Suínos Nutrição
Uso de xilanase exógena e o papel da digestibilidade e fermentação de fibras em suínos
Concentração de energia na dieta é um determinante significativo do desempenho do crescimento do suíno, além disso trata-se do constituinte mais caro da dieta

Artigo escrito por Alexandre Barbosa de Brito, médico veterinário, PhD em Nutrição Animal e gerente técnico América Latina da AB Vista
O milho continua sendo a principal fonte de carboidratos nas dietas de suínos em muitas partes do mundo, e não é diferente nos diversos países das américas. Este cereal possui uma elevada densidade energética em comparação com outros grãos e é relativamente uniforme na composição dos nutrientes. Mesmo assim, algumas variações importantes podem ocorrer, como o caso da Energia Digestiva (ED) para suínos que é estimado em mais do que 110 kcal/kg, ou cerca de 3% da média. A energia fornecida pelo milho vem principalmente do amido, com contribuições menores de proteínas e gorduras. A porção de energia proveniente de polissacarídeos não amiláceos (PNA) é realmente mínima.
Apesar do pequeno rendimento energético destes PNA, a concentração de xilose, um monossacarídeo que representa cerca de 3% do grão, pode explicar cerca de 70% da variação no conteúdo de energia entre diversos coprodutos de milho.
Autores realizaram uma investigação para determinar um componente da fibra dietética (FD) que melhor se ajustasse para estimar o efeito de sua concentração na digestibilidade da energia e de aminoácidos em suínos. Para isso utilizaram 9 coprodutos de milho: farelo de milho com diferentes níveis de PNA. Os autores avaliaram um total de 20 suínos em crescimento (peso vivo inicial: 25,9 ±2,5 kg) com cânula ileal distal e distribuído em 10 grupos quanto ao tratamento dietético. Os tratamentos incluíram uma dieta à base de milho e farelo de soja e 9 dietas obtidas pela mistura de 70% da dieta basal com 30% do ingrediente em teste (farelo de milho com diferentes níveis de PNA). Nos ingredientes foram determinados 11 componentes da FD, sendo: FDA, FDN, fibra alimentar total, hemicelulose, PNA total, arabinose, xilose, manose, Glicose com ligação b1-4, galactose e arabinoxilano.
Resultados
Como conclusão desta investigação, os únicos componentes da FD que melhor se ajustaram para as características de digestibilidade avaliadas se trataram da composição de xilose e de arabinoxilanos. A concentração de arabinoxilanos melhor explicou a variação na digestibilidade ileal aparente (AID) da energia bruta (R2 = 0,65; cúbico, P <0,01) e matéria seca (R2 = 0,67; cúbico, P <0,01). O resíduo xilose melhor explicou a variância na digestibilidade aparente total do trato intestinal (ATTD) para energia bruta (R2 = 0,80; cúbico, P <0,01), matéria seca (R2 = 0,78; cúbico, P <0,01), AID de Met (R2 = 0,40; cúbico, P = 0,02), energia digestível (R2 = 0,66; linear, P = 0,02) e energia metabolizável (R2 = 0,71; cúbico, P = 0,01).
De uma forma geral, o conteúdo de arabinoxilano e xilose incrementaram a fermentação no intestino grosso (onde se situam as câmaras de fermentação do intestino dos suínos), proporcionando grande produção de ácidos graxo voláteis, o que representa uma fonte de energia direta para o animal, reduzindo assim as variações de conteúdo energético entre as amostras. Desta forma a utilização destes produtos nas câmaras de fermentação dos suínos pode gerar uma resposta mais homogênea ao padrão energético entre diferentes tipos de milho utilizados.
Outra publicação recente, realizado por uma equipe de pesquisadores da universidade de Iowa/EUA, aborda este tema de forma mais abrangente. Eles realizaram um experimento com o objetivo de avaliar as diferenças de digestibilidade e fermentação entre amostras de milho de alta e baixa energia e sua resposta à suplementação de uma xilanase exógena. Para isso, quatro amostras de milho, sendo duas com maior teor de ED (HE-1 e HE-2; 3740 e 3750 kcal ED/kg MS, respectivamente) e duas com menor teor de ED (LE-1 e LE-2; 3630 e 3560 Kcal ED/kg MS, respectivamente) foram selecionados com base em um teste de digestibilidade anterior.
Dezesseis suínos (PIC 359 × C29; de peso inicial = 34,8 ± 0,23 kg) submetidos a cirurgia com cânula ileal distal foram alojados individualmente e distribuídos aleatoriamente seguindo os tratamentos organizados em esquema fatorial 4 × 2, sendo 4 tipos de milho (HE-1, HE-2, LE-1 e LE-2) e com e sem suplementação de xilanase exógena. As dietas foram formuladas usando uma das 4 amostras de milho, caseína, vitaminas, minerais e óxido crômico a 0,4% como marcador intestinal. Dietas, amostras ileais e fecais foram analisadas quanto ao conteúdo de matéria seca, energia bruta, fibra alimentar total, para determinar a digestibilidade aparente total do trato (ATTD), nível de fermentação intestinal, além dos coeficientes de digestibilidade ileal aparente (AID) de alguns nutrientes.
Resultados 2
Como resultados, não foram observadas interações entre a dieta x enzima para nenhuma das variáveis medidas (P>0,10). As dietas HE-1 e HE-2 apresentaram maior ATTD de energia bruta, e a dieta HE-2 apresentou maior ATTD de matéria seca (P<0,001 e P = 0,007, respectivamente). A xilanase, independente da dieta, melhorou a ATTD de energia bruta e matéria seca (Figura 01).

Figura 01. Comparação da digestibilidade ileal aparente (AID) e digestibilidade aparente total do trato (ATTD) e fermentação do intestino grosso (HF) em 2 amostras de milho com maior energia (HE) e 2 com menor energia (LE) com e sem xilanase exógena.
Estes resultados demonstram que as diferenças energéticas entre essas amostras de milho parecem ser motivadas pela fermentabilidade no intestino posterior (Figura 01) devido ao fato dos resultados serem positivos em base de ATTD e não de AID. Além disso, a suplementação com xilanase exógena melhorou a digestibilidade, independentemente do conteúdo energético do milho presente na dieta.
A concentração de energia na dieta é um determinante significativo do desempenho do crescimento do suíno, além disso trata-se do constituinte mais caro da dieta. Mesmo uma pequena variação na concentração ou de sua composição no milho pode ser problemática para a performance dos animais, e o uso de tecnologias que acelerem a fermentação no ceco de suínos podem mitigar essa variação, o que possui grande valor na indústria de carne suína.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2021 ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



