Suínos
Tilápia valorizada impulsiona mercado brasileiro da piscicultura
Presidente da PeixeBR reforça que a tilapicultura brasileira tem a maior taxa de crescimento no mundo, tendo crescido nos últimos sete anos 10,53% ao ano.
A piscicultura tem se mostrado um setor cada vez mais importante para a economia brasileira, e os números do Anuário Peixe BR da Piscicultura 2023 comprovam essa tendência. De acordo com a publicação, o Brasil produziu mais de 860 mil toneladas de peixes em 2022, o que representa um aumento de 2,3% em relação ao ano anterior.
Essa expansão da produção é resultado de diversos fatores, como o aumento da demanda por alimentos saudáveis e sustentáveis, a melhoria das técnicas de cultivo e a diversificação das espécies cultivadas. Entre as espécies mais produzidas, destacam-se a tilápia, o tambaqui e o pacu, mas outras espécies, como o pirarucu, pirapitinga e a tabatinga, também estão ganhando espaço no mercado. Em vendas o tambacu é o segundo peixe mais consumido e logo na sequência a tambatinga.
A piscicultura brasileira tem se mostrado cada vez mais profissionalizada e tecnificada, com o uso de equipamentos e sistemas de monitoramento que permitem um controle mais preciso do ambiente e das condições de criação dos peixes. Essa abordagem resulta em um aumento da eficiência produtiva e na redução dos custos, tornando a piscicultura uma atividade rentável e sustentável.
O setor também tem um impacto positivo na geração de empregos e na inclusão social, principalmente em regiões mais carentes. A atividade tem atraído investimentos e contribuído para o desenvolvimento das comunidades locais, além de ser um importante gerador de divisas para o país, com exportações crescentes de peixes frescos e processados.
Diante desse cenário promissor, é fundamental que o setor de piscicultura continue investindo em tecnologia, inovação e sustentabilidade, buscando aprimorar a qualidade dos produtos e a eficiência produtiva, além de garantir a segurança alimentar e o bem-estar animal. Com um mercado em expansão e uma demanda crescente por alimentos saudáveis e sustentáveis, a piscicultura tem tudo para se consolidar como uma das atividades mais importantes da agropecuária brasileira. “A tecnologia começa na genética, passa pela indústria de ração, manejo sanitário, automação do sistema de produção e planta frigorífica. Hoje o produtor consegue monitorar tudo que acontece na sua propriedade em tempo real, isso trouxe muitos benefícios para a gestão do negócio, entre os quais agilidade na tomada de decisões, uma vez que conseguimos identificar de forma rápida quando um problema acontece, assim como a indústria também está cada vez mais tecnificada, adotando tecnologias e equipamentos de última geração para processar o nosso produto, que hoje está presente em mais de 40 países”, enaltece o presidente da PeixeBR, Francisco Medeiros.
Ranking da produção de peixes do Brasil
O Paraná mantém sua posição de maior produtor de peixes no Brasil, com uma produção de 194.100 toneladas em 2022, volume 3,2% maior do que a registrada no ano anterior. Sozinho, o estado representa 22,5% da produção nacional. “A liderança disparada coloca os paranaenses também em uma posição de referência, pois os sistemas produtivos com modelos integrados como agroindústria ou como cooperativa podem ser adotados em outras localidades, com as devidas adequações, para expandir a piscicultura”, expõe Medeiros.
São Paulo se mantém em segundo lugar, com 83.400 toneladas, apresentando crescimento de 2,1% sobre 2021. Na sequência aparece Rondônia, com 57.200 toneladas somente de espécies nativas e uma queda de 4% na comparação entre 2022 e 2021.
O quarto lugar nessa lista passou a ser ocupado por Minas Gerais, o único entre os dez primeiros a conseguir expansão de dois dígitos. Com aumento de 11,4% na produção, os mineiros chegaram a 54.700 toneladas. Santa Catarina aumentou 1,3% sua produção, com 54.300 toneladas, mas não evitou cair para a quinta posição.
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Goiás completam o ranking dos 10 maiores produtores de peixes do país. Entre esses estados, além de Rondônia, só Mato Grosso do Sul apresentou redução na produção, com cerca de 7,8%.
Tilápia reina absoluta
A tilápia é um dos peixes mais produzidos no Brasil e a piscicultura dessa espécie tem ganhado cada vez mais espaço na aquicultura do país. Com um ciclo de produção rápido, resistência a doenças e alta adaptabilidade a diferentes ambientes de cultivo, a tilápia se tornou uma das principais espécies cultivadas em cativeiro.
De acordo com o Anuário Peixe BR da Piscicultura 2023, a produção de tilápias no Brasil alcançou 550.060 toneladas em 2022, volume que representa 63,93% da produção nacional de peixes de cultivo e aumento de 3% em relação ao ano anterior. “Com base nas demandas locais e globais, é provável que a tendência de expansão da produção de tilápia continue e possivelmente se intensifique nos próximos anos”, reforça Medeiros.
Além da alta demanda por parte dos consumidores nacionais, a tilápia responde por 88% das exportações brasileiras de pescado, atendendo sobretudo os Estados Unidos, que consomem 83% da tilápia vendida ao mercado externo. O segundo mercado mais significativo é Taiwan, que compra principalmente os produtos não comestíveis, como pele, escama, farinha e óleo.
Contando somente a tilápia, o Paraná lidera o ranking de produção no Brasil, seguido por São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Em 2022, o Paraná produziu 187.800 toneladas da espécie, o que corresponde a cerca de 34% da produção nacional. São Paulo, por sua vez, produziu 77,3 mil toneladas, seguido por Minas Gerais, com 51,7 mil, Santa Catarina com 42,5 mil toneladas e Mato Grosso do Sul com 32,2 mil toneladas.
Conforme Medeiros, o sucesso da produção de tilápias no Brasil está ligado à qualidade do pescado, que tem alta aceitação no mercado interno e externo, além do fato de ser um peixe de fácil manejo e baixo custo de produção. Outro fator importante é a certificação do pescado, como o selo de produto sustentável do Aquaculture Stewardship Council (ASC) e o certificado de qualidade do Programa Brasileiro de Qualidade do Pescado (PBQP).
Além disso, a piscicultura de tilápias tem um papel importante na economia do país, gerando empregos e movimentando a cadeia produtiva desde a produção de insumos, como rações e equipamentos, até o processamento e distribuição do pescado.
Atual cenário
Embora tenham sido produzidas mais de 550 mil toneladas de tilápia no passado, o presidente da PeixeBR afirma que essa produção ficou aquém das projeções estipuladas pela entidade. “A tilápia representa 75% do nosso negócio, mas as projeções feitas no início de 2022 ficaram abaixo das nossas estimativas, muito em razão do preço baixo pago aos produtores no primeiro trimestre de 2022, tendo inclusive em algumas regiões o custo de produção maior do que o preço pago ao produtor. Essa situação levou muitos piscicultores a não realizar a reposição, vendendo a produção no primeiro trimestre e não comprando a mesma quantidade de alevinos para prosseguir com a produção”, avalia Medeiros.
Como a safra de tilápia regula o mercado, a variação no período de produção – em geral de seis a oito meses e de sete a nove meses na região Sul – tem impacto no resultado final. “A resposta sobre o efeito da falta de reposição de alevinos, notada principalmente no Paraná e em Santa Catarina, será vista ao longo deste ano. A janela para colocá-los é até final de março ou início de abril, se o produtor não coloca neste período só poderá inserir novos alevinos no segundo semestre”, salienta.
Por outro lado, 2023 iniciou com um bom preço pago ao produtor. “Semana após semana, estamos vendo um aumento no preço pago ao produtor, algo que é incomum mesmo após a
Semana Santa, quando o preço costuma cair ou estabilizar. Estamos projetando uma melhoria no preço pago ao produtor ao longo deste ano. Portanto, estamos em uma fase de recuperação das perdas que os produtores sofreram em períodos anteriores”, frisa Medeiros.
De acordo com o Indicador de Preços da Tilápia do Cepea/PeixeBR, na primeira semana de maio os produtores da região dos Grandes Lagos receberam R$ 10,10/kg, enquanto no Oeste do Paraná o valor pago foi de R$ 9,30/kg. Já no Norte do Paraná, o preço foi de R$ 9,48/kg e em Morada Nova de Minas o valor pago foi de R$ 9,25/kg. “É extremamente importante para o produtor fazer um diagnóstico preciso do que está acontecendo no mercado. A gente tem que ter consciência de que esse é o valor médio da comercialização de peixes, é lógico que teve preços acima e preços abaixo, conforme as condições específicas de cada região”, menciona, ampliando: “Historicamente essa diferença de preços tem sido observada, no entanto, atualmente, estamos prevendo uma boa safra de soja e uma projeção otimista para a safra de milho. Já houve uma queda significativa nos preços do milho no mercado e esperamos que a safra de grãos continue bem, para que as indústrias possam adquirir soja e milho com preços mais acessíveis. Isso, por sua vez, resultará em uma redução no preço da ração e uma melhoria ainda maior na margem do produtor”.
Regiões do Brasil
A região Sul do Brasil é o principal polo de cultivo de peixes no país, com dois dos 10 estados que mais produzem. Em 2022, os sulistas produziram 275.700 toneladas, o que representa 32% de todo o volume nacional de peixes, crescimento de 2,4% em relação a 2021.
O Nordeste, embora tenha uma produção considerável menor que o Sul, produziu 170.065 toneladas em 2022, o que equivale a quase 20% de toda a produção nacional de peixes. Esse volume é 4,8% maior do que o apresentado em 2021, representando o maior crescimento na relação ano contra ano. O Sudeste aparece em terceiro lugar em produção, com 159.380 toneladas e um avanço de 4,2% sobre 2021.
A região Norte ocupa a quarta posição em volume, com 145.310 toneladas, apresentando um crescimento praticamente estável, de apenas 0,3%. E o Centro-Oeste registrou queda de 1,6% de 2021 para 2022, passando de 111.750 toneladas para 109.900 toneladas. “Na região Norte, onde são criados peixes nativos, espera-se uma reação na produção este ano, embora ainda pequena, devido ao ciclo de vida dessas espécies, que é de cerca de um a um ano e meio. Isso significa que a reação observada este ano só será refletida em 2024, diferentemente da tilápia, que tem o ciclo de produção mais curto”, explica Medeiros, acrescentando: “É um momento muito favorável para a piscicultura, mas é preciso cautela, pois assim como a maioria das atividades agropecuárias no Brasil, a piscicultura é cíclica. Portanto, é importante usar o momento atual para pagar as contas e capitalizar o negócio, para que o produtor possa enfrentar eventuais dificuldades que podem surgir em ciclos futuros com mais tranquilidade e acumular vantagens competitivas ao longo do tempo”.
Consumo per capita
Aumento do consumo interno e estratégia de vendas da agroindústria impulsionam crescimento da piscicultura no Brasil. Durante o início da pandemia, Medeiros pontua que havia preocupações quanto ao impacto do cenário no setor, mas após o período crítico, o mercado teve um impacto positivo. “O consumo de peixes cresceu significativamente durante a pandemia, uma vez que as pessoas passaram a procurar produtos mais saudáveis, e como a produção de peixes não foi interrompida isso proporcionou um aumento na oferta de peixes nos pontos de venda e, consequentemente, um ganho de participação no mercado frente a outros produtos de pesca”, elenca o presidente da PeixeBR.
Atualmente, o consumo per capita de peixes de cultivo, peixes importados e produtos da pesca no Brasil é de cerca de 9,3 kg. Embora esse número seja baixo em comparação com a média mundial de 20 kg, é uma boa oportunidade de crescimento para o mercado interno, que tem 214 milhões de consumidores. “As agroindústrias, principalmente as de aves, têm desempenhado um papel importante no desenvolvimento da atividade, produzindo e comercializando tilápia em mais de 140 mil pontos de venda no país”, ressalta Medeiros, ampliando: “A estratégia de vendas da agroindústria tem sido eficaz na promoção do aumento do consumo interno de peixes e muitas empresas que antes não produziam tilápia agora a comercializam. O projeto Coma mais Peixe também tem desempenhado um papel importante na desmistificação do consumo de pescado no Brasil. Com essas ações, o mercado de piscicultura brasileira tem uma grande oportunidade de crescimento e se aproximar da média mundial de consumo per capita”.
Ano de retomada de crescimento
Medeiros aponta que a cadeia enfrentou momentos ruins em 2018, 2019, no fim de 2021 e início de 2022, mas agora está em processo de recuperação. A alta dos preços das commodities (principalmente soja e milho) impactou a piscicultura, mas espera-se que a redução atual traga fôlego para a próxima safra de peixes de cultivo.
A tilápia é o carro-chefe da produção nacional e o Brasil busca manter e alavancar sua posição entre os maiores produtores de peixes do mundo, ocupando atualmente o Top 4 no ranking mundial em relação à tilápia. “A tilapicultura brasileira tem a maior taxa de crescimento no mundo, tendo crescido nos últimos sete anos 10,53% ao ano, não tem nada perto disso em nenhum lugar do globo. E no mercado interno não tem nada que possa acontecer que interfira na nossa taxa de crescimento, assim como a nível mundial, porque mesmo com a pandemia de Covid-19 e a guerra no Leste europeu não perdemos a taxa de crescimento. Acredito que ao final desta década já seremos o terceiro maior produtor de tilápia do mundo e já brigando pela segunda posição”, vislumbra Medeiros.
Ainda, o presidente da PeixeBR diz que o Brasil tem vantagens competitivas importantes na produção de tilápia, como tecnologia avançada e bons resultados zootécnicos. “Os países que estão em terceiro e em segundo lugar têm limitações em recursos, como água e ração, e até compram grãos do Brasil para engordar os peixes. Então, com essas vantagens, o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor de tilápia do mundo na próxima década”, enfatiza.
Medeiros destaca que, anteriormente, para obter bons resultados na produção de peixes, era necessário passar todo os ‘pés na água’. Contudo, atualmente, um bom produtor é aquele que divide o seu tempo entre a gestão do negócio, análise de custos e parcerias de comercialização. “É fundamental entender o mercado a fim de realizar contratos futuros de compra de insumos e venda de produtos. Somente a vontade de produzir, o esforço e o trabalho manual hoje já não são mais suficientes”, pondera.
Preocupações do setor
São muitos os desafios que tiram o sono dos produtores de peixes de cultivo. Medeiro enfatiza que o investimento diário na atividade é essencial, mas o ambiente de investimento no Brasil hoje é bastante instável, devido aos altos custos do dinheiro. “Isso torna o risco de investimento muito grande. Além disso, a taxa de juros para captação de recursos, os riscos sanitários e as questões de saúde animal são uma preocupação constante para os produtores, o que exige um planejamento cuidadoso. É fundamental que o produtor esteja atento 24 horas por dia para não ser pego de surpresa. Embora o setor seja promissor e continue a crescer, alguns produtores que não estejam atentos a todos os desafios podem não sobreviver no futuro”, aponta.
“A mudança do Jornal Presente Rural para uma edição de Peixes é uma grande conquista para nós do setor”
A partir de 2023 o Jornal O Presente Rural terá duas edições, uma no primeiro semestre e outra no segundo, dedicadas somente à piscicultura. Antes, o segmento era abordado na edição Suínos & Peixes e na edição especial de Aquicultura. Agora passa a contar com publicações exclusivas. “Essa iniciativa é extremamente relevante, principalmente por se tratar de um veículo de comunicação com grande credibilidade no mercado. A mudança do Jornal Presente Rural para uma edição de Peixes é uma grande conquista para nós do setor, pois entendemos o quanto a comunicação e o bom jornalismo são fundamentais para desmistificar informações do setor”, enfatiza Medeiros.
Ele destaca que desde a criação da PeixeBR, em 2015, a preocupação com a comunicação é recorrente. “A forma como nos comunicamos afeta diretamente os resultados dos negócios. É fácil criar uma comunicação que gera cliques, mas fidelizar o cliente é um desafio constante. É importante divulgar o que fazemos, como fazemos e para quem fazemos, principalmente para o cliente externo. Parabenizo essa iniciativa do Jornal O Presente Rural, que contribui para o fortalecimento da cadeia produtiva da piscicultura brasileira. Receber esse presente é fantástico e fundamental para o setor, pois reforça a importância da comunicação como um dos pilares do sucesso do nosso negócio”, ressalta.
Ranking nacional de produção de peixes de cultivo
Com base nos dados do Anuário PeixeBR da Piscicultura 2023, confira o ranking dos estados que mais produzem peixes no Brasil (toneladas).
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor aquícola acesse gratuitamente a edição digital de Aquicultura. Boa leitura!
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.