Avicultura Ingrediente funcional
Benefícios do uso de plasma Spray Dried para dietas pré-iniciais de frangos de corte
O SDP modula o sistema imunológico, melhora a saúde intestinal e a absorção de nutrientes, melhora o desempenho na idade de abate em lotes saudáveis e aumenta a tolerância a doenças e ao estresse em uma ampla variedade de situações.

Estratégias nutricionais que dão suporte ao sistema imunológico, promovem a integridade e a funcionalidade intestinal, aumentam a tolerância ao estresse e aos desafios por doenças são de grande interesse da indústria avícola. Além disso, a nutrição precoce tem sido reconhecida como uma oportunidade para avançar ainda mais nas práticas nutricionais, melhorar o desempenho geral e a saúde de frangos de corte em condições comerciais.
Por aproximadamente quatro décadas, foram publicadas amplas informações sobre o uso de plasma spray dried (SDP) em leitões, detalhando benefícios consistentes nas áreas mencionadas, tornando essa uma prática estabelecida na indústria suína moderna. Nos últimos anos, o SDP tem sido mais estudado na avicultura. O interesse atual no uso de SDP em aves focou no seu potencial uso em frangos de corte, com respeito à modulação do sistema imunológico, ao tipo de benefícios esperados a partir do seu uso comercial e nas estratégias para emprego desse ingrediente funcional de forma lucrativa.
O uso do SDP em aves fica ainda mais interessante em tempos de busca por alternativas que colaborem com o uso prudente de antimicrobianos na nutrição e manejo de aves de corte. O que é o plasma spray dried? O plasma produzido por processo de spray drying (SDP) é um ingrediente proteico, rico em proteínas funcionais, obtido de sangue coletado durante o processamento de animais destinados ao consumo humano. O método de produção envolve a separação das hemácias do plasma e altas temperaturas de processamento. Isso resulta em um ingrediente estável, homogêneo, inócuo e com prazo de validade que pode durar dois anos. Esse ingrediente é composto por uma mistura complexa de proteínas, como albumina, imunoglobulinas, transferrina, fatores de crescimento, peptídeos bioativos, lisozimas, citocinas (anti e pró inflamatórias) e outros componentes nutricionais. Quando acessam o organismo, esses compostos dão suporte a funções biológicas, como as relacionadas ao crescimento, reparo de tecidos, mecanismos de defesa e reprodução.
Qual o seu modo de ação quando fornecido em dietas de pintinhos?
O uso de SDP na alimentação animal tem sido associado a um aumento da eficiência da resposta imune, conforme sugerido por vários experimentos realizados com ratos, camundongos e suínos. Nesses animais, a inflamação induzida pelo estresse ou por desafios com patógenos foi significantemente reduzida pela suplementação com o SDP, independentemente dos locais primários afetados serem os tratos digestório, respiratório ou reprodutivo. Os dados disponíveis sugerem que o SDP contribui para que o sistema imune atue de maneira eficiente. De forma simplificada, o estresse, do ponto de vista nutricional, exige uma resposta de alta demanda de energia e de nutrientes, o uso do SDP minimiza essa resposta e direciona mais nutrientes para o crescimento e à produtividade.
A capacidade do plasma de reduzir a permeabilidade intestinal, melhorar a absorção de nutrientes e a integridade estrutural da mucosa, em animais saudáveis ou na presença de intestino permeável foi recentemente investigada em frangos. Essas respostas são mediadas por uma redução na expressão de citocinas pró-inflamatórias e por um aumento na expressão de citocinas anti-inflamatórias, juntamente com um aumento da expressão de defensinas.
Dados mostrando uma redução na ativação e infiltração de linfócitos, diminuição do edema e alterações na microbiota intestinal têm sido publicados em mamíferos. Coletivamente, essas alterações sugerem um efeito de modulação imune provocadas pelo SDP e um aumento da restauração da homeostase das mucosas. Efeitos semelhantes foram relatados em outros sistemas, como o respiratório e o reprodutivo, indicando que os efeitos da adição do SDP nas dietas não se limitam ao trato digestório.
A alta digestibilidade proteica do SDP também é interessante na alimentação pré-inicial de pintinhos, uma vez que eles têm dificuldade inerente em digerir a proteína da dieta. Fontes como farelo de soja deixam proteínas não absorvidas disponíveis para os patógenos proliferarem-se no intestino. Pesquisadores relatam uma digestibilidade ileal média de 95 e 96% para SDP vs 83 e 87% para farelo de soja em frangos com 10 e 21 dias de idade, respectivamente.
Outros estudiosos relatam maior digestibilidade de matéria seca, de matéria orgânica e de proteína bruta da dieta completa de frangos com 7 dias de idade suplementados com SDP. Esses efeitos podem ser duradouros, conforme sugerido por pesquisadores, que relataram maiores atividades de sacarase intestinal, maltase e fosfatase alcalina em frangos de corte de 24 dias de idade alimentados com 2% de plasma nos primeiros 5 ou 10 dias de vida.
O que esperar do SDP na dieta de frangos?
A inclusão do SDP em dietas de frangos de corte nos primeiros dias de vida melhora parâmetros economicamente importantes no final do ciclo de produção, como ganho de peso, conversão alimentar e viabilidade, em lotes aparentemente saudáveis em experimentos de campo e em condições experimentais controladas. Da mesma forma, foi relatada maior resistência a doenças e ao estresse em frangos submetidos
a um desafio natural de Enterite Necrótica em aves desafiadas com Salmonella sofia, em frangos de corte com mortalidade muito elevada, em que Escherichia coli e Streptococcus foram isolados, em frangos submetidos a estresse térmico, em um lote com histórico de hepatite corpúsculos de inclusão, em frangos submetidos a estresse devido à alta densidade de lotação e em perus desafiados com Pasteurella multocida, sugerindo que o efeito do SDP na imunidade e saúde das aves é inespecífico e sistêmico.
Além disso, vários estudos demonstram que animais alimentados com dietas com antibióticos promotores de crescimento exibem melhorias adicionais de desempenho quando associados ao SDP sugerindo um efeito aditivo e complementar aos antimicrobianos. Nesse contexto, um experimento em frangos de corte de 2019 sugere um efeito similar. Nesse trabalho, as aves melhoraram o desempenho quando alimentadas com bacitracina de zinco ou SDP quando comparadas com aves alimentadas com dieta controle sem essas substâncias. Ainda assim, o melhor desempenho foi obtido quando foram fornecidos o SDP e a bacitracina de zinco em conjunto, sugerindo um efeito sinérgico.
Em concordância com esses dados outro trabalho foi conduzido comparando o SDP com a bacitracina de zinco e os resultados de desempenho foram similares, conforme o trabalho anterior. Além disso, foi observado um aumento na atividade da maltase, redução na relação vilosidade/cripta intestinal (indicativo de renovação e regeneração de vilosidades em curso) e aumento na densidade de células caliciformes.
Sabendo disso, pode-se inferir que o SDP também tem um bom potencial para ser usado em sistemas que buscam alternativas para redução de uso de moléculas antimicrobianas. Também cabe ressaltar a utilização do SDP em pintinhos de pior qualidade ou menor peso após a eclosão. O efeito da adição do SDP na dieta de pintinhos de diferentes qualidades foi avaliado. O SDP melhorou o ganho de peso, a ingestão de alimento e a conversão alimentar em aves com peso inicial de 36,6 e 44 g.
As diferenças foram mais marcantes em aves de peso inicial de 36,6 g. Aos 42 dias de idade em pintinhos de peso inicial de 36,6 g, o SDP melhorou a ingestão de alimento (P = 0,053) e ganho de peso (P <0,05) vs os controles (SDP = 2.962 vs Controle = 2.881g de GPD) maior do que em pintinhos de 44 g de peso inicial (SDP = 2.906 vs Controle = 2.896 g de ganho de peso).
O SDP melhorou o desempenho aos 7 e 42 dias de idade, e os parâmetros de carcaça com respostas mais marcantes em pintinhos de 36,6 vs 44 g. No geral, o SDP melhorou o desenvolvimento e a funcionalidade do intestino, independentemente da qualidade do pintinho.
O SDP é economicamente viável para frangos?
Experimentos que analisam a resposta do SDP em frangos de corte indicam que os primeiros dias de vida são críticos quando suplementa-se SDP em frangos. Como os pintinhos ingerem uma pequena quantidade de alimento nesse período, o investimento total por ave é relativamente baixo. Trabalhos recentes sugerem que uma ingestão total cumulativa de SDP de 3 a 4 g por frango, alimentado nos primeiros dias de vida, captura uma quantidade significativa de valor, tornando essa tecnologia economicamente viável.
Isso implicaria no fornecimento de 1 a 2 % na primeira dieta, dependendo da duração da primeira fase de alimentação. Por exemplo, dietas iniciais de 0 a 7, 0 a 10 ou 0 a 12 dias de idade podem ter níveis de inclusão de 2, 1,5 ou 1 % de SDP, respectivamente, o que resulta em uma ingestão cumulativa de SDP de cerca de 3 a 4 g por frango. Por outro lado, dietas especiais pré-iniciais utilizadas por menos de 5 dias podem exigir até 3% de adição de SDP. O preço do SDP pode variar entre regiões, comumente o investimento de 3 a 4 g de SDP por frango na alimentação é compensado por uma redução (melhoria) de 1 a 3 pontos de conversão alimentar, que é o valor observado para muitos aditivos alimentares atualmente utilizados pela indústria avícola.
Avaliando diversos trabalhos conduzidos nos últimos anos, observamos melhoras na conversão da ordem de 3,79 % quando o SDP é utilizado. Supondo uma conversão de 1,60 aos 42 dias de idade, não é raro observarmos melhoras, quando o SDP é utilizado, de 6 pontos de conversão, isso deixaria um lucro de 3 pontos de conversão para o produtor. Além disso, quando existe algum tipo de desafio mais expressivo, as melhorias de desempenho são maximizadas quando o SDP é adicionado nas dietas de frangos de corte.
Conclusões
De modo geral, esses dados indicam que o SDP nas dietas pré-iniciais de frangos de corte modula o sistema imunológico, melhora a saúde intestinal e a absorção de nutrientes, melhora o desempenho na idade de abate em lotes saudáveis e aumenta a tolerância a doenças e ao estresse em uma ampla variedade de situações.
Além disso, esses benefícios são observados mesmo quando o desafio ocorre em algum momento após o término da utilização do SDP, o que demonstra a importância dos primeiros dias de vida na saúde futura e no desempenho de frangos de corte. Tomando em conta esses benefícios, o fornecimento de 3 a 4 g de SDP balanceado na dieta pré-inicial de frangos de corte é economicamente viável na maior parte das regiões do mundo.
As referências bibliográficas estão com os autores. Contato via e-mail luis.rangel@apcproteins.com.
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Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.



