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Bovinos / Grãos / Máquinas Alysson Paolinelli

“Tudo o que fizemos foi criado com muito entusiasmo, paz e dedicação”

Alysson Paolinelli foi antes de tudo um visionário que acreditou, e muito, na agricultura aliada à ciência e na capacidade do Brasil de produzir alimentos

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“Desde que nós observamos que o Brasil tinha ocupado todas suas áreas férteis e não tinha mais o suficiente, verificamos que tínhamos de tentar transformar alguma terra improdutiva em produtiva”. A afirmação é do ex-ministro Alysson Paolinelli. Sendo finalista do Prêmio Nobel da Paz deste ano, a personalidade realizou uma verdadeira revolução verde no Brasil na década de 1970 quando foi ministro da Agricultura. Hoje, no auge dos seus 85 anos, parar não é uma opção. Muito ativo em diversas atividades, Paolinelli tem muita história para contar e ainda para fazer.

Ele explica que o que aconteceu na época é que existia uma deficiência de capacidade produtiva no Brasil. “Nós víamos que precisávamos fazer alguma coisa. E procuramos no mundo inteiro para ver se encontrávamos alguma tecnologia tropical para aplicar aqui. Não achamos, não existia em todo o mundo uma tecnologia que resolvesse o nosso problema”, recorda. A solução, aponta, foram os próprios brasileiros, através de professores e pesquisadores, criarem esta tecnologia. “Em 1974 fui chamado para o Ministério da Agricultura, e eu já tinha uma experiência do que poderia ser feito de quando fui secretário em Minas Gerais. Assim, propus ao presidente que fizéssemos a nível nacional o esforço que estava sendo feito no Estado e que estava dando certo”, lembra.

Algo imprescindível e que fez com que tudo desse certo, aponta Paolinelli, foi o primeiro passo dado, que foi buscar a ciência. “Tinha que ser através da ciência, tínhamos que desenvolver tecnologias apropriadas e propor inovações. Essa foi a nossa tese e o presidente (Ernesto Geisel) entendeu bem. Porque não existia em todo o mundo, então, nós tínhamos que criar aqui”, conta. Segundo ele, todos os envolvidos acreditaram muito na juventude brasileira e na pesquisa. “Reforçamos a Embrapa e criamos, já no primeiro ano, mil vagas para serem ocupadas. Mas, infelizmente foram contratadas somente 52 pessoas, que eram quem tinha diploma de pós-graduação. Dessa forma, foi necessário fazermos um empréstimo de US$ 200 milhões para treinar o pessoal que iríamos usar”, diz.

Na época, foram mandadas para mais de 100 universidades internacionais 462 pessoas para que estudassem e pesquisassem. “Mandamos esse pessoal para os maiores centros internacionais de tecnologia e inovação. E isso deu certo, porque houve aqui uma integração da Embrapa, com as universidades estaduais e a iniciativa privada. Tudo isso para criar uma tecnologia para desenvolver a região tropical brasileira e mundial”, conta. Para Paolinelli, os esforços feitos na época não foram em vão, uma vez que em menos de 20 anos este grupo de pesquisadores conseguiu criar a chamada agricultura tropical sustentável e que se tornou muito competitiva.

Peolinelli lembra que estas ações foram necessárias, uma vez que o Brasil estava em uma situação grave com falta de recursos e balança comercial negativa na área dos alimentos. “Conseguimos equilibrar isso e começar a exportar muita coisa e importar somente o que era realmente necessário”, comenta. Dessa forma, após alguns anos, o ex-ministro comenta que o agricultor viu que ele realmente poderia ser competitivo, e assim passou a se desenvolver, ampliar áreas e adotar diferentes tecnologias. “Assim, eles conseguiram produzir produtos de melhor qualidade, com menor preço e de uma grande vantagem, porque tínhamos a oferta permanente. Isso deu uma nova visão da capacidade brasileira de produzir alimentos para o mundo”, afirma.

A partir disso, o Brasil se tornou, ano a ano, um grande produtor de alimentos. “Tivemos esse avanço já no ano de 2010, 2015 em que estávamos conseguindo colocar produtos em mais de 100 países e alimentando mais de 1 bilhão de pessoas. Foi realmente uma verdadeira revolução verde, como classificou o nosso grande amigo Norman Boulaug”, comenta.

A busca por ser o maior produtor de alimentos do mundo

Segundo Paolinelli, se há 50 anos, quando dissessem para ele que os resultados de todos os esforços que ele vinha fazendo no início deram mais do que certo, ele acreditaria. “Era o que tentávamos fazer. Fomos visionários”, afirma. Ele explica que o que foi feito foi buscar tudo o que tinha de melhor e somar para que cada um fizesse uma parcela, mas que fizesse bem-feita, porque o objetivo era ser um país produtor de alimentos para o seu auto abastecimento. “Nós tínhamos uma visão de um país que é um verdadeiro produtor, com um território imenso, de tamanho continental, com diversos recursos e biomas diferentes. Nós acreditávamos muito que poderíamos fazer isso”, diz.

O ex-ministro reitera que sempre foi muito confiante de que o Brasil tinha de ter uma participação no abastecimento mundial de alimentos, e as suas condições não eram conhecidas antes da agricultura tropical. “Tudo o que fizemos foi criado com muito entusiasmo, paz e dedicação pela classe científica brasileira”, afirma. Porém, houve também o outro lado, para ajudar o agricultor brasileiro a entender a nova tecnologia. “Colocamos a Embrater (Empresa Brasileira de Extensão Rural) para ter a função de dar assistência técnica e extensão rural, levando ao agricultor todo esse conhecimento para ele ter condições de absorver toda essa revolução que estava acontecendo”, conta.

Foi no meio de toda essa pesquisa e repasse de conhecimentos que surgiu o Polocentro. “No meio de tudo isso houve dois pontos importantes: de um lado a geração e do outro a transferência destas tecnologias. Colocamos tudo como sendo um projeto político, mas de política pública, que foi o Polocentro”, lembra. O projeto começou em 1975 e quando Paolinelli deixou o Ministério, quatro anos depois, o Cerrado já estava com mais de dois milhões de hectares de áreas sendo produzidas e havia a perspectiva de aumentar. “O mais interessante é que os melhores produtores, mais inteligentes, afoitos e aventureiros, que viram que o projeto estava dando certo, por conta própria passaram a desenvolver as suas áreas”, conta. Dessa forma, quando Paolinelli deixou o governo, os quatro cantos de Cerrado já estavam em evolução. “Ali a gente viu que o Brasil não tinha mais o risco de depender de outros países, mas também que íamos entrar e ganhar o mercado mundial, que foi o que aconteceu”, afirma.

O ex-ministro destaca a parceria com outros ministros. “A gente pode trabalhar em uma estratégia que foi respeitada, onde todo o governo trabalhou junto. Havia o ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso, do Interior, Maurício Rangel Reis, e da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, onde trabalhávamos juntos, discutíamos o problema juntos”, diz.

De brasileiros para brasileiros

Algo que Paolinelli reforça é que a tecnologia utilizada em solo brasileiro foi feita por brasileiros. “Nós tínhamos de fazer, não existia algo no mundo que atendesse as nossas necessidades. Toda essa tecnologia foi desenvolvida aqui, é uma tecnologia tropical que só o Brasil tem”, conta. De acordo com o ex-ministro isso é algo muito bom para o país, uma vez que hoje tem condições de atender as necessidades do mundo. “Os grandes centros que antes abasteciam o mundo não têm mais espaço e área agricultável. Eles tem tecnologia, mas não têm para onde expandir, e nós temos”, afirma.

Outra bandeira sempre muito defendida por Paolinelli é a segurança alimentar. “É muito importante pelo fato de a gente saber que quem tem insuficiência alimentar e fome há risco de desarranjos sociais, guerras, brigas, tensões, especialmente na geração de fluxos migratórios para outras regiões. Isso tudo é muito perigoso. E você tendo segurança alimentar não existe nada disso. Todos estando bem alimentados vão poder trabalhar, ter sua renda e isso é fundamental para qualquer povo”, conta.

Paolinelli ainda destaca que continua confiando muito na ciência que é feita no Brasil. “Estamos em uma fase de transição no mundo, e através dessas descobertas brasileiras vai ter uma evolução muito grande na biotecnologia”, comenta. Além disso, o ex-ministro também diz que o mercado internacional mudou, assim como a agricultura brasileira vem mudando. “Os grandes consumidores, países ricos que podem pagar bons preços nos alimentos, estão começando a ter exigências. Eles não querem alimentos tratados com produtos químicos, seja com fertilizantes ou defensivos. Então o Brasil está caminhando para isso e nós temos uma condição de país tropical e dentro de alguns anos vamos precisar muito pouco ou quase nada desses produtos que hoje ainda somos dependentes”, afirma.

Para Paolinelli, para isso acontecer é preciso ter uma grande concentração na ciência e na tecnologia. “Porque é uma ciência delicada, em que é preciso ter várias opções. Mas sei que vai dar certo. O Brasil ainda tem muito a evoluir e eu sei que vai, e espero ter condições para ver isso”, diz.

Na busca pelo Nobel

Após tantos feitos pela agricultura brasileira e segurança alimentar nacional e internacional, um grupo de amigos de Paolinelli decidiu que era preciso que ele fosse reconhecido internacionalmente (mais uma vez) pelos seus feitos. “Foi uma evolução que surgiu em função de alguns amigos que trabalhamos juntos há mais de 40 anos, são companheiros e temos uma intimidade muito grande. Eles participaram desse percurso e viram tudo o que foi feito e assim resolveram que o Brasil precisava de um Prêmio Nobel. Para esse prêmio eles me colocaram como o representante brasileiro”, informa. A candidatura de Paolinelli foi feita e aceita em janeiro. “Eles fizeram um trabalho muito bem feito e a minha candidatura foi aceita. Agora vamos lutar para isso, porque quem vai vencer não será o Paolinelli, quem vai vencer vai ser o Brasil”.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Prazo para atualização obrigatória de rebanhos começa em 1º de maio no Paraná

GTA somente será emitida após a atualização de todas as espécies animais existentes na propriedade – bovinos, búfalos, equinos, asininos, muares, suínos, ovinos, caprinos, aves, peixes e outros animais aquáticos, colmeias de abelhas e bicho da seda.

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Foto: Arnaldo Alves/AEN

A Campanha de Atualização dos Rebanhos do Paraná de 2024 começa em 1º de maio e se estenderá até 30 de junho. A atualização é obrigatória para todos os produtores rurais com animais de produção de qualquer espécie sob sua guarda. Aqueles que não cumprirem a exigência ficarão impedidos de obter a Guia de Trânsito Animal (GTA), documento que permite a movimentação de animais entre propriedades e para abate nos frigoríficos.

A GTA somente será emitida após a atualização de todas as espécies animais existentes na propriedade (bovinos, búfalos, equinos, asininos, muares, suínos, ovinos, caprinos, aves, peixes e outros animais aquáticos, colmeias de abelhas e bicho da seda).

Os produtores podem fazer a atualização pelo aplicativo Paraná Agro (baixe aqui), pelo site da Adapar ou presencialmente em uma das Unidades Locais da Adapar, Sindicatos Rurais ou Escritório de Atendimento de seu município. A partir de 30 de junho, o produtor que não atualizar o rebanho estará sujeito a penalidades previstas na legislação, inclusive multas.

O acesso ao sistema também está disponível de forma direta por meio do link www.produtor.adapar.pr.gov.br/comprovacaorebanho. Para fazer a comprovação, o produtor deve ter o CPF cadastrado. Nos casos em que seja necessário ajustar o cadastro inicial (correção de e-mail ou outra informação), o telefone para contato é (41) 3200-5007.

Segundo a Gerência de Saúde Animal, existem 155 mil propriedades no Paraná e 192 mil explorações pecuárias, sendo que as principais espécies somam, aproximadamente, 8,6 milhões de bovinos, 7 milhões de suínos, 20 mil aviários, 240 mil equídeos, além de outros animais.

Área livre

O Paraná foi reconhecido internacionalmente como Área Livre de Febre Aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 27 de maio de 2022. Como compromisso do Estado, há a necessidade de se realizar o cadastro de todos os animais uma vez por ano, durante os meses de maio e junho.

O gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, alertou que a atualização do rebanho é importante para os próprios produtores, pois possibilita uma ação rápida nos casos de suspeita inicial de doenças nos animais. “O status de Área Livre Sem Vacinação que o Estado conquistou após muito esforço exige uma vigilância permanente, e é isso que queremos ao exigir a atualização do rebanho das propriedades rurais do Estado”, afirmou.

O diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, destacou que o trabalho dos profissionais da entidade não parou após a conquista na OIE. “Agora estamos ainda mais vigilantes, cuidando com muita atenção das fronteiras e das divisas do Estado, trocando muitas informações com os Conselhos de Sanidade Agropecuária e com entidades representativas do setor, e precisamos desse auxílio dos produtores para que nos forneçam os dados e juntos consigamos manter o status do Paraná”, disse.

Fonte: AEN-PR
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2º Fórum Nacional do Leite chama atenção para diversidade da cadeia

Programa do fórum inclui palestras sobre temas importantes, como integração da produção de leite com a agricultura, comunicação eficaz, energia renovável e adoção de novas tecnologias.

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Giuliano De Luca/OP Rural

O 2º Fórum Nacional do Leite, em Brasília, se torna o ponto de encontro para uma conversa crucial sobre o futuro da indústria leiteira. Entre terça 16) e quarta-feira (17), a Embrapa abre suas portas para este evento que promete não apenas debater, mas ser um catalisador de respostas para uma transformação positiva no setor leiteiro brasileiro.

Apesar dos desafios enfrentados, o setor leiteiro continua sendo uma peça fundamental da economia, presente em mais de 90% dos municípios do Brasil e empregando milhões de pessoas. O leite, um alimento indispensável desde o nascimento, representa mais do que apenas um produto, é um símbolo da história e cultura alimentar.

A Abraleite, liderando o evento, espera reunir uma variedade de vozes, desde autoridades públicas até produtores locais, para discutir questões como sustentabilidade, gestão, mercado, pesquisa, inovação e comunicação. Maria Antonieta Guazzelli, diretora de Comunicação e Marketing da Abraleite, destaca o engajamento do setor, mesmo em tempos desafiadores.

Porém, a realidade dentro do setor é diversa e complexa. A heterogeneidade reina, desde o volume de produção até o acesso a tecnologias e assistência técnica. Como Maria Antonieta observa, os produtores são verdadeiros heróis, enfrentando uma batalha diária para manter suas operações funcionando.

O programa do fórum inclui palestras sobre temas importantes, como integração da produção de leite com a agricultura, comunicação eficaz, energia renovável e adoção de novas tecnologias. Mas, além das discussões, o verdadeiro objetivo do evento é destacar a necessidade premente de uma cadeia produtiva mais estruturada e uniforme. “A mensagem principal do evento é a necessidade urgente de uma cadeia mais estruturada, com homogeneidade na qualidade, custo e estabilidade da produção de leite. Somente dessa maneira estaremos fortalecidos para elevar o produto a patamares semelhantes ao de commodities como soja e café”, destaca.

Fonte: O Presente Rural
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Declaração de Rebanho 2024 começa nesta segunda-feira no Rio Grande do Sul; saiba como fazer

Desde o ano passado, a declaração pode ser feita diretamente pela internet, em módulo específico dentro do Produtor Online. Prazo encerra em 14 de junho.

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Foto: Alf Ribeiro

A Declaração de Rebanho é uma obrigação sanitária de todos os produtores rurais gaúchos detentores de animais. “Além do atendimento à legislação vigente, os dados nos dão embasamento para que tenhamos uma radiografia da distribuição das populações animais, das faixas etárias. Com isso, podemos ser mais assertivos em nossas políticas públicas de saúde animal”, detalha a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDA/Seapi) do Rio Grande do Sul, Rosane Collares.

Desde o ano passado, a declaração pode ser feita diretamente pela internet, em módulo específico dentro do Produtor Online. Um tutorial ensinando a realizar o preenchimento pode ser consultado aqui. Caso prefira, o produtor também pode fazer o preenchimento nos formulários em PDF ou presencialmente nas Inspetorias ou Escritórios de Defesa Agropecuária, com auxílio dos servidores da Seapi e assinando digitalmente com sua senha do Produtor Online.

A Declaração Anual de Rebanho conta com um formulário de identificação do produtor e características gerais da propriedade. Formulários específicos devem ser preenchidos para cada tipo de espécie animal que seja criada no estabelecimento, como equinos, suínos, bovinos, aves, peixes, abelhas, entre outros.

No formulário de caracterização da propriedade, há campos como situação fundiária, atividade principal desenvolvida na propriedade e somatória das áreas totais, em hectares, com explorações pecuárias. Já os formulários específicos sobre os animais têm questões sobre finalidade da criação, tipo de exploração, classificação da propriedade, tipo de manejo, entre outros.

Em 2023, a declaração teve adesão de 84,19%, índice que se manteve condizente com a média de declarações de rebanho entregues nos anos anteriores. O prazo  encerra em 14 de junho.

Fonte: Assessoria Seapi
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