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Transição de dietas: o que fazer para minimizar os prejuízos ruminais

Quando podemos gerenciar a compra da matéria-prima para que seja usada o mais tempo possível, ajudamos animais a manterem seu rúmen sem sofrer mudanças e sem prejudicar produtividade

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Divulgação/AENPr

Artigo escrito por Nelson Ferreira, gerente de Negócios Ruminantes LAM da AB Vista

Sabemos que a cada troca de dieta ou mesmo de ingredientes, precisamos de um período (15 a 20 dias) para que rúmen, ou melhor, a população bacteriana, se adapte ao novo perfil nutricional da dieta e se multiplique novamente, já que cada alimento tem o tipo específico de bactéria que vai digeri-lo. Isso vai levar o animal a uma leve acidose (espera-se!) ou SARA (Acidose Ruminal subaguda), que traz prejuízos econômicos de U$1,12 por vaca por dia devido a perdas pela produção de leite, sólidos e saúde das vacas.

Quando podemos gerenciar a compra da matéria-prima para que seja usada o mais tempo possível, ajudamos os animais a manterem seu rúmen sem sofrer mudanças e sem prejudicar a produtividade dos animais. Mas, e quando o sistema (ou o clima) te forçam a fazer uma grande mudança na dieta, mesmo que programado como por exemplo, quando os animais saem do pasto e vão para o cocho ou vice-versa? Nesta situação que acontece duas vezes ao ano nas fazendas que decidem não confinar os animais o ano todo, direcionadas principalmente pela época das chuvas, os animais terão SARA.

Então, o que fazer nesta situação que sabemos que será uma mudança importante na população microbiana do rúmen para mitigar os efeitos da transição da dieta e dos efeitos da Acidose ou SARA? Existem algumas alternativas de manejo do dia a dia da fazenda, mas hoje falaremos sobre um aditivo alimentar natural e usado há mais de 40 anos na alimentação animal, as leveduras vivas, mostrando resultados de experimentos, que provam sua eficácia e benefícios.

As leveduras vivas na alimentação dos ruminantes têm diversos benefícios, principalmente para o rúmen, onde ajuda a controlar o pH e consome o oxigênio presente, maximizando a atividade do microbioma do rúmen. Com esse modo único de ação, tem maior potencial redox e atua na imunomodulação celular.

Estudo conduzido em universidade do Canadá teve o objetivo de determinar o efeito da suplementação diária de levedura viva no pH ruminal, microflora de rúmen e desempenho animal em vacas lactantes inicialmente alimentados com uma dieta de alta forragem e, em seguida, mudou abruptamente para uma dieta mais acidótica para induzir SARA. Dezesseis vacas lactantes multíparas (166 ± 30 DIM) foram aleatoriamente atribuídas a dois grupos, Controle (placebo de 250g de milho) ou Tratamento (60 bilhões de UFC de levedura viva/cabeça/dia, misturado em 250g de milho). Os animais foram alimentados com uma dieta de alta forragem (HF, Figura 1) por um período de 6 semanas, causando uma mudança na microflora de rúmen. A dieta HF foi criada substituindo 42% da base TMR (MS) por feno picado. Durante a semana 7, as vacas foram mudadas abruptamente para uma dieta de alto grão (HG), para induzir SARA. Os animais permaneceram na dieta HG até o final da semana 10.

A suplementação diária com levedura viva resultou em uma redução significativa na incidência de SARA quando os animais foram alimentados com uma dieta de grãos elevado (HG) com mais de 63% menos tempo gasto abaixo de um pH de 5,6 (Figura 1). A temperatura ruminal também foi diminuída com suplementação de levedura viva. Geralmente, uma temperatura ruminal elevada com períodos superiores a 39,8°C para maiores que 100 min/d estão associadas à disfunção do rúmen e podem ser tomadas como um indicador de SARA. Assunto este de total importância para nosso desafio de estresse térmico durante grande parte do ano no Brasil.

 

O efeito da levedura viva na microflora de rúmen após o desafio de SARA também foi investigado. A microflora fibrolítica foi especialmente afetada. Fungos anaeróbicos e as três principais bactérias degradantes de fibras, Fibrobacter succinogenes, Ruminococcus albus e Ruminococcus flavefaciens foram aumentados 8x, 2x, 1,3x e 1x respectivamente, todos indicando melhor digestão de fibras. Organismos associados a ajudar a estabilizar o pH ruminal tendiam a ser aumentados, como os protozoários Cliados e Selenomonas. O lactato não foi aumentado como refletido por uma diminuição na Megashaera elsdenii. Esses organismos têm sido associados à inflamação do rúmen durante o SARA, devido aos efeitos tóxicos da lipólise liberados de sua parede celular quando morrem como resultado do baixo pH.

Conclusões e implicações

A suplementação diária com levedura viva resultou em uma redução no risco de SARA. A função do rúmen também foi afetada com mudanças positivas no microbioma, sendo observada uma mudança para um maior número de organismos de digestão de fibras. Esses efeitos positivos no microbioma e fermentação de rúmen resultaram em melhor produção de leite e também estimulação e manutenção da ingestão de alimento (IMS), mesmo durante um desafio de SARA. Ao aumentar a produção de leite corrigido para 4% gordura em 3,1 kg, o ROI mínimo deste experimento, baseado apenas na produção de leite, seria de 11:1.

Por esses resultados e por todos os anos de pesquisa e conhecimento que as leveduras vivas devem ser usadas em momentos de transição de dietas, especialmente aquelas mais desafiadoras, como por exemplo quando os animais saem do pasto e começarão a receber alimento no cocho, ou o oposto no caso do início das chuvas.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Exportações recordes de carne bovina reforçam preços no mercado interno

Com 96% do volume anual já embarcado até outubro, o ritmo forte das exportações e o avanço nas vendas de animais vivos reduzem a oferta doméstica e sustentam as cotações, apesar da resistência recente de compradores a novos ajustes.

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As exportações brasileiras de carne bovina continuam avançando em ritmo expressivo e já impulsionam diretamente o mercado interno. De acordo com a análise quinzenal do Cepea, os embarques acumulados até outubro alcançaram 96% do total exportado em 2024, configurando um novo recorde para o setor.

Além da carne bovina, as vendas de animais vivos também registram alta. No acumulado do ano, o volume enviado ao exterior chegou a 842 mil toneladas, crescimento de 12,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Esse fluxo intenso para o mercado externo reduz a oferta doméstica e, somado à baixa disponibilidade de animais terminados, mantém as cotações firmes no mercado interno. A demanda por carne bovina e por boi gordo permanece consistente, com estoques enxutos e vendas estáveis.

Por outro lado, compradores começam a demonstrar resistência a novas elevações, indicando uma possível acomodação dos preços no curto prazo.

Fonte: O Presente Rural com informações Deral
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Retirada da sobretaxa pelos EUA devolve competitividade à carne brasileira

Decisão tem efeito retroativo, pode gerar restituição de valores e reorganiza o fluxo comercial após meses de retração no agronegócio.

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A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) manifestou  grande satisfação com a decisão dos Governo dos Estados Unidos de revogar a sobretaxa de 40% imposta sobre a carne bovina brasileira. Para a entidade, a medida representa um reforço da estabilidade do comércio internacional e a manutenção de condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para o Brasil.

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A sobretaxa de 40% havia sido imposta em agosto como parte de um conjunto de barreiras comerciais aos produtos brasileiros, afetando fortemente o agronegócio, carne bovina, café, frutas e outros itens. A revogação da tarifa foi anunciada pelo presidente Donald Trump por meio de uma ordem executiva, com vigência retroativa a 13 de novembro. A medida também contempla potencial restituição de tarifas já pagas.

De acordo com veículos internacionais, a retirada da sobretaxa faz parte de um esforço para aliviar a pressão sobre os preços de alimentos nos EUA, que haviam subido em função da escassez de oferta e dos custos elevados, e reduzir tensões diplomáticas.

Reação da ABIEC 
Na nota divulgada à imprensa na última semana, a ABIEC destacou que a revogação das tarifas demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, resultando num desfecho construtivo e positivo.

A entidade também afirmou que seguirá atuando de forma cooperativa para ampliar oportunidades e fortalecer a presença da carne bovina brasileira nos principais mercados globais.

Comércio exterior 
A retirada da sobretaxa tem impacto direto sobre exportadores brasileiros e o agronegócio como um todo. Segundo dados anteriores à

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aplicação do tarifaço, os EUA representavam o segundo maior destino da carne bovina do Brasil, atrás apenas da China.

O recente bloqueio causava retração nas exportações para os EUA e aumentava a pressão para que produtores e frigoríficos redirecionassem vendas para outros mercados internacionais. Com a revogação da sobretaxa, abre uma nova perspectiva de retomada de volume exportado, o que pode fortalecer as receitas do setor e ajudar a recompor a fatia brasileira no mercado americano.

Próximos desafios
Apesar da revogação das tarifaço, a ABIEC e operadores do setor devem seguir atentos a outros desafios do comércio internacional: flutuações de demanda, concorrência com outros países exportadores, exigências sanitárias, regime de cotas dos EUA e eventual volatilidade cambial.

Para a ABIEC, o caso também reforça a importância do protagonismo diplomático e da cooperação institucional, tanto para garantir o acesso a mercados como para garantir previsibilidade para os exportadores brasileiros.

Fonte: O Presente Rural
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Abates de bovinos disparam e pressionam preços no mercado interno

Alta oferta limita valorização do boi gordo, apesar de exportações recordes e forte demanda internacional.

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Os abates de bovinos cresceram no terceiro trimestre, impulsionados pelo bom momento dos confinamentos. Em outubro, as exportações também tiveram desempenho excepcional, mas o aumento da oferta de carne no mercado interno acabou limitando uma valorização maior do boi gordo. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, mesmo com a recuperação recente dos preços, a relação de troca para quem trabalha com recria e engorda piorou, já que o custo do bezerro avançou mais que o preço do boi no período de um ano.

Dados do IBGE mostram que os abates de bovinos subiram 7% no terceiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. Só em setembro, o crescimento foi de 13% sobre o resultado do ano anterior. Informações preliminares do Serviço de Inspeção Federal (SIF) indicam que, em outubro, os abates podem ter aumentado cerca de 15% na comparação anual.

As boas margens dos confinamentos em 2025, especialmente para produtores que fizeram gestão eficiente de riscos e aproveitaram momentos favoráveis de mercado para travar preços, atraíram um grande volume de animais para a engorda intensiva. Esse movimento reforçou ainda mais a oferta de gado pronto para abate, que já vinha em alta desde o início do ano. Um exemplo foi o contrato futuro com vencimento em outubro, que negociou acima de R$ 330 por arroba durante boa parte de março a agosto e encerrou o mês a R$ 317.

Do lado da demanda, as exportações de carne bovina registraram resultados impressionantes em setembro e outubro, com dois recordes consecutivos: 315 mil e 320 mil toneladas de carne in natura embarcadas, respectivamente, um avanço anualizado de 16,7% sobre o acumulado de janeiro a outubro de 2024.

Mesmo assim, o forte aumento dos abates elevou a oferta de carne no mercado interno, acima do esperado para o período. Ainda assim, o preço do boi gordo reagiu a partir do fim de setembro. Entre o início de outubro e 14 de novembro, a arroba subiu 5,6%, e a carcaça casada avançou ainda mais, 7,9%.

Apesar dessa recuperação, a relação de troca para recria e engorda se deteriorou no intervalo de um ano: enquanto o boi gordo de São Paulo ficou 4,8% mais barato em outubro na comparação anual, o bezerro de Mato Grosso do Sul ficou 15,4% mais caro.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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