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Bovinos / Grãos / Máquinas Alysson Paolinelli

“Tudo o que fizemos foi criado com muito entusiasmo, paz e dedicação”

Alysson Paolinelli foi antes de tudo um visionário que acreditou, e muito, na agricultura aliada à ciência e na capacidade do Brasil de produzir alimentos

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“Desde que nós observamos que o Brasil tinha ocupado todas suas áreas férteis e não tinha mais o suficiente, verificamos que tínhamos de tentar transformar alguma terra improdutiva em produtiva”. A afirmação é do ex-ministro Alysson Paolinelli. Sendo finalista do Prêmio Nobel da Paz deste ano, a personalidade realizou uma verdadeira revolução verde no Brasil na década de 1970 quando foi ministro da Agricultura. Hoje, no auge dos seus 85 anos, parar não é uma opção. Muito ativo em diversas atividades, Paolinelli tem muita história para contar e ainda para fazer.

Ele explica que o que aconteceu na época é que existia uma deficiência de capacidade produtiva no Brasil. “Nós víamos que precisávamos fazer alguma coisa. E procuramos no mundo inteiro para ver se encontrávamos alguma tecnologia tropical para aplicar aqui. Não achamos, não existia em todo o mundo uma tecnologia que resolvesse o nosso problema”, recorda. A solução, aponta, foram os próprios brasileiros, através de professores e pesquisadores, criarem esta tecnologia. “Em 1974 fui chamado para o Ministério da Agricultura, e eu já tinha uma experiência do que poderia ser feito de quando fui secretário em Minas Gerais. Assim, propus ao presidente que fizéssemos a nível nacional o esforço que estava sendo feito no Estado e que estava dando certo”, lembra.

Algo imprescindível e que fez com que tudo desse certo, aponta Paolinelli, foi o primeiro passo dado, que foi buscar a ciência. “Tinha que ser através da ciência, tínhamos que desenvolver tecnologias apropriadas e propor inovações. Essa foi a nossa tese e o presidente (Ernesto Geisel) entendeu bem. Porque não existia em todo o mundo, então, nós tínhamos que criar aqui”, conta. Segundo ele, todos os envolvidos acreditaram muito na juventude brasileira e na pesquisa. “Reforçamos a Embrapa e criamos, já no primeiro ano, mil vagas para serem ocupadas. Mas, infelizmente foram contratadas somente 52 pessoas, que eram quem tinha diploma de pós-graduação. Dessa forma, foi necessário fazermos um empréstimo de US$ 200 milhões para treinar o pessoal que iríamos usar”, diz.

Na época, foram mandadas para mais de 100 universidades internacionais 462 pessoas para que estudassem e pesquisassem. “Mandamos esse pessoal para os maiores centros internacionais de tecnologia e inovação. E isso deu certo, porque houve aqui uma integração da Embrapa, com as universidades estaduais e a iniciativa privada. Tudo isso para criar uma tecnologia para desenvolver a região tropical brasileira e mundial”, conta. Para Paolinelli, os esforços feitos na época não foram em vão, uma vez que em menos de 20 anos este grupo de pesquisadores conseguiu criar a chamada agricultura tropical sustentável e que se tornou muito competitiva.

Peolinelli lembra que estas ações foram necessárias, uma vez que o Brasil estava em uma situação grave com falta de recursos e balança comercial negativa na área dos alimentos. “Conseguimos equilibrar isso e começar a exportar muita coisa e importar somente o que era realmente necessário”, comenta. Dessa forma, após alguns anos, o ex-ministro comenta que o agricultor viu que ele realmente poderia ser competitivo, e assim passou a se desenvolver, ampliar áreas e adotar diferentes tecnologias. “Assim, eles conseguiram produzir produtos de melhor qualidade, com menor preço e de uma grande vantagem, porque tínhamos a oferta permanente. Isso deu uma nova visão da capacidade brasileira de produzir alimentos para o mundo”, afirma.

A partir disso, o Brasil se tornou, ano a ano, um grande produtor de alimentos. “Tivemos esse avanço já no ano de 2010, 2015 em que estávamos conseguindo colocar produtos em mais de 100 países e alimentando mais de 1 bilhão de pessoas. Foi realmente uma verdadeira revolução verde, como classificou o nosso grande amigo Norman Boulaug”, comenta.

A busca por ser o maior produtor de alimentos do mundo

Segundo Paolinelli, se há 50 anos, quando dissessem para ele que os resultados de todos os esforços que ele vinha fazendo no início deram mais do que certo, ele acreditaria. “Era o que tentávamos fazer. Fomos visionários”, afirma. Ele explica que o que foi feito foi buscar tudo o que tinha de melhor e somar para que cada um fizesse uma parcela, mas que fizesse bem-feita, porque o objetivo era ser um país produtor de alimentos para o seu auto abastecimento. “Nós tínhamos uma visão de um país que é um verdadeiro produtor, com um território imenso, de tamanho continental, com diversos recursos e biomas diferentes. Nós acreditávamos muito que poderíamos fazer isso”, diz.

O ex-ministro reitera que sempre foi muito confiante de que o Brasil tinha de ter uma participação no abastecimento mundial de alimentos, e as suas condições não eram conhecidas antes da agricultura tropical. “Tudo o que fizemos foi criado com muito entusiasmo, paz e dedicação pela classe científica brasileira”, afirma. Porém, houve também o outro lado, para ajudar o agricultor brasileiro a entender a nova tecnologia. “Colocamos a Embrater (Empresa Brasileira de Extensão Rural) para ter a função de dar assistência técnica e extensão rural, levando ao agricultor todo esse conhecimento para ele ter condições de absorver toda essa revolução que estava acontecendo”, conta.

Foi no meio de toda essa pesquisa e repasse de conhecimentos que surgiu o Polocentro. “No meio de tudo isso houve dois pontos importantes: de um lado a geração e do outro a transferência destas tecnologias. Colocamos tudo como sendo um projeto político, mas de política pública, que foi o Polocentro”, lembra. O projeto começou em 1975 e quando Paolinelli deixou o Ministério, quatro anos depois, o Cerrado já estava com mais de dois milhões de hectares de áreas sendo produzidas e havia a perspectiva de aumentar. “O mais interessante é que os melhores produtores, mais inteligentes, afoitos e aventureiros, que viram que o projeto estava dando certo, por conta própria passaram a desenvolver as suas áreas”, conta. Dessa forma, quando Paolinelli deixou o governo, os quatro cantos de Cerrado já estavam em evolução. “Ali a gente viu que o Brasil não tinha mais o risco de depender de outros países, mas também que íamos entrar e ganhar o mercado mundial, que foi o que aconteceu”, afirma.

O ex-ministro destaca a parceria com outros ministros. “A gente pode trabalhar em uma estratégia que foi respeitada, onde todo o governo trabalhou junto. Havia o ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso, do Interior, Maurício Rangel Reis, e da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, onde trabalhávamos juntos, discutíamos o problema juntos”, diz.

De brasileiros para brasileiros

Algo que Paolinelli reforça é que a tecnologia utilizada em solo brasileiro foi feita por brasileiros. “Nós tínhamos de fazer, não existia algo no mundo que atendesse as nossas necessidades. Toda essa tecnologia foi desenvolvida aqui, é uma tecnologia tropical que só o Brasil tem”, conta. De acordo com o ex-ministro isso é algo muito bom para o país, uma vez que hoje tem condições de atender as necessidades do mundo. “Os grandes centros que antes abasteciam o mundo não têm mais espaço e área agricultável. Eles tem tecnologia, mas não têm para onde expandir, e nós temos”, afirma.

Outra bandeira sempre muito defendida por Paolinelli é a segurança alimentar. “É muito importante pelo fato de a gente saber que quem tem insuficiência alimentar e fome há risco de desarranjos sociais, guerras, brigas, tensões, especialmente na geração de fluxos migratórios para outras regiões. Isso tudo é muito perigoso. E você tendo segurança alimentar não existe nada disso. Todos estando bem alimentados vão poder trabalhar, ter sua renda e isso é fundamental para qualquer povo”, conta.

Paolinelli ainda destaca que continua confiando muito na ciência que é feita no Brasil. “Estamos em uma fase de transição no mundo, e através dessas descobertas brasileiras vai ter uma evolução muito grande na biotecnologia”, comenta. Além disso, o ex-ministro também diz que o mercado internacional mudou, assim como a agricultura brasileira vem mudando. “Os grandes consumidores, países ricos que podem pagar bons preços nos alimentos, estão começando a ter exigências. Eles não querem alimentos tratados com produtos químicos, seja com fertilizantes ou defensivos. Então o Brasil está caminhando para isso e nós temos uma condição de país tropical e dentro de alguns anos vamos precisar muito pouco ou quase nada desses produtos que hoje ainda somos dependentes”, afirma.

Para Paolinelli, para isso acontecer é preciso ter uma grande concentração na ciência e na tecnologia. “Porque é uma ciência delicada, em que é preciso ter várias opções. Mas sei que vai dar certo. O Brasil ainda tem muito a evoluir e eu sei que vai, e espero ter condições para ver isso”, diz.

Na busca pelo Nobel

Após tantos feitos pela agricultura brasileira e segurança alimentar nacional e internacional, um grupo de amigos de Paolinelli decidiu que era preciso que ele fosse reconhecido internacionalmente (mais uma vez) pelos seus feitos. “Foi uma evolução que surgiu em função de alguns amigos que trabalhamos juntos há mais de 40 anos, são companheiros e temos uma intimidade muito grande. Eles participaram desse percurso e viram tudo o que foi feito e assim resolveram que o Brasil precisava de um Prêmio Nobel. Para esse prêmio eles me colocaram como o representante brasileiro”, informa. A candidatura de Paolinelli foi feita e aceita em janeiro. “Eles fizeram um trabalho muito bem feito e a minha candidatura foi aceita. Agora vamos lutar para isso, porque quem vai vencer não será o Paolinelli, quem vai vencer vai ser o Brasil”.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Brasil lança certificação Carne Baixo Carbono na COP30

Nova certificação reconhece produtores que adotam práticas de baixa emissão, integra ciência e campo e posiciona o país como líder global em pecuária sustentável.

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Foto: Rodrigo Alva

Reconhecer e valorizar os produtores rurais que adotam boas práticas agropecuárias voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa, conciliando produtividade e conservação ambiental: esse é o propósito do Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC). A  certificação, lançada no dia 16 de novembro durante a COP 30, é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa ) em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Entre seus pontos principais, o protocolo estabelece critérios técnicos e indicadores que permitem monitorar e certificar propriedades rurais que aplicam sistemas de intensificação sustentável — integração lavoura-pecuária (ILP), pastagens de alto desempenho produtivo, recuperação de pastagens e manejo eficiente do solo e da água.

Foto: Gilson Abreu

Essas técnicas promovem maior captura de carbono no solo e na vegetação, reduzindo o impacto climático da atividade pecuária e tornando o uso da terra mais eficiente, com menor pressão sobre novas áreas com vegetação nativa.

Na prática,  o CBC vai garantir ao consumidor que a carne foi produzida segundo rigorosos critérios ambientais e processos auditáveis, representando uma nova referência de sustentabilidade para a cadeia da carne bovina brasileira. “Apoiamos iniciativas como esta que aceleram a adoção de tecnologias de baixo carbono previstas no Plano ABC+, política do governo brasileiro para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O protocolo CBC é um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Ela destaca que os benefícios aos produtores vão além do reconhecimento ambiental e incluem “pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda — com solos mais férteis e menos vulneráveis às mudanças climáticas.”

“Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor. Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável e na implementação das tecnologias do Plano ABC+”, afirma a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.

Para a presidente da estatal, o Protocolo Carne Baixo Carbono traduz, em critérios técnicos e mensuráveis, o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa e a valorização dos produtores que adotam boas práticas agropecuárias, como a recuperação de pastagens, a integração lavoura-pecuária e o manejo eficiente do solo e da água.

Foto: José Fernando Ogura

O selo de certificação será utilizado pela MBRF, uma das maiores companhias globais de alimentos, com portfólio multiproteínas que inclui carne bovina. A empresa é responsável pelo Programa Verde+, lançado em 2020, estruturado sobre os pilares de produção, conservação e inclusão. “Promovemos ações contínuas para uma pecuária de baixo carbono, 100% monitorada, livre de desmatamento e inclusiva. A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões, impulsionar a sustentabilidade e mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global’, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da MBRF.”

Massruhá ratifica que “a parceria entre a Embrapa e a MBRF para o desenvolvimento da Carne Baixo Carbono representa um marco na consolidação de uma pecuária mais sustentável e alinhada aos desafios climáticos globais. Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”

A expectativa dos parceiros é que, com o avanço da adoção do protocolo e a crescente adesão de produtores, o Selo Carne Baixo Carbono se consolide como um marco na transição para uma pecuária de baixo impacto climático, contribuindo diretamente para as metas de descarbonização do Brasil no contexto do Acordo de Paris.

Fonte: Assessoria Embrapa Gado de Corte
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