Conectado com

Avicultura

Trabalhar com metas de mortalidade reduz prejuízos no pré-abate

Erros de manejo ainda são muito cometidos no pré-abate, o que aumenta o número de perdas e condenações de aves

Publicado em

em

Entregar um alimento de qualidade e que atenda às exigências do mercado ao consumidor final em alguns casos ainda é um desafio para as empresas brasileiras. Passando por vários processos, erros de manejo e outros descuidos no decorrer do procedimento de abate podem ser cruciais para que a carne que chega à gondola do supermercado seja exatamente aquela que o consumidor espera. Para explicar um pouco sobre todo este processo Rafael Belintani, especialista de Qualidade da BRF de Jundiaí, SP, falou sobre manejo pré-abate e perdas e condenações no frigorífico durante a Conferência Facta, que aconteceu em maio, em Campinas, SP. Usar metas com as equipes, nessa etapa, na opinião do profissional, ajuda a reduzir os problemas e prejuízos.

Belintani comenta que o trabalho começa na apanha das aves para levar ao frigorífico. “É um dos serviços mais injustos e difícil de fazer”, comenta. Porém, mesmo difícil é um serviço bastante importante, já que se não for feito de forma correta os prejuízos nesta etapa são enormes. “O trabalho que fazemos é o cerco das aves com gaiolas e então colocamos, de duas em duas, pelo dorso. Fazemos desta forma pensando no bem estar animal”, comenta. O especialista conta que neste momento a ave está no pico de estresse, isso porque o profissional está retirando a ave de um local calmo e tranquilo e transferindo para outro. “Por isso, quando for colocar as caixas com as aves dentro do caminhão é importante que seja um local com sombra, além de calmo e tranquilo para não haver mais prejuízos”, afirma.

A média, de acordo com ele, é que sejam colocadas nove aves por gaiolas. É importante ainda minimizar a luminosidade e ajustar a ventilação, para evitar estresse por calor. “São dicas básicas e tranquilas do que pode ser feito”, argumenta. Porém, mesmo com estas dicas, o profissional comenta que a ampla maioria das empresas que trabalham com o sistema de integração tem este serviço terceirizado, o que pode dificultar um pouco as coisas. “Nós entendemos que a única forma de cobrar este bem estar do nosso terceiro é levantando informações que comprovem que os profissionais tenham responsabilidade. Nós fazemos isso trabalhando muito com metas”, diz. Entre as consequências da apanha errada estão asas quebradas e hematomas no frango, o que poderia colocar a marca da empresa em xeque.

Transporte

Outro detalhe que deve ser observado para evitar perdas no resultado final é o transporte do animal do aviário até o frigorífico. Belintani diz que a temperatura do caminhão é um detalhe que o motorista deve se preocupar. “A parte superior e o meio do caminhão são as mais quentes, porque tem bloqueio de vento e são locais que superaquecem”, afirma. Outro problema citado é que a carga e descarga, normalmente feita pela parte de trás do veículo e não pelo lado, no cenário ideal. “Assim, aquele animal que foi o primeiro a entrar é o último a sair”, diz.

Ainda citando a temperatura, como um dos detalhes mais problemáticos, o profissional comenta que o espaçamento entre as gaiolas dentro do caminhão é uma solução para minimizar o problema. “Isso reduz a mortalidade no transporte”, afirma. Belintani comenta que é possível, com um bom planejamento e manejo, fazer um transporte longo sem muitas perdas. “É possível transportar um frango por 400 quilômetros e ter uma mortalidade menor. Algumas dicas são o motorista parar a cada 80 km, molhar, andar em uma velocidade padrão, parar na sombra, transportar durante a madruga se possível. A distância nem sempre é o problema”, diz.

Em uma comparação feita e apresentada pelo profissional, em um dia de transporte com uma temperatura a 18° Celsius e o caminhão andando em uma velocidade de 72 km/h a sensação térmica da ave que está sendo transportada é de 5°C. “Nós tiramos o animal do aviário, onde ele tem uma temperatura controlada, para colocar em um caminhão com esta sensação térmica. Existem condições que o motorista pode minimizar esta situação, baixando as cortinas, colocando uma lona na frente para proteger o animal no momento do transporte”, conta. De acordo com ele, geralmente o transporte dos animais também é um trabalho terceirizado pelas empresas. “Como resolver? Colocando metas de mortalidade também nesta etapa”, afirma.

No Frigorífico

Depois do transporte, o animal chega ao frigorífico e fica na sala de espera. “Deve haver este momento de espera antes do abate para baixar os níveis de estresse da ave. Mas deve ser o menor tempo possível”, conta. O local para isso, de acordo com Belintani, deve ser aberto, com sombra e ventilação de ventilador ou exaustores. Além disso, o controle da temperatura e umidade também é fundamental. “Não existe bem estar animal sem gestão de informação”, afirma. O profissional diz que não se gerencia o que não se mede. “É o básico da administração do processo de abate para a produção de frango”, comenta.

Este tempo de espera, segundo ele, deve ser de menos de uma hora. “Mas é um tempo que deve ser respeitado”, afirma. Além disso, ainda é importante haver organização, sendo que, no abatedouro, o lote que chegou primeiro saia primeiro. “Damos este tempo para haver uma calmaria e baixar o nível de estresse. Não é igual a um aviário, mas é uma condição boa dentro do galpão de espera”, conta.

Após a espera os animais vão para a recepção. “É um momento antes da pendura, poucas empresas dão o devido valor a essa área”, comenta o profissional. Ainda nessa área é preciso ter muitos cuidados. Belintani conta que algumas vezes são vistos desníveis na plataforma, o que faz com que a gaiola que está vindo com os animais bata, gerando, mais uma vez, grande estresse nas aves. Outro problema visto são as gaiolas sem tampas, que de acordo com o profissional é um problema crônico nos frigoríficos. “Aqui é um trabalho em que pode acontecer do animal prensar a asa ou mesmo o corpo inteiro, ou ficar preso entre duas caixas. Tudo isso porque não tem tampa”, conta. Ele comenta que uma solução, e que já é usada por muitas empresas, é um desempilhador automático de gaiolas de frango vivo. “Isso reduz a mão de obra, aumenta o bem estar dos animais, porque vai soltando conforme a necessidade. Sem contar que a retirada das gaiolas é menos agressiva”, afirma.

Outra alternativa que pode ser utilizada neste momento é a luz azul. “É extremamente eficiente e acalma os animais. Este é o momento do segundo maior pico extremo de estresse da ave. Dessa forma, você coloca o animal em um ambiente propício e tem ganhos com isso, com menos números negativos”, conta. Outro ponto que deve haver cuidado é na pendura das aves, se atentando para que sejam colocadas de forma correta as duas pernas. “É importante após pendurar, segurar o peito e fazer com que o frango encoste no aparador de peito para se acalmar, porque neste momento ele tende a abrir as asas. A tendência de que o animal tenha uma asa quebrada ou algum hematoma é muito grande”, defende. Belintani afirma que o manejo errado gera consequências.

O momento da insensibilização é também importante antes do abate, merecendo o cuidado e atenção necessários, afirma o profissional. Ele conta que a BRF contém um insensibilizador a gás, o primeiro do Brasil. “Ainda estamos engatinhando neste tipo de insensibilização. Este é um equipamento caro e complexo, tanto que só há dois deles na América do Sul, um no Brasil e outro no Chile”, conta. Ele explica que pelos resultados prévios que a empresa já teve utilizando este tipo de insensibilização, 90% das aves não tiveram nenhum tipo de hematoma. “Para quem produz para a Europa, como nós, este é o caminho”, afirma.

O profissional comenta que é importante que os envolvidos na cadeia de produção de aves façam um trabalho correto e bom manejo para minimizar as condenações, desde o aviário até o abatedouro. Em um trabalho exibido por ele durante a apresentação, dados coletados de 2006 a 2008, 4,53% das condenações acontecem por contaminação. “Isso vem basicamente de duas origens: manejo jejum pré-abate que não é eficiente, alinhado à dispersão de lote que não é adequada, assim como a regulagem do equipamento”, diz. Ele ainda informa que contaminação representa 1,8% das taxas de contaminação no frigorífico. O profissional diz que os motivos de contaminação são principalmente papo cheio, problema fecal e biliar.

Belintani afirma que o que os profissionais que trabalham na área desejam são selos de qualidade, de bem estar animal, promover produtos com algum tipo de certificação, vender para um cliente diferenciado. “Para isso, devemos buscar otimizar os processos para minimizar os impactos”, afirma. Ele diz que para obter este tipo de certificação não é admissível que os erros citados ainda sejam cometidos no processo. “Buscamos selo de qualidade comprovada. Mas o que ainda vemos é que queremos resultados diferentes fazendo as mesmas coisas; é preciso mudar isso”, finaliza.

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho ou online.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
Continue Lendo

Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
Continue Lendo

Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

Publicado em

em

Fotos: Shutterstock

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.