Suínos
Ultrapassando os limites na compreensão da imunidade usando a imunologia de sistemas
Análises imunológicas profundas devem ser baseadas nos princípios da imunologia de sistemas, incluindo terapia celular Omics e tecnologias de multiplexação em combinação com proteção, dados clínicos e dados tradicionais de resposta imune.

A complexidade do sistema imunológico é baseada em muitos tipos de células funcionais especializadas que interagem com uma enorme variedade de receptores de superfície celular e citocinas solúveis que regulam a ativação, além de quimiocinas que ajustam a migração.
“Compreender essa complexidade requer uma abordagem de imunologia de sistemas que emprega tecnologias “ômicas”, ferramentas de ciência de dados e pipelines de bioinformática que fornecem informações imunologicamente relevantes e interpretáveis”, afirmou o professor doutor de Imunologia Veterinária na Faculdade de Veterinária da Universidade de Berna, na Suíça, Artur Summerfield, durante o 26º Congresso do IPVS2022, realizado em junho, na cidade do Rio de Janeiro, RJ.
No maior evento técnico-científico mundial sobre suinocultura, Summerfield apresentou algumas tecnologias que podem ser aplicadas em suínos para medir e entender as respostas imunes à vacinação e infecções. “Essas informações são essenciais para projetar novas vacinas vivas atenuadas, otimizar adjuvantes ou desenvolver novas drogas imunoterapêuticas para a medicina de suínos”, ressaltou especialista sueco.
Segundo ele, análises imunológicas profundas devem ser baseadas nos princípios da imunologia de sistemas, incluindo terapia celular Omics e tecnologias de multiplexação em combinação com proteção, dados clínicos e dados tradicionais de resposta imune. “Ao medir milhares de parâmetros, as abordagens de imunologia de sistemas aumentam o poder estatístico dos estudos in vivo e, portanto, permitem obter dados sólidos”, salienta.
Summerfield disse que a pesquisa com abordagem concentrada na análise do transcriptoma de leucócitos do sangue periférico coletado logo após a vacinação ou à infecção gera respostas imunes inatas benéficas. “Essas respostas imunes inatas podem representar correlatos de proteção e formar a base de biomarcadores para acelerar o desenvolvimento de novos imunoterapêuticos”, expôs.
Semelhante aos estudos em humanos, o trabalho em suínos, cabras e ovelhas demonstrou sua eficiência na detecção e explicação de processos imunológicos que ocorrem no sangue e nos tecidos. Logo no primeiro dia após a vacinação, Summerfield destacou que foi possível identificar a correlação dos módulos de transcrição de sangue (BTM) com medidas de respostas imunes adaptativas várias semanas ou meses depois. “O que demonstra que podemos prever as respostas da vacina, bem como que a metodologia adotada permite uma caracterização detalhada das respostas imunes induzidas por diferentes formulações”, enfatizou.
Vacinas inativadas
Summerfield afirma que o pipeline de imunologia de sistemas BTM pode dissecar o impacto dos componentes e formulações de vacinas inativadas no sistema imunológico, auxiliando na identificação de sistemas de entrega e imunoestimulantes aprimorados. Segundo ele, isso foi aplicado em vacinas contra a febre aftosa e o Mycoplasma hyopneumoniae. “Os dados demonstraram que é possível identificar padrões imunes inatos no sangue refletindo a ativação nos tecidos, além de informar padrões de migração de células imunes, como da medula óssea para o sangue, do local da injeção ou inflamação e do linfonodo de drenagem. Considerando que tais padrões se correlacionam com respostas imunes adaptativas, supomos seu envolvimento na indução de respostas imunes”.
O professor também relatou que os estudos realizados em suínos e ovelhas indicaram que respostas imunes inatas muito precoces ditam respostas adaptativas tardias de maneira comparável em várias espécies. “Isso representa uma base para a melhoria racional dos adjuvantes de vacina”, evidenciou.
Vacinas vivas e infecções
De acordo com Summerfield, os padrões de correlação do BTM para respostas imunes adaptativas após vacinação com imunizantes inativados divergem daquela após infecção ou aplicação da vacina viva atenuada. “Verificamos uma regulação negativa precoce de células dendríticas e BTM de células B se correlacionando com todas as respostas clássicas de células T. Uma regulação positiva de módulos de células T e de células natural killer no dia 3 foi uma correlação de células T-auxiliares e T-reguladoras”.
Em contraste com as vacinas inativadas, Summerfield aponta que a BTM inata regulada no dia 7 promoveu uma correlação positiva com as respostas das células T.
Impacto da higiene e do microbioma
O especialista suíço explicou que a aplicação de uma abordagem de imunologia de sistemas para caracterizar as respostas imunes inatas após a infecção pelo vírus da PSA demonstrou que o equilíbrio das respostas pró e anti-inflamatórias no início da infecção desempenha um papel importante para o resultado da infecção. “Descobrimos que suínos livres de patógenos, que se distinguiam em sua composição de microbioma quando comparados a suínos de granjas, também se diferenciavam em intensidade e contra regulação de respostas inflamatórias, causado por uma base diferente de ativação imune entre os grupos de suínos”, relatou.
Segundo o suíço, os suínos de granjas tiveram uma base inflamatória e antiviral mais alta, o que atrasou o desenvolvimento da viremia, no entanto isso foi associado a uma “tempestade de citocinas” sistêmica mais intensa após a infecção com uma cepa da PSA altamente virulenta. Entretanto, com uma cepa da PSA parcialmente atenuada, o maior status anti-inflamatório em suínos livres de patógenos foi associado a uma recuperação mais eficiente da infecção quando comparado aos suínos de granjas.
Desta forma, concluiu Summerfield, os dados demonstram que o pipeline de imunologia de sistemas baseado em BTM é adequado para identificar vias responsáveis pela heterogeneidade nas respostas imunes, como o impacto da higiene e do microbioma.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



