Suínos Dez mil anos de convívio
Humanos e suínos: uma relação que vai muito além da carne
Professor Adroaldo Zanella faz profunda reflexão sobre a relação de suínos e seres humanos. Mais do que carne, o animal foi fundamental para a criação das primeiras cidades, há cerca de oito mil anos, recentemente foi o modelo para o desenvolvimento de ventiladores pulmonares no enfrentamento à Covid-19 no Brasil e é esperança para acabar com as filas de transplantes de órgãos no mundo em um futuro próximo
São pelo menos dez mil anos de relação entre suínos e os seres humanos. Em todo esse tempo, desde a domesticação até os dias de hoje, os suínos deram muito mais do que carne para as pessoas. Do surgimento das primeiras cidades na antiguidade até as pesquisas contra o câncer a depressão nos dias de hoje, esses animais fantásticos ajudaram o homem a moldar o mundo em que vive atualmente.
Com a crise que afeta a suinocultura brasileira pela alta dos custos e preços baixos, o professor Adroaldo Zanella faz uma profunda reflexão nessa relação entre porcos e humanos, sobre os riscos econômicos e sociais que a atividade corre, mas também o xeque dessa rica e duradoura história. “Não quero ser expectador desse colapso. É preciso criar uma rede nacional para salvar a suinocultura”.
O porco e as primeiras cidades
Em entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural, o PhD em Bem-Estar Animal e professor da Universidade Federal de São Paulo (USP), Adroaldo Zanella, inicia falando sobre a domesticação desses animais e a relação com o sedentarismo, quando o homem deixou de ser nômade. A história mais difundida para esse fato está ligada à agricultura, quando o homem se fixou por começar a produzir seus próprios grãos.
No entanto, há estudos que sugerem outra hipótese. Os primeiros colonos domesticaram os porcos antes de dominar o plantio. Não tem animal doméstico de maior contribuição para a humanidade do que o suíno. A teoria mais aceitável hoje na questão da organização da sociedade humana em cidades é a teoria da domesticação de suínos”, destaca.
Zanella embasa sua crença em evidências propostas como a do Dr. Richard Redding, um arqueólogo da Universidade de Michigan e membro da equipe que, em meados dos anos de 1990, fez a principal descoberta que reforça a teoria do sedentarismo ligada à domesticação de porcos.
Sua teoria foi publicada, em 1994, e publicada on-line em 1996, pelo New York Times, que na época introduziu o texto da seguinte forma a seguir: “Cavando nas ruínas de uma vila no Sudeste da Turquia, onde as pessoas viviam há mais de 10 mil anos, os arqueólogos esperavam encontrar os traços usuais de uma sociedade à beira da revolução agrícola. Devia haver sobras de grãos de trigo e cevada selvagens e talvez ossos de ovelhas e cabras abatidas em algum estágio inicial de domesticação.
Os arqueólogos não encontraram nada do tipo. Em vez disso, para sua completa surpresa, eles desenterraram os amplos restos de ossos de porco. A descoberta, segundo eles, sugere fortemente que o porco foi o primeiro animal que as pessoas domesticaram para se alimentar. A diminuição do tamanho dos molares foi um dos vários indícios de que a transformação de javalis em porcos estava em andamento naquela época. A análise de radiocarbono colocou a data em 10.000 a 10.400 anos atrás”, disse na época o jornalista do tabloide estadunidense.
“Eu era professor na Universidade de Michigan (Estados Unidos), conheço o Richard (Redding), ele produziu dados incríveis citando as primeiras cidades organizadas por conta da domesticação dos porcos. Quando as pessoas operavam caprinos, ovinos e bovinos, era mais fácil tropear, ir de um lugar a outro. Já o porco era mais difícil. Enquanto eles tinham cabras e ovelhas e bovinos podiam ser nômades. Quando os suínos começaram a aproveitar restos de alimentação dos humanos, esses organizaram-se em pequenas vilas. Os suínos transformaram humanos nômades em sedentários, até mesmo por seu comportamento, que forçou que isso acontecesse”, destaca, mencionando: “gosto dessa ideia do suíno domesticando o humano, fazendo o humano parar”. “São dados muito robustos de pesquisas científicas demonstrando que a partir da domesticação as pessoas ficaram sedentárias”, reforça o professor da USP.
Entre esses dados, estão algumas evidências que demonstram essa domesticação, como os dentes molares dos porcos já menores e ossos de animais preferencialmente machos e jovens, indicando que as fêmeas eram poupadas para a reprodução.
Suíno na saúde humana
No início deste ano o americano David Bennett, de 57 anos, se tornou a primeira pessoa no mundo a receber um transplante de coração geneticamente modificado de um porco. Ele morreu dois meses depois, no Centro Médico da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. No entanto, o xenotransplante inédito foi considerado um sucesso. Para o professor Zanella, em um futuro não muito distante suínos geneticamente modificados poderão ser usados para doar vários órgãos aos seres humanos.
Um trabalho publicado em novembro de 2021 pela revista Science Translational Medicine, da Associação Americana
para o Avanço da Ciência (American Association for the Advancement of Science), assinado pelos pesquisadores Joan K. Lunney, Angélica Van Goor, Kristen E. Walker, Taylor Hailstock, Jasmim Franklin e Chaohui Dai, deixa claro a importância do suíno na condução de pesquisas e desenvolvimento de produtos e processos para melhorar e até salvar vidas humanas. “Os porcos têm um potencial substancial como modelos biomédicos para estudar processos de desenvolvimento humano, doenças congênitas e mecanismos de resposta a patógenos, além da utilidade como doadores de órgãos de xenotransplante e ferramentas para o projeto de vacinas e medicamentos. A semelhança dos porcos com os humanos em tamanho e estrutura anatômica, fisiologia, imunologia e genoma aumenta seu potencial como modelos para humanos. Portanto, é imperativo que a pesquisa seja relevante e reprodutível em modelos animais que se assemelhem mais aos humanos, como o porco”, resume a pesquisa.
“Quase ninguém sabe da relação dos suínos com as Ciências Biomédicas. Muitas pessoas ficaram sabendo um pouco com esse caso desse transplante de coração que ocorreu nos Estados Unidos recentemente, m as existem histórias que precedem isso. Para citrar um exemplo, o ventilador pulmonar desenvolvido pela Escola Politécnica da USP foi testado em suínos. Esse equipamento que salvou milhares de vidas no período da pandemia. Os testes clínicos foram feitos com suínos, no hospital da USP, por veterinários. Hoje esses ventiladores pulmonares estão em todo o Brasil. E pesquisadores fizeram isso em laboratórios no mundo inteiro”, destaca o professor Zanella.
O professor destaca ainda outras importantes contribuições da suinocultura para a saúde humana, como uso de anestésicos. “O suíno foi o primeiro animal que respirou com anestesia. Só depois foi testado em humanos”. Ele explica porque a ciência usa o suíno e não outros animais “Hoje, como animal para pesquisa biomédica, é um dos mais importantes do mundo inteiro. A fisiologia do suíno é muito parecida com a do humano. Do ponto de vista comparativo, ratos e camundongos são modelos piores, sem comparação. Usar primatas como modelos esbarra em questões éticas. O melhor modelo é o suíno”.
Em seu doutorado, em 1992, na Universidade de Cambridge, Zanella fez um trabalho sobre ansiedade e depressão usando modelos de suínos. “Publiquei e continuo publicando em questões de psiquiatria, psicologia, usando o suíno como modelo. Doenças psiquiátricas, doenças de pele, oncológicas, etc. O suíno contribui em várias áreas biomédicas”, destacou, lembrando que para as pesquisas existe uma rigorosa preocupação para manter o bem-estar do animal preservado, sem causar dor ou sofrimento.
Suíno adaptável
Algumas hipóteses mostram porque os suínos foram os preferidos dos primeiros povos a se fixar na terra. Um deles é que o animal, em relação aos demais, como caprinos e bovinos, produz muito mais carne com a energia consumida em suas dietas. O outro é que o suíno é altamente adaptável, como de tudo.
Essa adaptabilidade, de acordo com Zanella, pode ser usada a favor da suinocultura atual, que experimenta uma forte crise pela alta dos insumos, especialmente milho e soja, base da nutrição desses animais. “A gente produz a melhor carne, processa uma variedade de produtos, precisamos abrir mão de milho e soja apenas. A gente vai ter que descobrir um jeito de alimentar os suínos fugindo do binômio milho e soja. Quem está limitado não é o suíno, somos nós”, pontua Zanella.
O suíno e o desenvolvimento econômico e sustentável
Outros estudos, aponta Zanella, mostram que a atual suinocultura “feita de forma organizada tem uma pegada de carbono muito menor”. Fiz um trabalho em cooperação com a Universidade de Cambridge para avaliar os indicadores de sustentabilidade em propriedades rurais do Brasil. Percebemos que esses indicadores de sustentabilidade melhoraram, como mais controle na produção do grão, no uso de microbianos, destinação de dejetos e práticas de bem-estar animal. “A suinocultura hoje é muito forte em sustentabilidade”, destaca.
O professor também destaca a importância de manter as famílias em pequenas propriedades rurais, como no Sul do país, onde as fazendas são menores que em regiões como no Centro-oeste. “A suinocultura é um importante instrumento para a sustentação das famílias nas áreas rurais do Sul do Brasil. Tenho um carinho enorme pela forma como a suinocultura ajudou a organizar o Sul do Brasil”, destacou, reforçando que neste momento ele tem acompanhado as dificuldades em pequenas cooperativas da região. “O custo humano do colapso das pequenas propriedades seria enorme com o agravamento da crise”.
Zanella também é suinocultor. A paixão veio do pai, no interior do Rio Grande do Sul, e segue até hoje. “Da granja formei filho em Agronomia, filha em Medicina e continuo na suinocultura, tenho muito orgulho”, frisa.
Unir forças pelos suínos
Para Zanella, o setor precisa se mobilizar para atravessar esse momento difícil. Ele defende a união até mesmo de empresas concorrentes para garantir saúde à atividade. “Precisamos abrir mais espaço da carne suína para comercialização em uma estratégia tem que envolver as indústrias, fazer uma campanha de embelezamento do suíno, tem que abraçar a causa, negociar dificuldades com estratégias. Precisamos criar uma rede nacional para salvar a suinocultura. O suíno só vai ser forte se tiver união de todos os segmentos, ninguém é dispensável. As pessoas que estão mais estáveis nesse universo volátil têm que dar a mão para outros para cruzarmos essa dificuldade. Depois compete de novo, mas agora o ideal é uma estratégia coordenada para aumentar o consumo e aumentar o preço na gôndola. Isso dá pra fazer”, sugere o pesquisador e professor da USP. “A gente opera de forma fragmentada, somos ilhas, precisamos construir pontes”, reforça.
Com muito sentimento pela atividade, Zanella reforça que não quer assistir as pequenas propriedades ou pequenas empreses sucumbirem à crise. “Tenho muita gratidão pela suinocultura. Não quero assistir esse colapso”, reforça o professor Adroaldo Zanella.
Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.
Suínos
Cooperado da Coopavel vence Prêmio Orgulho da Terra na categoria suínos
Adriano e a esposa, Claudiane, administram um sítio de cinco hectares em Toledo. Na propriedade, duas granjas abrigam 1.620 cabeças de suínos.
O cooperado Adriano Trenkel, da Coopavel, foi o grande vencedor na categoria Suinocultura do Prêmio Orgulho da Terra promovido pelo programa RIC Rural, da RIC TV no Paraná. A cerimônia de anúncio e entrega das premiações ocorreu no último dia 12 de novembro, durante uma prestigiada celebração do setor pecuário em Curitiba. A Coopavel foi destaque também na categoria Avicultura, com a vitória do cooperado Jacenir da Silva, de Três Barras do Paraná.
Adriano e a esposa, Claudiane, administram um sítio de cinco hectares em Toledo. Na propriedade, duas granjas abrigam 1.620 cabeças de suínos. A produção, realizada com foco na qualidade e bem-estar animal, inclui cuidados rigorosos com alimentação, sanidade, manejo, ventilação e ambiência. Adriano destaca que gostar do que faz e seguir as orientações dos técnicos da Coopavel são diferenciais para alcançar os resultados desejados. “Estamos muito felizes e orgulhosos com esse título”, afirma Adriano.
Willian Stein é o técnico da Coopavel que atende a propriedade dos Trenkel e enaltece o empenho do casal: “São produtores rurais exemplares, sempre presentes nos treinamentos oferecidos pela cooperativa e atentos às recomendações passadas. Essa dedicação reflete diretamente na qualidade dos suínos entregues no frigorífico e nos resultados do trabalho do casal”, afirma Willian.
Empenho coletivo
O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, parabeniza Adriano, Claudiane, suinocultores e técnicos da cooperativa pelos resultados no Orgulho da Terra. “A organização e o cuidado nas propriedades rurais refletem diretamente nos excelentes resultados obtidos, fortalecendo um movimento de grande sucesso em todo o mundo. A suinocultura da Coopavel é referência em eficiência e qualidade e estamos todos muito satisfeitos com isso”, declara Dilvo.
A pequena propriedade dos Trenkel vai além da suinocultura. O casal é adepto da diversificação de culturas, prática sustentável capaz de melhorar significativamente a renda gerada na atividade rural. Adriano investiu em uma usina de energia solar, adota práticas sustentáveis, como o uso de dejetos no pasto, eliminando quase totalmente a utilização de químicos, melhorando assim a alimentação do seu plantel de bovinos. A produção de feno também contribui para fortalecer a renda familiar.
VBP
A produção agropecuária e a cadeia do agronegócio fazem de Toledo o município com maior Valor Bruto de Produção do Paraná e um dos raros no País a contar com mais de 400 quilômetros de estradas rurais pavimentadas, facilitando assim o escoamento das riquezas do campo. O VBP de Toledo é de aproximadamente R$ 4,6 bilhões, consolidando o município como o maior produtor agropecuário do Estado. Toledo lidera especialmente na suinocultura, com um VBP de R$ 1,8 bilhão, e na avicultura, com cerca de R$ 1 bilhão.
Suínos
Práticas sustentáveis e eficiência energética guiam produção de suínos da Coopavel
Uma das principais iniciativas adotadas nas unidades de produção de suínos é o uso de sistemas de biodigestores para o tratamento dos dejetos.
Com desafios crescentes relacionados à eficiência no uso de recursos, à redução de emissões de gases de efeito estufa e ao manejo adequado de resíduos, a cadeia suinícola brasileira tem dado exemplo ao implementar práticas sustentáveis que, além de preservar o ambiente também melhora a imagem do produtor e atende às exigências de consumidores e mercados cada vez mais preocupados com a origem e o impacto dos alimentos que consomem.
Entre as maiores cooperativas agroindustriais do Brasil e uma das poucas que dominam todas as etapas da produção de suínos, a Coopavel é um belo exemplo de como a sustentabilidade na suinocultura é possível e rentável ao investir em soluções ao longo da cadeia produtiva que conciliam crescimento econômico e respeito ao meio ambiente.
Uma das principais iniciativas adotadas nas unidades de produção de suínos é o uso de sistemas de biodigestores para o tratamento dos dejetos. Esse processo resulta na geração de biogás, que é capturado e convertido em energia elétrica. “Essa energia oriunda do processo de tratamento dos dejetos é considerada limpa e renovável, o que contribui para reduzirmos de maneira significativa as emissões de GEE na atmosfera”, aponta o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
Além da produção de energia, o sistema de biodigestores gera biofertilizantes, que são utilizados na fertilização do solo e na adubação de florestas de eucalipto, reaproveitamento que beneficia tanto a agricultura quanto o meio ambiente.
A Coopavel também foca na melhoria contínua da dieta dos suínos, o que contribui para reduzir a liberação de gases como amônia. “A eficiência alimentar diminui as concentrações de gases nocivos nos dejetos, colaborando para a mitigação dos impactos ambientais da atividade suinícola”, salienta Grolli, enfatizando que essa abordagem faz parte de um plano mais amplo da cooperativa, que inclui o uso de tecnologias avançadas nas unidades industriais para o tratamento de resíduos e efluentes, alinhando a produção com a missão de produzir alimentos sustentáveis.
Uso eficiente de energia
O uso eficiente de energia é outro pilar das ações sustentáveis da Coopavel. Nas unidades de produção e processamento de suínos, a geração de energia renovável e o reuso de água fazem parte da rotina. “Investimos na reutilização de parte do efluente tratado em algumas atividades específicas dentro da granja, como limpeza de pisos e canaletas, desta forma conseguimos reduzir a extração de água subterrânea”, afirma Grolli.
Práticas sustentáveis na UPL
Para garantir a melhoria contínua, a Coopavel realiza o monitoramento regular das emissões de GEE em sua Unidade de Produção de Leitões (UPL), utilizando os dados para nortear ações de melhorias no processo produtivo. Somado a isso, está em andamento um projeto de expansão do sistema de tratamento de dejetos na UPL, que inclui a ampliação da capacidade de produção de biogás. “Nosso objetivo é sempre melhorar a qualidade do efluente final e ampliar a capacidade da usina para produção de biogás”, expõe o presidente.
Integração de boas práticas ambientais
Além de cumprir todas as exigências ambientais impostas pelos órgãos reguladores e atender aos mercados nacional e internacionais, a cooperativa busca continuamente aprimorar seus processos, trazendo práticas ainda mais sustentáveis. “O objetivo não é apenas garantir a conservação dos recursos naturais, mas também promover a geração de renda e riqueza para toda a cadeia produtiva”, salienta.
Grolli frisa que a Coopavel reconhece a necessidade crescente de aumentar a produção de alimentos para atender ao crescimento populacional global. No entanto, ressalta que esse aumento deve ser realizado de forma sustentável, uma vez que o planeta possui limites em sua capacidade de suporte e exploração de recursos naturais. Por essa razão, a adoção de práticas cada vez mais eficientes e sustentáveis precisa acompanhar, e até mesmo antecipar, o aumento da produção. “Esse equilíbrio é essencial para garantir que as demandas alimentares da população mundial sejam atendidas, ao mesmo tempo em que se preserva a qualidade de vida na Terra”, evidencia.
O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!