Peixes
Tilápia perde valor no mercado interno e exportações sofrem queda
Demanda fraca e embarques 40% menores expõem desafios ao setor, apesar da redução na oferta de peixes.

Em agosto, os preços da tilápia seguiram em queda, refletindo a demanda ainda enfraquecida, apontam levantamentos do Cepea.
Por outro lado, conforme o Centro de Pesquisas, a oferta de animais dá sinais de recuo, com peixes mais leves disponíveis no mercado.
De acordo com levantamentos do Cepea, as cotações reagiram levemente na última semana de agosto, mas não o suficiente para elevar as médias mensais do pescado.
Quanto às exportações brasileiras de tilápia, o volume embarcado caiu fortemente em agosto, para 797 toneladas, 40,6% a menos que no mês anterior e 41,3% inferior ao registrado no mesmo período de 2024, segundo dados da Secex compilados e analisados pelo Cepea.

Peixes
Plataforma PNIP completa primeiro ano e avança na rastreabilidade do pescado
Aplicativo do MPA moderniza certificações, integra dados de captura e processamento e fortalece presença do pescado brasileiro em mercados exigentes.

OMinistério da Pesca e Aquicultura (MPA) celebra o primeiro ano de lançamento da Plataforma Nacional da Indústria do Pescado (PNIP), instituída pela Portaria MPA n°361, de 26 de outubro de 2024. A ferramenta é usada pelo Departamento da Indústria do Pescado (DIP), da Secretaria Nacional de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva (SNPI), na emissão e gestão das certificações das embarcações de pesca integradas à cadeia produtiva do pescado brasileiro – destinado à indústria para fins de comercialização nos mercados nacional e internacional.
Em 2025, foram entregues quatro módulos principais:
- Módulo de habilitação de técnicos responsáveis de embarcações;
- Módulo de Certificação higiênico-sanitária, em cumprimento à Portaria SAP-MAPA n° 310/2020;
- Módulo de Certificação higiênico-sanitária para atendimento à Portaria MPA nº 75/2023, que conta com uma versão em aplicativo para otimizar as atividades da equipe técnica de certificação a campo;
- Módulo de Certificado de Acreditação de Origem Legal (CAOL), com base na Instrução Normativa MPA n° 2/2018, para assegurar a procedência legal da matéria-prima.
Em retrospecto, foram recebidos pelo DIP, via PNIP:
- 57 solicitações de habilitação de técnicos responsáveis;
- 45 solicitações de emissão do Certificado Oficial de Boas Práticas Higiênico-sanitárias a Bordo;
- 3 solicitações de emissão de Certificado Oficial de Conformidade da Embarcação de Pesca;
- 247 solicitações de emissão de CAOL.
No último dia 9 de dezembro, a equipe da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), responsável pelo desenvolvimento da PNIP, esteve reunida em Brasília/DF para prosseguir com o trabalho de aprimoramento e inovação da plataforma. Eles apresentaram para a equipe do DIP/SNPI uma proposta de interface para o Módulo Rastreabilidade, um Painel de Gestão de Dados da Cadeia Produtiva da Pesca, demanda solicitada pelo diretor José Luis Vargas.
De acordo com Vargas, a nova interface de dados dará suporte fundamental ao DIP/SNPI para o desenvolvimento de políticas públicas que valorizem o pescado brasileiro, além de garantir o controle higiênico-sanitário, legal e de rastreabilidade do pescado, fator essencial para o fornecimento do pescado brasileiro para mercados exigentes. “O novo módulo representa um salto em rastreabilidade e inteligência na gestão da cadeia do pescado, fornecendo informações completas sobre o ciclo produtivo do pescado, desde a captura e até o destino de comercialização”, ressaltou.
A nova ferramenta integra os seguintes dados:
- Cruzeiro de pesca e mapa de bordo;
- Mapa de produção e volume de pescado;
- Identificação da indústria que recepciona a matéria-prima;
- Tipo de produto processado;
- Mercado de destino (nacional e internacional).
“Este é um marco para a gestão eficiente e transparente do setor, elevando a confiabilidade e a rastreabilidade de toda cadeia de produção da pesca, aumentando a competitividade do pescado brasileiro”, concluiu Vargas.
Peixes
Ministério do Meio Ambiente descarta erradicação da tilápia no Brasil
Governo federal esclarece que inclusão da espécie em lista de exóticas invasoras não implica proibição da produção e anuncia suspensão temporária do processo para ampliar o diálogo com o setor aquícola.

O Ministério do Meio Ambiente nunca propôs e nem vai sugerir a erradicação da tilápia do Brasil, embora o peixe faça parte da lista de espécies exóticas e invasoras desde 2006. A afirmação foi feita na última quarta-feira (10) pelo ministro substituto do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco. Em audiência pública na Comissão de Agricultura, ele falou sobre resolução da Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio) que propõe a publicação das listas nacionais de espécies exóticas invasoras. A realização do debate foi proposta pelo senador Jorge Seif (PL-SC).

João Paulo Capobianco é ministro substituto do Meio Ambiente: “O tratamento desse tema é obrigação do poder público, não fazê-lo implica crime de prevaricação. O poder público tem que tratar do controle ou erradicar espécies exóticas que ameacem o ecossistema. Para construir entendimento sobre que espécie ameaça o meio ambiente, é necessário levantamento das espécies, que devem ser tratadas de forma adequada como prevê a lei” – Foto: Carlos Moura/Agência Senado
Capobianco reconheceu que a elaboração da lista gerou polêmica, mas esclareceu que a publicação do documento obedece à legislação nacional e atende a convenções internacionais das quais o Brasil é signatário, entre outras normas legais. Diante da polêmica, o governo federal anunciou a suspensão temporária do processo de elaboração do documento.
O ministro também apontou que a tilápia gera benefícios econômicos, ao contrário de outras espécies invasoras que exigem controle severo, como o mexilhão dourado e o peixe-leão.
A tilápia é considerada exótica por ser originária da África, tendo sido introduzida no Brasil na década de 1970. A espécie é classificada como invasora porque é altamente generalista, ou seja, é um peixe que come de tudo. Isso reduz a disponibilidade de alimentos para as demais espécies nativas. A tilápia alimenta-se de algas, detritos e larvas de outros peixes. Também tolera variações de temperatura, é muito resistente e convive muito bem em regiões com baixa oxigenação, o que contribui para a sua criação em tanques.
Legislação
Nenhuma espécie pode ser introduzida no país sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da Lei 5.197, de 1967, que dispôs sobre a proteção à fauna no Brasil. Por sua vez, o Decreto 2.519, de 1998, promulga convenção internacional sobre diversidade biológica, a qual prevê controle ou erradicação de espécies exóticas que ameacem o meio ambiente ou espécies nativas, esclareceu Capobianco.
“O tratamento desse tema é obrigação do poder público, não fazê-lo implica crime de prevaricação. O poder público tem que tratar do controle ou erradicar espécies exóticas que ameacem o ecossistema. Para construir entendimento sobre que espécie ameaça o meio ambiente, é necessário levantamento das espécies, que devem ser tratadas de forma adequada como prevê a lei” afirmou.
Capobianco também explicou aos senadores o contexto que teria contribuído para o surgimento de polêmica em torno da lista das espécies invasoras.
“A polêmica toda ocorreu no meio do processo. Especialistas elaboraram e submeteram a lista à comissão para questionamento. E ali vazou a informação absolutamente equivocada, danosa ao processo, de que o Ministério do Meio Ambiente estaria propondo a erradicação da tilápia. [A lista] apresenta sugestões e recomendações ao governo para minimizar impactos potenciais dessas espécies. Nos pegaram no meio do caminho. A lista não estava aprovada. O ministério sugeriu à Conabio que suspendesse a tramitação da lista das espécies já existentes no Brasil. E abrisse diálogo com setores produtivos que identificassem risco e prejuízo para juntos construirmos e definirmos melhores medidas e práticas para minimizar o impacto dessas espécies. Não é uma novidade, não é algo que o ministério possa deixar de fazer, é obrigação” afirmou.
Controle das espécies
Em 2002, disse Capobianco, começaram as ações para efetivar as normas sobre controle de espécies. “Isso foi reforçado em 2011, com a Lei Complementar 140, que dispõe sobre ações administrativas da União para controlar a introdução no país de espécies exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar o ecossistema e espécies nativas.”
A decisão de classificar a tilápia como espécie invasora não é do atual governo. Surgiu em 2006 e vem sendo ratificada desde então, afirmou Capobianco. A ciência identifica, e não o Ministério do Meio Ambiente, a tilápia como espécie exótica invasora que deveria ser objeto de ação de controle, ressaltou.
“O Ministério do Meio Ambiente, por meio de suas autarquias vinculadas, é responsável por atualizar a lista das espécies ameaçadas de extinção e das espécies invasoras. Tem que ser atualizada sempre porque a realidade muda e as espécies podem sair ou entrar na lista. Por isso as listas são sempre renovadas e atualizadas, considerando o que há de melhor na informação científica. A lista é apenas indicativa para futuras adoções de medida que possam mitigar riscos” afirmou.
Vigilância sanitária
Capobianco enfatizou que o Brasil enumera as espécies para viabilizar a adoção de medidas pelo sistema de controle de vigilância sanitária, Ibama, autoridades portuárias e alfandegarias, que devem observar cuidado para que espécies não entrem no país. “Temos 444 espécies exóticas invasoras que devem entrar na lista atualizada, 146 vieram de outros países e 103 de espécies invasoras nativas, que precisam de controle, como o tambaqui, só que de outro bioma, a exemplo de um peixe da Amazônia que passa a ser criado em Santa Catarina. Na flora são 176 espécies, sendo 114 brasileiras, mas trazidas de outros biomas. Toda espécie que não é nativa de um ambiente é considera estrangeira” afirmou.
Na avaliação de Capobianco, a questão não é condenar a criação da tilápia ou a carne do animal, fundamental para a segurança alimentar no país. “A questão é que tipo de prática podemos fazer sem inviabilizar o setor para reduzir o escape, visto que alguns modelos de redes e tanques não são mais apropriados. Tem vários caminhos para ser construídos, o importante é reconhecer que ali tem uma questão que deve ser endereçada com todos os cuidados. Por que a gente não fez uma ação mais firme junto ao setor para que tivesse menos escape? Publicar a lista não basta.”
Sistema anti-escape
Seif ressaltou que a adoção de sistema anti-escape na criação de tilápias é de interesse do próprio produtor. “Não é só o ministério que está preocupado com o escape, o primeiro interessado é o produtor. Os maiores associados do agronegócio do Brasil ficaram desesperados com o anuncio da lista” disse o senador.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) ressaltou que o agronegócio do Brasil avança na exportação de alimentos para mais de 200 países. E cobrou “atenção e cuidado” na adoção e interpretação de listas para evitar prejuízos para o setor produtivo.
Representante da maior associação de aquicultores do Brasil (Peixe BR), Francisco Medeiros ressaltou que os grandes grupos estrangeiros são de empresas atacadistas que não permitem a aquisição de alimentos que estejam na lista de exóticos ou de espécies em extinção.
Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho disse que o órgão atua de forma prioritária no controle e manejo de espécies exóticas. Ao longo de mais de 500 anos de história, milhares de espécies exóticas foram introduzidas no país, sendo que a maior parte nem sequer se transformou em invasora, afirmou.
“Nem toda espécie exótica tem característica de invasora. Uma boa parte das pragas agrícolas veio de outros países e são espécies invasoras no Brasil. Hoje algumas exóticas invasoras trazem muito prejuízo para a agropecuária brasileira, é o caso do javali. A gente tem algumas espécies exóticas invasoras que o Ibama está olhando com atenção. O Ibama não vai se preocupar com tilápia, fiquem muito tranquilos em relação a isso” afirmou.
Peixes
Dia do Engenheiro de Pesca destaca trajetória de excelência de pesquisadora do Instituto de Pesca
Carreira de Paula Maria Gênova de Castro Campanha é reconhecida pelo impacto científico, pela atuação na gestão pesqueira e pelo compromisso com a sustentabilidade da pesca e da aquicultura no Brasil.

O Dia do Engenheiro de Pesca, foi celebrado no domingo (14), neste contexto, a carreira de Paula Maria Gênova de Castro Campanha, pesquisadora do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, destaca-se como exemplo de dedicação científica e compromisso socioambiental.
Graduada em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 1978, com mestrado em Oceanografia Biológica pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP) (1989) e doutorado em Oceanografia Biológica pelo mesmo instituto (2000), está como pesquisadora científica do IP desde 1987. Além de suas atividades de pesquisa, ela tem colaborado no Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Pesca do Instituto (PPGIP), orientando e coorientando alunos em nível de mestrado, onde ministra três disciplinas voltadas à sustentabilidade e à ciência pesqueira.
Paula também atua de forma expressiva em grupos de articulação e gestão da pesca no país, participando de diversos Grupos de Trabalho em colegiados e comissões de órgãos normativos, como o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Atualmente, integra o Plano de Recuperação do pintado na bacia do Alto Paraná, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e é membro do Plano de Ação e do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT), ambos voltados à conservação e ao manejo dessa espécie e de outras espécies migradoras nativas.
Além dessas atividades, a pesquisadora compõe o Comitê de Gestão da Pesca (CPG Centro-Sul). Recentemente, participou dos workshops promovidos pelo MPA sobre repovoamento e gestão pesqueira nas bacias hidrográficas brasileiras, ocasião em que apresentou resultados sobre o monitoramento pesqueiro continental na bacia do rio Tietê, em São Paulo.
Homenagem pelo trabalho no IP
No dia 05 de dezembro, a coordenadora do IP, Cristiane Neiva, homenageou a pesquisadora Paula, como Destaque IP 2025, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido na instituição. A celebração destacou sua trajetória de excelência, sua dedicação às pesquisas e à formação de novos profissionais, e o impacto positivo de suas ações para a sustentabilidade da pesca continental e para a valorização das comunidades pesqueiras.
A pesquisadora disse ter ficado muito grata, honrada e emocionada pela homenagem recebida por meio da coordenação do IP. “Quero dizer a todos que a recebo com muita humildade e carinho, e faço questão de repartir esse momento especial com todos os colegas, amigos e servidores desta casa, que fazem parte dessa homenagem. Meus agradecimentos sinceros às queridas gestoras Cristiane Neiva e Luciana Menezes. Muito obrigada!”
Paula também parabenizou todos os engenheiros de pesca pelo seu dia: “Profissão na qual me formei como carreira das Ciências Agrárias pela Universidade Federal do Ceará e, posteriormente, tive a oportunidade de trilhar em novos mares e rios”.



