Bovinos / Grãos / Máquinas Safra
Uma safrinha de encher os olhos
Segunda safra surpreendeu muitos agricultores em todo o Brasil, que tiveram resultados excepcionais; país caminha para recorde de todos os tempos

“Esse ano foi perfeito”. Essa é a descrição do produtor de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, Marcos Lindner, sobre a safrinha de milho. Ele e o pai Theno Lindner plantam uma área de 35 alqueires. Neste ano, pai e filho tiveram uma média de produção de 330 sacas por alqueire. “Quando plantamos, a nossa expectativa era de chegar em até 280 sacas. E agora, no final da colheita tivemos esse resultado de 330. Isso é um aumento de praticamente 50 sacas por alqueire”, comemora.
A colheita da família Lindner começou em junho. Segundo eles, em praticamente 30 dias de serviço conseguiram finalizar todos os trabalhos. Para Marcos, o sucesso da colheita se deu, principalmente, pelo acerto no momento do plantio. “Esse ano conseguimos plantar na época ideal. Além disso, a utilização de tecnologias e o bom clima ajudaram”, conta. Segundo o produtor, o tempo foi um fator fundamental para a boa safra. “Não temos do que reclamar. No momento de colher o clima foi perfeito. Não tivemos perdas na hora da colheita porque choveu ou com geada, ou mesmo com doenças”, informa.
Marcos conta que em outros anos sempre havia descontos, porque, por conta do clima, com geadas ou outros problemas, aconteciam adversidades como grão ardido ou área acamada. “Esse ano, como plantamos uns dias mais tarde e fizemos o manejo correto não tivemos grandes problemas. Este foi um ano perfeito”, afirma. O clima bom e o momento certo em plantar, aliado ao bom manejo, adubação, atenção e cuidados com todos os detalhes, para não perder o tempo de tudo, fez toda a diferença para estes resultados, garante Marcos.
Segundo o produtor, os resultados obtidos nesta safra foram ótimos. “Na safrinha nunca tivemos resultados tão bons. Até comentamos com os outros que este é um ano de pegar os resultados que obtivemos e colocar na parede, porque vai demorar para fazer outra safra como essa”, brinca.
O agricultor afirma que tudo deu certo, principalmente, por ele e o pai terem plantado a safra no momento certo. “Conversando com um e outro, percebemos que aqueles que plantaram na mesma época que nós também tiveram bons resultados. Agora, houve alguns que plantaram alguns dias antes ou depois e o resultado não foi como o nosso. Acertamos na mosca o período de plantar”, diz. Marcos conta que houve um vizinho que plantou apenas 20 dias depois dele e a mesma variedade de milho, mas os resultados agora no final da safra foram totalmente diferentes. “Enquanto nós colhemos 330 sacas por alqueire, ele colheu 210 sacas. São 150 sacas de diferença”, comenta.
É sabido por pai e filho que não é todos os anos que haverá uma safra tão boa quanto esta safrinha. Porém, afirma Marcos, os produtores viram que se capricharem e se dedicarem à produção as coisas dão certo e há potencial para sempre ter uma excelente produção. “O que nós vimos é que não podemos perder tempo. Quando estiver em uma época boa de plantio, plantar o máximo que puder. Porque nós viemos acompanhando os últimos anos, e obtivemos uma melhor produção sempre que nos atentamos a estes detalhes”, diz. Para pai e filho, esta safrinha surpreendeu a todos.
Paraná com grande produção
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, a produção de grãos da safra paranaense 2018/2019 deverá chegar a 37,2 milhões de toneladas. Esse volume é 5% maior na comparação com a safra 2017/2018.
A produção do milho surpreendeu e está resultando num dos melhores volumes colhidos durante a segunda safra, registrando a maior produtividade dos últimos anos. De acordo com o analista Edmar Gervásio (Deral), a segunda safra de milho deverá alcançar produção de 13,7 milhões de toneladas, um aumento de 50% em relação ao que foi colhido no mesmo período do ano passado, cujo volume foi em torno de 9,1 milhões de toneladas.
O resultado da colheita, até o final de julho alcançou uma produtividade média de 6.100 quilos por hectare ou cerca de 255 sacas por alqueire, uma das maiores da história do Estado. O clima foi favorável durante todo o desenvolvimento vegetativo e as geadas ocorridas no início de julho não provocaram impacto na cultura. Quando as geadas aconteceram, as lavouras de milho já estavam prontas para a colheita, explica Gervásio.
Com esse resultado, as duas safras de milho cultivadas no Estado estão rendendo um volume de 16,7 milhões de toneladas que vai colaborar com a safra brasileira que este ano deve ser recorde, atingindo 98 milhões de toneladas.
O milho paranaense vai ajudar a atender os mercados interno e externo, cuja demanda está em alta. No Brasil, a demanda por milho está aquecida em virtude da produção de carne suína, cuja cadeia está se expandindo para outros mercados no cenário internacional.
A China e a Rússia estão comprando carne suína do Brasil e do Paraná. Este ano também haverá exportação de milho em grão em maior quantidade, prevê Gervásio. Das 30 milhões de toneladas que deverão ser exportadas pelo Brasil, entre 3 a 4 milhões sairão do Paraná.
Brasil do milho
As boas condições também são aplicadas ao resto do país. De acordo com o 9º Levantamento da Safra de Grãos 2018/2019, divulgado em junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do milho primeira safra está estimada em 26,3 milhões de toneladas. O destaque é para a Região Sul do país, que representa mais de 45% desse total. Houve uma redução de 2% na área cultivada para esta cultura, especialmente em Minas Gerais, Maranhão e no Piauí. Já o milho segunda safra, o safrinha, teve um aumento de 31,1% na produção, impulsionado principalmente pelos incrementos esperados em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. A área cultivada também alcançou um acréscimo de 6,9%, em comparação com 2017/18.
Mercado positivo
Os bons resultados vistos na propriedade de Marcos não é uma exclusividade do Oeste do Paraná. A safrinha tem sido farta para todos os brasileiros. De acordo com a analista de mercado da consultoria INTL FCStone, Ana Luiza Lodi, a safra brasileira está caminhando para um recorde de produção, especialmente porque a safrinha foi muito boa. “A safrinha tende a ser recorde. Como produzimos muito mais milho hoje na safrinha do que na primeira safra, ela tende a ser recorde. A nossa última projeção é de que o Brasil deve produzir quase 100 milhões de toneladas de milho”, conta.
A analista explica que o que contribuiu para os bons números foi o fato de o plantio ter acontecido mais cedo. “A soja teve um ciclo mais cedo esse ano. Tivemos veranico, o que acelerou o ciclo da soja e fazendo com que a oleaginosa fosse colhida um pouco mais cedo, dando espaço para o milho safrinha ser plantado antes”, explica. Segundo Ana Luiza, quanto mais cedo o milho safrinha é plantado, menos arriscada tende a ser a safra. “São menores os riscos de faltar chuvas para a lavoura. E nesse ano tivemos o plantio mais adiantado e um regime de chuvas bom”, comenta. “Caminhamos para ter um recorde de produção na safrinha e um recorde de produção total, considerando a produção da safra de verão”, diz.
Ana Luiza afirma que as expectativas para as exportações do segundo semestre são mandar mais milho para o exterior. “As exportações de milho são muito concentradas no segundo semestre do ano. Nós já exportamos volumes mais altos que o normal em maio e junho, mas agora vamos começar a ganhar mais força a partir de julho, que é quando as exportações de soja também diminuem e o milho começa a ganhar força”, esclarece. A analista comenta que as expectativas para este ano são positivas para as exportações, porque além do Brasil ter bastante milho no mercado com a colheita da safrinha, há ainda a quebra de safra dos Estados Unidos, que pode favorecer ainda mais as exportações brasileiras.
“Apesar de ainda não termos um volume oficial da área dos EUA, a produtividade tende a ser mais baixa esse ano por conta dos atrasos e das chuvas”, menciona. Ana Luiza comenta que com o que aconteceu nos EUA é possível ver o que quanto mais tarde se planta o milho, mais tende a afetar a produtividade. “Eles terão uma safra menor, e tudo isso deve abrir espaço para exportarmos mais milho, porque os EUA são os maiores exportadores, mas com a safra menor, eles irão direcionar o milho para o mercado interno e exportar menos”, conta. A estimativa de exportação do Brasil, informa, está em 35 milhões de toneladas.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2019 ou online.

Bovinos / Grãos / Máquinas
Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil lança certificação Carne Baixo Carbono na COP30
Nova certificação reconhece produtores que adotam práticas de baixa emissão, integra ciência e campo e posiciona o país como líder global em pecuária sustentável.

Reconhecer e valorizar os produtores rurais que adotam boas práticas agropecuárias voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa, conciliando produtividade e conservação ambiental: esse é o propósito do Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC). A certificação, lançada no dia 16 de novembro durante a COP 30, é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa ) em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Entre seus pontos principais, o protocolo estabelece critérios técnicos e indicadores que permitem monitorar e certificar propriedades rurais que aplicam sistemas de intensificação sustentável — integração lavoura-pecuária (ILP), pastagens de alto desempenho produtivo, recuperação de pastagens e manejo eficiente do solo e da água.

Foto: Gilson Abreu
Essas técnicas promovem maior captura de carbono no solo e na vegetação, reduzindo o impacto climático da atividade pecuária e tornando o uso da terra mais eficiente, com menor pressão sobre novas áreas com vegetação nativa.
Na prática, o CBC vai garantir ao consumidor que a carne foi produzida segundo rigorosos critérios ambientais e processos auditáveis, representando uma nova referência de sustentabilidade para a cadeia da carne bovina brasileira. “Apoiamos iniciativas como esta que aceleram a adoção de tecnologias de baixo carbono previstas no Plano ABC+, política do governo brasileiro para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O protocolo CBC é um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Ela destaca que os benefícios aos produtores vão além do reconhecimento ambiental e incluem “pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda — com solos mais férteis e menos vulneráveis às mudanças climáticas.”
“Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor. Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável e na implementação das tecnologias do Plano ABC+”, afirma a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
Para a presidente da estatal, o Protocolo Carne Baixo Carbono traduz, em critérios técnicos e mensuráveis, o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa e a valorização dos produtores que adotam boas práticas agropecuárias, como a recuperação de pastagens, a integração lavoura-pecuária e o manejo eficiente do solo e da água.

Foto: José Fernando Ogura
O selo de certificação será utilizado pela MBRF, uma das maiores companhias globais de alimentos, com portfólio multiproteínas que inclui carne bovina. A empresa é responsável pelo Programa Verde+, lançado em 2020, estruturado sobre os pilares de produção, conservação e inclusão. “Promovemos ações contínuas para uma pecuária de baixo carbono, 100% monitorada, livre de desmatamento e inclusiva. A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões, impulsionar a sustentabilidade e mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global’, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da MBRF.”
Massruhá ratifica que “a parceria entre a Embrapa e a MBRF para o desenvolvimento da Carne Baixo Carbono representa um marco na consolidação de uma pecuária mais sustentável e alinhada aos desafios climáticos globais. Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”
A expectativa dos parceiros é que, com o avanço da adoção do protocolo e a crescente adesão de produtores, o Selo Carne Baixo Carbono se consolide como um marco na transição para uma pecuária de baixo impacto climático, contribuindo diretamente para as metas de descarbonização do Brasil no contexto do Acordo de Paris.



