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Avicultura

Uma visão além do banimento

Enquanto alguns ainda sustentavam o movimento de resistência às novas exigências, outros viram no problema uma oportunidade de agregar mais ao seu negócio e se diferenciar

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Artigo escrito por Vladimir Fay da Silva, gerente de contas da América do Sul da Zinpro Performance Minerals

Agora complicou de vez… Já proibiram o Cloranfenicol e a Avoparcina, dessa vez perdemos também o Olaquindox. Como se já não bastasse a proibição da Furazolidona que muito nos ajudava na limpeza das galinhas, agora possivelmente seremos invadidos pelas clostridioses, sem falar na retirada da inócua Violeta Genciana que nos colocará à mercê dos fungos e suas toxinas. A verdade é que nos dias de hoje, somos reféns da área médica e dos ecologistas europeus.

Há aproximadamente 20 anos eram frequentes muitas discussões em reuniões técnicas como essas dentro das empresas. Alguns imbuídos de um espírito nacionalista, outros profetizando o apocalipse e outros simplesmente repetindo o que ouviam ou proferindo um clássico: “isso não vai dar nada”.

Na primeira metade dos anos 90, os aditivos não antibióticos “suavam sangue” para se contrapor à eficiência dos promotores e rações medicamentosas tipo “lanche”, a exemplo de suínos. Com custo/benefício questionável, essas novidades foram prontamente descartadas do arsenal dos técnicos de campo, que como sempre vivenciam pressões de desafios de todas as ordens.

Ao contrário da área de reprodutoras com a consolidação da tecnologia da Exclusão Competitiva, na produção de frangos de corte, ainda iria levar um tempo até se difundirem a campo os conceitos de controles microbianos sem antibióticos.

Passadas décadas, muitas palestras, visitas de técnicos europeus e viajantes brasileiros de vanguarda, entrada de aditivos e novas tecnologias, a avicultura não somente ultrapassou esses desafios e paradigmas iniciais, como também reduziu aos poucos o uso indiscriminado da antibioticoterapia, superando todas as expectativas de melhoras, nos entregando nesse período mais de 200 pontos de IEP.

Hoje falamos “à boca pequena”, aos mais jovens incrédulos, que um dia tivemos metas de conversões alimentares menor do que peso ao abate.

Além da evolução constante e superação dos desafios, também novas tecnologias foram sendo adicionadas ao modelo contemporâneo de criação, o que possibilitou a modernização dos processos e o alcance de performances surpreendentes como citado anteriormente, propiciando para que o tema banimento de antibióticos (que na verdade nunca saiu de cena) se tornasse uma realidade muito mais próxima e factível do que no milênio passado.

Enquanto alguns ainda sustentavam o movimento de resistência às novas exigências, outros viram no problema uma oportunidade de agregar mais ao seu negócio e se diferenciar, tentando entender quais os desafios de sua região e iniciar seus ensaios a campo de maneira profissional, tentando entender o potencial dos produtos, mensurando as perdas possíveis e os ajustes necessários para suportar as adversidades. Essas empresas hoje já têm implantado em seus sistemas de produção linhas livres do uso de antibióticos.

Devido a isso e incutidos dentro de uma indústria de alta performance, sempre carente de inovações e orientado por tendências de mercado, acabamos tendo hoje uma oferta de produtos inovadores como nunca visto antes, mas isso não quer dizer que como técnicos devamos concordar com a máxima que existirá mercado para todos, e sim apenas para os que têm capacidade de agregar valor ao sistema e atender às exigências de saúde alimentar. 

Serve como exemplo casos como o da empresa que realizou testes de performance com mais 14 produtos de mesma categoria, gerando resultados positivos em apenas três. Isso deixa claro a variabilidade na qualidade e no potencial dos aditivos que temos disponíveis hoje no mercado, ao mesmo tempo que sinaliza que nossos critérios de triagem devem estar mais apurados do que no passado para a escolha de um produto adequado.

Se antes da restrição dos antibióticos necessitávamos ter um bom domínio sobre Farmacologia, Microbiologia e Imunologia, após o possível banimento, áreas do conhecimento como a Toxicologia, Enzimologia e Biologia Molecular certamente serão exigidas para um bom profissional poder ter a habilidade necessária para entender os mecanismos de ação e ter o real poder de decisão e assertividade.

Critérios

Cada categoria de aditivos apresenta particularidades que devem ser entendidas e atendidas, contudo em geral para a escolha de um bom produto, alguns critérios mais generalistas devem ser considerados como:

Qualidade de Mistura – Independente de uso em pré-misturas prontas ou manejadas diretamente das fábricas de rações, ou o tamanho de partícula, ou a dosagem e grau de processamento das rações, a fluidez e perfeita capacidade de mistura devem ser consideradas, pois sabemos que o mais importante é que tenhamos uma uniformidade de dosagem do primeiro ao último comedouro dentro do aviário. Mecanismos de rastreabilidade (marcadores, recuperação ou outros) são muito relevantes nessa avaliação.

Solubilidade – Alguns produtos, dependendo de sua configuração química, se insolubilizam (independente se hidro ou lipossolúvel), limitando sua ação no ambiente ao qual se propõe. Produtos insolúveis em água terão em muito ou totalmente sua absorção comprometida após ingestão pelo animal, da mesma maneira que dosagens acima do recomendado podem saturar o meio, gerando precipitação e erros de dosagens mesmo em temperaturas mais elevadas. Produtos com propostas para uso em água devem atender a critérios específicos para essa via, correlacionados ao pH, palatabilidade, inativação de ou por outros aditivos.

Tamanho – Tanto para distribuição na ração quanto após ingestão o peso da partícula deve ser considerado tanto se o objetivo for a absorção ou permanência na luz intestinal. Se o produto necessitar absorção pelos canais proteicos da membrana celular, por exemplo, tendo muito acima de 300 Daltons, não terá sucesso, se mantendo na luz intestinal e sendo excretada ou adsorvida por outras moléculas com poder antinutricional. Não podemos esquecer do limitante de tempo de trânsito que pode comprometer se necessitar de uma degradação muito maior que 3 a 4:00 antes da absorção.

Estabilidade –  O produto deve manter estabilidade tanto em premix, quanto na ração independente da apresentação (farelada, peletizada e/ou extrusada), resistindo a temperatura/tempo de processamento, e/ou mesmo na presença de outros aditivos, fatores antinutricionais ou modificadores do pH. Após ingestão, o desejável é que tenhamos a mesma estabilidade do produto, estando integro no local de atuação. Degradação, quelação, dessorção ou mesmo quebra de ligações químicas e a perda da constante de estabilidade são exemplos de inativação de produtos e comprometimento de resultados.

Ausência de Contaminantes – Controles de dioxinas, furanos, micotoxinas, microorganismos não desejáveis, outros antibióticos, metais pesados, PCB’s são exemplos de contaminantes que obrigatoriamente devem ser observados na busca de um produto inócuo.

Comprovações In-Vivo – Muito produtos não antibióticos têm um forte embasamento conceitual, contudo não conseguem apresentar resultados com repetibilidade, principalmente in-vivo. Isso é fundamental, pois a partir daí teremos a geração da grandeza do valor para cálculo de viabilidade econômica.

Antigos e Recorrentes Aspectos

Da mesma maneira que ocorreu na Europa em 2000, com o banimento dos antibióticos, também poderemos ter uma piora sugerida em torno de 70 gramas na conversão alimentar, apesar disso, estamos mais evoluídos no manejo de produtos “alternativos” que naquela época.

Não podemos esquecer que favoravelmente teremos ganhos inerentes à nossa atividade, como por exemplo através da genética, que já sinaliza uma melhora em torno de 20 a 30 gramas e com 3 a 4 gramas de ganho de peso diário (GPD). Em condições experimentais, inimagináveis 99 gramas de GPD já foram alcançados.

Quando pensamos em ganho potencial, são muitas as pessoas que subestimam, por exemplo, a real oportunidade que temos por trás de um adequado vazio sanitário. Contudo, existem estudos sobre esse tema que comprovam a ocorrência de variáveis complexas e determinantes na boa performance dos lotes, como as agressões diretas e destrutivas da amônia no aparelho respiratório e da própria microbiologia do ambiente, exigindo mais do sistema imune do pintinho (já demandado pelos programas vacinais e estresse durante nascimento e alojamento.

Isso tanto é verdade que alguns programas de modelagem já contemplam, e com alto peso, esse período e apresentam cenários, como por exemplo, mudanças de sete dias para mais ou menos no vazio, que acabam correspondendo a 30 gramas de melhora ou piora na conversão alimentar no lote ao abate, além de uma drástica variação na mortalidade e no peso final.

Qualquer nutricionista sabe quanto custa em investimento nas dietas, a obtenção de uma melhora em 30 gramas na conversão alimentar.

Em alguns casos, alterações no período do vazio sanitário são flagrados a campo pelos técnicos como uma discreta disbacteriose ou conjuntivite, ou em maior grau num aumento da ocorrência de coccidiose e finalmente em perdas por condenações, demonstrando que erros na logística de alojamento podem ir muito além do que imaginamos. Nesse caso, segue a máxima que o desempenho do frango é uma corrida contra o tempo, que é mínimo, mas com perdas maximizadas.

Outro tema interessante e que gera uma boa discussão é a densidade de alojamento, ao contrário do item anterior, é mais entendida quando se pensa em logística de produção e capacidade de alojamento. Todos sabemos que o adensamento gera uma carga microbiana maior e lesões contaminadas (como arranhões em animais com empenamento incompleto) com um relevante impacto no aproveitamento de lotes griller, e mesmo em aves maiores com perdas consideráveis no abatedouro.

Contudo, dependendo do objetivo em questão (custo na plataforma, pagamento de integrado, financiamentos por parte da empresa, rendimento de abatedouro e atendimento ao mix de venda), podemos gerar diversos cenários e mensuração das perdas.

Outro tema recorrente, a granulometria das dietas vai muito além do atendimento às necessidades anátomo-fisiológicas do animal, acarretando no adequado mecanismo de trituração do alimento, maior poder secretório e desenvolvimento das musculaturas lisas de todo o trato digestivo, repercutindo em cavidades como o pró-ventrículo e moela com melhor desenvolvimento e tônus, e posteriormente em um intestino mais pesado e com tempo de trânsito e digestibilidade do alimento melhorado, finalizando em fezes mais firmes e digeridas.

Sabe-se que com uma adequação do aparato digestório do animal temos a redução do pH como fator redutor de patógenos, e se pensarmos a nível de processo temos que lembrar que temperaturas de peletização por exemplo acima de 80o C, com retenção de 40 segundos e com umidade acima de 15% reduzem praticamente a totalidade de enterobactérias.

Contudo é verdade também muitas melhorias que poderíamos esperar não dependem somente de convencimento e procedimento, mas também investimentos. Ambiência é um desses casos que podem nos levar facilmente a má economia de 30 a 40 g no consumo de ração.

Novos Aspectos

Exclusão competitiva, ocupação de sítios de adesão, adsorção de bactérias patogênicas, imunoestimulação, produção de bacteriocinas, enzimologia, alterações de pH luminal e fitoterapia são alguns dos muitos mecanismos e ferramentas de controle microbiológico que surgiram no período após o início da redução do uso dos antibióticos e da era dos antibiogramas. Atualmente observamos mecanismos de imunomodulação (e estudo dos processos inflamatórios em geral) que surgiram timidamente com o uso de moléculas que promoviam ações anti-inflamatórias, à semelhança da Bacitracina, contendo com isso as cascatas do sistema imune e o custo metabólico pelo consumo de aminoácidos e outros nutrientes.

O conhecimento da biologia molecular, por exemplo, nos demonstra que  moléculas que atuam na mecânica intestinal, reforçando proteínas (descobertas na década de 90) promovem a oclusão das células como os enterócitos, num mecanismo já bem conhecido em casos de Síndrome do Intestino Permeável na Doença de Chron.

Hipertermia, nesses e em outros quadros, produz o aumento da permeabilidade, disfunção da barreira intestinal e suas consequências, podendo ir desde o livre acesso ao ambiente interno de agentes microbianos, toxinas e diversos alérgenos até a ativação do sistema imune e seus custos ao animal.

Períodos de calor (ou mesmo o processo febril) extremo são frequentes em nossas criações. Com isso observamos em aves a redução da resistência intestinal, associada a retirada de alimento no período pré-abate, propiciando a redução da elasticidade intestinal, rompimento sob tensionamento do maquinário em plantas de abate, e contaminação de carcaças com conteúdo oriundo de todo o trato digestivo.

Sabemos que qualquer aditivo, com ação microbiológica direta ou mesmo nutricional, pode desencadear algum mecanismo que leve à preservação da integridade intestinal, com isso fatalmente irá ter alguma repercussão no aproveitamento dos nutrientes, podendo ser medido indiretamente através de conversão alimentar (corrigida para determinado peso ou idade).

Além disso ele poderá promover não somente a saúde intestinal, mas a tendência à manutenção de tecidos e órgãos menos contaminados, com a redução da presença de patógenos (como Salmonella ou E. coli, por exemplo). Esse é um ponto a ser considerado de altíssima relevância na criação de aves, tanto em plantas de abate quanto em plantéis de reprodutoras.

Independente de qualquer detalhamento sobre composição, mecanismo de ação, inocuidade, características macro e microscópicas, e finalmente efeitos, mesmo que positivos numérica ou estatisticamente sobre o desempenho dos plantéis, o fator determinante para implantação na atividade é o cálculo do retorno sobre o investimento no momento, baseado em estudo criterioso de números robustos, confiáveis e que reproduzam fielmente a condição da companhia.

Finalmente entendemos que devemos tomar decisões num cenário analítico e de contestação, onde desvios de manejo básicos e que antes eram corriqueiramente aceitos, devem ser revistos e realmente mensurados. Apesar disso, pelo que vimos no passado tecnologias que naquele momento se apresentavam inviáveis ou pouco atrativas, nos dias atuais se apresentam como ferramentas de oportunidade e geração de bons ganhos para qualquer empresa.  

Aceitar apenas um percentual de 40% de peletes a campo, alterações de vazio sanitário sem critério, densidades elevadas sem mensuração de perdas para atender ao mix de produção e uso de aditivos ou qualquer produto sem avaliação do real retorno econômico faz com que o banimento dos antibióticos não seja colocado em uma página passada e seja sempre relembrado, principalmente pelos reativos.

Temos que estar sempre atualizados e abertos para tentar buscar a oportunidade onde hoje o que estamos vendo é apenas mais um novo desafio.

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Especialista aponta desafios e estratégias na nutrição para aumentar imunocompetência em frangos de corte

Estratégias de manejo alimentar, como a formulação de dietas balanceadas e enriquecidas de nutrientes específicos, uso de aditivos alimentares para promover a saúde intestinal, implementação de programas de vacinação e o monitoramento da qualidade da água de bebida são essenciais para fortalecer a imunocompetência em frangos de corte desde a fase inicial.

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Em tempos em que a produção avícola enfrenta desafios complexos, compreender como a nutrição afeta diretamente a capacidade imunológica das aves desde os estágios iniciais pode representar um diferencial significativo para os produtores. As implicações dessas descobertas não apenas podem otimizar os resultados de produção, mas também contribuir para o bem-estar e a saúde das aves, garantindo um setor avícola mais resiliente e sustentável. A imunocompetência nas fases iniciais e sua relação com a nutrição foi tratada pelo médico-veterinário e professor de Vacinologia Veterinária na Universidade Federal do Paraná, Breno Castello Branco Beirão, no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), evento realizado em meados de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Médico-veterinário e professor de Vacinologia Veterinária na Universidade Federal do Paraná, Breno Castello Branco Beirão: “A qualidade da dieta da matriz afeta a transferência imune pelo ovo, ou seja, há efeitos indiretos da qualidade da dieta da matriz sobre a progênie” – Foto: Divulgação

Durante sua palestra, o profissional tratou sobre os desafios nutricionais, estratégias de manejo alimentar e os impactos na saúde e desempenho das aves, destacando a importância vital dessa abordagem para uma produção avícola resiliente e sustentável. “Uma nutrição adequada desempenha um papel fundamental na saúde e no desempenho das aves de corte, especialmente durante as fases iniciais de crescimento. Além disso, a prevenção de doenças através do fortalecimento do sistema imunológico é essencial para garantir a produtividade e a rentabilidade da produção avícola”, afirmou o docente.

A imunocompetência nos estágios iniciais da vida é um fator determinante que afeta diretamente a saúde e a produtividade das aves de corte. Beirão explica que as aves não nascem com o sistema imunológico totalmente desenvolvido, sendo que ele amadurece gradualmente nos primeiros dias de vida em contato com o ambiente. “Esse período inicial é crítico, pois as aves são mais suscetíveis a invasões por patógenos, exigindo atenção especial dos produtores para garantir sua saúde e bem-estar”, aponta.

Além disso, Beirão diz que é fundamental compreender que se o sistema imunológico for comprometido durante essa fase, seu amadurecimento pode ser prejudicado, resultando em um estado imunológico imaturo, que persistirá ao longo da vida da ave.

Em relação aos nutrientes essenciais para promover a imunocompetência em pintinhos de corte e sua influência na resistência a doenças, Beirão destaca que todos são fundamentais, no entanto, alguns se destacam por sua importância, uma vez que apresentam um impacto significativo na resposta imunológica. “A constituição proteica da dieta é considerada o principal fator, sendo indispensável para o desenvolvimento da imunidade. Sem uma quantidade adequada de proteínas na dieta, a imunidade fica comprometida. Além disso, outros nutrientes desempenham papéis essenciais, como os micronutrientes, incluindo o zinco, e as vitaminas, entre as quais a vitamina A, fundamental para a saúde das mucosas, uma barreira importante contra patógenos”, esclarece.

Importância da dieta materna

O papel da dieta materna na imunocompetência dos pintinhos de corte durante a fase de incubação e eclosão é de extrema importância. A qualidade e composição da dieta da matriz afetam diretamente o desenvolvimento do sistema imunológico dos pintinhos antes mesmo de eles eclodirem. “Vitaminas, minerais e antioxidantes presentes na dieta da matriz são transferidos para os embriões através dos ovos e desempenham um papel fundamental na formação e maturação do sistema imunológico dos pintinhos. Além disso, a qualidade da dieta da matriz afeta a transferência imune pelo ovo, ou seja, há efeitos indiretos da qualidade da dieta da matriz sobre a progênie”, ressalta.

Efeitos de dietas desequilibradas

Dietas desequilibradas ou deficientes em nutrientes essenciais podem ter impactos significativos na saúde das aves, especialmente em termos de imunidade e saúde intestinal. Embora seja verdade que na avicultura comercial os programas de alimentação sejam geralmente bem formulados para atender às necessidades nutricionais das aves, ainda existem situações em que desequilíbrios momentâneos podem ocorrer, especialmente durante períodos de estresse ou desafios imunológicos. “Um sistema imunológico enfraquecido devido à deficiência nutricional pode resultar em uma resposta imune inadequada às infecções, tornando as aves mais propensas a ficarem doentes e a experimentarem taxas mais altas de mortalidade”, expõe o médico-veterinário.

Além disso, dietas deficientes também podem afetar negativamente a saúde intestinal das aves. O intestino é um órgão crucial para a absorção de nutrientes, e qualquer perturbação em sua função pode levar a distúrbios digestivos e redução na absorção de nutrientes. Beirão diz ainda que é essencial garantir que as aves recebam uma dieta equilibrada e adequada em todos os estágios de seu ciclo de vida. “Isso não apenas vai promover a saúde e o bem-estar das aves, mas também vai contribuir para a produtividade e a rentabilidade da produção avícola”, pontua.

Estratégias de manejo alimentar

Estratégias de manejo alimentar, como a formulação de dietas balanceadas e enriquecidas de nutrientes específicos, uso de aditivos alimentares para promover a saúde intestinal, implementação de programas de vacinação e o monitoramento da qualidade da água de bebida são essenciais para fortalecer a imunocompetência em frangos de corte desde a fase inicial.

Os probióticos, por exemplo, são microrganismos benéficos que podem ajudar a restaurar e manter o equilíbrio da microbiota intestinal, contribuindo para uma melhor saúde digestiva e imunológica. Os prebióticos, por sua vez, são substâncias que estimulam o crescimento e a atividade desses probióticos no trato gastrointestinal, promovendo um ambiente intestinal saudável. Ácidos orgânicos e antioxidantes também podem desempenhar papéis importantes na redução da carga bacteriana patogênica e na proteção das células contra danos oxidativos, respectivamente, contribuindo para uma melhor saúde geral das aves.

Além disso, é essencial monitorar e garantir a qualidade da água de bebida fornecida às aves. “A água desempenha funções essenciais na fisiologia das aves e pode afetar diretamente a digestão e a absorção de nutrientes. Água contaminada ou de má qualidade pode comprometer a saúde das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e prejudicando a eficácia da nutrição fornecida através da dieta”, reforça Beirão.

Desafios nutricionais

Os desafios nutricionais enfrentados durante a fase inicial de crescimento das aves de corte são diversos e podem ter impactos significativos na imunocompetência e no desempenho geral das aves. “Um dos principais desafios é garantir que as aves recebam uma dieta balanceada e de alta qualidade desde o início. Isso envolve fornecer os nutrientes essenciais necessários para um crescimento saudável, bem como evitar deficiências ou excessos que possam comprometer a saúde das aves”, salienta o especialista.

Além disso, garantir a ingestão adequada de nutrientes essenciais é fundamental para promover a imunocompetência das aves. “Deficiências de nutrientes importantes, como vitaminas, minerais e aminoácidos, podem enfraquecer o sistema imunológico das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e infecções”, menciona o profissional.

Segundo Beirão, outro desafio nutricional importante é lidar com fatores ambientais que podem afetar a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes pelas aves. “Mudanças na temperatura ambiente, estresse térmico, qualidade do ar e outros fatores ambientais podem influenciar o comportamento alimentar das aves e sua capacidade de absorver nutrientes adequadamente”, afirma o médico-veterinário.

Esses desafios nutricionais não apenas representam obstáculos para o crescimento e o desenvolvimento saudável das aves, mas também têm um impacto direto na imunocompetência das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e comprometendo seu desempenho geral. “É essencial adotar estratégias de manejo alimentar eficazes para enfrentar esses desafios e garantir a saúde e o bem-estar das aves desde as fases iniciais de crescimento. Isso inclui a formulação cuidadosa de dietas balanceadas, o uso estratégico de suplementos nutricionais, o monitoramento regular da saúde das aves e a implementação de medidas para mitigar os efeitos adversos de fatores ambientais sobre a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes”, evidencia.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Resultados uniformes e consistentes para uma maior eficiência econômica em granjas avícolas

A eficiência alimentar é o principal indicador de performance técnica na produção de aves e suínos. Com os preços da carne e ovos em alta, mas nem sempre compensando os aumentos dos custos com a alimentação, a taxa de conversão alimentar se torna o primeiro indicador a ser melhorado.

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A grande pressão nos preços tem forçado todas as organizações a melhorarem sua eficiência econômica de uma maneira profunda. O mundo da produção animal não está imune a essa limitação, muito pelo contrário. Tanto para a produção de carne de frango, ovos ou carne suína, os custos com a alimentação representam mais de 50% dos custos de produção no campo. Este é o motivo pelo qual é essencial focar na eficiência alimentar.

Porém, na cadeia alimentar, o campo não é a única parte envolvida. Empresas de produção e abatedouros têm suas próprias dificuldades. Ainda que, atualmente, o foco principal seja em custos com energia e mão de obra, estas empresas também têm que gerenciar as oscilações na produção. Na verdade, o número e o peso dos animais no frigorífico nunca alcançam o que foi planejado na logística. Por outro lado, a mortalidade e as variações de manejo na performance de crescimento são fontes de divergências que penalizam os frigoríficos e toda a cadeia de produção.

Hoje, é possível melhorar a situação através de ações em ambas:

A resiliência da economia das propriedades através da eficiência alimentar.
A eficiência econômica através da uniformidade na produção.
A eficiência alimentar para a sustentabilidade econômica das granjas

A eficiência alimentar é o principal indicador de performance técnica na produção de aves e suínos. Com os preços da carne e ovos em alta, mas nem sempre compensando os aumentos dos custos com a alimentação, a taxa de conversão alimentar se torna o primeiro indicador a ser melhorado.

Algumas soluções técnicas com o objetivo de baixar o custo de alimentação rapidamente se mostram limitadas. A performance, ou pelo menos a taxa de consumo de ração, devem ser mantidas para continuar tirando o máximo de proveito dos altos preços da venda dos produtos. Portanto, cada vez que um novo ingrediente é adicionado ou as margens de segurança para exigências nutricionais são reduzidas, uma medida para proteger os resultados deve ser implementada. Aditivos nutricionais à base de óleos essenciais e formulados para performance têm seu papel nessa estratégia, e com baixo investimento.

Uma outra abordagem é a melhoria na produtividade da carne e ovos. Nessa situação, o alvo é reduzir a taxa de conversão alimentar para baixar os custos com a alimentação e/ou produzir mais pelo mesmo preço. Novamente, aditivos formulados com óleos essenciais são relevantes pelo seu investimento acessível e retorno elevado (Figura 1). Este exemplo de resultado consistente foi demonstrado por uma pesquisa através de uma meta-análise baseada em 25 experimentos conduzidos em granjas comerciais de sete países diferentes.

Figura 1 – Aumento na taxa de crescimento e eficiência alimentar de frangos de corte consumindo um blend de extrato de plantas. Blend de extrato de plantas = Dieta Controle + 100 ppm de extrato de plantas.

 

Por fim, o sucesso da operação atualmente reside na uniformidade dos resultados obtidos apesar da diferença entre as granjas. A combinação certa de ativos na dosagem correta se torna uma solução que proporciona resultados uniformes e consistentes em uma variedade de ambientes. Quanto mais completa e sinérgica é a composição, mais efetivo é o produto (Figura 2). Isto foi muito bem descrito em uma meta-análise baseada em artigos publicados sobre a resposta do carvacrol na performance de frangos de corte.

Figura 2 – Associação sinérgica de carvacrol e especiarias potencializam os benefícios e o uso em frangos de corte.

Uniformidade para simplificar o planejamento da produção e melhorar a eficiência econômica

Na dinâmica de organização da produção, a chave para alcançar eficiência econômica reside em um planejamento estruturado: é essencial alinhar o envio de animais para abate que correspondam em número e qualidade às demandas diárias dos frigoríficos. No entanto, a criação de frangos representa um desafio considerável para a exatidão de um planejamento matemático.

O produto capaz de fazer animais de diferentes propriedades atingirem o mesmo peso no mesmo dia ainda não está disponível. Entretanto, aves alimentadas com um blend de extratos sinérgico apresentam um ganho de peso maior e mais uniforme. As divergências de performance observadas entre um lote e outro são de fato menores, assim como as diferenças de planejamento. Simplesmente, reduzindo os atrasos em diferentes propriedades fica fácil ganhar um dia efetivo de produção que, dependendo da situação, pode ser aproveitado para um vazio sanitário mais seguro ou um aumento na produção geral: ganhar um dia de produção por ciclo equivale a um acréscimo de 2% na produção anual.

Esta é a razão pela qual uma linha de agentes naturais à base de extratos de plantas e especiarias é utilizada para aprimorar a eficiência alimentar e reforçar a uniformidade na produção, contribuindo assim para melhorias contínuas na produtividade geral:

  • Lotes mais lucrativos para os produtores: redução de conversão alimentar.
  • Lotes mais homogêneos no frigorífico: diminuição de penalizações aos produtores, melhor performance ao abate.
  • Resultados mais consistentes entre um lote e outro: otimizando o planejamento de produção.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Jean-François Gabarrou, gerente Científico Animal Care da Phodé
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Avicultura

Nutrição responde por 60% das emissões de CO₂eq da avicultura

É essencial adotar estratégias que visem reduzir as emissões na produção de ração, como o uso de ingredientes alternativos de baixo impacto ambiental, a otimização da eficiência nutricional e a implementação de tecnologias mais sustentáveis no processo de produção de alimentos para os animais.

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A busca por uma produção animal mais sustentável é uma prioridade global, impulsionada pela necessidade incessante de aumentar a eficiência produtiva ao mesmo tempo em que se reduz o impacto ambiental. Nesse cenário desafiador, o Brasil, reconhecido mundialmente pela sua potência agropecuária, enfrenta uma competição acirrada por inovações e soluções que possam elevar seus padrões de produção animal.

Para discutir esses desafios e as oportunidades que se avizinham, o presidente da Associação Latino-Americana de Nutrição Animal (Feedlatina), Roberto Ignacio Betancourt, autoridade reconhecida internacionalmente no campo da nutrição animal e da agricultura sustentável, participou do 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), trazendo à tona questões como a pressão para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a necessidade de minimizar o desperdício de recursos naturais e o fomento à promoção de práticas agrícolas mais éticas e socialmente responsáveis. “É muito importante estarmos cientes que para crescermos temos que olhar o mercado global de proteína animal, pois o nosso consumo local já é elevado e a população brasileira cresce pouco. É preciso entender que o mercado global está mudando e agora não adianta apenas ter preço e qualidade. Estamos entrando numa nova era, na qual a sustentabilidade e as emissões de carbono podem fechar ou abrir mercados, ou mesmo até impor penalidades”, expõe Betancourt, que também atua como diretor do Departamento do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e representa o Brasil na Federação Internacional da Indústria de Alimentos para Animais.

Presidente da Feedlatina, diretor da Fiesp e representante do Brasil na Federação Internacional da Indústria de Alimentos para Animais, Roberto Ignacio Betancourt: “Apesar das dificuldades, a indústria avícola brasileira vem avançando, conseguindo aliar melhorias ambientais à eficiência econômica” – Divulgação/Feedlatina

Conforme o especialista, a recuperação de pastagens aliada às tecnologias e ganhos de eficiência trazidas pela nutrição animal deverão dar importantes contribuições para uma transformação na produção pecuária no Brasil nos próximos anos, com ganhos em termos de precocidade, lotação e qualidade da carne produzida no país. “O setor já experimenta uma mudança acelerada, impulsionado pelos avanços na geração de energia limpa, melhoramento genético, nutrição de precisão, conhecimento e manipulação da microbiota gastrointestinal, mas é preciso que a tecnologia chegue a todos, inclusive nos pequenos produtores, para que tenhamos um cenário que possa ser considerado de mudança estrutural nos indicadores de produção e produtividade. Os benefícios ambientais serão imensos e teremos o desafio de quantificá-los, incorporando o carbono sequestrado pelas boas práticas de produção na análise de ciclo de vida da carne”, anseia.

De acordo com o palestrante, entre os principais desafios que o Brasil enfrenta na busca por uma produção animal mais sustentável, em comparação com outros países, está a urgência de desvincular o desmatamento ilegal na Amazônia da produção animal. “Somos muito fiscalizados por termos a maior e mais preservada floresta tropical do planeta, o que nos torna alvos de muitas organizações ambientalistas, principalmente das ONGs que atuam na Amazônia, o que acaba influenciando a opinião pública global”, menciona.

À medida que o mundo avalia a sustentabilidade em métricas ligadas à análise do ciclo de vida, Betancourt observa que os números brasileiros são excelentes. No entanto, quando acrescidos das emissões resultantes da mudança no uso da terra ou desmatamento, o país acaba se tornando menos sustentável pela métrica de emissões de CO2 equivalente (CO₂eq). “Combater o desmatamento ilegal é de total interesse do setor produtivo, bem como dissociá-lo da produção formal de carne”, ressalta.

Pressão ambiental x bem-estar animal

Em relação a como a pressão ambiental e as preocupações com o bem-estar animal estão influenciando as práticas de produção da avicultura de corte no Brasil, o presidente da Feedlatina ressalta que o país faz um excelente trabalho na área de bem-estar animal, com o apoio de diversas entidades, institutos de pesquisa, empresas, cooperativas, produtores, governo e academia. “Esse esforço coletivo se reflete em um excelente desempenho na produtividade e sanidade dos animais, o que tem conquistado a confiança da opinião pública e dos consumidores, além de diminuir atritos”, salienta. Contudo, o profissional ressalta que é um trabalho contínuo, que demanda constante atenção e aprimoramento. “É preciso ter clareza de que essa é uma ação permanente, que envolve diálogo com o governo, parlamentares, mas também a necessidade de esclarecimentos junto à opinião pública em geral e aos consumidores em especial. Isso tudo à luz dos melhores indicadores que a academia e os institutos vêm produzindo nesta área. O desafio é grande, mas estamos provavelmente mais preparados para essa agenda do que os nossos concorrentes internacionais”, salienta.

Atualmente, a mesma pressão nacional e global que influencia o bem-estar animal está alcançando as questões ambientais. Enquanto o bem-estar animal está mais restrito a ações dentro das granjas, transporte e frigoríficos, a questão ambiental abrange toda a cadeia de produção, desde o produtor de grãos e matérias-primas para a produção de ração, passando pelo transporte, armazenagem, fontes de energia, impactos climáticos, condições das granjas, tratamento de dejetos, transporte, embalagens, entre outros aspectos. Ou seja, do campo à mesa, toda a cadeia produtiva está envolvida. “Talvez seja por isso que o desafio ambiental é ainda mais complexo, exigindo uma abordagem integrada e holística para lidar com as questões de sustentabilidade em toda a cadeia de produção”, argumenta, enfatizando: “A busca por práticas mais sustentáveis na avicultura de corte no Brasil demanda um esforço conjunto de todos os elos da cadeia, desde os produtores rurais até os consumidores finais, visando promover um sistema de produção mais equilibrado e responsável com o meio ambiente”.

60% das emissões

Betancourt evidencia que o setor mais crítico na avicultura de corte para as emissões de CO₂eq é a nutrição animal, que contribui com aproximadamente 60% das emissões. “Por isso dependemos da sustentabilidade de nossa agricultura para mitigar esses impactos. O frango recebe as emissões das rações no conceito de ciclo de vida.  É essencial adotar estratégias que visem reduzir as emissões na produção de ração, como o uso de ingredientes alternativos de baixo impacto ambiental, a otimização da eficiência nutricional e a implementação de tecnologias mais sustentáveis no processo de produção de alimentos para os animais”, pontua.

Legislação

Apesar do Brasil possuir uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, com instrumentos como o CAR, Código Florestal e regulamento de resíduos, além de uma matriz energética extremamente limpa, Betancourt aponta que o impacto na avicultura brasileira ainda não é totalmente positivo devido à dificuldade em transformar essas regulamentações em métricas ambientais favoráveis ao setor. “Isso se deve, principalmente, à ineficiência e a baixa participação do Brasil nas esferas globais responsáveis por estabelecer as regras desse jogo. O mundo não vai valorizar as nossas reservas florestais espontaneamente, vamos ter que brigar para colocar todo o nosso trabalho ambiental nos números globalmente aceitos”, afirma o diretor da Fiesp.

Obstáculos

O especialista reforça que a sustentabilidade caminha lado a lado com a eficiência e se traduz em ganhos de produtividade e rentabilidade, gerando benefícios para a sociedade em geral. No entanto, o principal

desafio reside na falta de conhecimento e, portanto, de valorização deste trabalho por parte do consumidor. “A regulação internacional é feita de forma a atender aos interesses locais dos grandes reguladores. O caso mais clássico é o da União Europeia, que se propõe ao papel de ‘reguladores do mundo’, mas com o discurso de elevar o patamar da sustentabilidade, impõem regras que, em grande parte dos casos, somente as tecnologias de dentro do bloco podem atender, traduzindo-se em barreiras ao comércio internacional”, frisa.

Enfático, Betancourt afirma que o principal desafio socioeconômico enfrentado pela indústria avícola do Brasil, em relação à sustentabilidade, é financeiro. “Enquanto países mais ricos, como os Estados Unidos e a Europa, podem contar com financiamento público para promover a transição ambiental, com subsídios e linhas de crédito acessíveis, o Brasil não tem situação fiscal favorável para fomentar, via financiamento público, todas as ações necessárias de transição ambiental para reduzir as emissões, uma vez que também há competição por recursos com áreas estratégicas, como saúde e educação”, analisa o especialista, acrescentando.
“O nosso desafio é estruturar mecanismos mais sofisticados de financiamento, mas, em grande parte, devem ser utilizados recursos próprios de empresas e produtores, o que pode limitar a amplitude das ações. É por isso que em conferências climáticas, países em desenvolvimento demandam a efetivação dos compromissos dos países mais ricos para fomentar a transição. O financiamento prometido pelas nações mais ricas para auxiliar nessa transição. Apesar das dificuldades, a indústria avícola brasileira vem avançando, conseguindo aliar melhorias ambientais à eficiência econômica”, garante.

Gestão de resíduos

Quanto às práticas de gestão de resíduos na produção avícola brasileira, Betancourt destaca que o setor vem evoluindo de forma significativa, com o apoio da Embrapa e outras instituições. De acordo com ele, há um histórico de sucesso na utilização de subprodutos, biodigestores, produção de biogás, biofertilizantes e na redução de resíduos. “As empresas integradoras e cooperativas agropecuárias têm desempenhado um papel fundamental na replicação dessas soluções em larga escala. Há muitos exemplos de utilização de cama de frango como substrato para a produção de biogás”, exalta, emendando: “Esses modelos de sucesso demonstram que é possível implementar práticas de gestão de resíduos mais sustentáveis na produção avícola brasileira, contribuindo não apenas para a redução do impacto ambiental, mas também para a eficiência operacional e econômica do setor”.

Sistemas de produção “mais sustentáveis”

Betancourt afirma que o principal obstáculo para a adoção de sistemas de produção mais sustentáveis, como a produção orgânica ou de aves criadas ao ar livre, na avicultura de corte brasileira é o mercado. “À medida que os custos de produção aumentam, é necessário encontrar quem esteja disposto a pagar mais para que a produção seja viável”, sintetiza.

O especialista reforça que é importante não confundir essas alternativas de criação com sustentabilidade, já que muitas vezes podem resultar em um aumento das emissões de CO2 por kg de carne produzida. “O Brasil tem a capacidade de atender a todos os anseios dos consumidores”, afirma.

Outro fator a ser considerado, observado na Europa, foi o aumento do risco de transmissão de doenças, como a Influenza aviária, para aves criadas ao ar livre. “A sanidade do plantel é um aspecto de extrema importância para a sustentabilidade do setor como um todo. Enfrentar esse desafio exige uma abordagem equilibrada, considerando não apenas os aspectos ambientais, mas também os econômicos e de saúde pública”, elenca.

União do setor

Nesta nova era de sustentabilidade, o especialista ressalta a importância da união de todos os elos da cadeia. “Ninguém será capaz de resolver todos os desafios sozinho. Para continuar crescendo no exterior, a avicultura brasileira precisa estar alinhada com a agricultura, nutrição e saúde animal, governo, logística, fontes de energia, indústria de equipamentos, educação das pessoas, centros de pesquisa, organizações trabalhistas e entidades locais e internacionais”, ressalta. “O setor que tem entidades fortes, competentes e atuantes como a ABPA, Sindirações, Sindan, leva muita vantagem. A recente presidência do Ricardo Santin no Conselho Internacional de Aves é motivo de orgulho para todos nós e mostra que estamos no caminho certo”, complementa.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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