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Bovinos / Grãos / Máquinas

Transferência de embriões e estado atual da biotecnologia no Brasil

Programas de TE visam utilizar o melhor conjunto genético de um rebanho (doadoras) para reduzir o intervalos de partos anuais e aumentar o número de descendentes desses animais superiores

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Artigo escrito por Guilherme Moura, médico veterinário, mestre em Zootecnia e doutor em Ciência Animal e gerente de Serviços Veterinários da Vetoquinol Saúde Animal

Quando se fala em eficiência reprodutiva e melhoramento genético de rebanho, logo vem à mente quais as ferramentas que se pode lançar mão para atingir os objetivos o mais rápido possível. Uma destas ferramentas é a transferência de embriões in vivo (TE). Mas o que é TE? Uma definição simples seria: TE é a técnica que permite recolher embriões de uma fêmea doadora e transferi-los para fêmeas receptoras, com a finalidade de estas completarem a gestação. E assim, aumentar o número de descendentes de um animal com genética superior durante sua vida.

Os programas de TE visam utilizar o melhor conjunto genético de um rebanho (doadoras) para reduzir o intervalos de partos anuais e aumentar o número de descendentes desses animais superiores. Em muitas ocasiões, a porção geneticamente "menos atraente" do rebanho pode ser usada como receptoras.

No Brasil, os primeiros experimentos com embriões bovinos foram realizados pelo Dr. João Carlos Giudice em 1973 na Cabanha Azul, no município de Quarai, no Rio Grande do Sul, porém sem sucesso na obtenção de embriões viáveis. Em 1978, Dr. Jorge Nicolau, devido ao desenvolvimento da técnica, realizou na fazenda Experimental São Pedro, em Sorocaba, São Paulo, a primeira coleta que resultou no nascimento do primeiro bezerro TE brasileiro, que recebeu o nome de Eureka. A partir deste momento, multiplicaram-se as equipes envolvidas com a tecnologia de embriões, colocando o Brasil na posição de primeiro país, fora a América do Norte, em números absolutos de embriões transferidos (TE e FIV).Atualmente o Brasil produz cerca de 32 mil embriões por ano, realizando cerca de 5 mil lavados uterinos. A produção de embriões in vivo, no país, apresentou um crescimento de 43,7% no período 2015-2016. Aparentemente, o uso da produção in vivo parece manter-se em alguns nichos de mercado, nos quais a FIV (fertilização in vitro), por questões diversas, não se tornou a técnica de eleição, como por exemplo em animais europeus tanto leiteiros como de corte. 

Como toda tecnologia, a TE apresenta vantagens e desvantagens quando comparadas com os modos convencionais e com outras biotécnicas envolvidas no planejamento reprodutivo de um rebanho. Sendo assim, o produtor deve avaliar os pontos positivos e negativos para decidir qual o melhor caminho percorrer:

Vantagens da TE

  • Incremento da capacidade reprodutiva;
  • Diminui o intervalo de parto;
  • Acelera a avaliação e seleção de animais superiores detro de um rebanho;
  • Transporte de genética;
  • Baixo risco de transmissão de agentes patogênicos;
  • Embriões mantém boa fertilidade se congelados;
  • Não necessita de laboratório especializado, quando comparado com a FIV.

Desvantagens

  • Pouca mão-de-obra especializada;
  • Maior gasto com sêmen;
  • Cultura do produtor brasileiro.

O que devemos esperar de resultados quando realizamos os processos de transferência de embrião em condições normais?

  • A superovulação geralmente produz uma média de 6 embriões transferíveis, embora as variações sejam comuns dependendo de uma série de fatores (raça, localização geográfica, idade, etc.);
  • 10% a 30% das doadoras superovuladas não produzem embriões;
  • 20% a 30 % das doadoras produzem apenas 1 a 3 embriões;
  • Uma resposta ideal de 5 a 12 embriões é obtida por volta de 50% das doadoras;
  • A recuperação de 20 ou mais embriões também acontece, porém com uma menor frequência.

Tendências

Vem crescendo a utilização da embrião-terapia, principalmente em rebanhos de vacas de alta produção. Esta técnica consiste em coletar embriões durante o inverno, época do ano com as melhores taxas de concepção nos protocolos de superovulação, congelar os embriões viáveis e posteriormente implantá-los nas receptoras durante o verão, época com menor taxa de prenhez nos rebanhos. A embrião-terapia tem mostrado taxas de prenhez melhores até que protocolos de IATF e IA convencionais neste período do ano.

Um dos limitantes da TE era não conseguir direcionar qual seria o sexo dos bezerros produzidos nos protocolos de superovulação, uma vez que os resultados com sêmen sexado não eram regulares. Porém, com o desenvolvimento de novas técnicas de sexagem de gametas, este problema vem sendo contornado, e atualmente já existem protocolos de TE que utilizam este tipo de sêmen associado à observação de cio, apresentando resultados tão bons como aqueles obtidos utilizando sêmen convencional. O próximo passo é criar um protocolo onde se possa inseminar as doadoras em tempo fixo utilizando tais sêmens.

Em conclusão, o sucesso de uma biotecnologia da reprodução depende de vários fatores além do seu estágio de desenvolvimento, passando por questões de mercado, pela competência e capacitação dos técnicos, pelo agronegócio e pelo próprio sistema de produção.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2018.

Fonte: O Presente Rural

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Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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