Suínos
Transportador de suínos toca na ferida e mostra que há muito a melhorar
O transporte de suínos vivos para abate enfrenta uma miríade de desafios que vão desde a infraestrutura das estradas até as condições das propriedades rurais, impactando não apenas os transportadores, mas toda a cadeia de produção e os consumidores finais.

A cadeia de produção de alimentos é uma engrenagem complexa, onde cada etapa desempenha um papel crucial desde a fazenda até a mesa do consumidor. Dentro dessa cadeia está o transporte de animais vivos, uma operação logística que muitas vezes passa despercebida, mas que desempenha um papel essencial na garantia do abastecimento de carne suína, um dos pilares da indústria alimentícia.
O transporte de suínos vivos para abate enfrenta uma miríade de desafios que vão desde a infraestrutura das estradas até as condições das propriedades rurais, impactando não apenas os transportadores, mas toda a cadeia de produção e os consumidores finais. Estradas inadequadas e propriedades mal preparadas podem resultar em dificuldades operacionais e atrasos no transporte, o que por sua vez afeta o fluxo de produção nas indústrias de processamento de carne suína.

Transportando 25 mil animais por dia, Celso Rosa Junior expôs dificuldades que encontra no cotidiano durante sua palestra no Encontro Regional Abraves-PR – Foto: Francieli Baumgarten/OP Rural
Transportando 25 mil animais por dia, Celso Rosa Junior expôs dificuldades que encontra no cotidiano durante sua palestra no Encontro Regional Abraves-PR, realizado no mês de março, em Toledo (PR). “Este é um tema que muitos sabem, mas poucos colocam o dedo na ferida”, cravou o profissional, da CRJ Transportes e Logística. Com mais de três décadas de experiência na área, ele falou das dificuldades, mas também de oportunidades que observa durante o carregamento e o transporte dos suínos para o abate.
Com a transportadora onde atua completando 39 anos de operações em 2024, Rosa revela que a empresa transporta diariamente uma impressionante quantidade de suínos vivos. “Transportamos hoje 11 mil suínos vivos por dia que são levados ao abate. Além de 14 mil transferências entre as granjas, mais transporte de material genético e matrizes de reprodução. Recebemos animais que vêm de fora do país, como França e Estados Unidos”, conta.
Problemas
Um dos principais entraves destacados pelo palestrante é a infraestrutura das estradas, que muitas vezes se mostra inadequada para suportar o tráfego de caminhões carregados com animais vivos. Ele compartilhou experiências em que as más condições das estradas, especialmente em dias chuvosos, resultam em dificuldades operacionais e atrasos. “Tivemos situações de caminhão que não conseguiu chegar até a propriedade por condições da estrada, principalmente em dias de chuva, sendo necessário, algumas vezes, auxílio da prefeitura com patrolas para retirar o caminhão do atolador”, destacou. “Até mesmo galhos nas estradas podem ser um empecilho para a chegada na propriedade”, ampliou.
Mas não é somente as entradas até chegar nas propriedades, mas também problemas na infraestrutura de acesso e em outras áreas da fazenda. “Além das estradas ruins, entramos na questão dentro do pátio da propriedade. Já houve situação em que foi preciso auxílio de trator para puxar um caminhão já carregado, logicamente em dia de chuva”. O transportador aponta que muitas propriedades foram preparadas para receber modelos antigos de caminhões, que eram menores, e que os novos veículos, muitas vezes, encontram dificuldades até mesmo para manobrar. “Evoluímos no tamanho dos caminhões e não evoluímos em pátios”, destaca.
Ele destaca que o carregamento à noite tem ainda outro problema, que é a falta de iluminação nas áreas das granjas. “Relacionado aos animais que vão para o abate, ficam muito dependentes apenas da iluminação que tem no caminhão. Pode ser perigoso. Também pode acontecer de no dia do carregamento as luzes do caminhão não estarem funcionando adequadamente e assim gerar um atraso no carregamento”, explica.

Foto: Divulgação
Outro ponto crítico que ele abordou é a condição dos carregadores de suínos que, por falta de cuidados, podem apresentar danos. “O carregador que passa dias exposto no sol e na chuva tem grandes chances de, no dia do carregamento, apresentar estragos. Os caminhões ficam parados esperando, tendo que avisar a indústria que irá atrasar. Situação que atrapalha todo o fluxo de recebimento de animais na indústria”, frisa.
A ordem de entrada dos animais no caminhão também é um ponto que em sua opinião também pode ser melhorado. “É preciso tentar deixar os animais que irão subir para o segundo e terceiro pisos do caminhão mais próximos à porta, isso ajuda bastante. Claro, é preciso analisar se é macho ou fêmea e não será possível todas as vezes, mas quando possível, entendo como uma oportunidade”.
Melhorias
Entretanto, Rosa não se limita a expor os problemas, mas também destaca as oportunidades de melhoria. Ele enfatiza a importância da colaboração entre o setor privado e o público e que as agroindústrias devem pressionar as prefeituras para garantir acessos mais adequados às propriedades rurais. “Quando falamos em estradas de acesso para propriedades, precisamos envolver o governo público, usar a força da agroindústria, fazer com que o produtor tenha acesso ao vereador da comunidade dele, ser amigo do chefe do pátio de máquinas, não ficar só esperando a prefeitura arrumar as estradas para então contar com melhorias. As agroindústrias e cooperativas, na minha visão, podem enviar ofícios pedindo ajuda para as prefeituras”, sugere.
Além disso, o transportador levantou questões sobre a tecnologia e inovação no setor, sugerindo a utilização de recursos como contadores de suínos por inteligência artificial. Seria uma boa alternativa para quem transporta 11 mil animais por dia para o abate. “Acredito que todos já tiveram problemas em relação a contagem dos animais e, por isso, temos que usar a tecnologia a nosso favor. Já existe contador de suínos por inteligência artificial. O contador deve estar em ponto fixo na propriedade, o que facilita muito esse processo”, detalha.
Futuro
O profissional provoca ainda reflexões sobre o futuro do transporte de suínos e levanta questões sobre possíveis inovações, como o uso de drones ou veículos autônomos. “Já podemos ver prédios de suínos na China, entrega de sêmen com drones, será possível, um dia, transportar suínos de drone? Ou com caminhões sem motoristas?”, questiona. “Devemos estar preparados para os próximos 40, 50 anos, antecipando e adaptando-nos às mudanças tecnológicas e às demandas do mercado”, concluiu Rosa ao deixar claro que, para o setor de transporte de suínos, a evolução é tão crucial quanto a tradição.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



