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Avicultura Manejo

Vacinação em granjas de frangos de corte: uma prática desnecessária na avicultura brasileira

Cada vacina deve ser escolhida em função primeiramente da ou das enfermidades-alvo

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito pela médica veterinária MSc. Aline Sousa e médico veterinário PhD. Jorge Chacón – Serviços Veterinários da Ceva Brasil

Os programas imunoprofiláticos, parte fundamental dos programas de biosseguridade, são imprescindíveis para garantir a produção de lotes sem doenças clínicas e subclínicas que afetam a viabilidade e produtividade das aves.

Os programas vacinais são desenhados baseados no nível de desafios ou pressão de infecção em cada realidade geográfica. O desenvolvimento da avicultura brasileira em termos de tecnificação e eficiência produtiva tem crescido notoriamente nas últimas décadas, convertendo-se em principal exportador de carne de frango. No país, as melhores práticas de criação têm ajudado a diminuir a pressão de patógenos, levando ao uso de programas vacinais menos carregados, com menor número de aplicações na granja.

As vacinas têm se estabelecido como um dos principais pilares para os programas de controle de doenças na avicultura. Até a década de 2000, era comum ter granjas aplicando mais de cinco vacinas no campo. A disponibilidade de vacinas aplicadas no incubatório e mais eficazes tem diminuído e até eliminado as vacinações na granja de frango de corte.

Mas, nem todas as vacinas têm a capacidade de eliminar as revacinações ou vacinações de reforço na granja. As vacinas devem ter a capacidade de parar o ciclo das doenças ou controlá-las de forma integrada, para isso, é importante não apenas proteger a ave vacinada, mas também o ambiente ou granja. Uma ave bem protegida não apenas não adoecerá, mas também não permitirá a replicação e consequente excreção do patógeno na cama.

Requerimentos da vacina ideal

Vários e efetivos produtos foram desenvolvidos durante a última década e estão disponíveis para as mais importantes enfermidades avícolas, sendo responsáveis por uma acentuada redução das perdas por doenças em aves comerciais.

Além da proteção da ave e do ambiente, uma vacina ideal deve possuir outras características específicas: facilidade de administração, custo de aquisição acessível, estabilidade do produto durante o armazenamento e após a inoculação no organismo e adequação para programas de vacinação em massa. São objetivos da vacinação: prevenir a infecção, prevenir a doença clínica e suas consequências, atenuar a doença clínica e suas consequências, reduzindo a severidade e intensidade dos sinais. Em relação à eficácia, a vacina deve induzir imunidade precoce, robusta e duradoura.

O desejo pela obtenção de um baixo custo de produção, associado ao objetivo de um produto de alta qualidade para o consumidor, foi um forte incentivo para o desenvolvimento de biológicos de alta tecnologia, aplicados a novas formas de administração nas aves, mais seguras e eficientes, durante os últimos 15 anos. Outro fator determinante foi a perda de eficácia das vacinas tradicionais e aplicações, frente a produções em larga escala, ao alto custo de mão-de-obra qualificada e à sua utilização em momentos emergenciais (in time). Os resultados das pesquisas foram alavancados pelo advento das tecnologias Complexo Imune e de DNA recombinantes, aplicadas no primeiro dia de vida por via subcutânea ou no 18º dia de incubação via In ovo ou por vacinas vivas aplicadas via spray no primeiro dia de vida no incubatório. Todas essas tecnologias precisam ser entendidas e utilizadas da forma correta para as diferentes enfermidades a que se propõem imunizar, a fim de demonstrarem seu verdadeiro benefício e efetividade.

Monitoria do processo de vacinação

As vacinas aplicadas no incubatório têm recebido boa acolhida devido às necessidades das empresas produtoras de eliminar as vacinações na granja motivados principalmente aos inúmeros erros realizados durante as vacinações na granja, dificuldade de obter mão de obra qualificada, e à menor eficácia das vacinas aplicadas de forma massal na granja. Para poder eliminar as vacinações na granja, garantindo uma boa proteção, além de ter uma boa vacina, é também importante ter um processo de vacinação eficiente, mecanizado, controlado e monitorado. Treinamento contínuo da equipe de vacinação do incubatório, revisão e manutenção permanente dos equipamentos e execução adequada que permita a aplicação da dose vacinal correta viável em quase 100% das aves é necessário. Para ter todos estes aspectos controlados, é necessário que a empresa disponha de um sistema de auditoria que verifique a eficácia do processo de vacinação.

Para eliminar as vacinações na granja de frango de corte, deve-se incluir no programa imunoprofilático, vacinas altamente eficazes. Para selecionar a melhor alternativa vacinal ou tecnologia, se faz necessário o entendimento de cada doença, de cada agente etiológico, e da sua epidemiologia. A continuação, se discutirá de forma resumida nestes aspectos.

Doença infecciosa da bursa ou Doença de Gumboro (IBD)

A IBD é uma das principais doenças a comprometer a imunocompetência em aves. Seu impacto pode variar de altas taxas de mortalidade à imunossupressão (destruição dos linfoblastos B, precursores dos plasmócitos responsáveis pela síntese de anticorpos), permitindo que outras enfermidades (Anemia infecciosa, E. coli, Bronquite infecciosa) se estabeleçam e causem alta morbidade no plantel.

O agente da IBD é um birnavirus, sem envelope, tornando-o extremamente resistente à desinfecção, aumentando sua população no ambiente do aviário – na cama, na poeira, nas penas – à medida que os lotes iam sendo criados. O vírus ingressa pela via oral e, depois de horas, chega até o órgão alvo que é a bursa.

A doença pode ser prevenida em parte pela hiperimunização das matrizes, mas os anticorpos maternais (imunidade passiva) não permitem prevenir a infecção por vírus de campo nas últimas semanas de vida da ave. Desta forma, se faz necessário a imunização da progênie, para garantir que no momento da queda dos anticorpos maternais (AcM), as aves não se infectem pelos vírus de campo (imunidade ativa).

Vacinas vivas convencionais contendo cepas invasivas (intermediária plus ou forte) foram capazes de ocupar a Bursa de Fabrícius e tornar os linfócitos B aí presentes, imunologicamente refratários a uma segunda infecção pelo IBDV. O grande problema era definir a melhor idade para a vacinação de campo.

“Durante muitos anos, utilizou-se algumas ‘fórmulas’ para estabelecer ‘qual a’ ou ‘quais as’ idades ideais para a vacinação a campo dos frangos de corte: quando muito precoce, os AcM destruiriam o antígeno vacinal; quando tardia, abriria um espaço para que os vírus de campo, capazes de ultrapassar a barreira de AcM precocemente, chegassem antes à bursa e causassem a doença”.

A Fórmula de Deventer, que ficou mais conhecida, foi muito utilizada nas décadas de 1990 e 2000. Ela contemplava o uso de mais de uma vacina de Gumboro (intermediária, plus e forte). Utilizando o cálculo de decréscimo dos AcM (meia vida), verificou-se que existiam diferenças entre os vários tipos de aves (frangos, matrizes e poedeiras).

De forma geral, após fazer o Elisa Idexx de 20 pintos de 1 a 3 dias de idade, proveniente de cada lote de matriz em produção (no caso de frangos de corte), os números eram lançados em uma planilha que “calculava” a idade em que 75% do plantel estaria em condições de receber a vacina escolhida. Caso fôssemos esperar que 90% do plantel atingisse a idade ideal, aquelas aves com AM mais baixos seriam infectadas pelo vírus de campo. Também poderíamos escolher dois ou três percentuais do lote para fazer duas ou três vacinações a campo e garantir uma melhor chance de acerto (50% – 30% – 20%, p.e.).

O mais interessante eram as observações ao final das explicações de todo o método de cálculo e utilização da fórmula:

  1. “A fórmula calcula a idade de ‘ultrapassagem’ dos títulos de AcM através do Elisa Idexx Standard e não deve ser usada com outros Elisas, a menos que aprovados pelo fabricante da vacina”;
  2. “Uma estimativa da data correta para vacinação contra Gumboro (caso a fórmula seja utilizada), é apenas uma ferramenta na escolha da idade ótima. Ela não é uma garantia. Ela não compensará uma higienização pobre, uma alta pressão de infecção no campo (vírus muito virulentos – vvIBDV – ‘ultrapassam’ a barreira dos AcM com mais altos títulos do que qualquer vacina) e má aplicação da vacina”.

Temos que lembrar que: nos anos 1990-2000, testes de Elisa tinham um alto custo no Brasil (têm até hoje, uma vez que seguem a variação do dólar); que, como hoje, os lotes de frangos são cada vez maiores, e são formados por uma mistura de progênies de vários lotes de matrizes; que matrizes não transferem AcM para a sua progênie de forma uniforme, que também sofrem os efeitos de vacinações mal realizadas, de falhas de aplicação etc. Na prática, já naquela época, a determinação do momento ideal de vacinação era uma falácia, um “desejo”, conquistado, muitas vezes, mais pela experiência do veterinário e pelas múltiplas vacinações do que pelo cálculo, que era impossível de ser feito, sequer mensalmente (sem esquecer as inúmeras integrações que ainda não eram verticalizadas e adquiriam os ovos de terceiros).

Depois da determinação da idade de vacinação, chegou a hora de realmente executar uma vacinação na água de bebida em uma granja de corte. Alguns dos fatores que interferem nesse método de vacinação (válidos até hoje):

  • Treinamento (da equipe, do técnico, do integrado, do granjeiro) – rotatividade;
  • Estocagem e transporte da vacina até a granja;
  • Limpeza de bebedouros ou nipples (canos, reservatórios);
  • Jejum hídrico (cálculo da quantidade de água a ser utilizada – consumo entre 1h e 1:30h);
  • Qualidade da água (microbiológica, ajuste de pH);
  • Número de doses da vacina;
  • Uso de estabilizantes, declorificantes e corantes;
  • Preparação da vacina;
  • Temperatura da água e do ambiente;
  • Estabilidade do vírus vacinal;
  • Administração da vacina (tempo de consumo x ordem social x tempo de viabilidade);
  • Stress das aves.

“Podemos imaginar ou calcular o número de pessoas envolvidas e treinadas para que todo esse procedimento seja feito corretamente em uma integração de 6 milhões de aves, por exemplo”.

“Pelos inúmeros motivos citados acima, é impossível conseguir uma uniformidade de vacinação via água de bebida, correta e eficaz, de maneira contínua em 100% dos lotes em qualquer sistema de produção”.

Em meados dos anos 2000, surgiram as vacinas com as tecnologias Complexo imune e vetorizadas ou recombinantes. Essas vacinas permitem que a vacinação para Gumboro e para outras enfermidades seja feita no incubatório ao 1º dia (via subcutânea) ou por volta do 18º dia – (in ovo), por sistemas automatizados que podem vacinar mais de 50.000 pintos/hora.

  • Vacinas Complexo Imune

Consistem em suspensão de vírus de Gumboro (IBDV) vivo atenuado, do tipo intermediário Plus, recoberto por imunoglobulinas específicas (Imunoglobulinas Protetoras de Vírus ou VPI). Dessa forma, o vírus vacinal coberto pelas VPI fica protegido, e não é reconhecido pelo sistema imune das aves

Após a administração do Complexo imune, as VPI são catabolizadas ao mesmo tempo que os AcM, então, o vírus vacinal é liberado. A proteção da vacina, que corresponde à replicação do vírus vacinal na bursa, ocorre quando os AcM diminuem a um nível que permite a cobertura vacinal antes do lote tornar-se suscetível à infecção.

Imunizações com esse tipo de tecnologia, aliadas a cepas invasivas contra o IBDV, são capazes de proteger imunologicamente os linfócitos B presentes na bursa e, ciclo após ciclo, diminuir a pressão viral. Consequentemente, a seleção de populações virais na granja não ocorre, alcançando-se o “controle” verdadeiro da doença.

Atualmente, as matrizes de corte já vêm sendo vacinadas no incubatório com vacinas Complexo imune, eliminando as vacinas vivas feitas na recria antes da vacinação inativada. Isso significa um primer de alta qualidade, menor CV, menor custo com mão-de-obra, menos manipulação das aves, etc…

  • Vacinas vetorizadas ou recombinantes para IBD

São produzidas a partir de vírus geneticamente modificado (vetor HVT, vírus da doença de Marek), cujo genoma contém o gene do vírus de Gumboro que codifica a proteína VP2 do capsídeo viral. A vacina recombinante não estimula todos os ramos do sistema imune, como as vacinas vivas, pois não existe a replicação do vírus de Gumboro (ele não está presente); apenas induz uma resposta imune de anticorpos contra o antígeno VP2, carreado pelo vírus de Marek (HVT). A proteção induzida pelas vacinas rHVT-VP2 vai aumentando aos poucos, levando alguns dias até várias semanas pós-administração.

As vacinas vetorizadas não impedem a replicação de vírus de campo nas aves. Por isso, a pressão nos aviários se mantém ou até mesmo aumenta. Muitas vezes, é preciso complementar o programa utilizando-se vacinas vivas atenuadas, para reduzir a pressão viral no campo.

A curto prazo, a imunidade induzida pelas vacinas vetorizadas para Gumboro é adequada contra vírus homólogos, mas limitada no caso de desafio precoce, como ocorre em áreas onde a pressão viral é alta. A longo prazo, o fato da imunidade ser específica para o tipo de antígeno, e não proteger igualmente contra todas as cepas virais de Gumboro, afeta negativamente a prevenção da doença.

Conclusões

Cada vacina (viva, inativada, Complexo imune, recombinante) deve ser escolhida em função primeiramente da ou das enfermidades-alvo. Cada enfermidade é causada por agentes com características intrínsecas diferentes, que devem ser bem entendidas para definir o melhor programa preventivo. Deve-se conhecer também a epidemiologia, o nível de pressão de infecção, e o nível de risco da doença para a escolha da alternativa que melhor se adeque à realidade de cada granja ou região geográfica. Uma vez tendo estas informações, o técnico deve definir os requisitos para um programa adequado.

É importante citar que, na maioria das vezes, a via de vacinação é escolhida baseando-se nos critérios humanos envolvidos (número de pessoas, custo, facilidade de aplicação) e não nos critérios técnicos (melhores condições para conservação dos títulos vacinais, alta ou baixa estabilidade fora da ave).

A avaliação da eficiência de um programa vacinal deve basear-se fundamentalmente no aspecto sanitário (não apenas na forma clínica, mas também a subclínica). Mas, como na atualidade as formas subclínicas das doenças são mais comuns e menos detectadas, a avaliação deve incluir a mensuração da produtividade dos lotes a partir de dados confiáveis.

“Devido ao tamanho dos lotes criados e aos preços dos principais insumos e do produto final, gramas de ração ou de carcaça de frango podem representar lucros ou perdas milionárias para as empresas produtoras”.

Finalmente, devemos lembrar que, qualquer que seja a forma da avaliação do programa vacinal, ele terá um custo, o maior deles, uma avaliação errônea de que tudo está indo muito bem e que não precisamos melhorar os parâmetros alcançados.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de janeiro/fevereiro de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Nutrição, manejo e genética: o tripé da saúde locomotora em frangos

Seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves.

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Fotos: Shutterstock

As questões relacionadas à saúde locomotora em frangos de corte têm, nos últimos anos, despertado uma preocupação crescente na indústria avícola. O rápido crescimento genético das aves para atender à demanda do mercado tem levado a um aumento na incidência desses problemas, principalmente de artrites.

A seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves. Condições de manejo inadequadas, como densidade populacional elevada, má qualidade da cama, ventilação inadequada e estresse térmico, podem contribuir para o aumento da incidência de problemas locomotores.

A falta de espaço e a qualidade inadequada do substrato podem causar lesões nas articulações e dificultar o movimento das aves. A nutrição também desempenha um papel fundamental na saúde locomotora das aves. Dietas desequilibradas em minerais e vitaminas essenciais, como cálcio, fósforo e vitamina D, podem comprometer a saúde óssea e articular das aves. A formulação cuidadosa das dietas, adaptada às necessidades específicas das aves em diferentes estágios de crescimento, é essencial para prevenir deficiências nutricionais que possam contribuir para o desenvolvimento de artrites.

Médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes: “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo” – Fotos: Divulgação

Além disso, medidas preventivas, como o monitoramento regular da saúde locomotora das aves e a identificação precoce de problemas, são fundamentais para garantir o bem-estar das aves e a sustentabilidade da indústria avícola. Investimentos em pesquisa contínua e educação para produtores são essenciais para promover práticas de manejo sustentáveis e melhorar o desempenho econômico e ambiental da produção avícola.

Diante desse cenário, se faz necessário uma abordagem multifatorial, envolvendo estratégias de manejo integradas para reduzir a incidência de artrites e problemas locomotores em frangos de corte. Isso inclui a seleção criteriosa de linhagens genéticas com melhores características de saúde locomotora, o fornecimento de ambientes de alojamento adequados e a implementação de programas nutricionais. Sobre essa temática, a médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes, tratou no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), realizado entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Multifatoriais

Os aspectos mais relevantes que estão relacionados com os problemas locomotores são fatores traumáticos ou mecânicos, infeciosos, nutricionais, ambientais e relacionados ao manejo. Esses fatores podem ainda estar associados ou ocorrer de forma isolada. Jovanir menciona que a cama de má qualidade, que não foi adequadamente manejada no intervalo entre lotes, pode levar à instabilidade na locomoção do pintainho pela presença de cascões e desnivelamentos e resultar em microfraturas e fendas em áreas de crescimento ósseo nas extremidades dos ossos longos, como tíbia e fêmur.

Por outro lado, camas úmidas podem predispor às lesões de coxim plantar, as pododermatites, que além de provocar dor, são portas de entrada para bactérias e vírus presentes na cama. “O aumento na umidade nas camas pode ser resultado da baixa digestibilidade da dieta (granulometria inadequada, micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos), da ambiência inadequada (manejo de placas evaporativas, ventilação e estresse térmico) e das disbacterioses, que alteram a estabilidade da microbiota intestinal, comprometendo a funcionalidade da mucosa intestinal”, ressalta a médica-veterinária.

A doutora em Zootecnia explica que bactérias oportunistas podem atravessar a barreira epitelial intestinal através das junções firmes entre as células e por meio da via hematogênica chegam até às microfraturas e fissuras osteocondróticas na extremidade proximal do fêmur e da tíbia, contribuindo com o quadro de necrose e degeneração das áreas de metáfise dos ossos longos. “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. Esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, além da ocorrência de artrites assépticas”, pontua Jovanir.

Além desses fatores, a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado”, ressalta Jovanir, acrescentando: “Nessa situação, a troca de genes de resistência entre bactérias do ambiente por meio de elementos genéticos móveis contribui para a manutenção dessas bactérias portadoras de genes de patogenicidade e de resistência aos antibióticos de um lote para outro. Além disso, o curto período de intervalo entre lotes, o aumento da densidade de alojamento e os erros de manejo, mantém essas cepas mais resistentes e mais patogênicas que podem acometer as aves e resultarem em diferentes manifestações de lesões e comprometimento do sistema locomotor”.

As artrites e problemas locomotores acarretam uma série de consequências adversas nas aves, incluindo dor, comprometimento do bem- -estar animal, dificuldade locomotora,

restrição de acesso à água e ração, prostração sobre a cama, ingestão de cama e inalação de amônia, aumento da taxa de mortalidade (com aves eliminadas), queda no desempenho produtivo, aumento das condenações no abatedouro devido à fragilidade óssea, dermatites/celulites e aerossaculite.

Perdas operacionais no abatedouro

No ambiente do abatedouro, esses problemas também se refletem em perdas operacionais, visto que a redução da velocidade no processo de abate é necessária devido ao aumento das condenações, além dos riscos microbiológicos adicionais decorrentes do aumento da presença de patógenos durante o processamento das carcaças.

Nutrição: papel-chave na prevenção

A nutrição tem papel fundamental em prover nutrientes para o crescimento ósseo. É importante que os níveis nutricionais sejam ajustados à necessidade das aves e aos processos de fabricação de ração. Um desafio é fazer com que esses nutrientes cheguem até o osso. “A baixa digestibilidade dos ingredientes, granulometria inadequada, ocorrência de micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos presentes nos ingredientes podem levar às falhas nos processos de digestão e absorção e em agressão à mucosa intestinal, resultando em sobras de substratos que podem desestabilizar e romper a homeostase do microbioma intestinal, contribuindo com a proliferação das bactérias patogênicas”, expõe a mestre em Nutrição Animal.

De acordo com ela, o aumento, principalmente de proteína não digerida e resultante do aumento do turnover celular da mucosa intestinal, leva a putrefação e a produção de substâncias e moléculas (aminas biogênicas, ácidos graxos de cadeia ramificada, amônia, indol e escatol) que afetam a funcionalidade da mucosa intestinal. “Além da redução da absorção de nutrientes, ocorre aumento da permeabilidade intestinal, ativação do sistema imunológico do hospedeiro, translocação bacteriana, lipopolissacarídeos e padrões moleculares associados a microrganismos (MAMPs) através da barreira endotelial e liberação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-11 e IL-17, que podem ativar a osteoclastogênese e aumentar a reabsorção óssea, principalmente das trabéculas, localizadas nas regiões proximais dos ossos longos”, enfatiza.

Genética das linhagens

O constante melhoramento genético tem resultado em mudanças no crescimento e na deposição de tecido muscular, alterando a conformação da carcaça pela maior deposição de carne de peito, movendo o centro de gravidade dos frangos de corte para frente. “Isso tem contribuído para que a ave adapte sua postura com modificação das propriedades morfológicas, biofísicas e mecânicas da estrutura óssea, o que afeta diretamente as regiões proximais da tíbia e fêmur e a quarta vertebra, ponto de sustentação do peso a ave. Além disso, ossos crescem acompanhando a taxa de crescimento muscular em função da gravidade que o peso vivo exerce, entretanto, não mineralizam o suficiente até a idade de abate”, frisa Jovanir.

Dessa forma, a docente diz que é importante compreender que a rápida taxa de crescimento das atuais linhagens de frangos de corte não é causa das artrites e problemas locomotores, mas sim se constitui num fator de predisposição. “Isso é confirmado pela variação na ocorrência e na gravidade dos problemas locomotores e artrites entre as linhagens genéticas, regiões, clima e até entre aviários de uma mesma companhia avícola”, menciona.

Principais desafios de manejo

Um dos principais desafios enfrentados, segundo Jovanir, é manter um ambiente adequado e saudável que permita a expressão natural do comportamento das aves, enquanto atende às necessidades de bem-estar, saúde e produtividade das mesmas. “As aves respiram, comem (ração e cama) e bebem, portanto, diminuir a carga de microorganismos patogênicos e antígenos que possam perturbar a homeostase do sistema imune de mucosas contribui não só para a redução de problemas locomotores e artrite, como também para a redução de outras condições que afetam o bem-estar das aves, a produtividade e a rentabilidade da cadeia avícola”, salienta a doutora em Zootecnia.

O manejo da cama e do ambiente das aves se constituem no maior desafio que precisa ser enfrentado. Com as constantes melhorias genéticas, o aumento da taxa de crescimento e da taxa metabólica das aves vêm acompanhado do aumento do consumo de ração, da produção de gases e da excreção de água. “A cama retém esses substratos, os quais são metabolizados pela microbiota, alterando o perfil e a diversidade, gerando ainda mais umidade e amônia”, enfatiza, ampliando: “A umidade excessiva contribui com a ocorrência direta dos problemas locomotores e artrites, enquanto que a amônia é o principal agressor da mucosa respiratória, predispondo a ocorrência de aerossaculite e outros problemas respiratórios”.

Alojamento e densidade populacional

Na eclosão, os pintainhos apresentam placas de crescimento ósseo espessas e frágeis e ossos fino e porosos. O período logo após a eclosão é um estágio crítico para o desenvolvimento ósseo e, por isso, de acordo com Jovanir, as práticas realizadas no incubatório devem prevenir lesões mecânicas e amenizar estressores e contaminações que possam impactar o crescimento e a mineralização óssea.

Somado a isso, o tempo e a qualidade do transporte dos pintainhos até as granjas podem ser fatores primários da ocorrência de problemas locomotores em frangos de corte. “No alojamento é necessário adotar estratégias que minimizem os impactos sobre essas estruturas ósseas frágeis e oferecer um ambiente adequado que permite o estabelecimento de uma microbiota simbiótica, uma vez que o pintainho não é colonizado pela transferência da microbiota materna, a exemplo de outras espécies”, pontua a médica-veterinária. O maior número de aves por metro quadrado implica em maior volume de excretas, maior umidade na cama e pior qualidade do ar, fatores fortemente associados a ocorrência dos problemas locomotores e artrite. “A densidade populacional de um aviário deve ser muito bem calculada e dimensionada levando em conta a capacidade de manter o ambiente em torno da ave adequado para o seu bem-estar, comportamento natural, produtividade e saúde”, reforça Jovanir.

Sinais clínicos comuns

Entre os sinais clínicos mais comuns de artrites e problemas locomotores em frangos de corte, estão a dificuldade locomotora (andar com dor), claudicação, busca por equilíbrio ao andar com abertura de asas, dedos tortos, assimetria entre pernas, articulações (especialmente articulação tibiotársica) quentes e com aumento de tamanho, além de aves em posição de decúbito ou sentadas.

Controle e prevenção

As medidas de controle e prevenção para reduzir a ocorrência de artrites e problemas locomotores são basicamente as mesmas previstas nos programas sanitários que as empresas e agroindústrias aplicam para reduzir a ocorrência de qualquer enfermidade ou distúrbio. “É importante que os programas sanitários sejam pautados em dados históricos de cada cooperativa ou agroindústria da ocorrência desses problemas para que seja possível a interpretação e entendimento dos fatores envolvidos e traçadas estratégias mais especificas e assertivas no controle”, enfatiza, evidenciando que além da adoção de estratégias sanitárias, nutricionais e ambientais, deve haver um comprometimento coletivo de todos os envolvidos com a cadeia avícola.

Na fábrica de ração, a especialista diz que devem ser implantados e acompanhados programas de qualidade em todas as etapas de fabricação e de processamento. “As estratégias devem ser aplicadas ainda nos matrizeiros, visando a qualidade da casca do ovo, a transferência de nutrientes para o embrião e o controle sanitário”, menciona.

No incubatório, Jovanir destaca a necessidade de realizar estudos que busquem oportunidades de aprimoramento no desenvolvimento do tecido ósseo, bem como melhorias nos processos aos quais o pintainho recém-eclodido é submetido. “É fundamental que o pintainho seja transportado para as granjas sem impacto sobre o aparelho locomotor”, frisa.

Nas granjas, a docente explica que as camas devem estar secas, trituradas e aquecidas, uma vez que a presença de cascões causa instabilidade nas articulações de ossos longos, ainda com grande quantidade de tecido cartilaginoso. “A altura dos bebedouros nipple é um fator que pode comprometer a saúde das placas de crescimento dos ossos, devido ao esforço para beber água. O manejo do ambiente das aves, a qualidade do ar e água são fatores fundamentais para controlar a diversidade e a carga microbiológica e eliminar organismos competitivos, promovendo a manutenção da estabilidade do microbioma simbiótico no ambiente intestinal da ave”, reforça.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Paraná impõe mais rigor para manter gripe aviária longe de seus planteis

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o
consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais.

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Com pouco mais de quatro meses sem uma ocorrência do vírus da Influenza aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) no Paraná, a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) continua alerta e atuando em conjunto com as entidades setoriais e a cadeia produtiva do estado no combate à doença. O vírus é altamente contagioso e afeta várias espécies de aves industriais, domésticas e silvestres, além de animais marinhos e ocasionalmente outras espécies.

Até o fechamento desta reportagem haviam 13 focos de gripe aviária confirmados no Paraná, todos na região litorânea e em animais silvestres. Com três casos cada, Guaraqueçaba, Paranaguá e Pontal do Paraná lideram os registros, seguidos por Guaratuba com dois focos, enquanto Antonina e Matinhos reportaram um foco cada.

Até o momento, não foram registrados casos em aves comerciais ou de subsistência no Paraná, sendo todas as ocorrências diagnosticadas em aves silvestres das espécies trinta-réis-real, trinta-réis-de-bando e gaivota-maria-velha.

Médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim: “O consumo de carne e de ovos é segura” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

O médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim, ressalta que as regras de biosseguridade para registro avícola sempre foram muito rígidas no estado. “O Paraná segue uma legislação nacional, mas com suas particularidades, uma vez que enquanto a legislação do país dispensa o registro para produtores com até mil aves, no Paraná essa regra é mais rigorosa, exigindo registro independente da quantidade de aves mantidas pelo produtor. “Se for produtor comercial, obrigatoriamente precisa de registro e precisa cumprir as medidas de biossegurança exigidas”, enfatiza Spim.

Mesmo com o enfrentamento da Influenza aviária, essas regras não sofreram alterações significativas, já que são bastante rigorosas desde o início. O que foi intensificado é a fiscalização, que ocorre no momento do registro, válido por cinco anos. Durante esse período de vigência do registro, as granjas são submetidas a vistorias periódicas por fiscais. Spim explica: “Durante esses cinco anos a granja recebe periodicamente a vistoria de fiscais até o momento da renovação, quando é feita uma nova vistoria”.

Essas medidas visam garantir a conformidade com os protocolos de biosseguridade e contribuir para a prevenção e controle de doenças avícolas, incluindo a Influenza aviária. “A cooperação dos produtores e o rigor na aplicação das regulamentações são essenciais para proteger tanto a saúde das aves quanto a segurança alimentar da população”, salienta o fiscal.

Intensificação da fiscalização

Em dezembro de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) demandou que os órgãos de defesa agropecuária dos estados intensificassem as ações junto às granjas. “Passamos mais um pente fino nas unidades produtivas, ocasião em que foram identificadas algumas granjas com problemas sanitários pontuais, que incluem principalmente questões de manejo e limpeza do ambiente. Para regularizar esses problemas, iniciamos em fevereiro uma ação nestas unidades”, relata Spim.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná mantém uma vigilância e busca ativa pelo vírus da Influenza aviária a fim de mapear em quais locais o vírus está circulando. “Esse trabalho é constante e é realizado desde que o primeiro caso foi confirmado no Paraná, em junho de 2023, demonstrando o compromisso do estado com a segurança sanitária na produção avícola”, evidencia o fiscal.

Maior produtor de aves do país

Em 2023, o Paraná reafirmou seu protagonismo na produção de alimentos, especialmente na avicultura. O estado produziu 2,1 bilhões de frangos, mantendo sua liderança no

ranking nacional com uma participação de 34,3%, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de acordo com os dados divulgados em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado representou um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior, reafirma a posição do Paraná como principal polo de produção avícola do país. “O Paraná ostenta o título de principal produtor de frango do Brasil, um feito atribuído ao trabalho dedicado das empresas, entidades setoriais, do governo e dos produtores que garantem qualidade do alimento que chega à mesa dos consumidores”, destaca o profissional.

Além disso, o estado também cresceu na produção de ovos de galinha, alcançando a marca de 434 milhões de dúzias em 2023, aumento de 7,1% em relação a 2022 e um novo recorde na série histórica. Esses dados reforçam o papel fundamental do Paraná na garantia do abastecimento nacional e na consolidação da agroindústria brasileira como um dos principais players globais.

Em todo o país foram abatidos 6,28 bilhões de frangos, crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior, o que também foi o melhor resultado da série histórica iniciada em 1997. Além disso, o país registrou um aumento na produção de ovos de galinha, alcançando um total de 4,21 bilhões de dúzias, outro recorde histórico.

Educação sanitária

Além das ações de fiscalização e controle, o fiscal da Adapar enfatiza a importância da educação sanitária. Spim frisa que é fundamental alinhar diretrizes de segurança da produção que devem ser seguidas à risca, mas ressalta que os produtores também estão conscientes de suas responsabilidades para garantir a biossegurança na produção de animais. “Essa abordagem holística, que combina fiscalização rigorosa, vigilância ativa e educação sanitária, é essencial para manter a segurança e a qualidade da produção avícola do Paraná e assegurar a confiança do consumidor no produto final”, reforça.

Avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, em Guaraniaçu, PR: “Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”

Com capacidade para alojar até 70 mil aves por lote, o avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, localizada em Guaraniaçu, interior do Paraná, afirma que sempre manteve medidas de biosseguridade rigorosas em sua propriedade, mas, com a ocorrência dos primeiros casos da doença em aves silvestres no litoral, essas medidas foram intensificadas. “Nossa granja é toda automatizada e restringimos o acesso exclusivamente aos funcionários autorizados. Monitoramos de forma contínua as instalações dos aviários e mantemos cuidado especial com as aves, a fim de sua segurança e saúde sejam garantidas”, assegura. “Reconhecemos a importância desse cuidado rigoroso para evitar a entrada de qualquer patógeno nas instalações. Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”, exalta o produtor, que trabalha junto com os familiares Fernando, Aline e Frederico na propriedade.

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Período de migração

O médico-veterinário conta que até 2023 a agência trabalhava com uma rota migratória que trouxe o vírus para o país. No entanto, ao longo do ano, os fiscais aprenderam mais sobre as aves migratórias e descobriram várias rotas, incluindo aquelas que vêm diretamente da Europa para o Brasil. Isso ocorre durante todo o ano, o que significa que aves migratórias chegam todos os meses ao país de áreas contaminadas de diferentes partes do mundo. “Essa descoberta colocou a defesa agropecuária em alerta constante. Nosso trabalho é voltado não apenas para conter o foco, mas, sim, para garantir que a doença fique fora das granjas comerciais”, reforça Spim, acrescentando: “Através de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná, que possui um centro de estudos de animais da fauna marinha no litoral, somos comunicados sempre que eventos fora do comum, como a morte de aves silvestres, acontece à beira mar, inclusive com os pesquisadores nos auxiliando na identificação de aves suspeitas”.

Como proceder em casos suspeitos

Em caso de detecção de um foco suspeito de Influenza aviária, Spim explica que o controle é realizado conforme o Plano Nacional de Contingência, disponível no site do Ministério da Agricultura e Pecuária, que estabelece zonas de atuação, perímetros de vigilância e atividades específicas para controlar o foco. “Cada zona possui protocolos diferentes para mitigar a disseminação do vírus”, expõe.

O médico-veterinário ressalta que a notificação imediata é fundamental. “Qualquer suspeita, especialmente em granjas comerciais, deve ser comunicada à Adapar imediatamente. No caso de uma confirmação em uma granja comercial, o Brasil perde seu status de país livre da doença, o que terá uma repercussão global. Isso pode levar ao fechamento e dificuldade de recuperação de mercados”, aponta, ampliando: “A colaboração entre todos os elos da cadeia produtiva e instituições de pesquisa é essencial para garantir a segurança da produção avícola e proteger a reputação do Brasil como um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo”.

 Importância da conscientização sobre a doença

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais. A Influenza aviária é um vírus que circula no mundo há muitos anos, com um novo ciclo iniciado em 2014. No entanto, nunca houve registro de casos em humanos devido ao consumo de carne de frango e de ovos. “O consumo de carne e de ovos é segura”, ressalta.

A intensificação do controle da doença é fundamental devido ao impacto significativo que ela pode ter na cadeia de produção das aves. “Além de proteger a saúde das aves e garantir a qualidade dos produtos avícolas, os esforços de controle da Influenza aviária visam também tranquilizar o consumidor quanto à segurança dos alimentos. A conscientização sobre a doença e suas formas de transmissão ajuda a evitar preocupações desnecessárias e a manter a confiança na qualidade dos produtos avícolas disponíveis no mercado”, argumenta o médico-veterinário.

 O que fazer em caso de suspeita da doença

Ao avistar uma ave morta, Spim reforma que não se deve aproximar e nem mexer no animal, a fim de evitar a propagação do vírus. “Comunique imediatamente a suspeita ao Serviço Veterinário Oficial da sua região, que fará o trabalho de investigação e, se a suspeita for confirmada, desencadeará todas as medidas cabíveis”, salienta.

A Adapar dispõe de 21 Unidades Regionais de Sanidade Agropecuária (URS) com a atribuição de administrar 130 Unidades Locais de Sanidade Agropecuária (ULSA) e 33 Postos de Fiscalização do Trânsito Agropecuário (PFTA). Para saber onde está localizada a unidade da sua região acesse www.adapar.pr.gov.br/Pagina/Unidades-Regionais-de-Sanidade-Agropecuaria-URS.

Para prevenir e reduzir o risco de introdução da Influenza aviária na criação de aves comerciais é necessário tomar as seguintes medidas:

  • Cercar as unidades produtivas avícolas para que outras pessoas não entrem na produção.
  • Evitar o trânsito de pessoas e animais, bem como o contato das aves comerciais como patos, marrecos, gansos, perus e pássaros silvestres.
  • Realizar a lavagem e desinfecção de veículos para entrar e sair do núcleo de produção na propriedade.
  • Limpar e desinfetar regularmente sapatos, roupas, mãos, gaiolas, caixas, equipamentos e utensílios usados no aviário.
  • Evitar compartilhar ferramentas ou equipamentos com outros criadores.
  • Lavar sempre as mãos antes e depois de interagir com as aves.
  • Realizar controle de roedores e outras pragas que possam veicular doenças.
  • Oferecer água tratada às aves. O contato com água sem tratamento, procedente de nascente, pode comprometer todo o plantel.
  • Notificar o Serviço Veterinário Oficial da presença de sinais de doenças nervosas, respiratórias ou casos de morte repentina de grande quantidade de aves em um pequeno período de tempo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Congresso APA debate avanços e desafios na avicultura de postura

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Considerado um dos maiores eventos avícolas do Brasil, o Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos foi mais uma vez sucesso absoluto de público. Realizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), a 21ª edição reuniu produtores, fornecedores, academia, profissionais da área e grandes nomes do setor no mês de março, em Ribeirão Preto (SP).

Coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura: “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção. Além disso, 75 trabalhos científicos foram expostos em pôsteres, enriquecendo ainda mais o ambiente acadêmico e profissional do evento.

O coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura, destaca a evolução do evento. “A cada ano o congresso tem crescido em tamanho, o que muito nos orgulha. Superamos todas as nossas expectativas”, enfatizou. “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”, frisou.

Debates

Na edição 2024 temas essenciais do cotidiano do setor foram abordados, incluindo sanidade, inovação, evolução genética, exigências nutricionais, qualidade da água na granja, práticas de manejo, uso de minerais e aditivos alternativos, qualidade de casca, análise de dados, vacinação contra coccidiose, nutrição de precisão, vacina autógena, Influenza aviária, entre outros. “O fato de estarmos em um evento que não tem um espaço de feira de negócios em paralelo contribui muito para a interação dos participantes, que aproveitam os momentos de intervalo para tirar dúvidas, compartilhar opiniões, adquirir novas ideias, até por estarmos ainda no início do ano muitos dos assuntos discutidos no congresso podem ser bem utilizados ao longo de 2024”, salientou o zootecnista Diogo Ito, membro da Comissão Organizadora.

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques: “Esse congresso oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano”

Riqueza de informações

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques compartilha suas impressões sobre o congresso e destaca os aspectos que mais a impressionaram: “Esta foi a primeira vez que participei deste congresso e foi uma experiência enriquecedora. Ele oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano, especialmente dada a especificidade da nossa área. Foi uma experiência repleta de aprendizados, oportunidades de networking e compartilhamento de conhecimento”, frisou.

Trabalhos premiados

Durante o evento, os melhores trabalhos científicos em cada categoria foram premiados. O estudante Felipe Dilelis, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria Outras Áreas pelo trabalho intitulado “Biofilmes proteicos para manutenção da qualidade interna de ovos caipiras armazenados em temperatura ambiente”. Na categoria Sanidade, o prêmio foi para Viviane Amorim Ferreira, da Unesp Jaboticabal, pelo trabalho “Deleção do gene mgtC em Salmonella Gallinarum resulta em progressão retardada do Tifo Aviário”. Raully Lucas Silva, da Unesp de Jaboticabal, levou o 1º lugar na categoria Nutrição com o trabalho “Modelos não-lineares de efeito misto para predição das exigências de energia metabolizável e líquida em galinhas poedeiras na fase de postura”. Na categoria Manejo, o principal prêmio foi conquistado por Ednardo Rodrigues Freitas, da Universidade Federal do Ceará, com o trabalho “Programa de luz e forma física da ração pré-inicial sobre o desempenho de pintainhas até 35 dias de idade”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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