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USDA estima estoques americanos de milho acima da expectativa e CBOT cai
Estados Unidos deverão colher 14,182 bilhões de bushels na temporada 2020/21, sem alterações em relação aos números estimados em janeiro

O relatório de fevereiro de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado nesta semana, foi destaque no mercado internacional do milho e determinou quedas nas cotações na Bolsa de Chicago (CBOT). O USDA colocou os números dos estoques de milho norte-americanos e mundiais acima das expectativas do mercado.
O USDA indicou que o país terá estoques finais de passagem da safra 2020/21 de 1,502 bilhão de bushels, abaixo dos 1,552 bilhão indicados no mês passado, mas acima da expectativa do mercado, que esperava um número de 1,363 bilhão de bushels.
Os Estados Unidos deverão colher 14,182 bilhões de bushels na temporada 2020/21, sem alterações em relação aos números estimados em janeiro. A produtividade média em 2020/21 foi mantida em 172 bushels por acre. A área a ser plantada segue prevista em 90,8 milhões de acres e a área a ser colhida em 82,5 milhões de acres. As exportações em 2020/21 passaram de 2,550 bilhões de bushels para 2,6 bilhões de bushels. O uso de milho para a produção de etanol foi mantido em 4,95 bilhões de bushels.
Mundo
O relatório estimou a safra global 2020/21 em 1.134,05 milhão de toneladas, acima das 1.133,89 milhão de toneladas indicadas em janeiro. Os estoques finais da safra mundial 2020/21 foram projetados em 286,53 milhões de toneladas, acima das 283,83 milhões de toneladas indicados no mês passado, enquanto mercado apostava em um número de 280 milhões de toneladas.
A estimativa de safra brasileira é de 109 milhões de toneladas, sem alterações ante o mês passado, enquanto o mercado esperava safra de 108,7 milhões de toneladas. A produção da Argentina deve atingir 47,5 milhões de toneladas, sem modificações ante janeiro, enquanto o mercado previa safra de 47,2 milhões de toneladas. A Ucrânia teve sua projeção de safra mantida em 29,5 milhões de toneladas. A África do Sul teve a safra elevada de 16 milhões de toneladas para 16,5 milhões de toneladas. A China teve sua estimativa de produção apontada em 260,67 milhões de toneladas, sem alterações.
Após a divulgação do relatório do USDA, na terça-feira, dia 09, o contrato março em Chicago fechou com baixa de 1,3%. Ainda refletindo o USDA, na quarta-feira (10), a bolsa teve queda no contrato março de 3,9%. E apenas conseguiu uma recuperação nesta quinta-feira (11), quando a posição subiu 1,2%, bem menos que o acumulado de perdas nas últimas duas sessões.
Conab
A produção brasileira de milho deverá totalizar 105,481 milhões de toneladas na temporada 2020/21, com avanço de 2,9% na comparação com a temporada anterior, quando foram colhidas 102,518 milhões de toneladas. A projeção faz parte do quinto levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em janeiro, a Conab indicava produção de 102,313 milhões de toneladas. A revisão para cima entre uma estimativa e outra ficou em 3,1%.
A primeira safra de milho deverá totalizar produção de 23,629 milhões de toneladas, com queda de 8,0% sobre a temporada anterior, quando foram colhidas 25,689 milhões de toneladas. Em janeiro, a Conab indicava safra de 23,911 milhões de toneladas.
A segunda safra, ou safrinha, está estimada em 80,076 milhões de toneladas, 4,3% acima das 76,763 milhões de toneladas indicadas em janeiro. A Conab espera um aumento de 6,7% sobre o total colhido no ano passado, de 75,053 milhões de toneladas. A terceira safra está estimada em 1,775 milhão de toneladas, mesmo volume registrado na temporada anterior, mas com uma elevação de 8,4% frente às 1,638 milhão de toneladas indicadas em janeiro.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



