Suínos
Uso de acidificantes para melhorar desempenho na suinocultura
Ácidos orgânicos podem ser considerados potenciais substitutos dos antibióticos como promotores de crescimento, inclusive com efeitos positivos sobre a funcionalidade do sistema digestório. Estes benefícios são consequência dos diferentes mecanismos de ação sobre a composição do microbioma, morfologia da mucosa intestinal, atividade enzimática e metabolismo energético do suíno, por isso é preciso estar atento às diferentes opções disponíveis no mercado.

O Brasil é um dos maiores players mundiais na suinocultura e a indústria de nutrição animal vem acompanhando de perto as transformações desta atividade ao longo dos anos, entregando soluções que contribuem ativamente para o crescimento e desenvolvimento desta atividade no Brasil e no mundo.
Um dos maiores desafios atuais do setor é a mitigação o uso de antimicrobianos, principalmente como promotores de crescimento, uma vez que seu uso indiscriminado ao longo dos anos acabou resultando em sérios problemas de resistência antimicrobiana com reflexos em saúde pública. Aliado a isto, vem observando-se uma tendência global na redução destas moléculas biocidas, fato este intensificado por normativas europeias, americanas e brasileiras, as quais estão restringindo cada vez mais o uso de antibióticos na produção animal. Recentemente, a União Europeia aprovou uma nova legislação sobre o uso de antimicrobianos na produção animal. A Regulação 2019/6 confirma a proibição de antibióticos melhoradores de desempenho e utilização destas moléculas de forma profilática, exceto em situações específicas para administração em pequeno número de animais. Sendo o Brasil um dos maiores exportadores de proteína animal, medidas como esta impactam diretamente na suinocultura brasileira.
Diante deste cenário, produtos à base de ácidos orgânicos vêm destacando-se no mercado como potenciais substitutos dos antibióticos, principalmente dos promotores de crescimento. Estudos vem relatando que o uso de acidificantes (blends de ácidos orgânicos e/ou inorgânicos) via água de bebida ou ração são considerados uma alternativa sustentável e eficiente no controle de enterobactérias, podendo inclusive auxiliar na redução do pH do trato gastrointestinal, facilitando processos digestivos.
Pontos de atenção na escolha do acidificante
Hoje tem-se à disposição uma ampla gama de produtos à base de ácidos orgânicos e inorgânicos, seja para administração na ração ou água de bebida dos animais. No entanto, deve-se levar em consideração alguns fatores importantes no momento da escolha do blend de ácidos, como composição, níveis de garantia, dosagem e propriedades antimicrobianas. No caso de produtos recomendados para água de bebida, podemos incluir a palatabilidade, capacidade de baixar o pH inicial da água e método de acidificação. Já para os ácidos indicados via ração, destacamos também a capacidade em resistir a ação de enzimas digestivas no terço inicial do trato gastrointestinal, permitindo a efetividade do produto a nível intestinal para controle de enterobactérias.
Efetividade antimicrobiana dos acidificantes comerciais
Dentre os principais tipos de ácidos orgânicos utilizados comercialmente podemos destacar produtos a base de ácido cítrico, ascórbico, lático, acético, propiônico, málico, fórmico e tartárico. Já dentre as moléculas de ácidos inorgânicos podemos elencar os ácidos fosfórico e clorídrico, além do cloreto de cálcio.
Ao longo dos anos, muitos estudos vêm sendo realizados e direcionados a avaliação de eficiência antimicrobiana de ácidos orgânicos e blends destas moléculas disponibilizados no mercado brasileiro. Na tabela 1 apresentamos um resultado preliminar de um destes estudos, onde quatro produtos comerciais foram avaliados através da técnica de concentração inibitória mínima (MIC) frente a cepas de campo de Salmonella spp., Staphylococcus aureus e Escherichia coli:

Importância do PKA
A eficiência antimicrobiana dos ácidos orgânicos depende da sua constante de dissociação (pKa), ou seja, o valor de pH em que 50% do ácido se encontra na forma dissociada e 50% em sua forma indissociada, assim quanto maior o pKa de um ácido, maior será sua efetividade antimicrobiana. Os suínos apresentam faixas de pH diferentes ao longo de todo trato gastrointestinal.
Os produtos comercialmente disponíveis geralmente são compostos por blends de ácidos orgânicos com pKa abaixo de 5, o que torna os produtos vulneráveis à ação do pH baixo no terço inicial do TGI, com maior número de moléculas dissociadas, diminuindo a capacidade de penetração nas bactérias. Para minimizar este efeito do pka sobre os ácidos orgânicos, tecnologias para encapsulamento e proteção já estão disponíveis no mercado, garantindo um maior teor da sua forma indissociada no terço final do trato gastrointestinal e maior efetividade biocida dos produtos.
Considerações Finais
Tendo em vista o atual cenário, onde a substituição do uso de antibióticos é uma necessidade global, os ácidos orgânicos podem ser considerados potenciais substitutos dos antibióticos como promotores de crescimento, inclusive com efeitos positivos sobre a funcionalidade do sistema digestório. Estes benefícios são consequência dos diferentes mecanismos de ação sobre a composição do microbioma, morfologia da mucosa intestinal, atividade enzimática e metabolismo energético do suíno, por isso é preciso estar atento às diferentes opções disponíveis no mercado.

Daiane Carvalho

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.



