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Suínos / Peixes Saúde Animal

Vacina na produção animal é crucial também para a saúde humana

Na produção animal, as vacinas são ferramentas de extrema importância para manter os planteis e seus consumidores livres de doenças

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O mundo todo busca uma vacina contra a Covid-19, doença causada nos seres humanos pelo novo Coronavírus. Na produção animal, as vacinas são ferramentas de extrema importância para manter os planteis e seus consumidores livres de doenças. Para entender um pouco mais sobre o que são, como agem e outras questões, o jornal O Presente Rural entrevistou a pesquisadora Ana Paula Bastos e pesquisador Luizinho Caron, ambos da Embrapa Suínos e Aves, com sede em Santa Catarina. Confira e bom aprendizado.

O Presente Rural (OP Rural) – As vacinas servem para que?

Ana Paula Bastos e Luizinho Caron (Bastos e Caron) – As vacinas são substâncias biológicas, produzidas a partir de partes ou o microrganismo completo, atenuado ou morto, introduzidas nos animais a fim de protegê-los das respectivas doenças. Na prática, elas ativam o sistema imunológico, “ensinando” o organismo do animal a reconhecer e combater vírus e/ou bactérias em futuras infecções. Para isso, são compostas por componentes ou toxinas do microrganismo que causa a doença, ou pelo próprio agente patogênico em versões atenuadas (o vírus ou a bactéria enfraquecidos) ou inativadas (os agentes estão mortos). Portanto, as vacinas contêm antígenos de vírus, bactérias, toxinas bacterianas ou parasitas.

O objetivo da vacinação é estimular o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos contra o antígeno administrado para evitar o desenvolvimento da doença caso o animal tenha contato futuro com esses vírus, bactérias ou parasitas e assim proporcionando proteção contra infecções a longo prazo. A maioria das vacinas estimula tanto uma resposta humoral quanto uma resposta mediada por células.

Algumas vacinas que são raras podem induzir uma imunidade estéril, ou seja, após vacinado por um determinado período o sistema imune é capaz de barrar via anticorpos qualquer tentativa de replicação do vírus no animal após o desafio. O mais próximo disso é a vacina contra Peste Suína Clássica (PSC), mas a maioria das vacinas não consegue inibir a replicação do vírus ou a proliferação da bactéria, mas evita a manifestação dos sinais clínicos ou da doença que esta provoca. Na produção de suínos muitas vezes uma vacina que reduz ou mitiga as perdas econômicas promovidas pelas doenças, já proporciona uma grande melhora no desempenho produtivo.

OP Rural – Como são produzidas?

Bastos e Caron – Várias estratégias básicas são usadas para fazer vacinas. Os pontos fortes e as limitações de cada abordagem são descritos aqui.

As vacinas podem ser vivas, contendo organismos vivos que se multiplicarão no suíno ou inativada, contendo apenas microrganismos mortos que não se multiplicarão no animal.

Em vacinas vivas, os microrganismos geralmente foram atenuados (isto é, sua virulência foi reduzida ou eliminada), de modo que, embora se multiplique no suíno, normalmente não causa nenhuma doença. Exemplos são a vacina PRRS (embora algumas possam causar reações leves), vacinas contra a doença de Aujeszky (pseudo-raiva) e vacinas clássicas da peste suína. As vacinas vivas atenuadas têm a vantagem de que, por se multiplicarem no suíno, dão um estímulo antigênico maior, resultando em uma imunidade mais forte e duradoura, além disso, são vacinas em que efeitos colaterais no local da aplicação ou generalizado (em todo o corpo) como choque anafilático ou anafilactoide serem muito raros, pois a dose de antígeno utilizada para a imunização é muito pequena. No entanto, essas vacinas têm a desvantagem de serem sensíveis e portanto, facilmente inativadas (mortas) e assim tornando-se inúteis em condições incorretas de armazenamento (colocadas no calor) ou durante a administração (por exemplo, por exposição a anti-sépticos ou desinfetantes), pois estas vacinas necessitam estar vivas ao serem administras aos animais para possam se replicar em seus tecidos e induzirem a imunidade.

As vacinas inativadas (mortas) podem conter microrganismos inteiros, partes antigênicas de organismos ou antígenos que foram sintetizados quimicamente. Um exemplo de uma vacina de organismo inteiro comumente usada é a vacina contra erisipela (Na América do Norte, essas vacinas são frequentemente chamadas de bacterinas). A imunidade produzida por vacinas inativadas pode ser aumentada pela adição de adjuvantes.

As vacinas inativadas também podem conter toxinas que foram modificadas para que estimulem uma resposta imune, mas não sejam tóxicas para o animal. As toxinas que foram modificadas dessa maneira são chamadas de toxóides. A vacina clássica desse tipo é o toxóide tetânico, que é comumente usado em cavalos, mas raramente em suínos. Em suínos, algumas das vacinas contra E. coli (diarreia de leitões) e as vacinas clostridiais contra disenteria de leitões contêm toxóides.

Vacinas autógenas são aquelas preparadas com patógenos infecciosos de rebanhos correlacionados a serem vacinados à partir de bactérias ou vírus patogênicos específicos isolados do animal doente. Os organismos causais devem ser isolados, crescidos, mortos e transformados em uma forma de vacina segura. Vacinas autógenas podem ser úteis quando surtos graves de doenças ocorrem e vacinas comerciais padrão não estão disponíveis.

Uma desvantagem de vacinar um rebanho é que você não pode usar exames de sangue para verificar se o organismo está presente no rebanho ou não. Todos os suínos terão resultados positivos, o que tem implicações óbvias para um programa de erradicação baseado em exames de sangue, por exemplo, a erradicação da peste suína ou da doença de Aujeszky (pseudo-raiva). Para superar isso, foram desenvolvidas vacinas com genes deletados. Uma parte do gene do organismo que codifica um antígeno foi removida para que, quando o organismo se multiplique no suíno, ele não estimule anticorpos contra essa parte do antígeno. Os exames de sangue especiais podem distinguir entre a variedade de anticorpos da doença e os estimulados pela vacina. Uma nova geração de tais vacinas manipuladas por genes chamadas em inglês “DIVA” (Differentiation of infected from vaccinated animals) ou vacina marcada que diferencia animal vacinado de infectado.

Vale ressaltar que o desenvolvimento de uma vacina é um processo complexo que envolve uma série de etapas, as quais levam tempo para serem cumpridas. Este processo engloba vários processos experimentais e de pesquisa; isto é, até uma vacina ser licenciada para uma doença e chegar aos produtores são necessários estudo, análises, aplicação em modelos experimentais (cobaias) e exames de reações de inocuidade e a eficácia. O processo de pesquisa para uma vacina começa com o estudo do agente causador da doença (vírus ou bactéria), a equipe isola o agente em laboratório e observa como esse agente provoca a doença. Posteriormente segue as seguintes fases de desenvolvimento: ensaios pré-clinicos, ensaios clínicos e licenciamento.

OP Rural – Como são definidas as vacinas que serão usadas?

Bastos e Caron – De modo ideal, espera-se que uma vacina seja capaz de conferir proteção prolongada do animal frente a uma nova exposição ao agente patogênico, caracterizando a imunidade de longa duração ou memória. A memória imunológica é que permitirá uma resposta imune intensa frente a uma nova exposição desse microrganismo patogênico. Vacinas devem apresentar facilidade de administração, custo de aquisição acessível, adequada estabilidade da vacina durante o armazenamento e após a inoculação no organismo, adequação à programas de vacinação em massa e capacidade de estimular imunidade forte e duradoura. Devem causar o menor número possível de efeitos colaterais e não afetar o desempenho produtivo dos animais. Contudo, a maioria das vacinas requer múltiplas doses para imunizar adequadamente e a via de administração gera custo extra para o produtor, como mão-de-obra disponível e treinada para executar adequadamente a vacinação.

Como solução, novas tecnologias estão sendo utilizadas para tornar as vacinas resistentes a diferentes temperaturas e usam adjuvantes que em conjunto também aumentam a imunogenicidade (a capacidade de uma substância provocar uma resposta imune), combinam antígenos vacinais e sistemas de entrega para as mucosas, pele ou via parenteral livre de agulha, melhorando os procedimentos de imunização, fazendo com que esse manejo no sistema de produção seja adequado e eficiente nas categorias críticas sob o ponto de vista imunológico na produção; como exemplo, os leitões e as porcas lactentes na suinocultura.

O suinocultor também deve avaliar se a vacinação irá gerar retorno econômico a curto, médio ou a logo prazo. Destacamos que isso não se aplica para as vacinas para enfermidades infecciosas graves e que são impostas pelas autoridades sanitárias oficiais, quando o principal objetivo é erradicação e controle das enfermidades. Tentar equilibrar o custo-benefício da vacina e outros insumos é difícil. As granjas comerciais não são projetadas para pesquisa; portanto, às vezes é difícil tirar conclusões de seu uso. No sentido mais básico, as vacinas são ferramentas de gerenciamento de riscos econômicos e de doenças. Portanto, impressões clínicas, dados de produção e informações financeiras devem ser usadas para avaliar o sucesso. Para tal, deve-se avaliar, portanto, o custo da vacina, custo da vacinação (mão de obra, agulhas, seringas, armazenamento), e o retorno gerado a partir da vacinação com a melhora da qualidade da carcaça, redução de condenações, melhora no ganho de peso, redução no uso de antibióticos ou tratamentos terapêuticos, aumento da média de leitões nascidos vivos por porca. Conhecer bem o seu sistema de produção para poder avaliar a probabilidade de um surto de alguma enfermidade que possa trazer sérios danos ao desempenho produtivo da granja também deve ser considerado.

OP Rural – Isso difere de região para região ou país? Ou ainda, quais as mais usadas no Brasil?

Bastos e Caron – O programa de vacinação difere entre países, estados, regiões e sistema de produção. Infelizmente não existe um programa de vacinação que possa ser recomendado para todas as granjas, já que o programa deve ser elaborado pelo médico veterinário, levando em conta os problemas sanitários e o manejo empregado em cada granja. Esse programa poderá ser alterado de acordo com o surgimento de novas vacinas, mudança no padrão das enfermidade e aparecimento de novas doenças, bem como também em função de alterações no manejo. Assim, é importante acompanhar os índices produtivos e ter o acompanhamento de um veterinário que conheça bem a etiologia, patogenia, epidemiologia das enfermidades, para utilizar todas as ferramentas de forma a obter o melhor resultado econômico possível.

Na suinocultura brasileira, nas áreas livre de Peste Suína Clássica (PSC) é proibida a vacinação, como nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de alguns estados do Norte e Nordeste. Esta é uma enfermidade cuja notificação é obrigatória. Para esses casos está previsto a implantação das medidas do programa de contingenciamento contra PSC do PNSS (Programa Nacional de Sanidade de Suídeos). Todavia, alguns estados do Norte e Nordeste do Brasil ainda são endêmicos para a peste suína clássica. Dessa forma, o MAPA – DSS – estabeleceu um programa de vacinação estratégica e obrigatória, em que profissionais dos órgãos de defesa estadual vão a todos os estabelecimentos onde há suídeos e vacinam os animais. Associado a este programa também são tomadas medidas de controle de transito e de entrada e saída de animais nestas regiões. Após dois ou três anos de encerrar o programa de vacinação estão previstos inquéritos epidemiológicos para avaliar o “status” sanitário do estado, ou região. A vacina utilizada contra a PSC é uma vacina atenuada chamada cepa Chinesa, a qual é altamente eficiente, mas a impossibilidade de se diferenciar sorologicamente animais vacinados de animais que foram infectados com vírus de campo é uma dificuldade par o programa de erradicação. O que implica na retirada da vacinação e a necessidade de se aguardar algum tempo, de renovação do plantel para se realizar os inquéritos epidemiológicos.

As principais doenças que acometem os suínos no Brasil e necessitam de vacinação são a Parvovirose, a Leptospirose, a Colibacilose, a Erisipela, a Circovirose, a Rinite atrófica, e a Pneumonia enzoótica. Sugerimos aqui um programa mínimo de vacinação para um rebanho suíno, lembrando que algumas criações podem exigir outras vacinas.

Leitoas: Na quarentena ou chegada na granja, recomenda-se a primeira dose de parvovirose, erisipela e leptospirose e com 20 a 30 dias após a chegada, a segunda dose. Com 70 dias de gestação, devem ser aplicadas as primeiras doses de colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica. Com 90 dias, as respectivas segundas doses.

Porcas: Dose única de colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica aos 90 dias de gestação. Dose única também para a parvovirose, leptospirose e erisipela de 10 a 15 dias após o parto.

Cachaços: Na quarentena ou chegada na granja, uma dose de parvovirose, erisipela, leptospirose e uma de rinite atrófica. Após, renovar a dose de rinite atrófica semestralmente e a de parvovirose anualmente.

Leitões: De acordo com a recomendação do fabricante ou veterinário, uma ou duas doses de pneumonia enzoótica e circovirose. É importante evitar o período de castração ou desmame dos leitões para fazer a aplicação das vacinas. Isso porque nesses períodos, o estresse do leitão é muito grande, comprometendo o desenvolvimento de uma resposta imunológica satisfatória.

Outras doenças comuns a suínos que requerem vacinação são a Peste suína clássica, a Leptospirose, a Erisipela, a Pleuropneumonia, a Doença de Aujeszky e a Paratifo, que devem ser aplicadas se assim recomendadas.

OP Rural – Como as vacinas ajudam no bem-estar dos animais?

Bastos e Caron  – Em 1979 a Farm Animal Welfare Council publicou um documento com os princípios que hoje norteiam as boas práticas de bem-estar animal e a legislação relativa ao assunto. Nesse documento postulam as 5 liberdades dos animais, dentre essas consta o animal estar livre de dor, doença e injuria.

A saúde animal é um fator de importância crucial na agricultura moderna, a saúde precária em si é um problema de bem-estar para os animais em questão. Ademais, a falta de bem-estar animal, mesmo na ausência de qualquer doença, também é importante porque pode afetar a produtividade. Sendo, desta forma, importante promover a boa saúde animal e o bem-estar animal para ajudar a garantir boa produtividade e segurança alimentar. Proteger a saúde dos animais por meio da vacinação leva a um melhor bem-estar, e a manutenção do bom bem-estar garante que os animais possam responder com êxito à vacinação. É claro que a vacinação tem enormes vantagens para o bem-estar animal e, embora os possíveis efeitos colaterais da vacinação ou a administração da vacina possam ter um efeito negativo no bem-estar de alguns animais, os danos causados ​​por esses efeitos indesejados devem ser pesados ​​contra os benefícios indubitáveis ​​para grupos de animais. A vacinação pode ser usada durante surtos de doenças como uma alternativa viável, evitando assim os problemas de bem-estar que o abate em massa na granja pode causar.

É importante compreender que existe uma conexão entre bem-estar e saúde o que pode aumentar a resistência a doenças infecciosas, enquanto um estado de bem-estar pobre pode reduzir a resistência imune do animal e, assim, predispor a doenças. Uma resistência reduzida pode levar ao desenvolvimento de doenças clínicas do estado de portadores, e pode significar que a doença nunca é completamente eliminada e que o animal permaneça portador. A ausência de bem-estar em um momento crítico, por exemplo castração sem analgesia, também pode afetar a resposta à vacinação, um ambiente de estresse resulta em imunossupressão, o que pode afetar a resposta efetiva à vacinação e aos desafios sanitários do ambiente de produção.

Além da produtividade dos animais e da segurança alimentar, a vacinação desempenha um papel importante na saúde humana através do controle de algumas doenças zoonóticas ou de doenças que predispõem os animais a desenvolver infecção por microrganismos zoonóticos, como exemplo temos as doenças que afetam o sistema imunológico tais como a circovirose. Como contextualizado acima, a vacinação promove o bem-estar animal, protegendo a saúde animal, mas também possui outros benefícios, por exemplo investigações recentes analisaram o potencial das vacinas em imunocastração – uma alternativa aos métodos tradicionais cruentos.

OP Rural – A vacina deixa os animais imunes a determinadas doenças? Como elas melhoram o ambiente das granjas?

OP Rural – O termo imunização se refere à indução de imunidade frente a um determinado agente. A imunização ativa ocorre pela exposição do animal ao agente infeccioso ou por vacinação.

As vacinas contêm um agente que se assemelha a um microrganismo causador de doença e ela ajuda a estimular uma resposta imune sem causar a própria doença. Isso cria uma exposição precoce a organismos causadores de doenças, onde o sistema imunológico dos animais é capaz de se recuperar do agente infeccioso ao qual o animal é vacinado. Mesmo assim, controlar a exposição de suínos a microrganismos normais e patogênicos é absolutamente essencial para o sucesso em sistemas alternativos. Um surto de doença pode ser desencadeado pela introdução de um animal saudável da maneira errada, para não falar de animais infectados e pessoas e equipamentos contaminados. É importante o produtor ter controle da exposição de animais jovens ou novos a organismos já existentes na granja até que seus sistemas imunológicos estejam prontos. Para melhorar a resistência a doenças dos suínos é importante a combinação da utilização de boas práticas de produção e a vacinação.

O ambiente das granjas também é melhorado na medida em que as doenças reduzem a imunidade geral do rebanho a infecções ambientais e aumentam muito a circulação de patógenos no meio ambiente, favorecendo a disseminação e o aparecimento de doenças infecciosas e mesmo aquelas que podem afetar a carne e a saúde do consumidor como a Salmonella.

OP Rural – Os animais são submetidos a estresse quando vacinados. Há novas tecnologias, como dose única, novos equipamentos, robôs, etc. para evitar tal estresse?

Bastos e Caron – Avanços recentes em tecnologias e também uma melhor compreensão de patogenicidade, imunologia e epidemiologia abriram novas oportunidades para a prevenção de doenças infecciosas na suinocultura em um nível sem precedentes. Alguns dos avanços que consideramos entre os mais impactantes, inclui avanços na entrega e apresentação de antígenos para o sistema imunológico, plataformas que permitem uma resposta aprimorada a doenças emergentes e avanços na fabricação das vacinas.

Melhorias recentes no entendimento da virulência e patogenicidade combinadas com métodos biológicos moleculares eficazes deram lugar ao planejamento racional de vacinas, onde os fatores de virulência foram seletivamente eliminados ou silenciados funcionalmente. Isso levou a vacinas que mantêm as propriedades benéficas das vacinas vivas, reduzindo o risco de uma possível reversão da virulência. Dentro dessas novas estratégias de vacinação as pesquisas também se direcionaram para a investigação de vacinas alternativas, focadas no desenvolvimento de adjuvantes efetivos e sistemas de liberação controlada. Veículos de drogas biomateriais oferecem uma solução potencial. Para a entrega da droga, os biomateriais mais utilizados são os lipossomas, as micropartículas poliméricas, nanopartículas, as vesículas e as micelas. Dentro desse tipo de sistema existem as “partículas semelhantes a vírus” (virus like particles-VLP), esse sistema nos possibilita, o desenvolvimento de vacinas que possam ser administradas de maneira massal, por meio da veiculação da vacina na água de bebida, na ração ou pela aspersão do inóculo sobre suínos, com essa possibilidade é possível reduzir o estresse da aplicação nos suínos, bem como redução de gastos de material para administração, reduz mão-de-obra e menor necessidade de treinamento para administração. Como consequência, se surge novas vacinas e formas de administração teremos novas tecnologias para a administração delas, principalmente de forma massal.

Um exemplo interessante é a vacina para Lawsonia intracellularis atenuada que é administrada aos animais através da água de bebida para prevenir a Ileíte ou Enteropatia Proliferativa Suína.

A vacinação de suínos em escala comercial é normalmente realizada por injeção, onde em cada suíno a vacina é administrada individualmente. Embora os sistemas de vacinação por spray tenham sido desenvolvidos para a avicultura, esses sistemas são adaptados para esse sistema de produção e não são adequados para uso com suínos. O mecanismo de pulverização normalmente inclui um dispositivo de chuveiro localizado acima do gabinete e pulveriza a vacina para baixo na parte superior aberta. Esse sistema não é adaptado para suínos, tendo que atender a anatomia diferente dos animais (aves e suínos), comportamento distinto, eficácia na absorção e tamanho dos droplets pulverizados. Os droplets, portanto, lixam as partes superiores do corpo dos pintinhos. Existe, portanto, a necessidade de um sistema de vacinação por spray especificamente projetado para uso com suínos, equipamentos já estão sendo desenvolvidos para atender essa demanda (patente # WO 2009/099869 A2), portanto o próximo passo é desenvolver vacinas que possam ser administradas por pulverização, que não causam resíduo ambiental e que penetre adequadamente nas mucosas dos suínos.

Por fim, existem empresas que já estão ofertando a administração de vacinas utilizando a tecnologia RFID (identificação por radiofrequência), que através de dispositivos ocorre a administração das vacinas por vias intradérmica e intramuscular, e por meio de um software ocorre uma rastreabilidade completa e automatizada do processo de vacinação.

OP Rural – Como seria a suinocultura sem vacinação?

Bastos e Caron – A vacinação é vital na promoção da saúde e do bem-estar animal. A vacinação ajuda a proporcionar estabilidade econômica e sustentável para o suinocultor e as comunidades que eles servem. Quando os animais não são vacinados, isso leva a uma resistência reduzida a doenças, ao desenvolvimento de doenças clínicas, baixa produtividade, falta de segurança alimentar, surgimento de doenças exóticas e pandemias. Ademais, não são apenas os animais que correm risco quando as vacinas não são feitas; a saúde pública entre humanos também é protegida através da vacinação de animais.

A suinocultura sem vacinação voltaria ao passado 50 ou 60 anos no nosso entendimento. O não uso de vacinas inviabilizaria a produção em escalas de produção maiores, aumentaria muito as perdas, mesmo para propriedades pequenas e as incertezas da produção seria incrementada sensivelmente. A consequência disso mais evidente seria que a carne suína seria uma carne rara e muito cara para os consumidores, o mesmo aconteceria com a carne de frango e ovos. Então os produtos de origem animal seriam muito mais caros e pouco acessíveis aos consumidores piorando muito a qualidade da alimentação principalmente para as classes menos favorecidas. Hoje já existem muitas iniciativas e produção sem o uso antimicrobianos de forma preventiva, no entanto, mesmo sistemas orgânicos de produção fazem uso das vacinas para prevenir doenças e perdas nos rebanhos.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Peixes têm quantidade limitada para captura em 2024

Cotas foram limitadas por dois ministérios

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Foto: Adriano Gambarini/OPAN/Agência Brasil

Quatro espécies de peixes muito consumidos na culinária brasileira tiveram cotas de pesca estabelecidas para este ano de 2024. Os limites de captura valem para as espécies albacora-branca (Thunnus alalunga), albacora-bandolim (Thunnus obesus), espadarte (Xiphias gladius) e tubarão-azul (Prionace glauca), tanto em águas nacionais, quanto internacionais, inclusive na Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que é a região de responsabilidade ambiental do Brasil e que vai até 200 milhas além da costa, onde embarcações brasileiras têm direito prioritário para pesca.

Para a espécie albacora-branca, também conhecida como atum branco ou voador, o limite é de 3.040 toneladas e para o albacora-bandolim, também conhecido por atum-cachorro ou patudo, é permitida a captura de até 5.639 toneladas.

Espadarte

A cota para pesca do espadarte foi limitada em 2.839 toneladas no Atlântico Sul (abaixo do paralelo 5ºN) e em 45 toneladas no Atlântico Norte (acima do paralelo 5ºN). Já o tubarão-azul, conhecido popularmente como cação, teve a captura autorizada este ano em até 3.481 toneladas.

As cotas foram determinadas por portaria conjunta dos Ministérios da Pesca e Aquicultura e Meio Ambiente e Mudança Climática, publicada nesta quarta-feira (27), no Diário Oficial da União. A medida tem como objetivo a sustentabilidade no uso dos recursos pesqueiros e atende à Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca.

Fonte: Agência Brasil
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Suínos / Peixes

Semana Nacional da Carne Suína 2024 na era da personalização: tem para todo mundo, tem para você!

De 4 a 19 de junho a 12ª edição da SNCS levará a diversidade da carne suína para as maiores e melhores redes de varejo do Brasil

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Foto: Divulgação/Assessoria ABCS

De 4 a 19 de junho, prepare-se para mais uma edição da Semana Nacional da Carne Suína (SNCS), a maior vitrine e case de sucesso da proteína no varejo brasileiro. Em um mundo onde a diversidade crescente apresenta um mar de escolhas individuais cada dia maior, a décima segunda edição da SNCS emerge nas maiores e melhores redes de varejo do país não apenas como uma data comercial, mas como uma celebração da diversidade e da personalização. Reconhecendo cada preferência, cada necessidade e cada desejo dos consumidores, sem esquecer que as diferenças não mais afastam, mas sim agregam.

A SNCS é a maior estratégia de incentivo às vendas e ao consumo de carne suína no Brasil, uma iniciativa premiada com resultados comprovados que agrega valor à proteína suína e traz ganhos financeiros para toda a suinocultura brasileira, com o apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS). Desde sua primeira edição, a campanha vem arrecadando crescimento e foi essencial para a conquista dos 20,68 kg per capita de 2023, totalizando um crescimento de mais de 50% no período de 12 anos.

É por isso que a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) se inspira em um insight verdadeiro para o tema deste ano: existe diversidade no prato, mas também união na mesa. “Reconhecemos que cada um de nós tem suas próprias preferências e restrições. E seja você um mestre do churrasco buscando a peça perfeita, alguém procurando opções saudáveis e econômicas, ou um chef de cozinha inovador à procura de ingredientes para aquela receita especial, a carne suína tem uma opção para você”, explica o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.

Saudabilidade, Sabor e Economia: esses são os pilares que sustentam a paixão pela carne suína. Mais do que uma escolha econômica, ela é uma fonte de nutrição saborosa adaptável a um estilo de vida saudável, a um cotidiano prático e a momentos inesquecíveis. A carne suína incorpora tecnologia e consciência ambiental, refletindo o compromisso da suinocultura brasileira em promover melhorias contínuas para garantir mais saúde, menos desperdício e práticas sustentáveis.

Este ano, é hora de redescobrir a carne suína. Porque sabemos que, independentemente da preferência, ela tem algo para todos. Para Maria e João. Para o churrasqueiro e para o chef premiado. Para todas as receitas e necessidades. Para cada geração, à sua maneira. Afinal, a carne suína é para todos. Há opções para quem tem pouco tempo, para o forno e para a airfryer, para todas as necessidades. Para quem busca economia, para quem procura uma opção mais saudável, para aquela receita especial. Para o churrasco, para os conectados e, é claro, para você! Por isso, nada mais claro do que dizer este ano: Semana Nacional da Carne Suína. Tem para todo mundo. Tem para você.

A diretora de marketing da ABCS, Lívia Machado, e também especialista em comportamento do consumidor aponta que a SNCS deste ano está ainda mais conectada com o conceito do consumidor ao centro e da necessidade de propor, a cada interação, uma experiência única que retrate os benefícios da carne suína para todas as gerações. “Estamos cada vez mais dentro da era do “e”, deixando o conceito do “ou” para trás. Lidamos constantemente com as mudanças e os conflitos de interesse geracionais e dentro deste contexto, temos o desafio de promover a carne suína de forma interessante e que cative a atenção das pessoas. A SNCS de 2024 está em consonância com tudo isso”.

O compromisso da ABCS é garantir que a carne suína não apenas satisfaça paladares diversos, mas também contribua para um mundo melhor. Isso inclui uma comunicação mais personalizada, sem perder o senso de comunidade. Varejo, produtores e consumidores unidos para celebrar tradições e criar novas memórias em torno da mesa, onde a carne suína é a grande anfitriã.

Fonte: Assessoria ABCS
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Suínos / Peixes

ABCS promove 1ª reunião do Departamento de Integração

A reunião marca uma nova etapa de ações da ABCS para promover a união entre os integrados

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Foto: Divulgação/Assessoria ABCS

A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) realizou na quinta-feira (21), a 1ª reunião do Departamento de Integração, reunindo líderes das Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Cadeia Produtiva de Suínos (CADECs) atendidas pela associação.

Durante a abertura, o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, enfatizou a importância da troca de informações para impulsionar as demandas dos integrados e que, ao unirem esforços, é possível avançar os pleitos. “É evidente que a força da unicidade é fundamental para acelerarmos as pautas em questão. Quando nos unimos, os resultados são altamente positivos. Por isso, este deverá ser o primeiro encontro de muitos outros”, destacou Lopes.

O consultor do Departamento de Integração da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, apresentou o andamento das CADECS do Rio Grande do Sul atendidas pela Associação, além do processo envolvido para evoluir nas negociações. “Existem desafios a serem superados. Alguns produtores ainda desconhecem a dinâmica de uma CADEC como um órgão paritário. Também estamos trabalhando para superar a falta de informação do custo real dos integrados, valor de investimento e outras questões diretamente ligadas ao dia a dia do suinocultor”, explicou Machado.

O produtor da Associação de Produtores Integrados de Suínos do Estado de Minas Gerais, Lucas Vasconcelos, compartilhou com os participantes a experiência da APROIMG na negociação com integradora para mudanças de contrato.

Vasconcelos afirmou que, durante o processo, ficou nítido que o preparo dos envolvidos é fundamental. “Compreender o negócio do suinocultor independente ao discutir um contrato de integração é essencial. É preciso ter conhecimento sobre preços de commodities como soja, milho e sorgo, além de insumos como ração, medicamentos e vacinas, pois esses aspectos impactam diretamente no dia a dia do suinocultor”, ressaltou o produtor.

A reunião marca uma nova etapa de ações da ABCS para promover a união entre os integrados, fortalecendo a cadeia produtiva de suínos e buscando soluções conjuntas para os desafios enfrentados pelo setor.

Fonte: Assessoria ABCS
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SABSA 2024

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