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Avicultura

Uma nova fitase: rápida, poderosa e termoestável

Características chave de uma fitase para otimizar a biodisponibilidade do fósforo e outros nutrientes em animais monogástricos.

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Fósforo: um nutriente essencial com baixa biodisponibilidade em ingredientes de origem vegetal utilizados em rações. O fósforo é fundamental na nutrição animal, sendo importante para o desenvolvimento ósseo, além de fazer parte da dupla camada de fosfolipídios da membrana celular e do metabolismo energético celular através da adenosina trifosfato (ATP).

Até 80% do fósforo total nos ingredientes de origem vegetal pode ser armazenado como fitato (mio-inositol hexafosfato – IP6), composto por um açúcar de inositol ligado a seis grupos fosfato. No entanto, o fitato possui uma baixa biodisponibilidade de fósforo e exerce um forte efeito antinutricional ao interagir com minerais e proteínas nas dietas, além de inibir enzimas digestivas endógenas no trato gastrointestinal. Portanto, o fitato tem um impacto negativo geral na digestibilidade dos alimentos, comprometendo o desempenho animal.

Fitase: uma enzima que precisa ser rápida e poderosa para uma ótima digestibilidade da ração

As fitases são enzimas capazes de hidrolisar o fitato e liberar fósforo inorgânico, liberando inicialmente as moléculas de fósforo do IP6. Quase 100% do IP6 pode ser liberado, mas para outros IPs, a taxa de liberação depende do tipo de enzima (6- ou 3-fitase), da fonte utilizada e da dose. Uma boa fitase pode liberar cerca de 80% do fósforo a partir dos IPs. A atividade da fitase é comumente expressa como FTU, definida como a quantidade de enzima necessária para liberar 1 µmol de fósforo inorgânico a partir do fitato de sódio por minuto a um pH de 5,5 a 37°C.

É importante ressaltar que o nível de pH no estômago dos suínos, bem como na moela e proventrículo dos frangos de corte, está abaixo do pH 5,5. Isso significa que a atividade in vivo “exata” da fitase pode ser diferente da atividade padrão medida. Portanto, para reduzir eficientemente os efeitos antinutricionais do fitato e melhorar a captação de fósforo através do trato gastrointestinal, a fitase precisa ser altamente ativa e rápida em condições de pH baixo (ambiente ácido), especialmente na parte superior do trato digestivo: no proventrículo e na moela de aves e no estômago de suínos.

A cinética da degradação in vitro do fitato foi caracterizada comparando três fitases comerciais. Os resultados mostraram que uma nova fitase foi capaz de degradar quase todo o IP6 nos primeiros 30 minutos, o que, por sua vez, levou a uma alta liberação de fósforo inorgânico. No geral, a liberação de fosfato com a nova fitase foi superior à de duas outras fitases líderes no mercado (Figura 1). Uma atividade rápida permite que os efeitos antinutricionais do fitato sejam reduzidos de forma mais eficiente, e isso pode melhorar a disponibilidade de aminoácidos e outros minerais, além de P e Ca.

Além disso, a fitase deve ser poderosa para que libere um alto nível de fósforo. Para avaliar este aspecto, podem ser realizados testes de digestibilidade, de desempenho produtivo ou um ensaio de equivalência mineral. A nova fitase foi testada em todos esses cenários. No ensaio de equivalência de fósforo, 2.400 frangos de corte machos Ross 308 foram alimentados com dietas à base de milho, trigo e farelo de soja, conforme tratamentos abaixo (12 repetições/25 aves):

T1 Dieta basal (DB) contendo 0,18% Pdis
T2 DB + suplementação de 0,09% Pdis (fosfato monocálcico -FMC) – Total 0,27% Pdis
T3 DB + suplementação de 0,18% Pdis (FMC) – Total 0,36% Pdis
T4 DB + suplementação de 0,27% Pdis (FMC) – Total 0,45% Pdis
T5 DB + 500 FTU/kg nova fitase
T6 DB + 1,000 FTU/kg nova fitase
T7 DB + 1,500 FTU/kg nova fitase
T8 DB + 2,000 FTU/kg nova fitase

 

O desenho experimental permitiu determinar a quantidade de FMC correspondente a um determinado nível de suplementação de fitase. Além disso, permitiu comparar a estratégia ideal para melhorar a conversão alimentar: aumentar o FMC na dieta, ou utilizar certos níveis de fitase. A conversão alimentar diminuiu linearmente com o aumento do fósforo na dieta, seja por aumentar o FMC ou utilizar uma fitase para melhorar a digestibilidade do fitato. A suplementação da dieta basal com 0,18% de Pdis + 1000 FTU/kg da nova fitase mostrou-se equivalente à suplementação de uma dieta com 0,36% ou 0,45% de Pdis sem fitase (Figura 2).

O nível de 1000 FTU/kg de dieta parece ser ideal nestas condições experimentais, embora tenha sido possível observar uma tendência de melhora na conversão alimentar com suplementação de 1500 ou 2000 FTU de fitase/kg de dieta. Adicionalmente, frangos que receberam uma dieta com 0,45% de Pdis sem fitase excretaram 4 vezes mais fósforo quando comparados aos animais que receberam a dieta basal (0,18% Pdis) + fitase a 1000 FTU/kg. Assim, os resultados indicam que a nova fitase permite ajustar a inclusão de FMC em dietas de frangos, além de reduzir a excreção de fósforo no meio ambiente, garantindo uma produção avícola mais rentável e sustentável.

Uma fitase termoestável garante a flexibilidade de uso na fábrica de rações

As fitases são proteínas cujas estruturas tridimensionais se rompem quando atingem altas temperaturas. O processo de desnaturação ocorre simultaneamente a uma perda de atividade da enzima e, portanto, a termoestabilidade tem importância crucial na fabricação do alimento.

As enzimas são muito heterogêneas em termos de temperatura de fusão e termoestabilidade intrínseca. Devido ao seu processo de síntese e produção mista, foi criada uma nova geração de 6-fitase biossintética com uma termoestabilidade intrínseca particularmente alta. O ponto de fusão desta enzima é alcançado em torno de 101°C e, após 2 horas a 80°C, sua atividade atinge 90% do seu nível inicial (Figura 3, dados internos). Além de suportar o processamento agressivo de rações quando aplicado em forma de pó, esta fitase também demonstrou uma recuperação muito boa em sua forma líquida, quando dosado diretamente no misturador. Isso proporciona uma maior economia e flexibilidade na fábrica de rações.

Conclusão

O fósforo naturalmente presente na dieta dos animais é pouco digerível e absorvível. Na indústria de produção animal, o uso da fitase é uma prática comum para substituir as fontes inorgânicas de fósforo e combater os efeitos antinutricionais dos fitatos. No entanto, nem todas as fitases são iguais. Ter uma fitase rápida, poderosa e termoestável é uma ferramenta chave para otimizar os custos, a eficiência alimentar e a sustentabilidade da produção de aves e suínos.

As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: mariana.correa@adisseo.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Guilherme Vasconcellos, gerente de Negócios de Gisgestibilidade de Alimentos da Adisseo América Latina, e Adriana Toscan, gerente de Desenvolvimento Técnico da Adisseo América Latina.

Avicultura Em Gramado

Conbrasfran 2024 será realizada de 25 a 27 de novembro com mobilização da indústria na retomada da avicultura gaúcha

Evento está com toda a logística organizada para receber os mais de 300 participantes em encontro que vai reunir decisores, órgãos governamentais e técnicos de todo o país.

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Presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura e responsável pelo Conbrasfran 2024, José Eduardo dos Santos: "om este processo de união e recuperação do Estado, as iniciativas em torno do evento tomaram uma magnitude ainda maior" - Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran) vai ser realizada de 25 a 27 de novembro com mobilização da indústria na retomada da avicultura gaúcha após as perdas com as enchentes no Estado. A realização do encontro mostra a força, a união e a resiliência da cadeia produtiva, destacou o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e responsável pelo evento, José Eduardo dos Santos. “Com este processo de união e recuperação do Estado, as iniciativas em torno do evento tomaram uma magnitude ainda maior”, afirmou o executivo durante uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (04).

Durante o encontro virtual com jornalistas, ele lembrou que no próximo mês a entidade participa do Siavs, o Salão Internacional de Proteína Animal, com uma delegação de representantes da avicultura e da suinocultura do Rio Grande do Sul liderada pelo governador do estado, Eduardo Leite, e ainda ressaltou a importância dos eventos para o desenvolvimento da atividade.

“O Siavs será o epicentro da proteína animal agora no mês de agosto, e ainda temos eventos regionais que acontecem durante o ano e que são estratégicos para atualização profissional, valorização setorial e impactam positivamente o setor, como o Congresso de Ovos da APA, a Favesu que é realizada com muita competências pelas associações do Espírito Santo (Aves e Ases), o Simpósio Goiano de Avicultura, promovido da AGA, o Simpósio Mineiro e o Avicultor, eventos realizados pela Avimig, a Feira de Avicultura e Suinocultura Baiana, realizada pela ABA, a AveSui, realizada pela Gessulli, o Simpósio da Acav e a Feira da Avicultura e Suinocultura do Nordeste”.

Nesta edição da Conbrasfran a mensagem será de superação e união da avicultura regional e nacional, salientou Santos. “O setor produtivo retomou, em grande parte, totalmente e, em alguns casos, parcialmente as atividades. Neste momento de reconstrução do estado, nós sabemos onde estão os problemas e onde precisamos agir. Além da avicultura, outros segmentos foram afetados. No entanto, é vital que continuemos, pois além dos elos ligados diretamente com o setor avícola, temos outros segmentos da economia que estão ligados ao setor, como o comércio, o setor de plásticos, de grãos, equipamentos, serviços e outros. E é por isso também que vamos realizar este evento, justamente para fortalecer essa reconstrução do setor, do estado e do sistema produtivo como um todo. E a responsabilidade é imensa”, pontuou alertando para a necessidade de medidas governamentais para a desburocratização destas questões emergenciais. “Estou falando de facilitar o acesso ao crédito de indústrias e produtores que foram afetados por esta crise climática que já contribuíram e continuarão contribuindo com a arrecadação de divisas para o estado, o município e a União”, reforçou Santos.

Ele ainda mencionou a Campanha “Recupera Avicultura RS”, lançada pela Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura), com uma série de materiais para incentivar a avicultura gaúcha neste momento de retomada. “O momento é de união. Por isso convoco os fornecedores de equipamentos, premix, vacinas e outros setores a participarem conosco desta iniciativa e da Conbrasfran, a estarem lado a lado com todos os seus clientes aqui do estado”.

Logística
Santos ressaltou que a estrutura logística do estado está apta e a organização do encontro está preparada para receber os participantes nos aeroportos de Canoas e Caxias do Sul. “Teremos estrutura logística para o evento e a cidade de Gramado está com o turismo voltando ao normal. Acreditamos que até a realização do evento, o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, esteja operando normalmente”.

O evento
Um dos pontos mais fortes do evento, a programação técnica foi destacada pelo executivo. Com expectativa de receber mais de 300 participantes, a programação da Conbrasfran reservou duas manhãs para sediar os eventos anuais promovidos pela Asgav, como o Agrojur, de assuntos jurídicos e tributários, o Seminário da Área Comercial das Indústrias Avícolas, o Encontro de Qualidade Industrial Asgav, o Simpósio Asgav de Atualizações em Sanidade Avícola, o Seminário de Segurança, Saúde e Medicina do Trabalho, além do lançamento do 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global.

No período da tarde, a programação vai seguir com palestras conjunturais e estratégicas. “É um movimento estratégico para aproximar decisores das indústrias, órgãos governamentais e técnicos. Além disso, estamos trabalhando em um espaço para debater a emergência climática e a nossa experiência com a crise que atingiu o estado todo, vamos discutir como adequar a biosseguridade em tempos de catástrofes envolvendo casos de vários segmentos da economia e apresentar a evolução da reconstrução do estado”, disse Eduardo. A Conbrasfran terá ainda um espaço modular para as empresas receberem seus clientes. “São estandes modulares, para a realização de networking e também um business center, mas as vagas são limitadas e temos pouca disponibilidade. Por isso, os interessados devem entrar em contato logo”, ressalta o dirigente.

Outras informações sobre o evento podem ser obtidas pelo site da Conbrasfran www.conbrasfran.com.br, através do e-mail conbrasfran@asgav.com.br, do telefone (51) 3228-8844 ou pelo WhatsApp (51) 98600-9684.

Apoio
A Conbrasfran já tem o patrocínio confirmado de algumas das empresas mais importantes do setor, como o patrocínio Ouro da Cobb-Vantress e da Toledo do Brasil e o patrocínio Bronze da Phibro Saúde Animal e FS Indústria de Biocombustíveis.

Entidades de expressão no segmento confirmaram apoio institucional ao encontro, como ABPA (Associação Brasileira de Proteína animal), ABRA (Associação Brasileira de Reciclagem Animal), Afragro (Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul), Sistema Ocergs, CRMV- RS (Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul), Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Fundesa (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal), Farsul e do Governo do Rio Grande do Sul, entre outras instituições.

Alguns dos principais veículos da imprensa especializada, também confirmaram seus apoios, como O Presente Rural, Avicultura do Nordeste, Avicultura Industrial, aviNews, AviSite, Feed&Food, Notícias Agrícolas e Safra News.

Fonte: Com assessoria Asgav
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Avicultura

Consequências produtivas do banimento dos antibióticos promotores de crescimento da dieta de frangos de corte

A pressão para reduzir o uso de APC na pecuária é um processo crescente, e vários países estão aderindo às restrições e proibição do uso de APC. O Brasil, como um dos principais produtores e exportadores, terá que se adequar as novas exigências e formas de produção.

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Antibiótico é definido pela Organização Mundial de Saúde como toda substância de origem natural, sintética ou semissintética, que em baixas concentrações destrói ou inibe o crescimento de microrganismos, causando pequeno ou nenhum dano ao organismo hospedeiro. Já os antibióticos promotores de crescimento (APC) são definidos como agentes antibióticos utilizados com o propósito de aumentar o ganho de peso diário ou a eficiência alimentar em animais produtores de alimentos. Estes últimos aditivos vêm sendo utilizados desde a década de 50, sendo uma alternativa importante para permitir uma produtividade adequada a animais criados sob condições cada vez mais intensivas. Atualmente, os antibióticos promotores de crescimento são os principais aditivos usados na alimentação animal e estão conectados a melhorias na produtividade animal.

Os promotores de crescimento são administrados em concentrações relativamente baixas, variando de 2,5 mg/kg a 125 mg/kg (ppm), dependendo do tipo de droga e da espécie animal. Em 2015, pesquisadores estimaram que o consumo anual médio global de antimicrobianos por quilograma de frango produzido foi de 148 mg/kg. O maior efeito dos APC é atribuído à melhoria da conversão alimentar, e essa resposta é muito boa em animais geneticamente melhorados, de crescimento rápido e criados em sistemas de produção intensiva. Outros efeitos observados com o uso do APC são taxa de crescimento mais rápida, redução da mortalidade, alta resistência ao desafio promovido por doenças, melhor desempenho reprodutivo e melhor qualidade das fezes e da cama.

Frangos de corte aos 42 dias de idade que não são expostos a desafios sanitários apresentam resultados de ganho de peso contraditórios quanto à retirada de APC da dieta. Nessa situação muitos estudos demonstraram não ocorrer diferença no ganho de peso entre animais recebendo ou não APC, porém também foram encontrados resultados relatando a eficiência do antibiótico como promotor de crescimento, com efeitos positivos no ganho de peso. Da mesma forma, resultados contraditórios também são observados nas variáveis de consumo de ração e conversão alimentar. Por outro lado, quando há algum tipo de desafio parece ser inequívoca a eficiência dos APC na melhoria da conversão alimentar e do ganho de peso.

A indústria de alimentação animal tem passado por mudanças significativas, no sentido de adequar-se às novas exigências do mercado. Por parte dos consumidores há o desejo que frangos sejam criados sem o uso de aditivos químicos nas rações, e a classe mais pressionada pela opinião pública é a dos APC. A crescente pressão para proibir o uso destes aditivos como promotores de crescimento em rações animais é baseada na possibilidade de indução de resistência cruzada de cepas bacterianas patogênicas ao homem, além da idéia persistente, principalmente dos consumidores, que a carcaça esteja contaminada. Países como os da União Européia especificaram legislações que proíbem o uso de antibióticos como aditivos promotores de crescimento. No Brasil, as tetraciclinas, penicilinas, cloranfenicol, sulfonamidas sistêmicas, furazolidona, nitrofurazona e avorpacina já foram proibidas como aditivos de ração. O Ministério da Agricultura normatizou a proibição do uso do sulfato de colistina como promotor de crescimento para aves, suínos e bovinos, e existe a possibilidade de novos banimentos em um futuro próximo. Deste modo, um estudo utilizando meta-análise e modelagem foi conduzido no Laboratório de Ensino Zootécnico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com o objetivo de estimar o impacto econômico e de desempenho da retirada dos APC das dietas de frangos de corte que não são expostos a desafios sanitários.

Meta-análise

Na meta-análise para avaliar alterações na performance dos frangos foram compilados 174 artigos científicos, contendo um total de 183 estudos. A maioria dos artigos selecionados (98%) foi publicado entre 1998 e 2018, e estudos foram desenvolvidos no Brasil (14%), Coreia do Sul (12%), Canadá (9%), EUA (9%) e outros países (56%), como África do Sul, Egito, China, França e Israel. As linhagens mais utilizadas foram Ross (52% dos tratamentos), Cobb (28%) e Arbor Acres (10%). E os antibióticos mais frequentes no banco de dados foram Avilamicina (41%), Flavomicina (19%), Virginiamicina (16%) e Bacitracina (14%). Como resultados de desempenho, o consumo de ração apresentou melhor resultado para frangos recebendo dietas contendo APC na fase inicial (1 a 21 dias), mas nenhum efeito foi observado na fase final (22 a 42 dias) e total (1 a 42 dias) (Tabela 1). O ganho de peso apresentou resultado superior quando as dietas contendo APC foram utilizadas nas fases inicial e total, mas não foi observada diferença entre a utilização de dietas com ou sem APC na fase final. A conversão alimentar apresentou melhores resultados nos frangos recebendo dietas com APC nas fases inicial e total, e, novamente, não houve diferença na fase final.

Tabela 1. Desempenho – obtido por meta-análise- de frangos de corte recebendo dietas contendo (APC+) ou não (APC -) antibiótico promotor de crescimento

Variáveis                                        Tratamentos                      P                     %
APC+         APC-
Inicial (1-21 dias)
Consumo de ração, g/d           55                56                    0.005                1.78
Ganho de peso, g/d                 38                 37                 <0.001                2.70
Conversão alimentar, g/g     1.47              1.51                <0.001                2.64
Final (22-42 dias)

Consumo de ração, g/d        161                162                  0.111                    0.61
Ganho de peso, g/d                82                  82                  0.561                   0.00
Conversão alimentar, g/g  1.96                1.99                 0.128                   1.50
Total (1-42 dias)

Consumo de ração, g/d        90                   91                   0.127                   1.09
Ganho de peso, g/d               54                   52                   0.040                  3.84
Conversão alimentar, g/g    1.66              1.72                <0.001                  3.48

*Tabela adaptada de Cardinal et al. (2019)
P: Probabilidade estatística onde P < 0.05 refere-se a diferença entre os tratamentos APC+ e APC-.
%: Percentual de variação entre os tratamentos APC+ e APC-

Fatores que influenciam

Os resultados mostraram uma clara conexão entre suplementação de APC e o desempenho dos frangos de corte, o que foi particularmente evidente na conversão alimentar e ganho de peso nas fases inicial (1 – 21 dias) e total (1 – 42 dias) e consumo de ração na fase inicial. Uma infinidade de fatores pode influenciar os resultados de desempenho, incluindo o ambiente, o estresse e as características da dieta. Diferentes mecanismos de ação foram propostos para os APC para explicar o efeito promotor de crescimento no organismo dos frangos, como por exemplo, o APC estar associado à modificação de algumas características intestinais na primeira semana de vida dos frangos e que o uso de APC diminui os custos catabólicos de manter uma resposta imune frente a estresses, permitindo que mais recursos sejam dedicados aos processos de ganho de peso.

Custos

Os dados de performance dos frangos, obtidos na meta-análise, foram utilizados em uma modelagem que estimou a retirada do APC nos custos de produção, principalmente os custos de alimentação no cenário brasileiro. A simulação considerou a taxa anual de abate, relatada em 5,84 bilhões de frangos de corte em 2017, o ganho de peso alvo e a conversão alimentar para cada fase, a variação na conversão alimentar (obtida a partir da meta-análise), bem como como custos de alimentação e APC (informações fornecidas por uma fábrica de ração local). Como resultados da simulação de impacto econômico, a retirada do APC na fase inicial e no período total aumentariam o custo de produção em R$ 0,03 e R$ 0,11 por animal, totalizando um montante de R$ 14,6 bilhões na fase inicial e R$ 688 milhões na fase total, por ano no Brasil. Levando em consideração que esses cálculos foram realizados em 2017 e a base do cálculo está, principalmente, no custo da ração e na conversão alimentar, podemos esperar que a perda econômica seja ainda maior se refizermos os cálculos com os valores atualizados para 2024.

Alguns custos associados ao sistema de produção são difíceis de medir e não foram incluídos nos cálculos econômicos. Diferentes autores relatam que o impacto econômico afetará os produtores de maneira diferente, pois há uma variação nos fatores considerados na caracterização do cenário produtivo, como tamanho da fazenda, acordos de contratação e práticas de produção. Por outro lado, o custo da alimentação é estimado como sendo mais do que 70%, e o impacto produtivo considerado neste estudo foi focado na alimentação dos frangos de corte. Embora seja baseado em uma abordagem simples, o modelo e os resultados podem fornecer informações relevantes para nutricionistas e produtores, facilitando o processo de tomada de decisão.

Para complementar o estudo, uma análise de sensibilidade foi realizada usando as variáveis-chave “conversão alimentar” e “preço do APC”. Uma análise de sensibilidade indica se uma ou mais variáveis podem ter impacto nos resultados econômicos de um sistema de produção e influenciar sua lucratividade. Para definir os cenários em que a retirada do APC teria um impacto econômico negativo, a diferença entre a conversão alimentar nos tratamentos com e sem APC na dieta foram aumentados de 0,0% até 5,0%, e o preço do APC foi reduzido pela metade ou aumentado em até cinco vezes (Quadro 1).

Quadro 1. Análise de sensibilidade da retirada do antibiótico promotor de crescimento (APC) das dietas de frango de acordo com a variação do preço do aditivo e na diferença da conversão alimentar com ou sem APC.

Variação na conversão alimentar (%)   Variação no preço do APC

X/2           X1             2X            3X           4X           5X
0              AVOID2   AVOID     AVOID   AVOID   AVOID   AVOID
0.15            USE3     AVOID    AVOID    AVOID   AVOID   AVOID
0.3              USE        USE        AVOID    AVOID   AVOID   AVOID
0.5              USE        USE         USE        AVOID   AVOID   AVOID
1                 USE        USE         USE          USE        USE        USE
2                USE         USE        USE          USE        USE        USE
*Quadro adaptado de Cardinal et al.(2019)
1X: preço atual do promotor de crescimento de antibióticos.
2AVOID: situação em que é possível criar frangos sem APC sem perdas econômicas.
3USE: situação em que é indicado o uso de APC para não haver perdas econômicas.

É possível observar que com o “preço atual” do APC e os resultados de diferença na conversão alimentar encontrados na meta-análise (2,64% na fase Inicial, 1,50% na fase Final e 3,48% no período Total), haverá perdas econômicas na retirada da APC. No entanto, se forem utilizadas técnicas para reduzir para perto de zero a diferença na conversão alimentar de frangos recebendo ou não APC, será possível criar frangos sem APC, sem perdas econômicas.

Manejo

A pressão para reduzir o uso de APC na pecuária é um processo crescente, e vários países estão aderindo às restrições e proibição do uso de APC. O Brasil, como um dos principais produtores e exportadores, terá que se adequar as novas exigências e formas de produção. Para conseguir criar frangos de corte sem o uso de APC e com menor impacto no desempenho e, consequentemente, menor impacto econômico, será necessário implementar técnicas de manejo, usando a biossegurança como ferramenta para reduzir doenças e vacinação para melhorar o estado geral de saúde, reduzindo o risco de infecções secundárias. Além disso, a otimização da ambiência e das condições das instalações, assim como estratégias nutricionais serão necessárias para produzirmos frangos de corte sem o uso dos APC.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: stella.grell@mcassab.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Kátia Maria Cardinal, professora do Departamento de Zootecnia do Instituto Federal Farroupilha. Orientadora: Andréa Machado Leal Ribeiro, professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Avicultura

Dia Latinoamericano da Carne de Frango é celebrado nesta sexta-feira

Data celebra protagonismo da proteína animal para a promoção da segurança alimentar e do desenvolvimento econômico e social das nações.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Nesta sexta-feira (05) será celebrado o Dia Latinoamericano da Carne de Frango. A data é comemorada anualmente na primeira sexta-feira do mês de julho por produtores e membros de toda a cadeia produtiva da América Latina para ressaltar a importância da produção e da ampla oferta de carne de frango para a segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do continente.

O estabelecimento da data comemorativa não é por acaso. Ao longo das últimas décadas, a carne de frango se estabeleceu como uma das bases proteicas para a segurança alimentar dos povos latinoamericanos.

Anualmente, as nações latinoamericanas consomem 25,5 milhões de toneladas de carne de frango, segundo dados de 2023 do Instituto Latinoamericano del Pollo (ILP), órgão vinculado à Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA). É o equivalente a praticamente um quarto do consumo mundial da proteína. São consumidos nos países da região em torno de 800 quilos da proteína por segundo.

O consumo médio na região é um dos mais elevados do planeta, em torno de 38 quilos per capita. Para se ter um parâmetro, a média mundial é de 17 quilos. Em uma análise que considera 23 países do continente foi identificado que 17 deles registraram elevação dos níveis de consumo nos últimos cinco anos.

Os produtores da região vem dedicando enormes esforços para atender a esta demanda – em níveis, inclusive, superiores às médias globais. Entre 2010 e 2023, a produção global de carne de frango cresceu 29,4%, enquanto a produção de carne de frango nos países latino-americanos cresceu, no período, 40,3%.

Com uma produção total de 29,3 milhões de toneladas, a América Latina é responsável por 56,6% de toda a produção das Américas e o equivalente a 28,6% da produção mundial de carne de frango. A região produz equivalente próximo a três quilos de cada 10 quilos de carne de frango produzidos no mundo. A região também é protagonista no comércio global da proteína, sendo responsável por 40,1% de todo o comércio mundial – o equivalente a 5,4 milhões de toneladas. “A América Latina tem importantes vantagens como grande produtora de alimentos, incluindo clima, oferta de insumos e alta profissionalização da cadeia produtiva. A avicultura da região é dedicada a apoiar a segurança alimentar dos nossos povos e de tantas outras regiões do planeta.  Celebrar o Dia Latinoamericano da Carne de Frango é reforçar nossa posição pela oferta de alimentos, assim como pela promoção do desenvolvimento econômico e social. Também é valorizar esta proteína que é essencial para a boa nutrição dos povos”, destaca o presidente da ALA, Joaquín Fernández Cuerdo.

Histórico

A data de celebração do Dia Latinoamericano da Carne de Frango foi estabelecida em 02 de julho de 2021, durante encontro de todos os representantes da avicultura do continente durante assembleia-geral da Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA).

Na ocasião, se estabeleceu que as nações-membros da ALA celebraria a primeira sexta-feira do mês de julho como data comemorativa de homenagem aos produtores e à proteína animal, que se destaca como uma das mais importantes para a segurança alimentar do continente.

O objetivo, conforme o acordo que estabeleceu a data, é reafirmar a importância da carne de frango como uma importante fonte alimentar, fundamental para o enfrentamento da fome.

Foi, também, para reforçar o posicionamento da proteína saudável e sanitariamente segura como insubstituível do ponto de vista alimentar, além de promotora do desenvolvimento, emprego e da segurança alimentar dos povos da América Latina e do Caribe.

Promoção do consumo

Como parte das comemorações ao Dia Latinoamericano da Carne de Frango, as nações da região, lideradas pela ALA, realizarão uma série de iniciativas para difundir os atributos desta proteína, que é reconhecida por sua saudabilidade, como elevados níveis de proteínas e minerais, e baixos níveis de gordura.

Uma delas será o lançamento de um livro de receitas temático, com receitas típicas de diversos países da região. O lançamento acontecerá nesta sexta-feira por meio das redes sociais do Instituto Latinoamericano del Pollo (ILP) e pelos sites www.ilp-ala.org e www.saludconpollo.com.

Fonte: Assessoria ABPA
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AJINOMOTO SUÍNOS – 2024

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