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Suínos / Peixes

Tempo de observação: os animais nos dizem muitas coisas

Para garantir o bom funcionamento das etapas que envolvem o processo de produção é necessário atentar-se aos sinais dos animais, que demonstram que algo pode estar inadequado, desde a presença de comportamentos anormais, “estereotipias”, ou até mesmo fatores diretamente relacionados ao desempenho do suíno.

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Foto: Shutterstock

Todos os dias muitas atividades são repassadas aos colaboradores nas granjas: acompanhar o processo de desmame, transferências, vacinações, o trato dos animais, limpeza das instalações, assistência ao parto, entre outras. Ainda, os colaboradores podem assumir outras atividades em função de imprevistos, a exemplo a ausência de outro colaborador, ou até mesmo, folgas semanais.

A intensa movimentação diária, popularmente conhecida como “correria”, pode contribuir para que pontos importantes passem despercebidos, como a observação diária dos animais.

Para garantir o bom funcionamento das etapas que envolvem o processo de produção é necessário atentar-se aos sinais dos animais, que demonstram que algo pode estar inadequado, desde a presença de comportamentos anormais, “estereotipias”, ou até mesmo fatores diretamente relacionados ao desempenho do suíno.

Durante as visitas nas unidades de produção é possível encontrar situações não observadas pelos colaboradores, que muitas vezes se questionam como deixaram passar a observação de determinada situação.

Exemplos práticos

Figura 1 – Leitegada – Fotos: Arquivo pessoal

Na figura 1 é possível visualizar uma leitegada de padrão desejável. Porém, no momento da descida do leite, um dos leitões não está em aleitamento. Pode não ser nada, como também pode ser alguma alteração no aparelho locomotor, o que dificultaria ao leitão ganhar a disputa por um teto.

Na figura 2A nota-se que um leitão continua buscando leite, mesmo num momento em que os outros leitões já estão dormindo, indicando que, provavelmente, haja uma baixa produção de leite no teto definido pelo animal.

No segundo caso (figura 2B), no momento do aleitamento observa-se um leitão mais fraco que os outros e com o focinho sujo, já o teto mais limpo que os demais.

Figura 2A (esquerda) – Leitegada. Figura 2B (direita) – Leitões em aleitamento

Na figura 3A temos uma situação em que os leitões estão amontoados no escamoteador, gerando dúvidas sobre se o aquecimento está funcionando adequadamente. Já na figura 3B temos um caso em que os leitões estão dormindo fora do raio de aquecimento da lâmpada, o que nos leva a questionar se a mesma deveria estar acesa, ou se seria necessário um ajuste da altura, ou do aquecimento.

Figura 3A (esquerda) – Leitegada buscando aquecimento. Figura 3B (direita) – Leitegada próxima a fonte de aquecimento.

Ambiência de creche

Nas figuras 4A e 4B, verificamos um pouco dos desafios do ambiente de creche, sendo que, no primeiro caso, há um claro sinal de que o aquecimento utilizado, muitas vezes, pode ser insuficiente para os desafios do ambiente. Já na figura 4B, percebe-se uma disputa nos bebedouros, sinalizando a necessidade de ajuste nas cortinas, ou até mesmo verificar se há disponibilidade de água suficiente nas chupetas.

Figura 4A (esquerda) – Leitegada buscando aquecimento. Figura 4B (direita) – Suínos em disputa pelo acesso ao bebedouro.

Tempo de observação

A falta de tempo específico para observar os animais pode representar perdas de oportunidades para pequenos ajustes, que na maioria das vezes permitiriam melhores condições aos suínos naquele momento.

A observação do comportamento dos animais pode nos direcionar, desde um ajuste de cortinas, até a necessidade de intervenção nas baias, como a retirada de animais por algum problema. Muitas dessas situações só são possíveis de serem percebidas após o treinamento contínuo dos colaboradores.

Esses são alguns exemplos das oportunidades de ajustes que a inclusão do “tempo de observação” poderá trazer de benefícios para a granja.

Para que isso ocorra é necessário incluir esse tempo na rotina dos colaboradores, pois em alguns casos eles acabam ficando com receio de dizer que só estão andando entre as baias, ou olhando os animais, sem nada nas mãos, ou somente um marcador.

Com a criação do hábito de observar os animais durante esse chamado “tempo de observação” temos, aos poucos, a inclusão dessa ação entre as rotinas das atividades da granja, evitando que esses pontos passem despercebidos.

É muito importante que, durante a fase de implantação desse manejo, seja feito um treinamento para que, depois, isso aconteça de forma automática, como algumas ações que realizamos ao dirigir um carro, por exemplo.

Algumas sugestões de pontos de observação no momento de transitar em cada um dos setores:

Gestação

  • No momento em que as fêmeas estão em pé nas gaiolas, não deixe de verificar se estão mancando, ou com dificuldade para apoiar as quatro patas ao mesmo tempo;
  • Algumas horas após o fornecimento de ração na baia, verificar se ainda há fêmeas buscando ração no piso e qual a condição corporal dessa fêmea em relação às outras da baia;
  • As fêmeas que apresentem uma movimentação diferente das demais do grupo devem ser acompanhadas para verificar a necessidade de alguma medicação ou intervenção de manejo;
  • Ao limpar as baias, ou remover os resíduos das gaiolas, observar se há secreções ou sinal de sangramento, pois pode ocorrer um aborto.

Maternidade

  • Avaliar como os leitões estão distribuídos nas baias quando estão deitados (próximo à fêmea, sob o aquecimento, dentro do escamoteador);
  • Mesmo não sendo a hora do aleitamento, verificar se há leitões que seguem insistindo por algo a mais no teto da fêmea;
  • Avaliar como estão os movimentos respiratórios da matriz e o seu consumo de ração e água.

Creche, recria e terminação

  • Observar o posicionamento dos animais nas baias (amontoados e/ou acumulados próximos às chupetas de água). Ainda, entrar cuidadosamente na sala antes de abrir a porta ou despertar os animais (figura 5A e 5B);
  • Verificar se há quantidade disponível de ração nos comedouros e no piso. Tanto pode ser apenas uma questão de regulagem de comedouros como também (já chegou-se a verificar) muita ração no piso devido à falta de água no barracão;
  • Ao movimentar os animais, atentar-se àqueles que permanecem deitados, pois pode ser algum caso de artrite a ser tratado, ou quadros graves de febre e apatia.

Figura 5A (esquerda) – Observação dos animais. Figura 5B (direita) – Animais despertando lentamente.

Considerações finais

O tempo de observação é muito importante no dia a dia da granja. Ainda, as avaliações comportamentais e fisiológicas podem estar ligadas à sanidade e produção e, quando associadas, podem ser ferramentas eficientes na identificação do bem-estar dos animais e, consequentemente, expressão do máximo potencial produtivo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes. Boa leitura!

Fonte: Por Vinicius Mundim e Barros, consultor técnico comercial na Agroceres Multimix.

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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CBNA – Cong. Tec.

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