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Avicultura

Uso de plasma no contexto da avicultura moderna

Mecanismo de ação do plasma em rações animais é diverso e frequentemente associado à resposta imunológica

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Artigo escrito por Ricardo Esquerra, médico veterinário, PhD –  APC Inc – EUA; Javier Polo, PhD – APC Inc – Europa; e Luís Rangel, médico veterinário, MSc – APC Inc – Brasil

O plasma spray dried, genericamente chamado de “plasma” pela indústria pecuária, é obtido a partir do sangue de bovinos ou suínos sadios por um processo que envolve coleta sob rigorosas condições higiênicas, transporte dedicado, centrifugação, nanofiltração e atomização com emprego de calor em temperaturas rigidamente controladas, resultando assim em um ingrediente seguro para a alimentação animal e rico em proteínas funcionais bioativas.

Produtos derivados de sangue têm sido utilizados para promover o crescimento e a reprodução celular em vários sistemas biológicos, tanto in vitro, em meios de cultura bacterianos e cultura de tecidos e células eucariontes, por exemplo, quanto in vivo, como fonte de ingredientes funcionais em nutrição animal. O plasma sanguíneo contém uma mistura complexa de nutrientes e proteínas funcionais, tais como imunoglobulinas, fatores de crescimento, hormônios naturais, albumina que, em conjunto, fornece um ecossistema no organismo que permite o desenvolvimento de funções biológicas relacionadas ao crescimento, à reparação de tecidos, à reprodução e ao crescimento celular.

O mecanismo de ação do plasma em rações animais é diverso e frequentemente associado à resposta imunológica. Microrganismos, metabólitos bacterianos, toxinas e fatores anti-nutricionais presentes no lúmen intestinal ativam a resposta imune mediada pelo tecido linfático associado ao intestino (GALT), alterando algumas funções intestinais tais como permeabilidade e absorção de nutrientes. Como o GALT faz parte do tecido linfático associado a mucosas (MALT), a sua ativação produz um estado inflamatório sistêmico envolvendo outros órgãos e sistemas, tais como o digestório, o respiratório e o reprodutivo. Essa ativação é mediada por citocinas e é constante, existindo um estado de ativação imune basal em animais sadios, sendo este maior em animais expostos a diversas patologias ou desafios imunológicos ambientais. Em termos gerais, o plasma estimula a produção de citocinas anti-inflamatórias que reduzem essa ativação immune (IL-10), inibindo ao mesmo tempo a produção de citocinas pro-inflamatórias (TNF-α, IL-8 e IFN-γ). Essas mudanças ocasionam uma redução nos efeitos deletérios da ativação imune no intestino e de formasistêmica e, ao mesmo tempo, levam a uma resposta imune mais eficaz.

A literatura cientifica demonstrou que, quando oferecido na ração, o plasma melhora o desempenho de animais sadios, enquanto que em animais com desafios patogênicos pode reduzir a incidência ou severidade de doenças digestivas e respiratórias causadas por bactérias, vírus ou protozoários e reduzir também os efeitos negativos de toxinas, tais como aquelas presentes em cereais naturalmente contaminados com micotoxinas, situação em que tipicamente há um comprometimento da resposta imune. Essa resposta característica do plasma é o motivo pelo qual seu uso é uma prática comum em dietas de leitões desde a década dos anos 1980. É importante ressaltar que o plasma foi considerado pela American Society of Animal Science (ASAS) como uma das 10 descobertas mais relevantes em nutrição de suínos.

Uso na avicultura

O uso de plasma em dietas de aves demostra um efeito similar, com uma melhora em desempenho em animais clinicamente sadios vacinados ou não contra coccidiose, e uma resposta imune mais eficaz contra doenças respiratórias e digestivas, por exemplo, em frangos com enterite necrótica ou Salmonella; em perus desafiados com Pasteurella multocida; ou em aves vacinadas contra coccidioses. Também tem sido relatado um melhor desempenho em aves sujeitas a estresse por calor, talvez por conferir maior tolerância a altas temperaturas. Isso faz com que a suplementação de plasma, no contexto do uso restrito de antibióticos tenha uma maior relevância na avicultura moderna.

Ademais, vários estudos realizados em animais alimentados com antibióticos promotores de crescimento demostraram um efeito aditivo do plasma com essas moléculas. A experiência industrial com o uso de plasma em dietas de leitões suplementadas com antibióticos e ácidos orgânicos fortalece a hipótese de o plasma ter um efeito independente e complementar a esses aditivos com características antimicrobianas. A experiência em aves nesse sentido não é tão longeva quanto em suínos, porém sugere um efeito similar. Por exemplo, um experimento recente com frangos conduzido na Universidade de Texas A&M claramente demostrou que aves com dietas contendo bacitracina metileno dissalicilato ou contendo plasma melhoravam o desempenho quando os mesmos eram usados de forma independente e que, quando usados em combinação, apresentaram efeito aditivo. 

A discussão anterior coloca o plasma em uma posição relevante na alimentação de aves em sistemas de produção livres de antibióticos (ABF) e aves criadas de forma convencional. Em ambos os sistemas, aves alimentadas com aditivos com características antimicrobianas, sejam antibióticos, ácidos orgânicos, óleos essenciais e outros similares, podem se beneficiar da suplementação de plasma em uma estratégia combinada que busca os benefícios da modulação e o fortalecimento da resposta immune das aves e do efeito antimicrobiano desses aditivos.

O plasma

O plasma é uma fonte de aminoácidos digestíveis, proteína e energia. Alguns exemplos apresentam a composição de um plasma spray dried disponível no mercado brasileiro e mundial. O valor desses nutrientes quando formulados na ração reduz seu custo (shadow price) em aproximadamente 25 a 35%. Por outro lado, em frangos, o plasma é usado principalmente na primeira dieta, pois nessa fase o desenvolvimento imunológico e intestinal da ave é fundamental para seu futuro produtivo. Como o consumo de ração nesses primeiros dias é muito baixo comparado com o consumo total, o custo ponderado da ração é muito similar ao custo de outras tecnologias em uso pela indústria.

A diferença do custo ponderado da ração com plasma descrito na tabela 1 ocorre devido principalmente às diferentes durações da fase inicial utilizadas pela indústria. Por exemplo, há programas com dietas de 4 dias. Nesse caso, o consumo de plasma é menor e, portanto, um programa com plasma por 4 dias, tem seu custo médio ponderado pouco elevado quando comparado a um programa sem plasma. Há programas de dietas pré ou iniciais de 7, 10, 14 e 16 dias, ou mais, em que o consumo dessa ração com plasma por pintinho aumenta, e o custo ponderado do programa com plasma também aumenta. Como regra geral, podemos sugerir um consumo de 3 a 7 g por ave dependendo dos desafios e dos benefícios desejados. Com um aumento no custo médio ponderado de 0,8 a 3,9 USD esperamos uma melhora em desempenho entre 30 a 50 g de GDP e de 0,030 a 0,050 pontos de conversão alimentar ao abate, e um retorno sobre o investimento de, pelo menos, 3 para 1.

Recomendação

No Brasil, onde usualmente os programas nutricionais nas fases iniciais vão de 7 a 10 dias, recomenda-se três gramas ou mais por ave dependendo dos desafios específicos de cada empresa ou região. As dietas devem ser formuladas por nutricionistas que levem em conta a composição e o perfil aminoacídico do plasma, de modo a balancear as dietas de forma completa e equilibrada.

Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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