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Notícias Em solos agrícolas degradados

Transplante biológico entre plantas melhora produtividade de lavouras em até 30%

Técnica inovadora usa comunidade microbiana para aumentar rendimento de culturas como soja, batata e milho. A proposta é deixar que a evolução natural dos processos entre microrganismos e plantas cultivadas aconteça de forma espontânea, em um ambiente controlado, mas sem interferências químicas, visando enriquecer lavouras depauperadas e cansadas com material biológico de áreas de alta produtividade.

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Levar microrganismos de áreas biologicamente saudáveis para solos colapsados é capaz de melhrorar desempenho. - Foto: Ronaldo Rufino

Um estudo conduzido pela Embrapa, em parceria com a empresa Revbio, de Paulínia (SP), demonstrou ser possível alterar a microbiologia da rizosfera e da parte aérea de plantas cultivadas em solos agrícolas degradados, transferindo microrganismos das plantas de uma área biologicamente mais equilibrada para outras áreas colapsadas.

A técnica visa oportunizar plantas cultivadas em áreas em desequilíbrio biótico utilizando a comunidade microbiana presente em áreas de alta expressão produtiva, sem problemas fitossanitários, utilizando conceitos da conhecida engenharia do microbioma das plantas.

A tecnologia também propõe nova abordagem para o uso de comunidades de microrganismos benéficos associadas às raízes, tornando os sistemas de produção mais responsivos e equilibrados.

O pesquisador Andre May, da Embrapa Meio Ambiente, que coordenou a pesquisa, explica que a técnica conhecida como transplante biológico, difundida em outros segmentos da ciência, foi desenvolvida utilizando sistemas em equilíbrio biótico, presentesem áreas cultivadas de excelência, no qual os genomas vegetal e microbiano interagem em perfeição, conforme o mando ambiental. “O que fizemos foi trazer esse realidade para condições controladas de produção agrícola, manipulando o o ambiente, visando máxima interação entre os genomas, para que pudéssemos extrair desse processo complexo uma linha de produtos conceitualmente simples, já presentes na natureza em seu processo de evolução constante”, conta.

O conceito foi testado em uma ampla variedade de culturas de interesse comercial e respondeu com aumentos de produtividade em condições reais de cultivo entre 10% e 30%, inclusive com melhoria no desempenho da resistência a doenças e pragas de algumas lavouras, com redução de uso de defensivos agrícolas em algumas situações. “A planta tratada apresenta outro comportamento metabólico, o vigor é elevado, as folhas ficam mais verdes, a área foliar é aumentada, refletindo em produtividade”, explica o pesquisador da Embrapa.

Microbioma
Termo usado para designar um grupo de microrganismos – fungos, protozoários e bactérias – que convivem e interagem com os organismos de plantas e animais.

Pesquisas estimam em mais de 100 trilhões de micróbios ‘habitando’ no corpo humano. Eles contribuem ativamente com a nossa função reprodutiva, auxiliam na regulação imunológica e até no processo da obtenção de nutrientes, no caso do microbioma do trato gastrointestinal.

Da mesma forma, essa interação também ocorre nas raízes das plantas, onde as plantas recrutam as bactérias e fungos, importantes para seu desenvolvimento, conforme as necessidades ambientais determinam,em um variado arcabouço de opções.

Os micróbios estão em todo lugar e desempenham um importante papel ecossistêmico. Na agricultura os microrganismos podem promover o crescimento das plantas, produzindo fitormônios, auxiliando nas trocas de nutrientes pelas raízes ou melhorando o equilíbrio biótico do sistema agrícola, podendo alterar o comportamento das doenças e pragas.

Como foi a pesquisa
Os pesquisadores selecionaram lavouras de alta produtividade, sem problemas fitossanitários, para serem doadoras de solo com carga microbiana positiva. Esse solo especial foi adicionado a substratos organicamente preparados e acondicionados a “bags” para cultivo das plantas sadias, que se desenvolveram até um ponto ideal de recrutamento microbiano: fonte da comunidade microbiana, extraída e estabilizada por um processo industrial.

Os cientistas então testaram diversas fontes de comunidades microbianas totais presentes nas plantas cultivadas, contendo microrganismos endofíticos – aqueles presentes no interior das plantas, e rizosféricos – que vivem em parceria com as raízes – com frequência e diversidade diferentes.

Foto: Arquivo/OP Rural

Foram realizados muitos testes na cultura da soja, em condições pré-comerciais, sendo um dos testes realizados em São Gabriel do Oeste (MS), com e sem o uso de defensivos, conforme os tratamentos estudados. Os testes apontaram um incremento de 11% na produtividade da oleaginosa, quando comparado à testemunha não tratada, inclusive com incremento na concentração de potássio do tecido vegetal das plantas tratadas. Isso é importante uma vez que o mineral está ligado à algumas funções cruciais a produtividade das plantas.

A metodologia também foi testada em outras culturas, como o trigo, no estado de São Paulo, cultura em que se verificou expressivo aumento na produtividade da área tratada, de 18% em relação à testemunha; no milho a produtividade foi 25% maior; na cultura do feijão o acréscimo foi de 12,95% na produção, quando comparada a planta não tratada. Já os testes na cultura de cenoura, realizados em Andradas (MG), a produtividade foi 30,3% maior.

Experimentos com batatas
os produtos contendo a comunidade microbiana total de plantas cultivadas foi amplamente testado na cultura da batata, com as cultivares Ágata e Atlantic, inoculadas com os bioprodutos.

As duas variedades apresentaram respostas distintas quanto à incidência e efetividade da doença. A requeima, considerada a principal doença da batata no mundo, foi o distúrbio que mais afetou as duas variedades, sendo que a cultivar Atlantic apresentou redução incidência da importante doença, quando as plantas foram tratadas com a tecnologia.

A variedade Atlantic apresentou também um aumento nos calibres comerciais mais valorizados dos tubérculos, além de aumento no rendimento, com a utilização do produto. Já a cultivar Ágata apresentou acentuada redução dos defeitos nos tubérculos produzidos.

A produtividade da lavoura de batata foi de 9,4% maior em comparação à testemunha não tratada, em testes realizados no estado do Paraná, em condição climática extrema, com períodos de chuvas recorrentes.

Como funciona
O perfil bacteriano de plantas inoculadas com o ‘pool’ de microrganismos foi enriquecido com grupos bacterianos promotores do crescimento de plantas. Esses grupos são ligados a funções específicas de proteção e nutrição, por exemplo.

O cientista explica que, por um processo inovador, os microrganismos são extraídos das plantas doadoras, que os recrutam de substratos especialmente preparados. Os microrganismos são então estabilizados em um pó solúvel em água que pode ser aplicado por duas vias: tratamento de sementes ou pulverização foliar, conforme a cultura.

Por se tratar de um produto capaz de carregar a comunidade microbiana com afinidade à célula viva original da planta cultivada, há uma alteração do microbioma da planta tratada, gerando um enriquecimento de grupos funcionais importantes. “Tratamos soja com os microrganismos da soja e cenoura com os microrganismos da cenoura, e assim por diante”, explica May.

O pesquisador ressalta haver uma linha de produção específica para cada cultura de interesse. Assim, os produtos são gerados para cada cultura e fase de interesse, pois variam, conforme a fenologia da lavoura. “Os produtos advêm da parte aérea e das raízes das plantas, com funções e formas de aplicação diferentes”, declara.

Mercado
A tecnologia está licenciada para a RevBio, que desenvolve o processo de produção e se prepara para novas parcerias, visando tornar o produto comercializável, formulados para tratamento de sementes ou pulverização foliar, com doses alteradas para cada via de aplicação.

Pedro Carvalho, da Revbio, conta que a inovação dessa tecnologia está no fato de ela usar a inteligência da planta para a determinação do que é melhor em termos microbiológicos e químicos orgânicos para a sua própria espécie.

Carvalho explica que todos os processos de extração desses microrganismos e químicos orgânicos das plantas doadoras, cultivadas em ambiente positivo foram desenvolvidos do zero. Ele explica que como a planta é o biorreator natural no sistema, cada parte dos processos, desde a instalação do jardim clonal, até a estabilização e obtenção do produto exige um alto nível de inovação e controle. “O resultado tem se mostrado consistente e promissor. Nosso produto age como se fosse um colostro materno, rico em praticamente tudo do que a planta necessita para desenvolver seu sistema imunológico, gerando uma planta adulta mais saudável e produtiva”, destaca.

“A única diferença desse processo criado para os existentes no mercado é que tratamos a vida com a própria vida, ou seja, utilizamos a força da natureza em benefício da agricultura,” diz André May.

A proposta, segundo ele, é deixar que a evolução natural dos processos entre microrganismos e plantas cultivadas aconteça de forma espontânea, em um ambiente controlado, mas sem interferências químicas, visando enriquecer lavouras depauperadas e cansadas com material biológico de áreas de alta produtividade. A técnica permite que áreas cultivadas cansadas pelo manejo intensivo se beneficiem com o melhor potencial de lavouras de alto desempenho.

Dados da pesquisa
A tecnologia conta com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo programa PIPE.

Parte dos resultados da pesquisa foi publicada no artigo The use of indigenous bacterial community as inoculant for plant growth promotion in soybean cultivation, Archives of Agronômico and Soil Science , com participação da equipe de pesquisa composta por Andre May, Luciana Fontes Coelho, Alexandre Pedrinho, Bruna Durante Batista, Lucas William Mendes, Rodrigo Mendes, Marcelo Augusto Boechat Morandi, Gabriel Barth, Ronaldo Silva Viana e Elke Simoni Dias Vilela.

Fonte: Assessoria Meio Ambiente

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Conab orienta como ter acesso ao milho do ProVB no Rio Grande do Sul

Programa destina-se a avicultores, suinocultores, bovinocultores, caprinocultores, ovinocultores, bubalinocultores, coturnicultores e aquicultores detentores da DAP/Pronaf ou CAF/Pronaf.

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Foto: Guilherme Viana

O estoque de milho em grãos para ser comercializado por meio do Programa de Venda em Balcão (ProVB) no estado do Rio Grande do Sul está disponível nos municípios de Cruzeiro do Sul, Erechim e Santa Rosa. Ainda esta semana deverá ser lançado aviso para contratação de frete para remoção do cereal, incluindo os municípios de Marau e Camargo.

O ProVB é executado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O programa destina-se a avicultores, suinocultores, bovinocultores, caprinocultores, ovinocultores, bubalinocultores, coturnicultores e aquicultores detentores da DAP/Pronaf ou CAF/Pronaf.

Ainda que não tenham esses documentos, também podem participar os criadores que explorem imóvel rural com área equivalente a até 10 módulos fiscais ou enquadre-se em critérios objetivos estabelecidos para a definição da renda bruta anual vigente no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Não é permitida a participação de pessoa jurídica no ProVB.

Desta forma, os criadores que atendem os requisitos e têm interesse em acessar o milho vendido no ProVB devem se cadastrar no Sistema de Cadastro Nacional de Produtores Rurais e Demais Agentes (SICAN). O registro no sistema deverá ser preenchido via internet, onde também constam orientações para preenchimento.

Clique aqui para acessar o SICAN. Para ter mais informações entre em contato com a Superintendência Regional do Rio Grande do Sul através do telefone (51) 3314.4101, WhatsApp  (51) 3314 4161 ou via e-mail rs.sureg@conab.gov.br.

 

Fonte: Assessoria Conab
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Dificuldade no transporte do suíno vivo para abate reduz ritmo de negócios no Rio Grande do Sul 

Em 2023, o Rio Grande do Sul foi o terceiro estado com o maior abate de suínos, equivalente a 19,87%, em termos percentuais, sendo 9,2 milhões de cabeças abatidas naquele período.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Levantamento feito pelo Cepea mostra que as enchentes no Rio Grande do Sul vêm dificultando os transportes de suíno vivo para abate, de carnes aos mercados atacadistas e também de insumos utilizados pela atividade.

Como resultado da queda de pontes e destruição de estradas que interligam importantes regiões produtoras, o ritmo de negócios dentro e fora do estado está bastante lento.

Alguns municípios não abrangidos pela pesquisa do Cepea foram atingidos com maior intensidade, com relatos de perda de animais e estragos mais graves.

Em 2023, o Rio Grande do Sul foi o terceiro estado com o maior abate de suínos, equivalente a 19,87%, em termos percentuais, sendo 9,2 milhões de cabeças abatidas naquele período.

Além disso, o estado gaúcho representou 23,1% do total exportado de carne suína no ano passado.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Ministro da Agricultura aponta medidas para apoiar agronegócio no Rio Grande do Sul

Entre as iniciativas estão a proposta para a suspensão dos pagamentos das dívidas dos produtores rurais gaúchos por 90 dias e a importação de arroz para manter estabilidade no preço.

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Foto: Henrique Raynal/CC

Após a 5ª reunião ministerial na Sala de Situação do Rio Grande do Sul, no Palácio do Planalto, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou as primeiras iniciativas para apoiar o agro brasileiro, diante das adversidades climáticas vivida pela região Sul do país.  

De acordo com Fávaro, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) enviou uma proposta para o Conselho Monetário Nacional (CMN) para a suspensão dos pagamentos das dívidas dos produtores rurais do Rio Grande do Sul por 90 dias, com a possibilidade de prorrogação. O pleito foi encaminhado à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o conselho deverá analisar em reunião extraordinária. “Foi pedido ao Conselho Monetário Nacional a prorrogação imediata, por 90 dias, de todos os débitos do setor, quer seja custeios ou investimentos, visto que o setor já vinha com problemas de secas nos últimos três anos. Já tinham medidas sendo tomadas, mas agora se agravou com as chuvas”, explicou o ministro. “Depois começa, então, as medidas de reconstrução, investimentos e custeios do setor dos municípios afetados”, completou. 

Ainda, durante sua fala, o ministro Fávaro informou que o Governo Federal está preparando uma Medida Provisória (MP) que visa liberar a importação de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O objetivo é evitar especulação financeira e estabilizar o preço do produto nos mercados de todo o país. 

A decisão foi tomada diante do alto volume de chuvas na região Sul, afetando a produção gaúcha, responsável por cerca de 70% do arroz produzido no Brasil. Fávaro reforçou que a medida não irá concorrer com os agricultores brasileiros, pois o produto comprado no comércio externo deve ser repassado apenas para pequenos mercados. “Já está sendo preparada uma Medida Provisória autorizando a Conab a fazer compra na ordem de 1 milhão de toneladas. Já deixei isso muito claro com os produtores hoje, com os sindicatos, com a Federação da Agricultura: não é concorrer. Neste momento, é para evitar especulação com o arroz, até porque os produtores já têm para suprir a demanda nacional, porém, tem dificuldade logística. Com a dificuldade logística para abastecer, vem a especulação.”, reforçou. 

Mais cedo, em entrevista, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a proposta. “Se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, declarou. 

Também foi defendida pelo ministro do Mapa a criação de um fundo de aval, viabilizando a tomada de crédito por parte dos produtores impactados. “Nesta hora, na minha avaliação, é necessário que as linhas de créditos venham atreladas a um fundo garantidor para que o produtor possa ter o acesso efetivo na ponta e que a reconstrução aconteça”, disse. Como exemplo, Fávaro destacou o que foi feito na pandemia com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). “Eu sugiro que seja um fundo garantidor feito pelo governo aos moldes do que já aconteceu na pandemia, que foi o Pronampe”, ressaltou.

O ministro também mencionou que a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) darão prioridade ao empenho de emendas parlamentares direcionadas à aquisição de máquinas, como retroescavadeiras e niveladoras. O objetivo principal é utilizar o maquinário na reconstrução de estradas vicinais no interior do Estado. Ele enfatizou a importância de cadastrar os municípios que devem ser beneficiados para garantir o pagamento imediato dos recursos, destacando que a bancada gaúcha já havia feito essa indicação.

Fonte: Assessoria Mapa
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CBNA – Cong. Tec.

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