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Unidades de Beneficiamento de Alimentos impulsionam a economia local e a conservação ambiental em comunidades quilombolas

Tecnologia e conhecimento são resultados do impacto transformador do programa Florestas de Valor, do Imaflora, na Amazônia.

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Fotos: Divulgação

Em meio à exuberante biodiversidade da Amazônia, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) tem causado um impacto significativo com o programa Florestas de Valor há 10 anos. Neste cenário, as Unidades de Beneficiamento de Alimentos (UBAs) de Oriximiná, no Pará, emergem como exemplos do encontro entre sustentabilidade e geração de renda, fortalecendo comunidades e conservando o meio ambiente.

A iniciativa tem alcançado marcos notáveis no fortalecimento das práticas sustentáveis na região da Amazônia brasileira. Com a implementação das UBAs em quatro comunidades quilombolas de Oriximiná, o programa busca promover a geração de renda e melhorar a segurança alimentar, beneficiando diretamente 180 famílias e indiretamente cerca de 500 alunos da rede pública local.

“Os desafios enfrentados pelas comunidades de Oriximiná são complexos, mas as UBAs demonstram como soluções inovadoras e colaborativas podem fazer a diferença. Estamos empolgados com os progressos e as possibilidades futuras”, destaca Rosimeire Borges, analista técnica do Imaflora.

Mateus Feitosa, também analista técnico do Imaflora, ressalta a conexão entre as UBAs e a educação: “Nossa missão vai além do aspecto econômico. Ao fornecer alimentos para a merenda escolar, estamos diretamente envolvidos na nutrição e educação das novas gerações, garantindo que a importância da conservação ambiental seja uma lição aprendida desde cedo”.

Financiadas por projeto do Fundo Amazônia, com apoio do BNDES, as UBAs estão atualmente focadas no reinício de atividades, com a retomada de capacitações e definição de grupos de manipuladores. As cadeias prioritárias envolvem a produção de polpas de frutas variadas e produtos assados, com potencial significativo para geração de renda e fortalecimento da segurança alimentar.

“A UBAs são mais do que instalações de processamento de alimentos; são centros de empoderamento comunitário e desenvolvimento sustentável. Estamos ajudando a construir uma ponte entre tradição e inovação”, afirma Mateus.

Localizadas nas comunidades quilombolas de Arancuan de Baixo, Boa Vista Cuminã, Jamari e Tapagem, as UBAs enfrentam desafios como manutenção de equipamentos e gestão eficiente. Por isso, o Florestas de Valor está investindo em capacitações, consultorias em gestão e governança, e na melhoria da infraestrutura. Esses esforços visam não apenas a retomada das atividades, mas também a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo.

“O próximo passo é fortalecer ainda mais as parcerias locais e garantir que as UBAs sejam geridas de forma eficaz e autossustentável. Estamos comprometidos em acompanhar de perto essas iniciativas, assegurando que beneficiem as comunidades e o meio ambiente”, conclui Rosimeire.

O Florestas de Valor, com dez anos de atuação, tem sido um catalisador de mudanças positivas, promovendo a restauração florestal, estruturando cadeias da sociobiodiversidade e fomentando negócios comunitários. “Este é um esforço conjunto”, afirma Borges. “A colaboração entre o Imaflora, as comunidades locais e associações comunitárias parceiras outras entidades é essencial para o sucesso contínuo dessas iniciativas”, finaliza.

O programa ajuda na manutenção dos estoques de carbono, além de valorizar as populações tradicionais, guardiãs do patrimônio socioambiental da Amazônia. “Nosso trabalho aqui é um exemplo de como conservação ambiental e progresso econômico podem andar de mãos dadas”, explica Feitosa.

Desafios da implementação e operação das UBAs

Questões de logística e manutenção de equipamentos são fundamentais, especialmente dada a localização remota. Além disso, a necessidade de capacitação contínua dos manipuladores e a gestão eficaz das UBAs são desafios constantes que exigem atenção e recursos dedicados.

Oportunidades de mercado e crescimento econômico

pesar dos desafios, as UBAs oferecem oportunidades únicas. Elas permitem o acesso a mercados mais amplos para produtos locais, como polpas de frutas e assados, abrindo caminho para a inclusão econômica das comunidades envolvidas. O potencial de venda para programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e para mercados locais e regionais apresenta uma chance real de crescimento econômico e sustentabilidade para as comunidades de Oriximiná.

Próximos passos para o Florestas de Valor nas UBAs

O Programa Florestas de Valor planeja intensificar seu apoio às UBAs, com foco em três áreas principais: fortalecimento da governança e capacitação gerencial; melhoria da infraestrutura e equipamentos; e desenvolvimento de canais de mercado para os produtos das UBAs. Além disso, o programa visa promover a regularização sanitária, abrindo novas possibilidades de mercado e garantindo a qualidade e segurança dos produtos. A integração das UBAs em redes de produção e comercialização mais amplas é um objetivo chave para os próximos anos.

O Imaflora

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma organização brasileira, sem fins lucrativos, que se dedica a promover o uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais. O Instituto desenvolve soluções que conciliam conservação ambiental e desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em que oferece serviços para o mercado, atendendo atores das cadeias florestais, agropecuária, da sociobiodiversidade e da agenda climática.

Criado em 1995, o Imaflora realiza trabalho em campo, assistência técnica, certificação socioambiental, além de pesquisa e desenvolvimento de estudos com base em dados públicos. O Imaflora é um agente de articulação que preza pela atuação em rede, viabilizando parcerias para fomentar soluções coletivas, que já beneficiaram mais de 62 mil pessoas em 8,1 milhões de hectares de florestas e unidades produtivas, a exemplo das iniciativas Florestas de Valor, Boi na Linha, Soja na Linha, Origens Brasil®, Carbon on Track, Timberflow, entre outros. Mais informações: www.imaflora.org

O Florestas de Valor

O Programa Florestas de Valor desenvolve projetos que disseminam e fortalecem técnicas de produção sustentáveis na Amazônia brasileira. Fomenta a restauração florestal, estrutura cadeias da sociobiodiversidade e negócios comunitários, contribuindo com a fixação e manutenção de estoques de carbono, bem como com a geração de renda a partir de atividades sustentáveis para manter a floresta em pé e valorizar as populações tradicionais guardiãs do patrimônio socioambiental.

Fonte: Assessoria Florestas de Valor

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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável

Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

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Foto: SAA SP

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.

 

Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.

Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.

A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.

Solos mais saudáveis e produtivos

Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.

Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.

A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.

Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.

Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.

A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.

A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).

O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.

Fonte: O Presente Rural com Embrapa Cerrados
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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio

Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

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Foto: Freepik

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.

Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.

Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.

Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”

Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.

Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.

Marco jurídico recente

Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.

Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.

Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.

Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu

A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.

Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.

Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.

Fonte: Assessoria Celso Cândido de Souza Advogados
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30

Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

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Foto; Beatriz Batalha/Mapa

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.

Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.

Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.

A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.

Fonte: Assessoria Mapa
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