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Uso intensivo de máquinas traz riscos durante a colheita
Saiba quais são os riscos relacionados ao patrimônio rural e recomendações para prevenir prejuízos
O período de janeiro a abril de cada ano geralmente é marcado pela colheita da soja. Há uma intensificação no uso de colheitadeiras no campo e as operações ficam suscetíveis a alguns riscos. Embora o agricultor geralmente invista em preparo de solo antes da semeadura da soja, no decorrer da safra, podem surgir alterações na área. Chuvas em excesso podem provocar erosão, criando buracos indesejáveis no terreno, por exemplo, além de transportar objetos tais quais pedras e pedaços de madeira.
Já que a soja apresenta uma altura em torno de 1,5 metro no momento da colheita, não é possível visualizar as ameaças que porventura estejam presentes no solo. E é aí que mora o perigo: terrenos acidentados e objetos podem prejudicar as operações das máquinas agrícolas. “Colher uma pedra” pode amassar a plataforma da colheitadeira, por exemplo.
Esse tipo de ocorrência é preocupante porque, além de danificar a máquina, pode inviabilizar o uso da colheitadeira por um período. A possível interrupção da operação gera outros prejuízos indiretos, já que qualquer atraso na colheita significa deixar a soja mais tempo à mercê do clima no campo, impactando na qualidade da oleaginosa. “A ausência do maquinário no campo pode ser mais crítica que o dano à máquina”, diz Guilherme Frezzarin, superintendente de agronegócios em uma seguradora.
Para proteger as operações, é aconselhável contratar um seguro patrimonial na modalidade de máquinas agrícolas, que indeniza o produtor quando ocorrem esses acidentes com o maquinário. “Já tivemos um sinistro em que uma pedra com cerca de 20 centímetros entrou no sistema da colheitadeira e causou danos de proporções elevadas, com um prejuízo em torno de R$ 150 mil”, conta Frezzarin, ampliando: “Com o equipamento em uso, o risco é sempre maior. A maioria dos acidentes e eventos de incêndio ocorrem com o maquinário em operação.”
Além de indenizar em caso de acidentes, roubo e furto mediante arrombamento, o seguro patrimonial para máquinas agrícolas pode contar com coberturas adicionais contra furto simples, danos elétricos, quebra de vidros, incêndio, raio e explosão, entre outras opções. “A palha da soja, quando está muito seca, pode pegar fogo rapidamente. De repente, uma faísca pode ocasionar um incêndio e, com isso, o produtor pode perder uma máquina”, exemplifica Frezzarin.
O seguro pode até mesmo incluir cobertura para bancar a necessidade de alugar uma máquina agrícola e cobrir prejuízos financeiros (cobertura adicional de lucros cessantes). Levando em conta que as máquinas agrícolas representam um investimento milionário e são essenciais no campo, a contratação de um seguro vale a pena.
Flexibilidade para preservar o patrimônio
A proteção das operações de uma colheitadeira foi apenas um exemplo diante do vasto leque de oportunidades que o seguro patrimonial rural oferece para atender as demandas da atividade agrícola e pecuária, assegurando bens que não tenham sido oferecidos em garantia de operações de crédito rural.
A modalidade de seguro patrimonial rural se subdivide em três segmentos: máquinas e equipamentos, benfeitorias e mercadorias. Cada uma delas oferece variadas coberturas. No caso das máquinas e equipamentos, é possível assegurar tratores, pulverizadores, colheitadeiras, implementos agrícolas, equipamentos estacionários e equipamentos portáteis. As apólices voltadas para benfeitorias visam proteger estruturas como silos, armazéns e moradias (sede e casa de funcionários), enquanto o segmento de mercadorias pode assegurar produtos agrícolas e criações de animais.
Além disso, o seguro de patrimônio rural proporciona uma contratação bastante flexível. O produtor pode optar pela contratação “item a item”, escolhendo exatamente aquilo que deseja proteger e até mesmo estabelecer o percentual assegurado em contrato, com pelo menos 40% do preço do bem definido na cláusula de rateio, que fixa a relação entre a importância segurada (IS) e o valor em risco (VR).
Como exemplo, um agricultor pode contratar um seguro patrimonial para assegurar um trator e optar por considerar apenas 40% do preço dessa máquina. Desse modo, o valor do prêmio será menor mas, em caso de sinistro, a indenização será proporcional às condições definidas no contrato de seguro.
Em outro caso hipotético, o agricultor pode desejar guardar sacas de soja em um silo e esse produto ficaria armazenado durante um período de um ano, por exemplo, correndo alguns riscos. “Uma solução pode ser contratar o seguro patrimonial rural de benfeitorias e mercadorias, protegendo o silo e a soja armazenada”, pontua Frezzarin.
A vantagem da “porteira fechada”
Outra possibilidade é contratar a apólice “porteira fechada”, que visa preservar tudo aquilo que estiver na fazenda. Além disso, o produtor ou pecuarista pode escolher diferentes prazos para a vigência da apólice. Há a opção pró-rata, com duração que varia entre seis e 12 meses; existe a apólice de vigência anual, que é a mais popular; e há ainda a opção plurianual, que abrange contratações com prazos de 13 meses a cinco anos.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.