Suínos Piscicultura
Tilápia atrai jovens produtores
Céu de brigadeiro é essa expressão que Gustavo Moratelli usa para definir a produção de tilápias no Brasil e o mercado para esse pescado

Céu de brigadeiro é uma expressão usada para dizer que está tudo tranquilo, está tudo bom, que não há chateações à
vista, fazendo referência ao céu azul e limpo para o voo de aeronaves. Pois é essa expressão que Gustavo Moratelli, usa para definir a produção de tilápias no Brasil e o mercado para esse pescado. Para ele, o momento é do peixe. O jovem piscicultor está tão confiante que, mesmo vindo de uma família tradicional na avicultura, atividade lucrativa para as pequenas propriedades rurais no Oeste do Paraná, decidiu apostar na criação de peixes. Não por menos. A piscicultura paranaense é a maior e mais avançada do Brasil, concentrada especialmente na região Oeste, que conta com produtores que alimentam dezenas de frigoríficos.
O maior deles fica em Nova Aurora, onde são abatidas mais de 40 milhões de cabeças ao ano. Por conta disso, a tilápia já representa 9% do total do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do município, que foi de R$ 753 milhões em 2018. Ou seja, naquele ano o peixe movimentou cerca de R$ 70 milhões.
E esse céu de brigadeiro cruza horizontes. Em Tupãssi, município vizinho a Nova Aurora, 6% do VBP de 2018 veio da piscicultura. E Gustavo Moratelli ajudou nesse índice. Justamente em 2018 ele ingressou na atividade, depois de quase cinco anos planejando e executando um belo projeto no interior do município. E é claro, O Presente Rural foi até lá para conhecer e contar mais essa história.
“Comecei na atividade em 2018. Meus pais têm aviários e em 2016 queriam construir mais, mas eu já estava muito interessado na produção de tilápias. Meu tinha já estava na atividade e estava se saindo muito bem. Fiquei na fila de espera (para ser selecionado pela cooperativa Copacol, de Nova Aurora), esperei financiamento, construímos os açudes e outras estruturas necessárias e colocamos o primeiro lote em 2018”, cita o produtor. “Tenho certeza que a piscicultura está hoje se saindo a melhor entre as atividades pecuárias. É a melhor atividade em retorno econômico, mais que frango ou suínos”, garante o produtor rural.
São 63 mil metros quadrados de lâmina d’água, de onde saem mais de 350 toneladas de peixe a cada oito meses. Toda a produção vai para a Copacol. A cooperativa fornece os alevinos, a assistência técnica e a ração, além de garantir a despesca, compra, processamento e venda do peixe. Além do investimento inicial e na manutenção da propriedade, cabe ao produtor fazer o manejo adequado, arraçoamento, manter o controle da qualidade da água e arcar com despesas gerais, como energia elétrica.
Mas não é tão simples assim. Em 2019, conta Moratelli, o desafio foi enfrentar a bactéria Streptococcus, que causa infecções nos animais e pode provocar mortalidade. “O principal desafio é manter os animais livres de patógenos. Esse ano (2019) tivemos um problema com a Streptococcus, mas conseguimos observar e resolvemos rapidamente”, aponta. Entre as medidas de biosseguridade que o produtor não abre mão, está a desinfecção de veículos no rodolúvio. Todos os veículos que entram na propriedade, como o da Reportagem de O Presente Rural, passam pelo arco de desinfecção, que dá um banho de uma solução para neutralizar microrganismos indesejados.
Ainda de acordo com ele, é preciso manter o peixe em uma zona de conforto, sem estresse, para que seu sistema imunológico seja melhor e consiga combater eventuais desafios sanitários com melhor desempenho. “Eu trabalho muito com o manejo preventivo para evitar que os peixes entrem em uma situação de estresse. Precisamos manter ele em uma zona de conforto. O estresse acaba com o sistema imunológico das tilápias”, sustenta. A zona de conforto inclui manter qualidade e temperatura da água, não superpovoar os tanques e manter uma rotina de alimentação.
2019 e 2020
“Mas 2019, apesar dos desafios, foi um ano muito bom. Aliás, a piscicultura está indo muito bem. Temos um céu de brigadeiro pelos próximos dez anos pelo menos. O consumo da carne de peixe está aumentando, não para de crescer. Tenho certeza que teremos mercado crescente nos próximos anos, inclusive para o exterior”, conta. No fim do ano passado, a Copacol foi autorizada a exportar peixe para os Estados Unidos, o que reforça o ânimo de Moratelli com a atividade. “Esperamos um 2020 ainda melhor”, pontua.
Mais de 40 milhões de peixes por ano
Pioneira entre as cooperativas do Brasil na produção integrada de peixes, a Copacol atualmente é a maior empresa do Brasil no abate de tilápias e tem o domínio de toda a cadeia produtiva. São mais de 200 produtores integrados, que fornecem para o abate mais de 40 milhões de peixes por ano, industrializados no Abatedouro de Peixes em Nova Aurora.
Toda a produção começa nos laboratórios da UPA (Unidade de Produção de Alevinos), em Nova Aurora, seguem para os produtores juvenis e em seguida aos terminadores, até atingirem o peso ideal para abate, quando são transportados para o abatedouro.
Todos os produtos processados e industrializados pela Cooperativa são comercializados no mercado interno. Até agora, apenas a pele é exportada para a França.
Outras notícias você encontra na 6ª edição do Anuário Paranaense do Agronegócio ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



