Suínos
Uso de minerais para potencializar o desempenho de leitoas
Minerais quelatados demonstram ser mais biodisponíveis, evitando antagonismos e oferecendo vantagens em relação a outras fontes de minerais.

Artigo escrito por Débora Reolon, DVM Ph.D. e gerente Sênior de Serviços Técnicos na Novus
As leitoas, ou marrãs, representam o potencial de futuro da suinocultura e, em geral, constituem a maior porcentagem da população do rebanho reprodutor em relação a outras paridades. As leitegadas de leitoas têm o maior custo de leitões desmamados, tornando imperativa a retenção além do primeiro parto. O desenvolvimento, o manejo e a seleção de leitoas de reposição são de grande relevância para a longevidade das matrizes, a produtividade ao longo da vida e o retorno por matriz inventariada.
A taxa média de reposição de matrizes a nível mundial é superior a 50%. Isso se deve principalmente à falha de retorno ao estro pelas matrizes no pós-parto, ao mau desempenho reprodutivo, às más condições de saúde do sistema locomotor, à mortalidade/eutanásia e ao anseio de acelerar o progresso genético através da introdução de leitoas.
Com maior sensibilidade ao manejo nutricional, as leitoas com genótipo de fêmeas hiperprolíficas tendem a ter um maior potencial de crescimento magro, mas com menor taxa de consumo alimentar. Nesse caso, uma das alternativas seria reduzir a velocidade de crescimento e a deposição de proteínas e armazenar mais minerais e gordura, para sua posterior utilização na lactação, período em que o equilíbrio entre a ingestão e as necessidades não seria adequado.
A substituição dos minerais inorgânicos tradicionais por uma forma altamente biodisponível de minerais biquelatados pode ajudar matrizes hiperprolíficas a manter um peso corporal consistente (constante). Juntamente com o suporte às matrizes, estudos demonstram que a alimentação com minerais orgânicos biquelatados também pode aumentar a longevidade até a terceira paridade e resultar em uma redução de 7% na mortalidade das matrizes.
Vários estudos resumindo um conjunto de dados de mais de 200.000 partos, em que as matrizes foram alimentadas com minerais orgânicos biquelatados altamente biodisponíveis, revelaram alguns dados importantes (Tabela 1):

- Maior número de matrizes retiras até o terceiro parto;
- Taxa de mortalidade 7% menor nas matrizes;
- Redução na taxa de mortalidade de leitões em mais de 1%
- Aumento significativo no número de leitões desmamados por matriz ao longo da vida
- Nascimento de 3 leitões desmamados a mais por matriz ao longo da vida
Os minerais quelatados demonstram ser mais biodisponíveis, evitando antagonismos e oferecendo vantagens em relação a outras fontes de minerais. Comparativamente, os minerais biquelatados teriam mais efetividade na absorção visto que são protegidos por duas moléculas de HMTBa (metionina hidroxianálogo) através de ligações químicas mais fortes. Essa estrutura resulta em uma carga neutra, reduzindo as reações de minerais com outros componentes da dieta – o que, por sua vez, otimiza a absorção mineral, melhorando os resultados relacionados com a longevidade, a produtividade e integridade estrutural em leitoas.
Suporte à integridade estrutural
Uma das principais razões para a baixa produtividade em leitoas e matrizes é a claudicação. A claudicação clínica é responsável por reduzir a taxa de nascimentos da fêmea em até 1,5 partos e também por diminuir significativamente o número de leitões nascidos.
Elementos como Zn, Cu e Mn são essenciais para o desenvolvimento estrutural. Uma pesquisa conduzida em 2023 indica que a fonte de minerais afeta o desenvolvimento do tecido ósseo, a síntese de cartilagem e a relação síntese: degradação de cartilagem de uma maneira diferente. A forma quelatada de metionina hidroxianálogo de Zn, Cu e Mn promoveu uma melhora nessas medidas de desenvolvimento estrutural em um grau maior do que os minerais fornecidos na forma inorgânica ou como glicinato ou complexo de aminoácidos. A melhoria no desenvolvimento estrutural deve resultar em uma leitoa mais resiliente aos desafios estruturais. Isso resulta em uma menor taxa de remoção por fatores estruturais e também em uma maior produtividade e utilização da leitoa no rebanho. A pesquisa é capaz de demonstrar a eficiência do uso de minerais orgânicos na redução da taxa de remoção relativa por problemas locomotores. Estudiosos observaram que fêmeas alimentadas com minerais biquelatos versus grupo-controle tiveram uma taxa de remoção 34% menor. Além disso, as leitoas apresentaram escores (pontuações) mais altos de marcha e concentrações plasmáticas mais elevadas de osteocalcina (um importante biomarcador da síntese óssea), bem como menores taxas de mortalidade e remoção global (Gráfico 1).

Desenvolvimento de Leitoas e Produtividade de Matrizes
Estudos podem demonstrar o impacto positivo exercido pela suplementação mineral adequada sobre a produtividade de leitoas. Pesquisadores demonstraram que leitoas alimentadas com minerais biquelatados podem alcançar maior longevidade. Elas também apresentam uma melhoria na taxa de nascimentos de 1,4 pontos percentuais, uma redução no intervalo entre o desmame e o cio em 0,8 dias e uma taxa de repetição menor 2,2%.
Outros estudos demonstraram um efeito positivo da alimentação com minerais Zn, Cu e Mn durante o desenvolvimento em leitoas que chegam ao primeiro parto. Nesse caso, um total de 10.725 leitoas tratadas com estes minerais em substituição a 50% dos minerais inorgânicos apresentaram uma redução significativa na taxa de remoção desde a primeira cobertura ao nascimento. Além disso, a taxa de remoção por problemas locomotores foi menor, e esses resultados também foram observados nos partos subsequentes (Tabela 2).

Impacto dos Minerais na Epigenética
Além disso, a adição de minerais orgânicos biquelatados às dietas na fase de creche em ensaios de pesquisas promoveu significativamente o crescimento dos leitões, melhorando o ganho de peso corporal e a relação consumo de ração: ganho de peso. Isso pode ser o resultado de vias epigenéticas que modificam o potencial de crescimento dos leitões.
A epigenética é o estudo de mudanças fenotípicas hereditárias que não envolvem alterações no DNA. A epigenética prepara de maneira eficaz a progênie (descendência) para o seu ambiente, alterando a frequência de expressão do DNA e a frequência com que determinadas sequências de DNA são expostas à cópia.
Um estudo realizado na Universidade do Estado da Carolina do Norte descobriu que a substituição de minerais inorgânicos por minerais orgânicos biquelatados nas dietas de matrizes resultou em uma redução de marcadores inflamatórios em seus leitões. O marcador inflamatório Nf-KB (fator nuclear kappa-B) foi reduzido, resultando em menos cascatas inflamatórias que poderiam prejudicar a saúde geral dos leitões e sua resposta ao estresse, especialmente no trato gastrintestinal ao desmame.
Os leitões de matrizes que foram alimentadas com minerais mais biodisponíveis também apresentaram maior acetilação de histonas, o que permitiu a proliferação de células musculares. Adicionalmente, os leitões exibiram menos fatores responsáveis pela diminuição na formação do tecido muscular esquelético; portanto, as fibras musculares crescem a uma taxa mais próxima do máximo potencial genético do animal.
A adição de minerais orgânicos biquelatados altamente biodisponíveis às dietas de leitoas pode melhorar o desenvolvimento e a consistência desses animais quando se tornam matrizes, resultando em maior produtividade, maior retenção de matrizes para mais gestações, maior número de leitões desmamados por tempo de vida, maior desempenho dos leitões após o desmame, e maior rentabilidade.
Conclusão
A alimentação de leitoas com minerais orgânicos biquelatados biodisponíveis pode melhorar significativamente seu desempenho ao longo da vida, reduzir a taxa de remoção e melhorar a retenção das fêmeas no plantel reduzindo significativamente o custo de produção.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: manara.grigoletti@novusInt.com.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



