo (R$2,69 bilhões), Castro (R$ 1,72 bilhão), Cascavel (R$ 1,67 bilhão) e Marechal Cândido Rondon (R$ 1,16 bilhão). O crescimento anual mais representativo foi o de Guarapuava, com valor 31% superior ao de 2018, quando somou R$ 981,9 milhões.
Incremento
Após alguns ajustes pontuais realizados pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), o VBP total do Paraná teve um incremento aproximadamente R$ 362 milhões em relação ao divulgado no relatório preliminar, em agosto. O valor representa um crescimento nominal – sem os descontos da inflação – de 9% e um ganho real de 3% na comparação com o total somado em 2018, de R$ 89,78 bilhões. O valor vai compor o Fundo de Participação dos Municípios, que é responsável por dividir a fração do ICMS destinada às cidades do Estado.
Pecuária
A técnica do Deral responsável pelo levantamento do VBP, Larissa Nahirny, explica que o relatório final confirma o destaque da pecuária paranaense. “Pela primeira vez, a pecuária liderou o VBP, representando metade do total, com um acréscimo de aproximadamente R$ 8,3 bilhões sobre o faturamento de 2018. A revisão do número de abates revelou um rendimento ainda maior dessa atividade”, explica.
Essa tendência se confirma entre alguns dos municípios com maiores rendimentos, principalmente com a produção de frango e suínos. Em Toledo, por exemplo, a pecuária é responsável por 82% do VBP. Em Santa Helena, a atividade compõe 85% do faturamento e, em Dois Vizinhos, 90%. Os preços também favoreceram o desempenho do setor.
Depois da pecuária, a segunda principal representatividade na composição do VBP do Paraná é do grupo dos grãos e grandes culturas (39%), seguido das hortaliças (5%) e produtos florestais (4%). A produção de frutas é responsável por 2% do VBP.
Para o chefe do Deral, Salatiel Turra, os números representam o bom cenário da agropecuária paranaense. “O Paraná é um Estado bastante diversificado, com produção significativa em vários tipos de proteína. Tivemos um panorama bastante favorável em termos de preços, principalmente os da arroba do boi, e de comércio internacional”.
Regiões
No ranking regional, considerando o percentual de crescimento de 2018 para 2019, o Centro-Sul lidera o VBP, com aumento nominal de 14% – totalizando R$ 6,5 bilhões; seguida pela Região Metropolitana de Curitiba (R$ 5,64 bilhões), com aumento de 12%, e pelo Oeste (R$22,77 bilhões), que também cresceu 12% em valores nominais.
Todas as regiões do Estado apresentaram crescimento nominal. Quanto ao aumento real, as exceções são os Campos Gerais (R$ 7,99 bilhões) e o Noroeste (R$ 9,13 bilhões), que não cresceram além da correção monetária. “Embora o Noroeste tenha perdido parte do faturamento correspondente à mandioca e à soja, o valor foi compensado pela pecuária de corte”, explica Larissa. A região perdeu R$ 502 milhões no grupo de grãos e grandes culturas, sendo R$ 300 milhões equivalentes a perdas na mandioca. Por outro lado, registrou um incremento de R$ 584 milhões na pecuária.
Considerando os valores reais, o desempenho do Centro Sul foi 7% maior em 2019. O resultado não ficou tão concentrado na pecuária, mas foi beneficiado por um incremento no faturamento do feijão, que passou de R$ 86 milhões em 2018 para R$ 188 milhões em 2019, considerando as três safras. Outro destaque foi a batata, cujo rendimento passou de R$ 182 milhões em 2018 para R$ 389 milhões em 2019, um aumento de 114%. O município de Guarapuava é responsável por 70% do incremento na cultura.
Na Região Metropolitana de Curitiba, que registra o segundo maior crescimento real (6%), as hortaliças (R$1,87 bilhão) foram o carro-chefe do VBP, com aumento de 26%. Destaca-se também o faturamento relativo à produção de flores, que somou R$ 64,67 milhões em 2019, 106% a mais do que em 2018.
O Oeste se destacou pelo valor absoluto do VBP, que somou mais de R$ 2 bilhões sobre o faturamento de 2018. Segundo Larissa, como a pecuária sustenta o VBP dessa região, o impacto da estiagem na safra 18/19 não foi tão grande sobre valor final. “Mesmo perdendo faturamento com a soja, a região registrou um ganho substancial na pecuária, principalmente com frango e suínos, somando R$ 2 bilhões a mais do que em 2018”, explica. A pecuária é responsável por acrescentar R$ 15,8 bilhões ao VBP do Oeste.
Exportação
Tanto a demanda interna por proteínas animais quanto a externa estiveram em alta no período, o que ajuda a explicar o aumento significativo do VBP paranaense em 2019.
De acordo com a técnica do Deral, em 2019, o aquecimento da demanda, somado à baixa oferta de bovinos, pressionou os preços e aumentou a procura pelos substitutos, como frango e suínos.
“Além disso, o câmbio valorizado do dólar beneficiou os exportadores. Cerca de 21% das proteínas animais que o Paraná exportou em 2019 tiveram a China como destino”, diz. As exportações de carnes tiveram aumento de 9% no faturamento e 5% no volume em 2019 na comparação com 2018, segundo dados do governo federal.
Estimativa para 2020
O VBP 2020, cujo relatório será concluído no próximo ano, está estimado em R$ 114,55 bilhões. “De modo geral, as expectativas para o VBP de 2020 são excelentes, já que a safra 2019/2020 bateu recorde na produção de soja e tivemos um bom escoamento da produção de proteína animal para o mercado internacional”, avalia o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
A produção da primeira safra de soja no ciclo 19/20, que soma 20,6 milhões de toneladas, está 96% comercializada, o que garante um VBP de aproximadamente R$ 28,9 bilhões para a cultura. Quanto ao milho da segunda safra, mesmo com redução de 12% na produção, o VBP está projetado em R$ 8,8 bilhões, favorecido pelos bons preços.
Outros índices que garantem uma perspectiva positiva para o VBP 2020 são os preços dos principais produtos pecuários, como frango, ovos, leite e bovinos, que estão, no mínimo, 10% superiores aos do ano passado.
Além disso, no primeiro semestre de 2020, o volume de abate de suínos foi 8% superior ao mesmo período de 2019, de acordo com o Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Mesmo que esses dados não sejam utilizados diretamente no cálculo do VBP, ajudam a vislumbrar o bom desempenho do setor”, diz Larissa.
Na análise da técnica do Deral, a estiagem registrada no Paraná nos últimos meses não deve impactar negativamente o VBP 2020, já que o calendário agrícola do ano está encerrado. “Porém, esse impacto pode ser mais efetivo no VBP de 2021, tendo em vista o atraso no plantio da soja, que deixa em dúvida a viabilidade da segunda safra de milho”, explica.

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Brasil reforça parceria com a OCDE em agenda agrícola sustentável na COP30
Reunião de Carlos Fávaro com Marion Jansen fortalece a atuação brasileira na organização e debate avanços em comércio, inovação e políticas agroambientais.

Na quinta-feira (20), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, realizou uma reunião bilateral com a diretora de Comércio e Agricultura da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Marion Jansen, na AgriZone, a casa da agricultura sustentável na COP30, em Belém (PA). O encontro reforçou o compromisso do Brasil em ampliar sua participação na organização e avançar em temas estratégicos da agenda agrícola internacional.
Durante a reunião, foram discutidos indicadores agroambientais e os trabalhos conduzidos pelos grupos da OCDE dedicados à agricultura, comércio, meio ambiente e políticas agrícolas. Um dos pontos de destaque foi o realinhamento da participação brasileira no Programa de Cooperação e Pesquisa (CRP), considerado fundamental para fomentar estudos, inovação e intercâmbio técnico entre países. Fávaro ressaltou a importância de que métricas globais reflitam de maneira mais precisa as realidades produtivas tropicais.
“Estamos trabalhando para que a voz do Brasil esteja cada vez mais presente nos fóruns internacionais. Nossa produção sustentável, aliada à inovação, nos coloca em posição de apoiar agendas globais e garantir que decisões sobre agricultura e comércio levem em conta a realidade de quem produz alimentos com responsabilidade”, destacou o ministro.
A bilateral marcou também a apresentação da nova adida brasileira junto à OCDE, Bárbara Cordeiro, que assumirá o posto em janeiro de 2026. O diálogo abriu novas perspectivas de cooperação e consolidou o interesse mútuo em fortalecer a atuação técnica do Brasil na organização.
Após a reunião, a OCDE promoveu o painel “O desafio do comércio agrícola sustentável: um diálogo de alto nível”, na AgriZone. Participaram do debate Marion Jansen, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua.
O painel reuniu especialistas, representantes internacionais e formuladores de políticas para discutir caminhos para um comércio agrícola sustentável em um cenário global de desafios ambientais e crescente demanda por alimentos. Os participantes abordaram a harmonização de indicadores, estratégias de mitigação e adaptação climática e políticas que considerem a diversidade das realidades produtivas ao redor do mundo.
Durante o debate, o secretário Luís Rua destacou o papel estratégico do Brasil. “O Brasil tem excelência na agenda da sustentabilidade e na preservação ambiental, mas também se destaca pela produção de alimentos. O país pode liderar pelo exemplo, com atividades produtivas sustentáveis e responsabilidade ambiental, aliadas à inovação e à tecnologia. Esses elementos permitem que o Brasil se consolide cada vez mais como um player estratégico na produção de alimentos, garantindo a segurança alimentar global e conciliando preservação ambiental e desenvolvimento do setor produtivo”, afirmou.
O painel reforçou, ainda, o protagonismo brasileiro no desenvolvimento de tecnologias e políticas públicas voltadas à sustentabilidade, contribuindo para que o comércio internacional avance com equilíbrio, competitividade e compromisso ambiental.
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Agricultura regenerativa ganha destaque na COP30 como caminho para um agro mais sustentável
Painel do Mapa no Pavilhão Brasil debate práticas que reduzem emissões, recuperam solos e fortalecem a competitividade da agricultura de baixo carbono no país.

Representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) participaram, neste penúltimo dia da COP30, de um painel dedicado à agricultura regenerativa como caminho para um agronegócio mais sustentável e resiliente. O encontro ocorreu no Pavilhão Brasil, na Blue Zone, reunindo especialistas e autoridades para discutir soluções que integrem produção e preservação.
O painel teve como foco mostrar como práticas regenerativas podem reduzir emissões de carbono, restaurar a capacidade produtiva dos solos e ampliar a eficiência das cadeias agropecuárias. Os participantes também discutiram os desafios e as oportunidades para expandir essas técnicas no campo brasileiro, sobretudo diante das mudanças climáticas e da necessidade de fortalecer a segurança alimentar.
O auditor fiscal federal agropecuário do Mapa, Luís Rangel, destacou que o Programa Caminho Verde Brasil será um dos principais motores da transformação sustentável no país. A iniciativa prevê a recuperação de áreas atualmente degradadas, devolvendo-as à produção por meio de ciência, tecnologia e inovação, fortalecendo a agricultura de baixo carbono e ampliando a competitividade do Brasil no cenário global.
Rangel também reforçou que o governo vem ampliando os instrumentos de incentivo para que mais produtores adotem práticas sustentáveis. Entre eles, está o desconto de 0,5% no Plano Safra para quem investe em sistemas produtivos sustentáveis e tecnologias de baixa emissão. Para ele, “a transição verde já é uma realidade no campo brasileiro, e programas como o Caminho Verde mostram que é possível produzir mais, conservando os recursos naturais”.
Além disso, o debate ressaltou que a agricultura regenerativa está alinhada às metas nacionais de sustentabilidade, contribuindo para o uso eficiente do solo, o aumento da biodiversidade e a redução de impactos ambientais, sem comprometer a produtividade de pequenos, médios e grandes produtores.
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Mobilização do setor rural retira de pauta PL que aumentaria custos extrajudiciais no Paraná
Pressão do Sistema Faep, sindicatos e produtores garante suspensão do projeto que poderia elevar em até 532% taxas essenciais para atividades rurais e impactar o preço dos alimentos no estado.

O Projeto de Lei (PL) 1016/2025, referente ao aumento dos valores de referência aos atos extrajudiciais no Paraná, foi retirado da pauta de votação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A ação é resultado da mobilização do Sistema Faep, com apoio dos sindicatos e produtores rurais, que também envolveu o G7 (grupo que reúne sete entidades representativas do setor produtivo paranaense), os deputados estaduais e o governo estadual. O projeto de lei havia sido protocolado na Alep pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR).
Caso o PL 1016/2025 fosse aprovado, o impacto financeiro seria significativo na agropecuária estadual. Isso porque os produtores rurais teriam que pagar, por exemplo, até 532% a mais para averbação sem valor econômico, 351% para emissão de certidões e 82% para pedidos de escrituras com valor acima de R$ 750 mil. Com o aumento dos custos dentro da porteira, o valor dos alimentos para a sociedade paranaense sofreria reajuste.
“A retirada de tramitação do projeto é uma vitória do setor rural e também da sociedade paranaense, já que teria impacto para todos os cidadãos. O momento em que vivemos, principalmente no meio rural, é delicado, com altos custos de produção, margens apertadas e problemas extras, como as intempéries climáticas. Essa vitória é coletiva, resultado da mobilização de diversos elos da cadeia produtiva rural”, destaca o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette. “O Sistema Faep, nossos sindicatos e produtores rurais agradecem a sensibilidade dos deputados estaduais, principalmente do presidente da Alep, Alexandre Curi, e do governador, Carlos Massa Ratinho Junior”, complementa.
A retirada do PL da pauta da Alep evita que os produtores rurais tenham que pagar a mais em operações de registro, averbação, retificação de área, georreferenciamento, regularização ambiental e ratificação de área em faixa de fronteira. Esses documentos são necessários para o financiamento, regularização fundiária, crédito rural, registro de propriedades, regularização ambiental e, até mesmo, a obtenção de financiamentos bancários.



