Notícias
Uma amostragem perfeita reflete a qualidade do lote de semente
Dos quatro Laboratórios Oficiais de Análises de Sementes (LASOs) do Brasil, um é auditado pela ISTA.

No mundo perfeito, deveríamos testar cada semente colhida no campo, mas isto é impossível, por isso o procedimento de amostragem é extremamente importante. A amostra tem que ser perfeita e representativa de um lote de sementes. A afirmação é do doutor Sabry Elias, professor da Universidade de Oregon e representante da Association of Official Seed Analysts (AOSA), durante o 21º Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), em Curitiba (PR).
O professor observa, porém, que a amostragem de sementes tem como finalidade básica a obtenção de porção de sementes de tamanho adequado para os testes a serem realizados, na qual estejam presentes os mesmos componentes e em proporções semelhantes às do lote.
“Se seguirmos uma boa prática de campo, vamos constituir uma amostra representativa. Isto significa que sementes mais pesadas ou que estejam contaminadas por daninhas (plantas), por exemplo, não vão trazer os resultados exatos e não vão refletir o lote total”, disse o professor Sabry, acrescentando que são esses fatores que contribuem para a variabilidade da semente.
De acordo com o professor Sabry, é indiscutível a importância dos dados obtidos pela análise de sementes de uma determinada amostra. Entretanto, por mais criteriosa que seja a análise, os resultados obtidos não terão valor caso a amostra analisada não seja representativa do lote da qual foi retirada.
O representante do Laboratório Oficial de Análises de Sementes (LASO) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Júlio César Garcia, falou da importância dos LASOS para a agricultura brasileira, que tem previsão de safra recorde em 2022/2023 com 308 milhões de toneladas de grãos.
No Brasil são quatro LASOS (Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais e Pernambuco) que supervisionam 190 laboratórios de análises de sementes, entre públicos e privados. O LASO/RS Rio Grande do Sul supervisiona 76; Goiás supervisiona 64 laboratórios e Minas Gerais 50 unidades.
O único laboratório oficial do Brasil credenciado pela ISTA (International Seed Testing Association) é o de Minas Gerais, desde 2005 e acreditado em 2009 pela instituição internacional. Para se manter credenciado, o LASO é auditado a cada três anos e participa anualmente de três ensaios de proficiência da ISTA, no qual precisa se manter com desempenho mínimo para continuar com a acreditação da atividade.
“O fato de sermos acreditados nos permite emitir o famoso certificado laranja da ISTA. Trata-se de uma certificação que não exige nova amostragem no ponto de destino. Alguns países do Oriente Médio e da África só aceitam sementes importadas se vierem com certificado laranja”, acrescenta Júlio César.
De acordo com o representante do MAPA, sem os LASOS a credibilidade do sistema nacional brasileiro de sementes e mudas poderia ser questionada em fóruns internacionais. “O Brasil não teria condições de garantir que monitora oficialmente a qualidade das sementes analisadas realizadas no País. A acredibilidade internacional é muito importante, porque um país que não fiscaliza as suas atividades, está sujeito a ter o seu sistema questionado”, complementa Júlio César.
Compôs também o painel, a doutora da Universidade Federal de Lavras (UFLA), professora Maria Laene Moreira de Carvalho, que fez uma abordagem dentro do contexto do setor sementeiro, ressaltando a importância do laboratório de sementes em relação ao controle de qualidade como um todo em todas as etapas do processo (produção, beneficiamento, secagem), até chegar ao consumidor. “Se não existe aferição da qualidade, não tem como conseguir saber necessariamente a qualidade dos lotes. É importante ter uma amostragem perfeita, que reflita as características do lote, senão você pode ter o melhor laboratório do mundo e os melhores analistas que não vão obter resultados”, afirma.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



