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Suínos / Peixes

Uma bactéria, dois problemas

Uma bactéria que causa dois problemas distintos, muitas vezes até confundidos por profissionais do setor

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Quando se fala em Salmonella logo o consumidor brasileiro pensa em ovos e carne de frango. Essa bactéria, que pode causar prejuízos para o produtor e contaminação em seres humanos, é encontrada também na produção de suínos, terceiro maior transmissor de salmonelose para os consumidores. Embora a salmonelose clínica, que deixa os animais com sinais evidentes da contaminação, é rara nos rebanhos tecnificados do Brasil, recentes surtos colocaram o setor em alerta. Por outro lado, os suínos se infectam com uma variedade de sorovares, que não causam prejuízos zootécnicos, mas podem ser importantes fontes de contaminação para os produtos finais. Uma bactéria que causa dois problemas distintos, muitas vezes até confundidos por profissionais do setor.

Diante disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve publicar nos próximos meses uma nova legislação a ser seguida pelo setor produtivo, da granja à indústria, que visa reduzir a carga microbiana na suinocultura. O objetivo é garantir produtos de alta qualidade para o consumidor, preservando e ampliando os mercados interno e externo dessa proteína. A nova lei, que deve entrar em vigor entre o fim deste ano e o início de 2018, deve ter parâmetros parecidos com o que grandes frigoríficos já adotam hoje, por meio de uma instrução normativa que orienta os padrões sanitários da suinocultura brasileira. A diferença é que a orientação passará a ser obrigação.

Para elaborar a nova legislação, que deve passar por consulta pública, o Mapa criou uma Comissão com profissionais diretamente envolvidos com o setor. O Presente Rural conversou com a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, médica-veterinária doutora em Ciências Veterinárias, Jalusa Deon Kich, que integra essa Comissão de trabalho. A especialista alerta para alguns surtos recentes de salmonelose clínica no Brasil, mas demonstra maior preocupação com a necessidade em reduzir a contaminação por sorovares que causam a salmonelose alimentar. “São sorovares que não impactam nos animais, mas não deveriam estar no alimento. É uma questão de saúde pública, mas também diretamente ligada à manutenção e abertura de mercados”, sustenta a pesquisadora.

Diagnóstico

Kich, uma das editoras técnicas do mais recente estudo da Embrapa sobre a Salmonela na suinocultura, explica que a dificuldade em diagnosticar a salmonelose de importância para os seres humanos é um dos fatores que contribui para a proliferação dessa bactéria. “Observamos profissionais que não diferem a salmonelose clínica da salmonelose alimentar na suinocultura”, expõe.

Apesar ser difícil de ser erradicada, a nova legislação vai criar parâmetros para reduzir a carga bacteriana de salmonela e outros microorganismos. De acordo com a doutora Kich, medidas de biosseguridade, melhorias no transporte dos animais e no abate são decisivas para mitigar os riscos de contaminação.

Mercados

Apesar de ser mais comum – e mais combatida, na opinião de Kich – na cadeia avícola, a salmonelose alimentar também está presente na suinocultura. De acordo com a pesquisadora, a carne suína é a terceira maior fonte de contaminação. “O mercado de aves é mais exigente sobre salmonelose do que a suinocultura, tanto porque é mais problemático, pois têm questões ligadas ao próprio sistema de abate, transmissão transovárica, entre outros fatores. Por isso quando se fala em salmonela o consumidor cria um receio, por exemplo, de comer ovo cru. Nos surtos de salmonelose humana, a Enteritidis é a que mais acontece, mas ela não aparece só na avicultura. Em primeiro vem o ovo de mesa, depois a carne de frango e em terceiro a carne suína”, aponta.

Segundo a pesquisadora, reduzir a carga dessa bactéria é fundamental para manter e acessar mercados. “Toda questão do comércio de carnes com maior inocuidade tem a ver com a manutenção e abertura de mercados. Se a suinocultura quer acessar novos mercados, não adianta ter apenas um suíno barato, é preciso garantir a inocuidade dos produtos”, entende. “A suinocultura brasileira tem sua venda concentrada em poucos países, mas está entrando em novos mercados. Para amparar isso Mapa está discutindo o programa de redução de patógenos, que inclui a Salmonella”, cita.

De acordo com ela, a nova lei deve seguir as rotinas já encontradas entre os maiores produtores. “Os grandes frigoríficos já têm uma normativa que dita métodos para fazer o controle de Salmonella na carcaça, mas trata-se de orientação e não legislação. Esses grandes frigoríficos já têm sua rotina de amostragem. O fato novo é a iminente legislação, que deve ser publicada neste ano no começo de 2018, depois de passar por consulta pública”, diz. Conforme a normativa de hoje, a Salmonella pode ser encontrada em no máximo cinco de 50 carcaças avaliadas. A nova lei deve seguir os parâmetros da normativa.

Surtos

De acordo com a doutora Kich, além dos problemas de sorovares que podem provocar a salmonelose alimentar, a suinocultura brasileira voltou a notificar mais casos ewm 2016. No ano passado, um surto atingiu várias granjas dos principais estados produtores, nas regiões Sul e Centro-Oeste.

“A partir de 2011, e com um número bastante alto em 2016, tivemos surtos de salmonelose clínica (septicemia). Notamos que principal sorovar causador é a Cólera sui, bastante generalizada, mas também encontramos a Salmonella typhimurium. O problema ocorreu em várias regiões, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. De forma geral, no ano passado a Salmonella apareceu nas regiões Sul e Centro-oeste”, comenta a pesquisadora.

De acordo com ela, “muitas vezes a salmonelose clínica é confundida com alguma doença que provoca diarreia e acaba sendo subnotificada”, pontua. “Muitos profissionais encontram dificuldades em fechar diagnóstico de contaminação por Salmonella typhimurim. O plantel acabava entrando no rol de diarreia de crescimento e terminação”, comenta.

De acordo com a pesquisadora, no Brasil também “aumentou o desafio para a Cólera suis”, outro sorovar que causa a doença clínica nos planteis. De acordo com ela, esse tipo de aumento pode ter relação com a desatenção, já que os sintomas nos animais são nítidos. “Aumentou o desafio para a Cólera suis, que provoca sintomas claros, como animal vermelho e febril. Esse aumento é evidente e grave. Acho até difícil acreditar que veterinários não souberam enxergar esse avanço”, comenta.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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