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Terminação intensiva a pasto: arroba mais barata e economicamente sustentável

O sistema de terminação intensiva a pasto pode ser uma alternativa para reduzir o tempo de retorno do capital investido

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Foto: Assessoria

Felipe Pelícia Luiz é zootecnista e consultor técnico da Premix.

O sistema de terminação intensiva a pasto (TIP) é um método onde se busca potencializar o ganho de peso dos animais em épocas de boa disponibilidade de forragem, associando o fornecimento de ração com a ingestão de pasto, estratégia que permite reduzir o uso de ração concentrada. Quando comparamos com dietas de animais estritamente confinados, isso torna a arroba produzida mais barata.

Geralmente, a TIP é desenvolvida no período de águas, o que possibilita o abate de animais antes da entrada da seca, aliviando a lotação da fazenda no período no qual a disponibilidade de pasto é reduzida, abrindo a oportunidade para chegada dos bezerros a serem recriados, os quais exigem menor quantidade de alimento. Com essa estratégia, é possível produzir de forma economicamente sustentável.

 

O sistema de terminação intensiva a pasto

Os ruminantes, classe à qual os bovinos estão inseridos, possuem uma particularidade: a presença do rúmen e outros dois compartimentos digestivos por onde o bolo alimentar passa antes de chegar ao estômago verdadeiro e, posteriormente, ao intestino.

No rúmen, ocorre praticamente todo o processamento da dieta ingerida. Esse processamento é realizado pelos microrganismos ali presentes, principalmente pelas bactérias. Quando entram em contato com o alimento pré-processado pela mastigação dos animais, os microrganismos realizarão o restante do processo, gerando proteína microbiana e também energia em forma de ácidos graxos de cadeia curta, os quais são absorvidos e metabolizados, gerando energia para manutenção animal e produção de carne.

Para que haja o correto processamento e aproveitamento do alimento, o rúmen precisa estar em constante movimento, o qual é estimulado pela fibra efetiva presente na dieta.

Além da presença da fibra, existe a necessidade de equilíbrio entre nível de energia, proteína e minerais da dieta. A ingestão em proporções corretas de pasto e ração irão proporcionar a ocorrência desses processos de forma saudável ao animal.

A TIP consiste em buscar o equilíbrio entre a capacidade nutricional do pasto e o fornecimento de ração para complementar o aporte nutricional dos animais, tendo como objetivo o aumento do desempenho.

O bovino busca rotina, que lhe traz sensação de segurança, aliviando o estresse e permitindo que ele expresse normalmente seu comportamento; esses fatores influenciam diretamente em seu desempenho.

Bons resultados são alcançados na TIP quando são cumpridos os horários de fornecimento de ração e a correta formação de lotes, considerando peso dos animais e tamanho da área disponível para o desenvolvimento da atividade. Evitar que os animais tenham a necessidade de competir por alimento e água é fundamental.

 

Aplicações e metodologia

Considerando os fundamentos nutricionais básicos, a TIP pode ser aplicada em qualquer propriedade rural cujo objetivo seja a engorda de bovinos de corte. Esse sistema pode ser desenvolvido tanto no período das águas quanto no período seco do ano.

No período de águas, geralmente existe maior disponibilidade e qualidade de forragem, portanto, a necessidade de ração para complemento da nutrição é menor em relação ao período da seca, pois a forragem, além de fornecer fibra, irá contribuir com proteína e energia na dieta. Já no período de seca, a qualidade e a disponibilidade da forragem são reduzidas e a contribuição do capim na dieta será basicamente como fonte de fibra, havendo a necessidade de complementar praticamente em sua totalidade as exigências dos animais para mantença e produção via ração.

No período das águas, o fornecimento de 1% a 1,3% do peso animal em ração é o suficiente para complementar a nutrição, quando o objetivo é incrementar o desempenho. O restante da ingestão diária para completar os 2,3% do peso vivo virá via pasto, que deve ter boa disponibilidade e qualidade de folhas.

No sistema TIP águas o ideal é que a ração seja fornecida uma vez ao dia, nos horários mais quentes, pois os animais já pastejaram e estão em descanso, o que contribui para evitar o efeito substitutivo do pasto pela ração.

Já no sistema TIP seca temos a situação inversa, quando a necessidade de fornecimento de ração aumenta e o pasto entra somente como fonte de fibra. Nesse sistema, recomenda-se o fornecimento de ração duas vezes ao dia.

É importante destacar que, com o aumento no fornecimento de ração, é necessário que seja realizada a adaptação dos animais, pois os mesmos são essencialmente preparados para consumir e processar forragens ricas em fibra.

Para implementação de ambos os sistemas é necessário ter o mínimo de estrutura, principalmente de cocho para alimentação e bebedouro. A recomendação é que o espaço linear de cocho seja de no mínimo 33 cm por animal e que estes cochos fiquem posicionados próximos ao ponto de bebida.

Um bovino ingere diariamente entre 4 a 6 litros de água por quilograma de massa seca consumida. Portanto, a ingestão de água é fundamental para o consumo correto de alimento. Sendo assim, qualquer fator que dificulte a ingestão ou cause qualquer mal-estar ou repulsa ao ingerir a água influenciará diretamente no resultado final.

O sistema de terminação intensiva a pasto pode ser uma alternativa para reduzir o tempo de retorno do capital investido. É recomendado ao pecuarista a realização de um detalhado planejamento prévio, considerando mão-de-obra disponível, fluxo e capacidade de caixa e adequação de infraestrutura ou otimização da já existente.

Recomenda-se também que os animais estejam com desenvolvimento completo da estrutura da carcaça, visto que o aporte nutricional fornecido na TIP tem como objetivo promover o desenvolvimento muscular e posterior cobertura de gordura e não o seu crescimento. Animais em fase de crescimento poderão ter o desenvolvimento de carcaça comprometido ao receberem dietas de alta energia.

 

Fonte: Assessoria

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Aliança Láctea Sul Brasileira avança nas ações de promoção do desenvolvimento da cadeia produtiva do leite

Evento reuniu um grupo de especialistas do setor lácteo, representantes das Secretarias de Agricultura dos três estados do Sul, dos Sindicatos das Indústrias de Laticínios e das Federações de Agricultura dos três estados do Sul.

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Objetivo foi atualizar sobre o cenário atual da Aliança Láctea Sul-Brasileira e relatar as ações de cada estado do Sul

Atualizar sobre o cenário atual da Aliança Láctea Sul-Brasileira (ALSB), relatar as ações de cada estado, principalmente sobre a entrada de leite em pó importado do Mercosul e conhecer o diagnóstico do leite no Paraná, feito pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) foram as pautas da reunião ordinária da ALSB promovida nesta quinta-feira (2), na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).

Encontro teve como anfitrião o presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Zeferino Pedrozo – Fotos: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O encontro teve como anfitrião o presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Zeferino Pedrozo, e reuniu um grupo de especialistas do setor lácteo, representantes das Secretarias de Agricultura dos três estados do Sul, dos Sindicatos das Indústrias de Laticínios e das Federações de Agricultura dos três estados.

A programação foi conduzida pelo coordenador geral da Aliança Láctea, Rodrigo Ramos Rizo, e contou com a participação do presidente do secretário de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Valdir Colatto, do secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes, do secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Anacleto Ortigara, do presidente Sistema Farsul, Gedeão Silveira Pereira, do representante do Sistema Faep e presidente da Comissão Nacional de Pecuária do Leite da CNA, Ronei Volpi, do presidente do Sindileite Paraná, Éder Quinto Salvadori Deconsi, do presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, entre outras lideranças.

Após um momento de solidariedade com a grave situação do Rio Grande do Sul, o presidente Pedrozo agradeceu aos representantes da Aliança Láctea pela participação no evento, comentou sobre a importância do Programa Leite Bom, recém-criado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, falou sobre a longa trajetória para conquistar o valioso status sanitário catarinense e realçou o êxito do trabalho da ALSB para cumprir o propósito de atuar de forma conjunta para solucionar os problemas comuns enfrentados pelo setor. Também frisou o quanto o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro (PDCGL) é essencial para propor ações que contribuem para um ambiente favorável aos investimentos na ampliação da produção. “Com cooperação será possível aumentar nossa competitividade no mercado global e criar oportunidades para potencializar o setor”.

Rodrigo Ramos Rizo agradeceu a receptividade da Faesc e salientou que a reunião foi fundamental para vencer mais alguns pontos importantes do setor. “O encontro teve um início muito emocional em função do quadro que o Rio Grande do Sul está vivendo neste momento pelas chuvas e enchentes, mas avançamos nas questões que a Aliança Láctea tem se proposto, ou seja, nos dez itens que representam a nossa bíblia no sentido de fortalecermos as exportações e trabalharmos cada vez mais as nossas indústrias para que estejam adequadas ao mercado internacional. Sabemos que os produtores não exportam, ou seja, quem exporta é a indústria, mas somos todos elos de uma cadeia só. Acredito que é possível avançarmos. Também estão de parabéns os representantes do Paraná que elaboraram todo esse trabalho de levantamento de diagnóstico muito bem feito. Além disso, a presença dos secretários de agricultura conosco abrilhantou a reunião trazendo toda a sua bagagem, conhecimento e as ações que cada estado tem feito no sentido de barrar a entrada de leite em pó do Mercosul”.

Leite Bom SC

Valdir Colatto enfatizou as iniciativas desenvolvidas pelo Governo do Estado para fortalecer a cadeia produtiva do leite e, entre as medidas, citou o Leite Bom SC – programa que beneficia direta ou indiretamente os 22,2 mil produtores catarinenses. O pacote garante R$ 300 milhões em apoio ao setor nos próximos três anos. Paralelamente aos investimentos, decreto do governador Jorginho Mello suspende a concessão de qualquer incentivo fiscal para a importação de leite e derivados por Santa Catarina, acabando com a concorrência desleal que vinha prejudicando a produção leiteira catarinense. O pacote se divide em três ações: o decreto, os financiamentos aos produtores e os incentivos fiscais para a indústria leiteira. “Santa Catarina hoje está produzindo hoje cerca de 3,2 bilhões de litros de leite, o que corresponde a 9,3% da produção do Brasil. É um setor importante que precisamos valorizar e proteger para que nossos agricultores possam superar esses momentos difíceis de custo de produção e outros prejuízos”, assinalou Colatto.

Norberto Anacleto Ortigara frisou a importância do encontro para evoluir nas questões que envolvem a cadeia produtiva do leite e ressaltou que Paraná também tem dado passos importantes no sentido de continuar construindo uma política adequada aos interesses brasileiros, especialmente, do Sul do Brasil. Giovani Feltes destacou ações que o Rio Grande do Sul já vem colocando em prática para minimizar os efeitos da importação de leite, principalmente do Mercosul. “Nosso estado já vem há algum tempo tentando proteger, de acordo com suas possibilidades, a cadeia produtiva leiteira”, afirmou.

A Aliança Láctea foi constituída como o fórum público-privado para desenvolver e fomentar a implementação de um plano para harmonizar o ambiente produtivo, industrial e comercial dos três estados. Confira os 10 objetivos do Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro.

  • Produzir leite com alta qualidade, a custo baixo e com organização logística eficiente para ser competitivo no mercado global em relação aos principais exportadores mundiais.
  • Melhorar a eficiência e o desempenho agronômico e zootécnico da produção de leite na região Sul do Brasil, adequando a produção aos princípios da sustentabilidade, ESG e bem-estar animal.
  • Aumentar a escala de produção e reduzir os custos médios por litro de leite produzido e transportado.
  • Melhorar a qualidade e o rendimento industrial do leite, com aumento do percentual de gordura e proteína na sua composição e pagamento por sólidos totais.
  • Melhorar a logística e a infraestrutura nas regiões produtoras de leite com investimentos em estradas, energia trifásica e Internet.
  • Melhorar a organização e governança da cadeia produtiva do leite com estratégias setoriais pré-competitivas, eliminação de assimetrias tributárias, intercooperação visando eficiência na logística e investimentos em marketing e informação geral para aumento consciente do consumo de lácteos.
  • Promover a fidelização do relacionamento comercial entre produtores de leite e indústrias de laticínios por meio de parcerias duradouras.
  • Conquistar e manter a excelência sanitária e biossegurança dos rebanhos com robustos serviços públicos e privados de defesa agropecuária e sanidade.
  • Adequar e harmonizar o serviço de inspeção de produtos de origem animal.
  • Criar mecanismos para estimular indústrias a instalar ou adequar plantas voltadas à exportação de lácteos.

Fonte: Assessoria Aliança Láctea Sul Brasileira
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Veto à carne nas Olimpíadas: punição ou preservação?

Ao invés de uma postura enviesada e divisionista, uma abordagem mais individualizada e baseada em evidências científicas seria mais adequada

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Letícia Moreira - Nutricionista - Foto e texto: Assessoria

*Por Letícia Moreira

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 se aproximam e uma notícia recente tem gerado polêmica no mundo esportivo: a decisão do comitê organizador de reduzir drasticamente a oferta de carne nas refeições servidas durante o evento. Segundo o Comitê, o objetivo é limitar as emissões de CO2 decorrentes das refeições, diminuindo pela metade a pegada de carbono em comparação a edições anteriores.

No entanto, essa abordagem é uma medida nutricionalmente desequilibrada e prejudicial aos atletas, que precisam de um aporte nutricional adequado para o alto desempenho.

Diante desse cenário, é importante analisar a evolução histórica da alimentação de atletas e o papel da carne em suas dietas, bem como as perspectivas atuais sobre o tema.

Desde a antiguidade, a alimentação dos atletas tem sido motivo de debate e controvérsia. De acordo com o relato do historiador Philostratos, no início, os atletas confiavam em seus treinadores para garantir que suas necessidades nutricionais fossem atendidas. No entanto, com o tempo, os médicos assumiram o controle e os primeiros especialistas em medicina esportiva começaram a surgir.

Nesse contexto, dois importantes médicos da época, Celsus e Galeno, consideravam o consumo de proteína animal a forma mais nutritiva de nutrição para os atletas. Ambos concordavam que a carne era um alimento “forte” e nutritivo, essencial para os atletas. Galeno chegou a afirmar que a carne era o alimento mais nutritivo de todos, sendo visível nos próprios atletas o impacto positivo dessa proteína.

Outras fontes proteicas, como aves e peixes, também eram consideradas importantes.

Essa visão histórica sobre a relevância da carne na dieta de atletas encontra eco nos dias de hoje. Um exemplo notável é o caso do atleta brasileiro Alessandro Medeiros, que se tornou conhecido mundialmente por alcançar grandes feitos esportivos seguindo uma dieta exclusivamente carnívora, ou seja, à base de carne.

Medeiros, com mais de 30 anos de dedicação ao esporte, desenvolveu habilidades físicas e mentais excepcionais, conquistando colocações de destaque em ultramaratonas e eventos de resistência, como o Mundial de Ultraman na ilha de Kona no Hawaii. Sua história mostra o impacto positivo que uma alimentação adequada, focada em proteínas e gorduras animais, pode ter no desempenho atlético.

Além da questão nutricional, explicada acima, neste ano, por meio de uma parceria de trabalho estabelecida com a Connan, empresa de nutrição animal, tive a oportunidade de me aproximar e informar sobre o processo de produção da carne no Brasil, acompanhando mais de perto os movimentos da pecuária.

Esta proximidade me fez conhecer um lado da atividade que é pouco difundida entre a população em geral: os investimentos em tecnologia na produção de animais. Hoje, existem empresas e entidades focadas no desenvolvimento de soluções que garantam a qualidade do produto final, a carne, mas que também ofereçam aos bovinos melhor qualidade de vida e menor emissão de gases, com uma alimentação mais balanceada e proteica.

Além disso, técnicas de manejo que proporcionem a recuperação de pastagens degradadas, adubação qualificada, manejo do pastejo, estratégias de suplementação e dietas adequadas em confinamento são alguns métodos que têm mostrado efeito positivo na mitigação da emissão de gases de efeito estufa da pecuária.

Já há trabalhos que mostram situações em que o carbono sequestrado no solo sob pastagem contribui para um balanço positivo de carbono numa fazenda de produção pecuária, isto é, em que há mais carbono fixado do que emitido.

Não há como negar que a pecuária tem sim uma parcela importante no cenário da emissão de gases de efeito estufa, mas antes de condenar uma atividade de extrema importância para a segurança alimentar mundial, é fato que as autoridades francesas deveriam olhar para outros setores, como os de energia e de transportes, por exemplo, que também são grandes emissores e que crescem ano a ano.

Para um impacto de relevância no cenário da preservação do meio ambiente, entendo que as medidas deveriam levar em conta o todo. De acordo com relatório da organização não governamental Carbon Market Watch (CMW), a organização das Olimpíadas de Paris-2024 só apresentou estratégia robusta de cobertura para 31% de suas emissões de gases de efeito estufa. Os outros 69% não são detalhados suficientemente.

No campo dos transportes, item de maior peso nas estimativas de emissões, a CMW considera satisfatório o plano do comitê para o transporte em Paris, já que mais de 80% das instalações esportivas ficarão a um raio de 10km da Vila Olímpica. Porém, os organizadores não apresentaram algo completo, segundo a ONG, para o transporte de espectadores, atletas e jornalistas para a França.

Diante das evidências históricas e dos casos atuais, é questionável a decisão dos organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris em reduzir drasticamente a oferta de carne nas refeições servidas durante o evento. Essa abordagem, além de ser nutricionalmente desequilibrada, ignora o importante papel da pecuária no fornecimento de alimento para o mundo e pode comprometer o desempenho e a saúde dos atletas.

Ao invés de uma postura enviesada e divisionista, uma abordagem mais individualizada e baseada em evidências científicas seria mais adequada. Afinal, a dieta ideal para os atletas olímpicos deve priorizar um ótimo aporte nutricional e o atendimento de suas necessidades específicas, e não apenas uma preocupação ambiental que pode se sobrepor aos interesses da saúde e do desempenho desses esportistas de alto nível.

 

 

Referência: Uma comparação entre as dietas esportivas da Grécia Antiga e da Roma Antiga com as práticas modernas (https://www.omicsonline.org/open-access/a-comparison-of-ancient-greek-and-roman-sports-diets-with-modern-day-practices-2473-6449-1000104.php?aid=69865)

* Nutricionista formada há 18 anos pela Faculdade de Medicina de Itajubá (MG), Letícia Moreira, é especialista em dietas Low Carb, Cetogênica e Carnívora, com foco em emagrecimento e esporte de Endurance. É cofundadora da PRIMAL ENDURANCE e Nutricionista do primeiro Ultraman carnívoro do mundo, Alessandro Medeiros.

Fonte: Assessoria
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Colibacilose em bezerros: importante tipo de diarreia

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível.

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Foto: Divulgação/JÁ Saúde Animal

A saúde intestinal dos bezerros é um aspecto importante na pecuária, afinal impacta diretamente o desenvolvimento e a produtividade desses animais. Dessa forma, a manutenção de um trato gastrointestinal saudável e funcional permite a digestão e a absorção adequadas dos nutrientes. Nesse contexto, entre os principais desafios da criação de bezerros, relacionado à saúde intestinal, está a diarreia, sendo responsável por uma série de prejuízos. O problema é caracterizado por uma grande perda de líquidos e eletrólitos corporais que vão ocasionar desidratação, perda de peso, com possibilidade de evoluir para choque hipovolêmico e morte do animal.

Vários fatores podem ter relação com a ocorrência da diarreia e os agentes etiológicos causadores podem ser diversos, incluindo as bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp., Clostridium perfringens), os vírus (rotavírus e coronavírus), protozoários (Eimeria sp. e Cryptosporidium sp.) e as verminoses. Dentre esses, um dos principais no quesito mortalidade é a Escherichia coli, bactéria gram-negativa, que de forma geral é inofensiva. Contudo, quando tipos patogênicos infectam uma população susceptível ou quando há uma somatória de fatores (ambiente, manejo, imunidade) que estimula a proliferação bacteriana ocorre a chamada Colibacilose, termo atribuído a afecções provocadas por E. coli, que consequentemente podem ocasionar quadros de diarreia.

A Colibacilose pode acontecer de três maneiras: septicêmica, enterotoxêmica e entérica. A forma septicêmica se desenvolve quando a bactéria se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, afetando geralmente bezerros que não tiveram uma boa colostragem. Nesse caso, a apresentação da afecção é aguda, variando de 24 a 96 horas, com sinais clínicos como depressão, febre alta, anorexia e taquicardia. Outra forma é a enterotoxêmica, quando a bactéria se prolifera na parte média e posterior do intestino, havendo a liberação de toxina. Nesse caso, os animais apresentam prostração intensa e morrem de endotoxemia. Por fim, existe a forma entérica, conhecida como “curso branco”, caracterizada por sinais como diarreia pastosa abundante, de coloração esbranquiçada ou amarelada, podendo progredir para diarreia aquosa severa, desidratação, acidose metabólica e morte.

Geralmente a ocorrência da Colibacilose é mais frequente em animais mantidos em confinamentos ou muito próximos uns dos outros, além de bezerros com poucos dias de vida. Outros fatores epidemiológicos que podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro diarreico são: períodos chuvosos, sistemas de produção inadequados (manejo sanitário, instalações e nutrição ineficazes) e outras enfermidades como as endoparasitoses. A taxa de mortalidade pode variar de 10 a 50% para bovinos de leite criados em sistemas intensivos e de 5 a 15% para bovinos de corte. É importante salientar que ela pode chegar a 60% em propriedades com problemas de manejo.

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível. Além disso, é importante realizar a vacinação de fêmeas no pré-parto especialmente por conta da passagem de anticorpos da mãe imunizada para o bezerro, conferindo proteção durante os três primeiros meses de vida.

Para o tratamento recomenda-se a administração de antimicrobianos, sendo a Enrofloxacina um dos mais indicados, além do uso de anti-inflamatórios não esteroidais para o controle da febre, alívio da cólica e para proporcionar conforto ao animal. É importante que seja feita a reposição dos fluidos e eletrólitos pela via oral (em casos iniciais) ou pela via parenteral, pois a desidratação pode levar os bezerros à morte de forma muito rápida.

As referências bibliográficas desse texto podem ser solicitadas à autora pelo e-mail: juliana.melo@jasaudeanimal.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Juliana Melo, médica-veterinária e jornalista na JA Saúde Animal
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