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Últimas 24 horas são cruciais para abate produzir carne suína de melhor qualidade

Especialista chama a atenção às últimas horas de vida do animal, durante palestra na qual explanou sobre como o bem-estar animal impacta na produção de carne suína.

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Produzir alimentos de qualidade é o desejo de todo produtor. No caso do suinocultor este trabalho de produção pode levar até 11 meses se levarmos em conta o momento no qual o leitão nasce até ficar pronto para o abate. É claro que muitas granjas executam apenas uma parte deste trabalho, seja maternidade, crechário, crescimento ou terminação, o fato é que todas estas etapas são muito importantes e em todas elas é possível afetar a qualidade da carne do estágio final. Entretanto, quando pensamos nas últimas 24 horas antes do abate é preciso reconhecer que este é um momento crucial para impactar, de forma positiva ou negativa, a produção da carne de qualidade. Quem aponta para este detalhe é o consultor da área de suínos Cleandro Dias Pazinato, que participou da 2ª edição do InovaMeat, realizado em meados de abril, em Toledo, PR.

Cleandro Dias Pazinato durante o InovaMeat, em Toledo, PR, no mês de abril – Foto: Patrícia Schulz/OP Rural

O palestrante chamou a atenção às últimas 24 horas de vida do animal, durante palestra na qual explanou sobre como o bem-estar animal impacta na produção de carne suína. Ele discorreu sobre o conceito de bem-estar animal, acerca da importância do bem-estar, a respeito dos impactos da etapa da granja na produção de carne, bem como os impactos do transporte, além dos impactos do abate, enaltecendo que todos estes pontos são cruciais e que é nas últimas 24 horas que o trabalho de 11 meses pode consolidar-se como efetivo ou pode ser perdido, no caso de uma condenação do animal. “Eu sempre saliento que as últimas 24 horas do suíno são muito importantes, pois é o momento no qual você pode jogar fora todo o trabalho que teve”, afirma.

Pazinato discorreu sobre o conceito de bem-estar da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) que aponta o “Bem-estar animal como o estado físico e mental de uma animal em relação às condições em que vive e morre”, ou seja, BEA é quando o animal é tratado com respeito pelos produtores e indústria, que buscam evitar todo e qualquer sofrimento desnecessário. “Falamos bastante em bem-estar porque é necessário primar e zelar por uma vida melhor e mais produtiva do animal, pois animais abatidos com estresse severo não trazem renda, pois a carne não fica com boa qualidade”, informou.

O palestrante enumerou alguns benefícios quando se busca o bem-estar animal enaltecendo que isso gera mais saúde, melhor comportamento e consequentemente ganho de produtividade. “Quando agimos de forma ética, buscando com que o animal não sofra, estamos evitando perdas de produção, porque menos animais serão perdidos por condenações, bem como estamos evitando a perda de qualidade do produto final, como as carne PSE e DFD”. A carne PSE apresenta propriedades como cor pálida e baixa capacidade de retenção de água. A carne DFD apresenta características escura, firme e seca e são mais suscetíveis a alterações microbianas. “Essas perdas de qualidade e de quantidade possuem um aspecto econômico muito grande, o que influencia muito na rentabilidade do plantel”, menciona.

Outro ponto enumerado pelo consultor é a importância da confiança e transparência do processo. Cleandro apresentou uma pesquisa científica que comprovou, nos Estados Unidos, que mais de 57% dos entrevistados possuíam interesse em saber se as carnes adquiridas no supermercado eram fruto de um trabalho ético com os animais. “E isso não é só nos EUA, todos os anos observamos que existe um acréscimo de pessoas que buscam informações sobre a forma e os padrões com que as carnes são produzidas. Isso mostra que o consumidor precisa ter confiança e busca que a cadeia de suprimentos alimentícios trabalhe sempre com transparência e respeitando as legislações. É por isso que vemos um avanço nos programas de certificação e também em consumidores bem informados, que procuram adquirir produtos que tragam confiança na procedência e no cuidado com os animais”, pontua.

Equilíbrio

Outro ponto que foi destacado pelo palestrante foi a importância do equilíbrio. “Quando trabalhamos o bem-estar na produção de carne suína temos que lembrar que são vários os fatores importantes, sendo que todos são significativos e merecem ser trabalhados de forma integrada. A produção de suínos envolve a granja, o transporte, o abate, o frigorífico, sendo que quando tudo isso está bem alinhado nós temos o êxito: isto é, a carne de qualidade. Para que tudo isso dê certo é necessário interagir todos estes fatores, não esquecendo da necessidade de qualificação das pessoas que trabalham em cada etapa”, pontua.

Existem muitos fatores que afetam o bem-estar animal e consequentemente a qualidade da carne nas últimas 24 horas antes do abate. “Estes fatores envolvem a harmonia entre os três elos principais desta produção que são: os animais, a granja e as pessoas que trabalham e zelam por estes animais. Tudo isso precisa estar alinhando para que a produção da carne atinja o melhor potencial possível. De acordo com trabalhos científicos, observamos que 25% das causas de animais mortos e não ambulatoriais estão relacionados com instalações e manejo na granja, 16% com o transporte e 16% com o manejo na chegada ao frigorífico. Esses dados são interessantes e mostram o que precisamos melhorar para termos uma produção mais eficiente”, expõe.

Manejo pré-abate

A preparação para o abate é um momento bastante crítico para o animal. Estudos mostram que a ocorrência de animais exaustos pode reduzir até 30% do valor da carcaça. “Sabemos que este é um momento difícil para o suíno, desta forma precisamos buscar técnicas que amenizem o sofrimento desta etapa final. Uma das primeiras alternativas que são benéficas de se usar é cuidar com o jejum correto dos animais. Diversos estudos apontam a importância de fazer o jejum de 18 horas, porque este preparo mostrou-se adequado, oferecendo menos risco de patógenos, fortalecendo o sistema de higiene, bem como propiciando economia de ração que seria desperdiçada, oferecendo, desta forma, segurança alimentar e qualidade da carne produzida”, reforça.

Este limite máximo de 18 horas de jejum também é estabelecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) que emitiu uma atualização da Portaria Nº 365/21 que diz respeito às técnicas humanitárias de manejo pré-abate e abate de animais para consumo humano. Essas novas regras serão implementadas em todo o território brasileiro a partir do dia 1º de agosto de 2023. “Estas recomendações não são uma equação fácil de atingir, mas elas precisam ser uma meta de excelência. Temos que lembrar que estas diretrizes irão trazer benefícios para os animais, mas também benefícios para a indústria”, pondera.

Além da importância do jejum, Cleandro chamou a atenção às instalações da granja. “Também temos diretrizes importantes que dizem respeito ao tamanho do grupo que é transportado pela granja, de acordo com o tamanho das instalações. “Estudos mostram que o transporte dos animais pela granja também precisa ser cuidadoso para evitar fraturas e machucados. Também gostaria de chamar a atenção para as partes das granja que possuem obstáculos, como paredes, etc. A visão dos suínos é diferente e desta forma, ângulos de 30 graus levam a um melhor movimento dos animais em comparação com os ângulos de 90 graus, criando um caminho mais suave em direção à rampa”, reflete.

O bem-estar também está relacionado com os degraus, pois os mesmos são fatores estressantes que afetam o fluxo dos animais. “As recomendações são para que as rampas sejam menos íngremes possíveis. Quando as superfícies são antiderrapantes o transporte é facilitado, bem como quanto mais pesado o animal, mais difícil será o manejo. Outro ponto que chamo a atenção é com relação à IN 113, que permite que as rampas tenham ângulos de até 25°, entretanto, minha recomendação é que a inclinação máxima da rampa seja reduzida para 15°”, recomenda.

Ractopamina

A Ractopamina é um aditivo que traz ótimos benefícios na produção de suínos, uma vez que ela ajuda na obtenção de músculos e desta maneira, ajuda a produzir mais carne e de forma mais rápida e eficaz. Essa prática é bastante difundida na suinocultura brasileira, entretanto, o palestrante chamou a atenção para uma utilização consciente e eficaz deste produto. “A Ractopamina ajuda na produção, mas deixa o animal agitado. Embora os benefícios econômicos sejam bem conhecidos deve-se considerar os riscos desse aditivo para o bem-estar animal. Isso porque os estudos mostram que os animais ficam mais agitados e desta forma são mais difíceis de manejar, o que pode ocasionar uma maior número de intervenções físicas para a manipulação dos animais, aumentando as brigas e até mesmo as condenações por carcaça. Desta forma, a recomendação é que a mesma seja utiliza com cautela e é importante fazer um estudo sobre o término do uso deste ingrediente”, indica.

O peso do transporte

Após a entrega do animal para o caminhão do transporte segue uma nova etapa que é muito séria e que precisa de muita atenção, pois o transporte ineficiente pode trazer muitos problemas para o momento do abate. “É no momento do transporte que surgem novos desafios, pois temos os estresses do agrupamento e do manejo, o estresse térmico, podem acontecer lesões, tem a questão da fome, da sede, falta de baias que podem gerar problemas de descanso, verifica-se uma super estimulação sensorial, bem como a restrição de movimentos. Tudo isso pode experenciar um ou mais estados emocionais negativos associados com estas consequências, incluindo medo, dor, desconforto, frustração, fadiga e diestresse. Esses estressores que o animal passa, na hora do transporte, colocam em risco a qualidade da carne”, observa o palestrante.

Desta maneira é preciso ter um cuidado muito especial com os animais, já que a tendência natural é eles serem expostos ao estresse antes, durante e depois do transporte. “As formas de amenizar esse sofrimento são, além do cuidado nas granjas, cuidar com a densidade utilizada no transporte, ou seja, carregar um número de animais adequado. Além de uma boa condução por parte do motorista é fundamental, uma vez que as vibrações durante a viagem também interferem no nível do estresse”, argumenta o profissional.

O controle da temperatura na viagem é outro fator importante. Para reduzir o risco das consequências no bem-estar animal devido à exposição a altas temperaturas efetivas, a temperatura interior dos veículos de transporte de suínos não deve exceder o UCT estimado em 30°C para desmama, 25°C para terminação e 22°C para reprodutores. No entanto, recomenda-se manter as temperaturas abaixo do limite superior da ZTC, estimada em 25°C para leitões, 22°C para terminados e 20°C para reprodutores, a fim de proteger o bem-estar dos animais durante o transporte. “O controle da temperatura é muito importante em virtude de que estudos comprovam que viagens longas no período do verão tendem a propiciar uma maior fadiga muscular nos animais”, adverte.

Manejo na indústria

Por fim os animais chegam na indústria, onde serão abatidos e serão transformados em produtos que estarão aptos para serem vendidos ao consumidor final. Nesta etapa, é preciso ficar atento ao tempo de espera para o descarregamento do caminhão. “Infelizmente este procedimento pode variar de 5 minutos a 4 horas, sendo que neste período os animais são expostos a diferentes fatores estressantes, além de diferentes condições ambientais e microclimáticas, como ventilação insuficiente, densidade exacerbada, falta de camas, privação de água e alimentos, todos estes fatores podem trazer complicações. A recomendação é que estes animais sejam retirados do caminhão e encaminhados à sala de espera o mais rápido possível e sempre dentro de 30 minutos após a chegada no frigorífico”, sugere.

É oportuno ressaltar que a condição fisiológica dos animais quando chegam à indústria reflete o estado acumulado em sua jornada desde a granja, incluindo as condições de criação, manejo nas baias, transporte misto com animais desconhecidos, métodos de carregamento, condições das estradas e tempo de espera para descarregar”. A respiração ofegante em resposta ao estresse térmico durante o desembarque na planta de abate foi classificado como um importante fator de risco para uma taxa mais rápida de acidificação da carne após o abate, lembrando que se o pH da carne diminuir muito rapidamente, isso pode afetar a qualidade, textura e sabor da carne”, adverte.

Desta forma é apropriado ressaltar que a chegada dos animais na indústria necessita de um trabalho sério e eficiente, que proporcione o descanso adequado aos animais, bem como uma insensibilização de acordo com as normas que são permitidas, visando o bem-estar animal e a qualidade do produto que estará sendo produzido. “Preciso chamar a atenção para os acessórios que são permitidos na indústria, como o bastão elétrico e o remo de plástico, enaltecendo que as falhas de manejo destes materiais podem acarretar sérios prejuízos ao produto, além de dor e sofrimento para os animais. Estudos mostram que a utilização dos bastões elétricos altera a concentração de lactato no sangue dos animais”, observa.

Principais causas de carne PSE e DFD

A carne PSE e DFD, consideradas de baixa qualidade para o consumo humano, possuem textura e sabor comprometidos. O palestrante enumerou algumas causas da carne ser classificada como PSE e DFD, enaltecendo o transporte inadequado, o manejo com choque elétrico, a falta de descando após a viagem, um nível de som alto e um longo tempo de aplicacao do sistema elétrico, bem como o jejum prolongado. “Todos estes fatores impactam a qualidade da carne nesta etapa final e fazem muita diferença na rentabilidade econômica dos planteis”, afirma.

O médico veterinário finalizou a sua fala relacionando o bem-estar animal com o ESG, refletindo que práticas de bem-estar contribuem para o ESG, pois ambos fazem referência a aspectos relacionados à sustentabilidade e responsabilidade social em relação à produção animal. “Precisamos enxergar o bem-estar e o ESG como oportunidades de desenvolvimento que vão trazer grandes e significativas melhorias para a produção de carne suína e que primam pela preservação eficiente do meio ambiente e que podem influenciar em novas práticas de produção e de consumo”, avalia Pazinato.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

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Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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