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Tocantins é capaz de criar tilápias até dois meses mais rápido que os principais Estados produtores

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Estudo mostrou que condições climáticas do Tocantins acelera o ciclo produtivo da tilápia - Foto: Jefferson Christofoletti

Com condições edafoclimáticas ideais para a produção, o Tocantins apresenta potencial de produzir tilápia (Oreochromis niloticus) com ciclos produtivos mais curtos em comparação a grandes estados produtores. Além disso, o cultivo é economicamente viável. Essas foram algumas conclusões do primeiro estudo sobre viabilidade técnica e econômica desse peixe no Tocantins, realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO).

Desde 2018, a legislação permite a criação da espécie naquele estado. Os dados constam na publicação recém-lançada Aspectos técnicos e econômicos da produção de tilápias em tanques-rede no Lago de Palmas-TO, Parque Aquícola Brejinho II.

Para a pesquisadora Flávia Tavares de Matos, responsável pelo estudo, as condições de clima, a qualidade e a quantidade de recursos hídricos disponíveis qualificam o estado para se tornar um dos protagonistas na produção de peixes em nível nacional.

A pesquisa verificou, por exemplo, que o ciclo de produção da tilápia no Tocantins é de um mês e meio a dois meses mais curto do que nos estados de maior produção da espécie em tanques-rede do País, como São Paulo e Paraná. Isso porque nessas regiões o inverno é mais rigoroso, enquanto a temperatura média da água no Tocantins é de 29 graus Celsius durante todo o ano.

De acordo com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura do Tocantins (Seagro), os quatro grandes reservatórios federais alocados no Rio Tocantins (São Salvador, Peixe Angical, Lajeado e Estreito) possuem a capacidade de suporte para produção aquícola em torno de 290 mil toneladas ao ano. Dentro desse cenário, a tilápia se destaca como espécie a ser cultivada em reservatórios, devido à sua rusticidade e seu pacote tecnológico próprio bem desenvolvido.

“A produtividade de uma piscicultura está relacionada às condições edafoclimáticas da região e do ambiente de cultivo. Portanto, é imprescindível estudos de viabilidade técnica e de sustentabilidade de um sistema de produção nos três pilares: social, econômico e ambiental”, detalha a chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Danielle de Bem Luiz, ressaltando que o trabalho atende a uma importante demanda do setor produtivo.

A chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, Lícia Maria Lundstedt, frisa a importância do estudo para a região. “Além de superar os desafios inerentes à implantação da infraestrutura inédita no Tocantins, era de fundamental importância conhecer as respostas zootécnicas e os dados de viabilidade econômica do cultivo perante as condições edafoclimáticas específicas e particulares do estado”, destaca ela, acrescentando que a condução dos estudos se deu com o envolvimento de parceiros e bolsistas, evidenciando a contribuição para a qualificação de mão de obra para atuação no setor.

Vantagens do reservatório de Lajeado
O estado possui o reservatório de Lajeado que é a fio d’água, ou seja, não possui tanta variação de nível, diferentemente do que ocorre com reservatórios de regulação, nos quais são abertas e fechadas as comportas para regular a água dos outros reservatórios que estão em cascata. Em alguns desses reservatórios de acumulação,  a diferença do nível da água na estiagem em relação ao período das águas é tão significativa que grande parte da área inundada se torna seca durante meses. Por isso, para a prática da aquicultura, deve-se evitar que os tanques permaneçam nesses locais.

A pesquisa ainda comprovou que a qualidade da água é excelente, com alta taxa de renovação, ocorrendo a cada 25 dias. Outros reservatórios chegam a levar cerca de um ano para serem completamente renovados. Lajeado também tem a vantagem de não ser tão profundo, apresenta média de dez metros. Reservatórios com maior profundidade têm mais chances de apresentar camadas com diferentes temperaturas ao longo da coluna d’água, fenômeno chamado de estratificação térmica. Essa condição pode levar à inversão térmica, quando a camada superficial da água é rapidamente esfriada e afunda, fazendo com que a água do fundo, de pior qualidade, ocupe seu lugar, podendo levar à mortandade em massa dos peixes

Temperatura favorável
Com o clima quente, a temperatura média anual da água no reservatório do Lajeado (Lago de Palmas) é de 29 graus Celsius – condição ideal para a produção, perfeita para o metabolismo do peixe, para o melhor aproveitamento dos nutrientes e diminuição da conversão alimentar. A tilápia possui uma faixa ótima de temperatura da água que influencia diretamente na alimentação da espécie. Entre 27 e 31 graus é considerada a temperatura ideal para a alimentação do peixe. Abaixo ou acima dessa faixa, a ração fornecida precisa ser reduzida em cerca de 30%, porque o peixe passa a se alimentar menos.

Temperatura média anual da água no reservatório do Lajeado é de 29ºC, condição ideal para a produção, perfeita para o metabolismo do peixe, para o melhor aproveitamento dos nutrientes e diminuição da conversão alimentar – Foto: Manoel Pedroza

A pesquisadora informa que grupos empresariais nacionais e estrangeiros têm procurado a região para estudos de implantação de tilapicultura contemplando vários elos da cadeia produtiva. Recentemente, a multinacional GenoMar Genetics, com sede na Alemanha, inaugurou o seu Centro de Reprodução e Melhoramento Genético de Tilápia, instalado no município tocantinense de Monte do Carmo.

Desafios e gargalos
Por outro lado, há gargalos que ainda precisam ser superados, como a logística de transporte. “Aqui o mercado é bem menor se comparado ao das regiões Sul, Sudeste e Nordeste. O transporte também é mais difícil”, pondera Roberto Manolio Flores, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pesca e Aquicultura. Mesmo assim, Flores considera a pesquisa importante por ser pioneira ao mostrar excelentes condições técnicas e analisar a parte econômica.

O pesquisador Manoel Pedroza, que conduziu o estudo sobre viabilidade econômica da tilápia no Tocantins, afirma que, embora seja viável, a produção da espécie no estado ainda carece de uma cadeia mais estruturada. “Por não termos uma cadeia consolidada, não existe, por exemplo, uma oferta de ração adequada. Só há uma fábrica, localizada a 400 quilômetros daqui. Há regiões mais desenvolvidas que têm três fábricas de ração”, analisa ele, acrescentando que há também o entrave de os maiores mercados consumidores estarem longe do Tocantins, que ainda é pouco populoso.

Enquanto o Paraná tem mais de 11 milhões de habitantes, o Tocantins possui cerca de 1,5 milhão e está distante dos maiores centros consumidores. Assim, empresas de médio e grande porte para produzir tilápia no estado vão precisar escoar a produção para outras regiões, gastando mais com transporte. “Há também a questão da renda per capita, que é 50% maior no Paraná do que no Tocantins e o consumo de peixe está bastante ligado à maior renda da população”, explica o pesquisador. Ele ainda ressalta o gargalo no fornecimento de alevinos, os peixes juvenis, necessários para iniciar o ciclo produtivo. “Apenas recentemente algumas empresas passaram a ofertar alevinos no Tocantins”, relata Pedroza.

Segundo Juliana Lopes da Silva, coordenadora geral de Planejamento e Desenvolvimento da Aquicultura em Águas da União, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos últimos dois anos foram outorgadas 11 áreas para a produção de tilápia no Tocantins que, juntas, somam uma capacidade de produção de 46.338 toneladas por ano, numa área de 465,52 hectares. “Atualmente temos 16 processos em trâmite, com novos pedidos, com capacidade de suporte de 100 mil toneladas. A ideia é produzir tilápia, tambaqui, pacu e pirapitinga. A tilápia está num crescimento vertiginoso no estado”, afirma ela.

Demandas para a pesquisa
Segundo Flávia Tavares, ainda há muito a ser estudado sobre os reservatórios do Tocantins. “É importante conhecermos melhor as características e os parâmetros de qualidade da água do reservatório. Precisamos saber, por exemplo, se a água piora quando chove, se vai influenciar no desempenho do peixe, a melhor época para povoar, quantos ciclos de tilápia vai ter etc.”, enumera.

Um dos projetos que já estão em andamento na Embrapa é o Tilatech Recria, que visa desenvolver um pacote tecnológico para a produção de juvenis em tanque-rede. O projeto busca atender a uma demanda de produtores que já querem adquirir o alevino em fase juvenil, a partir de 50 gramas, próprios para engorda. Afinal, peixes mais jovens são mais trabalhosos no manejo, exigindo alimentação oito vezes por dia e precisam ficar em berçários. “Entendo que aí pode estar um nicho de mercado a ser explorado pelos piscicultores. Estamos testando diferentes densidades de estocagem e tamanho de bolsão para ver qual é o melhor no aspecto técnico e econômico”, destaca a pesquisadora, acrescentando que esses produtores compraram o milheiro de alevinos a 300 reais e podem vendê-lo a mil reais com indivíduos com 50 gramas, em média. “É um nicho que já existe”, reforça.

Fonte: Ascom Embrapa Pesca e Aquicultura

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Aqua Summit BR 2025 traz programação estratégica para orientar o futuro da aquicultura no Brasil

Encontro reúne lideranças, especialistas e setor produtivo para integrar ciência, mercado e políticas públicas.

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A primeira edição do Aqua Summit BR 2025 reúne, de 26 a 28 de novembro, no Palácio Araguaia em Palmas, no Tocantins, uma programação intensa que combina conhecimento, estratégia e inovação para impulsionar o futuro da aquicultura brasileira. O evento estratégico vai reunir lideranças, pesquisadores, empresários e representantes das cadeias de proteína animal e da aquicultura para planejar o futuro da produção de pescado no Brasil. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.aquasummitbr.com.br.

A abertura oficial será realizada no dia 26 de novembro, às 19 horas, com a Palestra Magna “A Força das Proteínas Brasileiras no Cenário Mundial: O que a aquicultura pode aprender com as demais proteínas”, conduzida por Celso Luiz Moretti, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em produção vegetal, pesquisador, ex-presidente da Embrapa e atual presidente do conselho do CGIAR, reconhecido internacionalmente por sua contribuição à sustentabilidade agrícola, incluindo o Prêmio Norman Borlaug.

No dia 27 de novembro, às 09 horas, inicia-se o primeiro painel, “Lideranças e sua importância no desenvolvimento da cadeia”, destacando o papel estratégico da gestão e da articulação institucional para o fortalecimento do setor, com participação de Diones Bender Almeida, da Genomar Genetics Latin América, e João Manoel Cordeiro Alves, do Sindirações, sob moderação de Altemir Gregolin, ex-ministro da Pesca e presidente do IFC Brasil.

Em seguida, às 10h30, ocorre o segundo painel, “Avanços Normativos e Governança Setorial em Debate”, abordando as atribuições do governo e do setor produtivo para garantir competitividade e construir um ambiente regulatório moderno e eficiente. Participam Juliana Satie Becker de Carvalho Chino, do Dipoa/Mapa, e Helinton Rocha, da Câmara Setorial.

A programação da tarde começa às 14 horas com o painel “Pacote Tecnológico Integrado: A Base da Competitividade nas Cadeias de Proteína Animal”, trazendo uma visão sobre soluções inovadoras para elevar produtividade e garantir sustentabilidade, com contribuições de Gustavo Maia, da Shrimpl, e Marcos Queiroz, da MqPack, sob mediação de Everton Krabbe, da Embrapa Suínos e Aves.

Às 15h30, o quarto painel, “Posicionamento Mercadológico e Branding Territorial”, explora estratégias de diferenciação, construção de marca e agregação de valor nas cadeias de proteína, com Tom Prado, da REI Alimentos, e Lidia Leal da Silva Lopes, da Angus Brasil, sob moderação de Carlos Humberto Duarte de Lima e Silva, da SICs.

Encerrando o dia, o Flash Embrapa e Sepea apresentará uma sequência de pitches sobre tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Pesca e Aquicultura, incluindo edição genética, inteligência de dados para aquicultura, programas de competitividade e soluções de reuso de água, com apresentações de Eduardo Varela, Manoel Pedrosa Filho, Renata Melon e Marccela Mataveli, além da participação de Thiago Tardivo, da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Tocantins, destacando as condições favoráveis para investimentos no estado. “O Tocantins oferece condições ideais para o desenvolvimento da piscicultura: clima favorável, abundância de água, quatro grandes reservatórios federais, logística eficiente, incentivos fiscais e segurança jurídica para investidores. A realização da primeira edição do Aqua Summit em Palmas é uma oportunidade única para apresentar essas vantagens a investidores nacionais e internacionais, destacando o potencial do estado para impulsionar a cadeia produtiva do pescado”, destaca Tardivo.

No dia 28 de novembro, os participantes farão uma visita técnica à Embrapa Pesca e Aquicultura, onde poderão conhecer de perto pesquisas, tecnologias e estruturas que posicionam o Tocantins como referência nacional em inovação científica para o setor.

A programação do Aqua Summit BR 2025 foi concebida para integrar ciência, mercado e políticas públicas, estimulando decisões estratégicas e preparando a aquicultura brasileira para um novo ciclo de competitividade, sustentabilidade e crescimento.

Sede estratégica

A escolha de Palmas como sede é unanimemente celebrada pelas lideranças envolvidas. Para Danielle de Bem Luiz, analista e chefe da

Embrapa Pesca e Aquicultura, o Aqua Summit BR é uma oportunidade única para a cadeia do pescado refletir, aprender com o sucesso das demais cadeias de proteínas e avançar na consolidação da sua produção e na ampliação de mercados. “O evento integrará pesquisa aplicada, políticas públicas e mercado para reforçar a competitividade e o protagonismo da aquicultura brasileira”, ressalta Danielle.

Eliana Panty, diretora da Hollus Comunicação e Eventos, valoriza a realização no estado em que nasceu: “Realizar um evento no Tocantins ao lado da Embrapa e do Governo do Estado é um sonho antigo. Cresci às margens do Rio Tocantins, onde a vida sempre veio da água. Hoje, mais do que nunca, voltamos nosso olhar para essa proteína que nasce das águas. A piscicultura tem enorme potencial, mas ainda enfrenta desafios de infraestrutura, processamento, logística e mercado. Eventos como o Aqua Summit BR criam os espaços de debate necessários para transformar esse potencial em desenvolvimento real, gerando mais qualidade, mercado e consumo para o pescado brasileiro”, menciona.

Foto: Divulgação

“O Aqua Summit representa uma oportunidade estratégica para fortalecer a aquicultura tocantinense, pois aproxima produtores, pesquisadores, investidores e gestores públicos em torno de um mesmo objetivo: transformar o potencial natural do Tocantins em um setor produtivo robusto e sustentável”, afirma Roberto Sahium, secretário-executivo da Pesca e Aquicultura do Tocantins.

Citando condições que o estado possui (recursos hídricos, clima favorável e localização estratégica), Sahium lembra que é preciso avançar em conhecimento técnico, em inovação e em agregação de valor. “Eventos como o Aqua Summit permitem justamente essa troca de experiências e tecnologias, estimulando a adoção de boas práticas, o empreendedorismo e a atração de novos investimentos para o setor aquícola tocantinense”, reforça.

Com grande potencial de desenvolvimento também na aquicultura, o Tocantins tem avançado nessa área. Ainda longe de transformar em realidade todas as condições que possui para uma aquicultura sustentável nos três pilares (ambiental, econômico e social), o estado atualmente é o 17° maior produtor nacional, com 18.100 toneladas de peixes no ano passado, principalmente tambaqui.

Fonte: Assessoria Aqua Summit
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Peixes

Com carnes mais caras, consumo de tilápia dispara 32,9% no país

Com a disparada dos preços da carne bovina e suína, o pescado ganhou espaço no carrinho de compras e a tilápia se tornou a principal impulsionadora do crescimento do setor.

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Em um cenário de forte inflação nas proteínas mais tradicionais, o consumidor brasileiro vem ajustando seu carrinho de compras e ampliando o consumo de pescado. Um novo estudo da Scanntech revela que o volume consumido de peixes cresceu 8,2% no acumulado de janeiro a setembro deste ano.

O levantamento analisou o comportamento de consumo em um período de aumento significativo do preço das proteínas. A carne bovina foi a mais impactada, com alta de quase 25%, seguida pela carne suína, que registrou 21,2% de aumento. Em contrapartida, o preço dos peixes subiu apenas 2,1% no mesmo período.

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Essa disparidade de preços impactou diretamente o volume de vendas, levando o consumidor a buscar alternativas mais acessíveis. O estudo destaca que a categoria costuma apresentar maior sazonalidade na Páscoa e na Quaresma. No entanto, fora esse período, foram justamente os meses de janeiro, julho e agosto, aqueles com menor variação de preços, que registraram as maiores altas de consumo em relação aos mesmos meses de 2024. “Estamos percebendo que, em 2025, o consumidor tem revisto suas escolhas no carrinho de compras para adequar o orçamento. Quando falamos da tradicional mistura, o movimento é semelhante: a alta nos preços da carne bovina ao longo do ano levou muitos brasileiros a buscar alternativas em outras proteínas, como os pescados, ampliando o consumo de peixes, sobretudo aqueles com melhor custo-benefício”, analisa a diretora de Marketing da Scanntech, Priscila Ariani.

Tilápia lidera a mudança de hábito

Entre todas as subcategorias analisadas, a tilápia é a principal impulsionadora da alta no consumo de pescados.O estudo apontou que a espécie teve um crescimento expressivo, de 32,9%, no volume de vendas. Esse movimento foi diretamente estimulado por uma redução de -8,4% no preço médio do quilo da tilápia, tornando-a a opção mais atrativa para substituir as proteínas mais caras.

O levantamento também identificou diferenças relevantes no consumo entre as regiões brasileiras. A tilápia se manteve como a espécie mais representativa em praticamente todo o país, com exceção do Norte. As regiões Centro-Oeste e Norte foram as que registraram a maior retração no preço por quilo da tilápia e, consequentemente, os melhores resultados em volume de vendas.

As demais espécies também apresentaram comportamentos distintos entre as regiões:

  • Salmão: Na contramão da categoria, o salmão apresentou queda de consumo em todo o Brasil.
  • Merluza: Apresentou crescimento no Interior de São Paulo, Nordeste e região Leste (MG, ES e RJ), áreas onde a espécie já tem participação de vendas superior à de outras regiões.
  • A espécie se destacou com um aumento de 42,5% no consumo em volume no total Brasil, ganhando força nas vendas em praticamente todo o país. A única exceção foi o Centro-Oeste, onde o preço médio mais elevado limitou o avanço do consumo.
  • Sardinha: Mesmo apresentando o menor preço por quilo, a sardinha registrou recuo no volume de vendas em todas as regiões, com exceção de São Paulo, Nordeste e Centro-Oeste.

Fonte: Assessoria Scanntech
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Pesquisa paulista estuda genética para impulsionar criação de trutas no Brasil

Estudo do Instituto de Pesca avalia linhagens e fatores que influenciam o crescimento muscular para fortalecer a truticultura nacional.

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No Brasil, a maioria das truticulturas (atividade dedicada à criação de trutas) é de pequeno porte, principalmente por conta da limitada disponibilidade de águas frias, indispensáveis para o cultivo dessa espécie. Para driblar esse desafio e ampliar a rentabilidade do setor, pesquisadores têm buscado estratégias como a agregação de valor e a diversificação de produtos.

Nesse contexto, o pesquisador Vander Bruno dos Santos, do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está desenvolvendo a pesquisa “Avaliação do crescimento muscular de linhagens de trutas arco-íris (Oncorhynchus mykiss)”, que busca compreender como diferentes características genéticas e fisiológicas influenciam o desenvolvimento dos peixes e como essas informações podem contribuir para o aprimoramento da produção aquícola.

Análise genética e desempenho produtivo

O estudo avalia o crescimento de linhagens de trutas com diferentes colorações de pele, uma característica que desperta interesse tanto científico, por funcionar como marcador fenotípico (um traço visível que pode refletir diferenças genéticas entre os peixes), quanto comercial, especialmente em criadouros que exploram a pesca recreativa, modalidade de lazer em que os peixes são devolvidos à água após a captura.

A pesquisa analisa aspectos como crescimento corporal, desenvolvimento das fibras musculares e expressão de genes ligados ao crescimento, entre eles IGF, mTOR e miostatina, conhecidos por seu papel no aumento e na regulação da massa muscular. Também é avaliada a influência de aminoácidos específicos, como a arginina, com importante papel no crescimento muscular das trutas.

As linhagens estudadas são obtidas a partir do cruzamento entre trutas brancas e trutas de coloração selvagem. Os peixes são cultivados em tanques com fluxo contínuo de água fria até atingirem o peso comercial de aproximadamente 350 gramas. Durante todo o processo, amostras de tecidos, sangue e músculo são coletadas para análises histológicas e bioquímicas, além de testes que investigam a atividade de genes relacionados ao crescimento e a composição de aminoácidos presentes nos tecidos.

Os dados obtidos permitirão ajustar modelos matemáticos de crescimento, como o modelo de Gompertz, que possibilita avaliar a taxa de desenvolvimento dos peixes ao longo do tempo. Também será determinado o rendimento do processamento, etapa fundamental para medir a eficiência produtiva das diferentes linhagens.

Com os resultados, a pesquisa pretende gerar informações que contribuam para o melhoramento genético e nutricional da truticultura nacional, fortalecendo a sustentabilidade e a competitividade dessa atividade no país.

De acordo com Vander, “os fatores que determinam o menor crescimento da linhagem branca dominante, quando comparada com a padrão-selvagem, azul ou amarela ainda precisam ser melhor elucidados. Isso irá refletir nas necessidades de alterações de manejo e aspectos nutricionais para se obter o melhor desempenho de cada linhagem”.

Fonte: Assessoria Instituto de Pesca
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