Suínos Estação Verão
Uso da tecnologia ameniza efeitos do calor sobre a lactação e reprodução
Como leitões e matrizes apresentam categorias com zona de conforto térmico diferentes, a maternidade é o setor onde está o maior desafio do estresse calórico

Artigo escrito pela equipe técnica da Kemin
Garantir o bem-estar animal na suinocultura é o objetivo e o desafio diário dos técnicos e, dentre as variáveis ambientais, a temperatura é a que mais afeta o bem-estar dos suínos. Os suínos são animais homeotermos, ou seja, controlam sua temperatura interna quando submetidos a variações de temperatura. Entretanto, apresentam o sistema termorregulador pouco desenvolvido, sendo sensíveis ao frio quando jovens e sensíveis ao calor quando adultos. Além disso, possuem poucas glândulas sudoríparas na pele, os tornando menos eficientes na resposta ao calor. Quando fora da sua zona de termoneutralidade, ocorrem reações para o auxílio do controle desta temperatura, como aumento de fluxo sanguíneo na pele, aumento da frequência respiratória e modificações no metabolismo. Tais processos requerem energia, afetando o desempenho.
Maternidade
Como leitões e matrizes apresentam categorias com zona de conforto térmico diferentes, a maternidade é o setor onde está o maior desafio do estresse calórico. Na mesma instalação tem-se os leitões, para os quais o conforto térmico é entre 33 – 27ºC (leitão 1 a 8 kg peso vivo) e matrizes, com conforto térmico entre 15 – 17ºC.
Nas fêmeas, o reflexo do estresse calórico é a perda de condição corporal pela maior mobilização de gordura e massa corporal devido à redução do consumo alimentar. Foi verificado que em ambiente acima de 20°C, as matrizes já apresentam queda no consumo de ração. O baixo consumo terá consequência na produção de leite, resultando em baixa performance dos leitões lactantes, com reflexo no desempenho nas fases seguintes.
Estresse Calórico x Cortisol x Cromo
Em situações de estresse calórico tem-se a produção do cortisol (hormônio do estresse), cuja função é aumentar o açúcar no sangue para ajudar o metabolismo. Níveis altos de cortisol inibem a função reprodutiva e aumentam a frequência respiratória e fluxo sanguíneo para coração, pulmão e cérebro. Consequentemente, há menor consumo e digestão da ração.
O cromo é um mineral com função relacionada ao metabolismo da glicose. Potencializa a ação da insulina e com isso há maior e melhor entrada de glicose para as células, principalmente as musculares. Outro papel importante do cromo é a redução nos níveis de cortisol, principalmente em situações de estresse calórico.
Foi realizado um experimento desafiando leitões com injeções de lipossacarídeo de E. coli e verificado os níveis de cortisol sanguíneo. Nos grupos desafiados houve aumento dos níveis de cortisol em relação ao grupo controle (desafio com solução salina), entretanto o grupo desafiado que consumiu cromo durante 15 dias antes manteve os níveis de cortisol sanguíneo menores (p<0,05) em relação ao grupo desafiado sem cromo.
Como o cromo de origem vegetal está na forma complexa e, assim, não disponível para o animal, é necessário a suplementação via ração, sendo a forma orgânica a mais indicada, pois pouca quantidade de cromo é armazenada no organismo, e em situação de estresse, necessita de rápida mobilização.
Entretanto, nem todas fontes orgânicas são iguais. A fonte orgânica do cromo terá efeito sobre a solubilidade e biodisponibilidade com efeito na ação. O cromo deve ser liberado de sua fonte orgânica para ser absorvido pelos canais de cromo nas células e, assim, fontes mais solúveis e com menor força de ligação permitirão mais cromo disponível. Dentre as fontes disponíveis no mercado, foi verificado que a fonte propionato é mais solúvel e biodisponível.
Outro fator importante no uso do cromo é em relação à segurança, tanto no manuseio na fábrica como no consumo pelo animal e no consumo da carne deste animal. Tem-se que garantir que o cromo presente no produto é o cromo valência +3 (Cr+3), já que cromo valência +6 (Cr+6) é, por ser mais solúvel, considerado carcinogênico. A fonte propionato garante essa segurança, motivo que foi a primeira fonte a ser liberada e durante muitos anos a única permitida para suínos pelo FDA nos EUA.
O uso do cromo em suínos permite aumento da leitegada através do aumento da ovulação, óvulos fertilizados e auxiliando na sobrevivência embrionária, pois a insulina tem importante papel na reprodução e o cromo atuará potencializando sua ação. Ao avaliar o uso do propionato de cromo durante um ano em uma integração com 65.000 fêmeas, foi observado diminuição em 5,17 dias não produtivos (32,68 dias vs 37,85 dias do ano sem o uso do produto), com isso houve aumento no número de leitões nascidos/fêmea/ano (+ 0,25 leitão) e longevidade da matriz.
Com o aumento de absorção de glicose em tecidos alvo e ação sobre metabolismo de proteínas e lipídeos, o uso do cromo resultará no aumento da produção de leite, essencial para as leitegadas cada vez maiores, além de menor perda de gordura corporal da matriz ao final da lactação, com efeito positivo nas gestações seguintes.
Aproveitamento máximo da energia da ração lactação
Com linhagens cada vez mais prolíferas e leitões com alta capacidade para ganho de peso, a exigência nutricional da fêmea é alta. Para garantir a manutenção e produção de leite das fêmeas, são necessários altos níveis de energia durante a fase de lactação. Como o estresse calórico contribui para o baixo consumo, o requerimento de energia/dia não é alcançado. O déficit de energia terá efeito na gestação seguinte, aumentando o intervalo de desmame cobertura e diminuindo a longevidade da fêmea, a produção de leite, também será afetada, com menor performance dos leitões na maternidade.
O uso de óleo nesta fase é indicado, e como a energia é o fator que tem maior impacto no custo da ração, o uso de biosurfactante se torna essencial para a aumentar a energia disponível na ração.
A nova geração de biosurfactante é conhecida como “melhorador de absorção de nutrientes”, pois foi comprovada sua ação não apenas na melhora da digestibilidade do óleo, mas também sua ação sobre a absorção de outros nutrientes. O resultado do uso é maior produção de leite com reflexo no desmame de leitões mais pesados e uniformes e menor catabolismo nesta fase, proporcionando melhor score corporal para as matrizes ao final da lactação.
Abaixo é apresentado o resultado compilado de sete avaliações, totalizando 230 matrizes avaliadas, com o uso de biosurfactente na fase de lactação.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



