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Univali e Governo de Santa Catarina assinam acordo para intercâmbio de informações sobre a pesca
Universidade é referência no monitoramento da atividade pesqueira catarinense

A Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e o Governo do Estado de Santa Catarina, por intermédio da Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAQ) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), assinaram um acordo para permitir o intercâmbio de informações sobre a pesca artesanal e industrial no Estado. O documento foi assinado nesta terça-feira (23), na sede da Secretaria Estadual de Administração, em Florianópolis.
A Univali é referência em pesquisa nesta área e conduz o Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira de Santa Catarina (PMAP-SC). O objetivo da parceria com o Governo do Estado é compartilhar as informações coletadas pelo PMAP nos últimos anos e que resultaram no Boletim Estatístico da Pesca de Santa Catarina, apresentado em 2023.
O documento deriva da coleta de dados realizada nos anos de 2017, 2018 e 2019 em toda a faixa litorânea do Estado. O projeto, desenvolvido com recursos da Petrobras, conta com mais de 30 colaboradores entre professores e técnicos de nível superior. A sede do projeto é o campus da Univali em Itajaí e as equipes atuam em dez municípios do Estado.
“O Governo de Santa Catarina vem tendo um olhar diferenciado para o setor pesqueiro e foi por meio do PMAP e dos resultados apresentados pelo projeto que estreitamos nossa relação. O Estado quer compreender melhor o panorama da pesca e a Univali coloca sua expertise em pesquisa à disposição para que possamos, juntos, atuar na busca por soluções inovadoras e viáveis para o setor”, explicou o diretor da Escola Politécnica, professor Cesar Albenes Zeferino.
A solenidade também marcou o início do projeto Biopesca SC, que visa o estudo da biologia populacional de recursos pesqueiros catarinenses. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e coordenado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), com o apoio da Univali, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC).
“Essa pesquisa é um marco importante e histórico para o setor da aquicultura e da pesca catarinense. Com investimento próximo de dois milhões de reais, instituições renomadas como Univali, UFSC e IFSC, com a coordenação da Udesc, irão iniciar as pesquisas com diversas espécies no intuito de gerar conhecimento sobre a biologia e a ecologia de recursos pesqueiros como instrumentos para a gestão destes recursos em Santa Catarina”, destacou o secretário de Aquicultura e Pesca de Santa Catarina, Tiago Bolan Frigo.
O projeto terá duração de dois anos e vai estudar espécies como tainha, anchova, corvina, peixe-espada, camarões e siris. O litoral catarinense será dividido em setores e as informações serão obtidas com base nas atividades dos pescadores e nas pescas experimentais para adquirir os organismos que serão estudados. A pesquisa vai avaliar ainda questões como mudanças climáticas, destruição de habitats naturais e poluição.
“O Governo tem que olhar para os que mais precisam e eu não tinha dúvida que ao criar a Secretaria de Aquicultura e Pesca a gente ia conseguir estar perto do pescador, ajudando a melhorar o barco dele, a qualidade de vida dele, mas, acima de tudo, apoiando uma atividade tão importante para Santa Catarina, que explora as riquezas da nossa costa e gera desenvolvimento para o Estado”, afirmou o governador Jorginho Mello.
“Para a Univali é uma honra poder contribuir com projetos tão relevantes, visto a importância sociocultural e econômica da pesca para Santa Catarina. A história da Universidade é marcada pelo desenvolvimento de pesquisas que contribuem com o poder público para a implementação de ações e projetos voltados ao desenvolvimento do Estado. Estamos muito orgulhosos desta parceria e certos de que os resultados irão beneficiar toda a cadeia produtiva do setor e, consequentemente, a sociedade”, ressaltou o reitor, professor Valdir Cechinel Filho.
Além do reitor, a instituição foi representada na solenidade pelo diretor de Assuntos Institucionais, professor Luis Carlos Martins, pelo diretor da Escola Politécnica, professor Cesar Albenes Zeferino e pelos professores Paulo Ricardo Schwingel, Roberto Wahrlich e Vivian de Mello Cionek.
- Foto: Roberto Zacarias
- Foto: Roberto Zacarias
- Foto: Roberto Zacarias

Notícias
Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.
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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.






