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VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas Redução de fungos e micotoxinas

Técnica utiliza gás ozônio para aumentar qualidade e segurança do milho

Resultado é a redução da carga microbiana e o aumento da vida útil dos alimentos

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Alcides Okubo

Pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) validaram uma tecnologia pós-colheita que reduz fungos e micotoxinas em grãos de milho com a aplicação do gás ozônio. A técnica não afeta a qualidade química, tecnológica e sensorial dos alimentos, com a vantagem de ser de implantação imediata pelo setor produtivo em linha industrial. A tecnologia limpa e sustentável também não agride o meio ambiente, e pode ser utilizada em silos de armazenamento de cereais e de outros tipos de alimentos, inclusive orgânicos. O resultado é a redução da carga microbiana e o aumento da vida útil dos alimentos. Derivada de mais de 20 anos de pesquisa, a tecnologia é simples e fácil de ser aplicada, podendo ser utilizada na descontaminação de vários tipos de grãos e castanhas.

O ozônio é reconhecido como substância segura para aplicação como sanitizante em alimentos pela Food and Drug Administration (FDA), órgão de vigilância sanitária dos Estados Unidos. Nos últimos anos, houve um crescente interesse na aplicação desse elemento no processamento de alimentos, devido à sua eficácia em baixas concentrações, pouco tempo de contato e sua decomposição em subprodutos não tóxicos.

Entra o ozônio, sai o cloro

Sua utilização na sanitização dos alimentos representa uma alternativa ao tradicional tratamento à base de cloro. “O ozônio possui alto poder de oxidação, pode ser aplicado na forma gasosa ou em solução aquosa e é de fácil obtenção pelo baixo custo de produção. Quando utilizado em alimentos, altera pouco as características químicas e sensoriais, por isso é uma alternativa vantajosa para a indústria de alimentos”, detalha o pesquisador da Embrapa Otniel Freitas, líder do projeto que avaliou o uso de ozônio na descontaminação de grãos.

O uso de tratamentos físicos, químicos ou biológicos na tentativa de remoção ou destruição das micotoxinas em grãos tem resultado, na maioria dos casos, na inviabilização do alimento para consumo. Ao contrário desses métodos, a tecnologia desenvolvida na Embrapa consiste no tratamento para descontaminação de fungos e de micotoxinas em grãos de milho utilizando ozônio gasoso. A aplicação de ozônio realiza a descontaminação microbiológica e a degradação de resíduos e contaminantes, pois arrebenta instantaneamente as paredes celulares dos microrganismos. “Quimicamente, o ozônio quebra as duplas ligações da molécula de oxigênio e neutraliza os efeitos tóxicos decorrentes dessa reação, desagregando e provocando uma mudança estrutural na molécula do agente nocivo”, explica Freitas.

A aplicação de ozônio em alimentos

Na pesquisa liderada pelos pesquisadores da Embrapa foram avaliados os efeitos de diferentes condições de ozonização gasosa e aquosa na redução de fungos e micotoxinas em milho. A ozonização gasosa apresentou reduções de até 57% nos níveis de aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2) e redução na contagem de fungos totais. A tecnologia é simples, fácil de ser aplicada, derivada de muito conhecimento agregado nas últimas décadas e pesquisa de ponta, podendo ser utilizada na descontaminação de vários grãos como milho e arroz, ou mesmo de algumas sementes oleaginosas como a castanha-do-brasil.

Para os grãos de milho, os resultados obtidos demonstraram que a ozonização gasosa é uma tecnologia eficaz para reduzir a contaminação por micotoxinas. “Os tratamentos de ozonização mais drásticos, ou seja, aqueles com maior concentração de ozônio, maior tempo de exposição e menor massa de grãos, apresentaram melhores resultados na redução de contaminação por aflatoxinas totais, alcançando valores próximos a 45%”, revela Yuri Porto, que desenvolveu a pesquisa para seu mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) sob orientação dos pesquisador da Embrapa José Ascheri e Otniel  Freitas. Contudo, Freitas frisa a necessidade de adotar corretamente os procedimentos de segurança para aplicação adequada do ozônio a fim de evitar danos aos operadores/analistas e também ao meio ambiente. “Há de se manter uma estrutura física segura capaz de monitorar e controlar a emissão de gases para evitar superexposição ao gás ozônio. Os empregados devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) como: máscaras, jalecos, botas e luvas apropriadas”, recomenda o pesquisador.

Diagnóstico da contaminação do milho por micotoxinas

Após tratamento por ozonização em milho, para avaliação dos efeitos sobre as concentrações de micotoxinas, as amostras foram analisadas a partir de um método multianalítico desenvolvido pela equipe do Laboratório de Resíduos e Contaminantes da Embrapa Agroindústria de Alimentos. Essa abordagem de análise múltipla determina simultanemente treze micotoxinas em milho como aflatoxinas, fumonisinas, ocratoxinas e outras micotoxinas de Fusarium por cromatografia líquida de ultraeficiência acoplada à espectrometria de massas sequencial (CLUE-EM/EM). Essas toxinas são contaminantes de alimentos que causam danos à saúde dos consumidores e ainda são os principais entraves (barreiras técnicas) para os produtos agrícolas brasileiros no exterior.

“O desenvolvimento e o aperfeiçoamento de métodos analíticos para a determinação de micotoxinas em alimentos devem ser constantes, a fim de adequá-los às exigências das análises de rotina, e principalmente para atender aos restritivos limites máximos tolerados (LMT) nas regulamentações para controle dessas toxinas”, afirma Izabela Castro, pesquisadora da Embrapa líder da equipe do Laboratório de Resíduos e Contaminantes, formado pelas analistas Marianna dos Anjos e Alessandra Teixeira.

O método desenvolvido pela Embrapa se mostrou mais preciso, mais seguro e avalia uma gama de micotoxinas de uma única vez, ao contrário da opção disponível no mercado. Pode ser utilizado para avaliar o nível de descontaminação de milho após a ozonização. A aplicação de ozônio com equipamentos chamados ozonizadores popularizou seu uso no campo da ciência e tecnologia de alimentos. Atualmente, as principais aplicações são como sanitizante no processamento de frutas e vegetais frescos, peixes, queijos, sucos e cereais.

Contaminação em milho

Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias do Milho, esse cereal é considerado uma das principais culturas do País. Em 2017, foram produzidas cerca de 87 milhões de toneladas de grãos, terceiro lugar no ranking mundial. Segundo o pesquisador Jamilton Pereira dos Santos, da Embrapa Milho e Sorgo (MG), o milho é uma das culturas mais amplamente difundidas e cultivadas no Brasil, pois se adapta a diferentes ecossistemas. Em todo o território nacional, cerca de 12 milhões de hectares respondem por aproximadamente 98% da produção nacional, em áreas concentrada nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

As estratégias de mitigação das micotoxinas em milho e outros grãos são baseadas na prevenção no campo, com uso de boas práticas agrícolas e cultivo de variedades resistentes. Na pós-colheita, dependendo das condições de armazenamento e das variações de umidade e temperatura, há uma proliferação de fungos e das micotoxinas resultantes de seu metabolismo nos grãos.

Há uma relação estrita entre fungos e grãos. Assim, os fungos possuem uma ação ecológica nos grãos, pois favorecem sua germinação. “Mesmo que o grão apresente micotoxinas, é preciso mantê-las em níveis aceitáveis para a saúde humana”, pondera a pesquisadora Izabela Castro. Para ela, são necessários investimentos para a descontaminação dos grãos armazenados não só em alimentos, mas também em ração para animais, já que o milho é um dos principais componentes da alimentação de rebanhos. Isso porque as micotoxinas são altamente resistentes, estáveis e, em altos níveis, podem provocar câncer e outras doenças em animais e humanos.

Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos

Bovinos / Grãos / Máquinas

Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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