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Vacinação contra brucelose entra na reta final em São Paulo e novo ciclo começa em janeiro
Campanha do segundo semestre termina dia 31, enquanto a imunização de bezerras de três a oito meses segue de 1º de janeiro a 30 de junho de 2026, com aplicação obrigatória por veterinário credenciado.

A Defesa Agropecuária, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) informa que a Campanha de vacinação contra a Brucelose no segundo semestre acaba nesta quarta-feira (31). A campanha subsequente referente ao primeiro semestre de 2026 tem início na quinta-feira, dia 1º de janeiro com prazo para imunização das bezerras bovinas e bubalinas de três a oito meses de idade até 30 de junho.
Por se tratar de uma vacina viva, passível de infecção para quem a manipula, a vacinação deve ser feita por um médico-veterinário cadastrado que, além de garantir a correta aplicação do imunizante, fornece o atestado de vacinação ao produtor.
A relação dos médicos-veterinários cadastrados na Defesa Agropecuária para realizar a vacinação em diversos municípios do Estado de São Paulo está disponível clicando aqui.
A declaração de vacinação deve ser feita pelo médico-veterinário responsável pela imunização, que, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à campanha, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
Em caso de incongruências, o médico-veterinário e o produtor serão notificados das pendências por meio de mensagem eletrônica, enviada ao e-mail cadastrado junto ao GEDAVE. Neste caso, o proprietário deverá regularizar a pendência para a efetivação da declaração.
O modelo alternativo de identificação – o primeiro do país aprovado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) – de vacinação contra a Brucelose trata-se de uma alternativa não obrigatória à marcação a fogo que além do bem-estar animal, estimula a produtividade e a qualidade do manejo, além de aumentar a segurança do produtor e do veterinário responsável pela aplicação do imunizante.
É estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o algarismo do ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
Para o caso de perda, dano ou qualquer alteração que prejudique a identificação, deverá ser solicitada nova aplicação que deverá ser feita ao médico-veterinário responsável pela aplicação ou ainda, para a Defesa Agropecuária.
Havendo a impossibilidade da aquisição do botton, o animal deverá ser identificado conforme as normativas vigentes do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT).
A Defesa Agropecuária informa ainda que o uso do botton só é válido dentro do Estado de São Paulo, não sendo permitido o trânsito de animais identificados de forma alternativa para demais estados da federação.

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Conseleite sinaliza freio na queda do leite no Rio Grande do Sul e projeta reação dos preços em 2026
Valor de referência de dezembro recua levemente para R$ 2,0180, indicando desaceleração do movimento de baixa e expectativa de recuperação a partir do primeiro trimestre do próximo ano.

O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do RS (Conseleite) divulgou projeção de R$ 2,0180 para o valor de referência do leite em dezembro no Rio Grande do Sul, queda de 0,28% em relação ao projetado de novembro (R$ 2,0237), dados que podem apontar uma desaceleração no movimento de baixa, indicando uma possível melhora e recuperação nos preços a partir do primeiro trimestre de 2026. Os números foram divulgados na manhã desta segunda-feira (29), última reunião do ano de 2025, que ocorreu em formato virtual.
O Conseleite também anunciou o valor consolidado em novembro de 2025 em R$ 2,0601, 6,38% abaixo do consolidado em outubro de 2025 (R$ 2,2006). O cálculo é elaborado mensalmente pela UPF com dados fornecidos pelas indústrias, considerando a movimentação dos primeiros 20 dias do mês, e leva em conta parâmetros atualizados pela Câmara Técnica do colegiado em 2023.
Conforme o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini, o Conseleite acompanha atentamente a evolução do mercado. “Mantemos sempre o diálogo entre os elos da cadeia, buscando fornecer informações que contribuam para o equilíbrio e a sustentabilidade da atividade leiteira no Rio Grande do Sul. Torcemos para um 2026 de crescimento para os produtores e toda a indústria do leite.”
Definição da Diretoria do Conseleite 2026
Durante a reunião, também foi definida a nova coordenação do Conseleite para 2026. Conforme o sistema de rotação adotado pela entidade, que alterna anualmente a coordenação entre representantes da indústria e dos produtores de leite, o cargo passa do setor industrial,responsável pela coordenação em 2025, para o setor produtivo em 2026. Assim, Kaliton Prestes, secretário executivo da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), assume como o novo coordenador do Conseleite.
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Setor lácteo recebe R$ 104 milhões da Conab e alerta para insuficiência do pacote
O aporte federal será direcionado a pequenos produtores e famílias em vulnerabilidade e entidades do setor reforçam que o volume ainda é insuficiente para reverter a crise causada pelo excesso de importações.

Acompanhando o anúncio do pacote de apoio pela Conab na terça-feira (23), o setor lácteo comemorou a ajuda de R$ 104 milhões para sete estados, mas alertou para a necessidade de um consórcio de ações com impacto imediato e mais expressivo, capaz de reverter a crise da atividade. No pacotão demandado pelas indústrias, cooperativas e produtores está uma série de medidas, como a adoção de uma política de benefício tributário para empresas de alimentos que usam o leite em pó nacional, adoção de sobretaxa de 50% para a entrada de leite em pó, manteiga, soro e muçarela vindos da Argentina e do Uruguai e suspensão emergencial das compras de produtos do Mercosul por seis meses. O pedido ainda inclui uma sobretaxa extra e provisória do produto vindo desses dois países até que a investigação de antidumping em curso no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) seja concluída.

Foto: Débora Beina/Divulgação
Durante reunião na manhã desta terça, o presidente da Conab, Edegar Pretto, detalhou como a companhia fará a compra de leite em pó por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O aporte de R$ 104 milhões dará prioridade aos pequenos produtores e o produto adquirido será destinado a famílias em vulnerabilidade. No entanto, alertou o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, o rateio do volume entre os estados causa disparidade, uma vez que nem todos estão sujeitos às mesmas condições de enfrentamento, como o Sul do Brasil. A estimativa é que o Rio Grande do Sul fique com 44% do aporte, o suficiente para escoar menos de 2 mil toneladas. “O volume está muito aquém do que o setor necessita neste momento”, alegou Palharini.
Palharini avaliou que, por mais que seja um excelente anúncio, o volume é insuficiente para a adoção de medidas de impacto imediato. “O setor vem há meses com problema de rentabilidade. Todas as medidas são bem-vindas, mas os governos precisam entender a urgência do momento”, salientou. O executivo reforçou que a crise de oferta excessiva que vive hoje o mercado brasileiro decorre do excedente de importações, movimento feito por indústrias alimentícias que usam o leite em pó na composição de seus produtos, como fábricas de chocolates, pães e biscoitos. “Esse leite importado está sendo utilizado na produção de biscoitos, chocolates e alimentos processados, um produto que, anteriormente, era adquirido de empresas e produtores brasileiros”, ponderou.
Presente na reunião, o secretário de Agricultura, Edivilson Brum destacou os anúncios já feitos em socorro ao setor. “É fundamental que a gente tenha noção da importância da bacia leiteira do Rio Grande do Sul, motivo pelo qual esta é uma notícia muito boa”, disse Brum, lembrando que o governo do Estado também fará uma compra, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural e da Secretaria de Desenvolvimento Social. “Isso ajuda e muito a bacia leiteira, mas o ideal seria se pudéssemos abrir mercado internacional para exportação do leite. Essa sim seria uma notícia incrível e tenho convicção de que todos nós comungamos do mesmo sentimento de que esse caminho é fundamental para o fortalecimento da economia gaúcha”.
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Sistemas ILP com leguminosas elevam ganho de peso e reduzem metano na pecuária
Estudo da Embrapa Cerrados mostra que consórcios entre gramíneas e leguminosas aumentam o estoque de carbono no solo e permitem maior produção de carne com menor emissão de gases de efeito estufa.

Sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) que incluem consórcio entre leguminosas e gramíneas forrageiras de maior potencial produtivo promovem melhor desempenho animal e menor intensidade de emissão entérica de metano (CH₄), além de elevar o acúmulo de carbono no solo. A conclusão é de um estudo conduzido pela Embrapa Cerrados (DF), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). O trabalho científico foi destaque em simpósio internacional coordenado pelo Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), da Universidade de São Paulo (USP). Veja quadro abaixo.
Os resultados fazem parte da tese de doutorado da bolsista Thais de Sousa, que está sendo desenvolvida com a colaboração dos pesquisadores da Embrapa Cerrados Arminda de Carvalho, Roberto Guimarães Junior e Robélio Marchão, sob orientação da professora da UnB Lucrécia Ramos.
Durante o estudo, pesquisadores avaliaram como diferentes estratégias de intensificação na pecuária influenciam o ganho de peso de bovinos nelore BRGN, a emissão de metano entérico e o acúmulo de carbono no solo. Foram analisados três sistemas de produção: uma pastagem contínua solteira de capim BRS Piatã (S1); uma pastagem contínua de BRS Piatã consorciada com a leguminosa feijão-guandu IAPAR 43 (S2); e uma pastagem em rotação com lavoura (ILP) de capim BRS Zuri (S3).
Os resultados mostraram que os animais apresentaram maior ganho de peso nos sistemas mais intensificados. No S1, o ganho médio diário foi de 0,44 kg; no S2, de 0,69 kg; e no S3, de 0,76 kg por animal. A intensidade de emissão de metano, que expressa a relação entre emissão e o ganho de peso total por área foi menor nos sistemas S2 e S3. Por outro lado, a pastagem solteira utilizada como referência no estudo alcançou 450 g CH₄ kg GPV/ha (quilo de ganho de peso vivo por hectare), o consórcio com leguminosa emitiu 269 g CH₄ kg GPV/ha e o sistema integrado com capim Zuri em rotação, 224 g CH₄ kg GPV/ha.
O estoque de carbono no solo na camada de 0 – 30 cm acompanhou a mesma tendência, sendo maior nos sistemas integrados, com destaque para o S2 com a presença da leguminosa, que apresentou 83,17 t C ha⁻¹ (toneladas por hectare), em comparação a 62,20 t C ha⁻¹ na pastagem solteira, ou seja, mais de 20 t ha⁻¹ de incremento de C no consórcio do Piatã com o guandu anão.
Emissões de GEE
O estudo também demonstrou que é possível intensificar a produção pecuária e, ao mesmo tempo, mitigar as emissões de GEE. Sistemas bem manejados, seja com a inclusão de leguminosas ou com a rotação lavoura-pecuária, permitiram maior produção de carne com menor emissão de metano, além de aumentarem o carbono armazenado no solo, melhorando o balanço geral. Resultados anteriores obtidos na mesma área experimental já haviam demonstrado que os sistemas integrados também reduzem as emissões de óxido nitroso (N2O), um outro gás de efeito estufa, em até 59%.
Esses resultados evidenciam que tecnologias como o consórcio de pastagens com leguminosas e a rotação com lavoura são fundamentais para tornar a pecuária mais sustentável e resiliente, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa e uma produção de carne de baixo carbono.
Os dados foram coletados no experimento com sistemas ILP mais antigo do Brasil, localizado na Embrapa Cerrados e implantado em 1991. As avaliações ocorreram em maio, agosto e dezembro de 2024.
Metano no centro dos debates
O Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, e mais de 90% dessa produção ocorre em sistemas a pasto, que ainda apresentam grande potencial de intensificação. A emissão de metano entérico, gerado no processo digestivo dos animais, tem um alto potencial de aquecimento global, 27 vezes maior que o do CO₂ em 100 anos, sendo influenciado principalmente pela qualidade, disponibilidade e consumo da forragem por ruminantes.
O tema foi destaque nas discussões sobre como a agropecuária brasileira pode contribuir para mitigação das mudanças climáticas durante a COP30, realizada em Belém (PA). “A redução das emissões sem comprometer o desempenho animal é um dos principais desafios da agropecuária, e sistemas integrados, consorciados ou intensivos têm se mostrado alternativas viáveis na descarbonização desse setor”, afirma a pesquisadora Arminda de Carvalho.



