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Técnica é capaz de aumentar produtividade de grãos em 26 sacas por hectare no Sul

Técnica sulco-camalhão reduz estresse hídrico em período da seca e evita encharcamento em épocas com excesso de chuva, permitindo estabilidade na produção

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Divulgação/Embrapa

Uma técnica de plantio aplicada nas terras baixas gaúchas foi capaz de garantir uma ótima produtividade da soja na região, caracterizada por solos com deficiência em drenagem natural. Bons resultados foram registrados em estudo de viabilidade do uso do sistema sulco-camalhão, em que a cultura é plantada no trecho mais elevado (camalhão) e os sulcos laterais servem para escoamento da água de drenagem e irrigação e por onde passam os rodados das máquinas. O trabalho foi feito em seis propriedades com lavouras de soja e milho com o objetivo de adaptar culturas de terras altas às terras baixas gaúchas. Os dados obtidos serão divulgados em uma transmissão ao vivo, no dia 16 de junho.

Com a irrigação por sulcos houve aumento, na primeira safra do experimento, de mais de 20 sacas por hectare (sc/ha) em comparação à média de produção da área ao lado, que não usou essa tecnologia. Já na segunda safra o aumento foi de 26 sc/ha. O custo médio pela aplicação da tecnologia de sulco-camalhão ficou em R$ 637,00 sc/ha.  Em dois anos de trabalho, a equipe de pesquisadores, técnicos e produtores envolvidos no Projeto Sulco considerou os dados animadores.

“Os resultados têm sido muito bons, gerando estabilidade de produção. No sistema convencional, em anos secos ou de muita chuva, a produção de soja e milho é baixa. Já em anos em que está tudo bem com o clima, produz bem. E no sistema sulco-camalhão do Projeto Sulco temos tido boas produções com estabilidade”, destaca o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, José Maria Parfitt. O projeto é realizado em parceria público-privada.

Conforme os resultados desse trabalho, ao adubar bem a cultura da soja, é possível alcançar cerca de cinco mil quilos por hectare, com boa estabilidade e usando boas cultivares. Com a cultura do milho não é diferente, é possível chegar à produção de 12 toneladas do grão ano a ano, independentemente das condições climáticas.

“A primeira safra do Projeto (2019/2020) foi extremamente seca, com perdas de produtividade nas lavouras do estado, mas as áreas-piloto de soja irrigada produziram, em média, 20 sc/ha a mais do que as áreas não irrigadas na mesma propriedade, com produtividade média de 66,3 sc/ha. Essa produtividade corresponde ao peso da produção total obtida na colheita, ajustada para a umidade de 13% e descontadas as impurezas”, avalia Parfitt.

Quanto à viabilidade econômica, foi preciso considerar as cotações da época, os custos adicionais para a realização da irrigação e da drenagem por sulco-camalhão, resultando uma média de 3,5 sc/ha, indicando excelente viabilidade econômica do sistema. “Os custos adicionais incluem a suavização, a construção dos sulcos-camalhões, a aquisição dos politubos e o custo da água e energia para irrigação”, ressalta Centeno. Ele enfatiza que a suavização é um investimento, sendo adicionado aos custos na forma de depreciação em cinco anos.

Há pouco tempo foram colhidas as áreas da safra 2020/2021 nas propriedades-piloto do projeto, que apresentaram produtividade mais alta que a da safra anterior. “Um dos produtores parceiros é Geovani Weber, do município de Formigueiro (RS). Ele alcançou 105,8 sc/ha, muito próximo do potencial produtivo da soja em terras baixas do RS, estimado em 107 scs/ha (6,4 ton/ha) pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)”, diz Parfitt.

Apesar de o regime de chuvas da safra 2020/2021 ter corrido normalmente, as áreas irrigadas pelo sistema sulco-camalhão produziram, em média, 23 sacas a mais por hectare do que as áreas de sequeiro do mesmo produtor. “Os custos adicionais para a implantação e execução da irrigação por sulco-camalhão foram um pouco maiores do que na safra anterior e, mesmo com os preços da saca de soja a R $170,00, foram equivalentes a R$683,00 sc/ha. De qualquer forma, o retorno financeiro para o produtor foi excelente”, observa Centeno.

O produtor Weber conta que a sua produtividade girava em torno de 50 sc/ha de soja. “Tinha ano que produzíamos mais e em outros menos, dependíamos muito do volume de chuva, pois o solo encharcava, e dependendo também da seca, não tínhamos condições de fazer irrigação”, conta. Conforme relata, o sistema melhorou a drenagem e a irrigação e, neste ano, o desempenho e produtividade da lavoura-piloto foi surpreendente, com 105,8 sc/ha. Em contrapartida, a área de sequeiro atingiu 70 sc/ha. “Esse sistema implementado pelo projeto trouxe ótima experiência de plantio com o uso do sulco-camalhão, mostrando que funciona perfeitamente. Pretendo fazer esse manejo de plantio em toda minha lavoura de várzea”, confirma.

A tecnologia do sulco-camalhão

Trata-se da construção do camalhão, que provoca a abertura de um sulco no solo. O camalhão constitui a zona de cultivo com solo mais profundo e sem compactação, ideal para o desenvolvimento radicular das culturas, e o sulco, além de ser utilizado para a irrigação e drenagem da lavoura, também é utilizado como zona de tráfego para o rodado das máquinas. Conforme Parfitt, essa técnica, chamada Tráfego Controlado, traz melhorias para outro problema nas lavouras gaúchas: a compactação das áreas de cultivo.

Parfitt conta que o sulco-camalhão tem a forma de um ”telhado”, com ondulações pelas quais corre a água. Na parte alta, o camalhão, é feito o plantio da cultura; e na parte baixa, o sulco, a água corre e passam os rodados do trator ou arado puxado por tração animal.

Como construir

O produtor pode usar as ferramentas disponíveis na propriedade. Essa tecnologia serve tanto para pequenos, como para médios e grandes produtores. “No caso do pequeno produtor, por exemplo, ele pode tentar reproduzir o ‘telhado’, fazer o preparo de toda a terra, passar uma grade e então fazer os camalhões, de modo que os sulcos fiquem no sentido da declividade da área, a fim de que a água excessiva corra por ali e vá embora”, explica Parfitt.

Depois o produtor pode pegar uma aiveca (tipo de arado), puxado por um trator ou por tração animal, como um cavalo, o qual fará dois camalhões por vez. “É uma forma mais simples de fazer o sulco-camalhão, mas fica bem-feito”, comenta o cientista. Para produtores médios e grandes já existem implementos específicos para a construção dos camalhões.

Feito isso, são plantadas com a semeadeira as plantas da cultura desejada, fazendo uma ou duas linhas em cima do camalhão, com espaçamento entre 30 cm e 35 cm. Essa técnica é feita na cultura da soja, milho ou sorgo.

Aplicação no arroz

Recentemente entrou em execução o projeto “Tecnologias para o cultivo de arroz irrigado por sulco em terras baixas do Rio Grande do Sul”, sob a coordenação da pesquisadora da Embrapa Walkyria Scivittaro, o qual está fortemente associado ao Projeto Sulco. O projeto fundamenta-se no aproveitamento da crescente infraestrutura de sulcos e camalhões estabelecida para a produção de soja ou milho nas terras baixas do Rio Grande do Sul para o cultivo subsequente de arroz, caracterizando o sistema irrigado por sulco.

“A adoção desse sistema permite o cultivo de arroz em plantio direto sobre a resteva da soja ou milho, dispensado, portanto, a movimentação do solo para operações de preparo, o que é favorável sob os aspectos técnico, econômico e ambiental”, destaca a pesquisadora. A tecnologia de irrigação do arroz por sulco dispensa a construção de taipas, necessárias para a irrigação por inundação do solo, resultando em economia de combustível, tempo e, principalmente, mão de obra.

O problema

As terras baixas do Rio Grande do Sul abarcam a maior parte de cultivo de arroz irrigado em rotação com pastagens para pecuária extensiva (cerca de 4,5 milhões de hectares). Essas áreas podem dar espaço a outras culturas, como a soja, que tem aumentado sua área de plantio nesse ambiente em torno de 64% em dez anos.

Acontece que a soja tem alcançado médias menores de produtividade, com muita variação por causa das características dos solos de terras baixas dos gaúchos, que apresentam pouca profundidade e baixa capacidade de armazenamento de água. O solo seca de forma rápida durante o período sem chuvas e quando há chuvas intensas, geralmente na época da safra, apresenta deficiência de drenagem. As perdas causadas pelo estresse hídrico são de cerca de 47% do potencial produtivo da soja na região, o que equivale a uma redução de até 3,0 t/ha, segundo estudos feitos pela UFSM.

“Essa é uma situação contraditória, pois ao mesmo tempo em que o produtor tem que lidar com esse regime de excesso ou falta de água, a soja está plantada em uma área que dispõe de uma rede de drenos e canais de irrigação. Não é raro encontrar situações em que a soja está sofrendo por deficiência hídrica, enquanto a água passa ao lado em um canal de irrigação do arroz. Em outros momentos, a soja está afogada em áreas alagadas, a poucos metros de um dreno”, comenta o engenheiro-agrícola Amilcar Silva Centeno, sócio-diretor da Centeno Agro Inteligência Ltda., uma das instituições parceiras do projeto.

Segundo Centeno, vários produtores da metade sul do Rio Grande do Sul vêm tentando encontrar solução para esse dilema. “O que eles têm usado é irrigação por aspersão, que tem alto custo e não resolve a questão da drenagem. Outros estão tentando o uso de irrigação e drenagem superficiais, com a abertura de sulcos e drenos ou mesmo pelo alagamento da área. Muitas têm sido as dificuldades e poucas têm sido as avaliações criteriosas de viabilidade econômica dessas alternativas”, comenta.

Em busca de uma solução, foi feita uma cooperação técnica e financeira entre a Embrapa Clima Temperado (RS), a AGCO do Brasil Soluções Agrícolas Ltda., a Trimble Brasil, a PipeBR, a KLR Implementos e a Centeno Agro Inteligência para implementar o Projeto Sulco.

Fonte: Embrapa Clima Temperado

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Avanços e desafios da agricultura regenerativa tropical

Evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor.

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Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal

O mundo desafia a agricultura a dar segurança alimentar para uma demografia ainda em crescimento, contribuir com emissões negativas para as mudanças climáticas e ainda contribuir com produção com densidade nutricional e qualidade. A agricultura brasileira pode contribuir com essa agenda de forma relevante. Atualmente, o Brasil está entre os 5 maiores produtores de alimentos e é o primeiro colocado na exportação de vários produtos agrícolas.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

É considerado o mais importante produtor de grãos nos trópicos. Estima-se que a produção agropecuária no Brasil já alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e que as projeções da OCDE-FAO indicam uma ampliação considerável da importância do Brasil no comércio agroalimentar global até 2032. Vários são os motivos que levam a essas importantes conquistas.

Podemos citar a contribuição da agricultura industrial através da “revolução verde”, por exemplo. No entanto, muitas vezes a produção de alimentos vegetais e animais, fibras e energia também estão ancoradas em custos ocultos ao meio ambiente: a biodiversidade do sistema, a qualidade do solo agrícola, a saúde das pessoas nas cidades, a saúde dos consumidores finais, o bem-estar animal e das pessoas que trabalham diretamente no campo.

Além disso, é conhecido que esse sistema de produção convencional necessita de condições ambientais estáveis para garantir boas produtividades. Ou seja, o sistema convencional é extremamente suscetível às adversidades climáticas, as quais estão se tornando cada vez mais frequentes em diferentes regiões do Brasil. As externalidades negativas do sistema convencional de produção, somadas às suas limitações adaptativas aos extremos climáticos, requerem uma transição regenerativa e novos fundamentos de produção.

Dentro deste contexto de conscientização da sociedade por alimentos com ausência de resíduo químico, com características organolépticas superiores e com maior densidade nutricional, das necessidades de mitigar os efeitos de mudança climática, de garantir a manutenção dos recursos para as gerações futuras, de atender as demandas presentes e de preservar a biodiversidade do sistema produtivo, alguns produtores têm implementado práticas agrícolas bem conhecidas pela Ciência.

A novidade é que essas soluções estão sendo adotadas em escala. Essas práticas e técnicas de manejo regenerativo (Fig. 1) são capazes de reduzir significativamente a dependência de insumos importados, a poluição do ambiente, enquanto são capazes de aumentar a eficiência e a resiliência dos sistemas produtivos, permitindo a manutenção de boas produtividades mesmo em períodos prolongados (superior a 60 dias, no caso de grãos) sem chuvas.

A evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor. Estes também começam a prestar serviços ambientais para toda a sociedade, principalmente para as cidades, fornecendo água e alimento de qualidade, bem como mitigando os efeitos climáticos através do abatimento do carbono utilizando insumos de baixa emissão, com os manejos que privilegiam o aumento de carbono orgânico no solo, e ainda permitem o sequestro de carbono de forma permanente através do intemperismo aprimorado de minerais silicáticos, que são utilizados como condicionadores de solo, bioativação do sistema, melhoria da qualidade do solo e fontes de nutrientes.

Ao promover e valorizar a biodiversidade através da integração das áreas produtivas com as áreas naturais remanescentes, estes produtores garantem o refúgio de inimigos naturais das pragas e obtêm importantes serviços ecossistêmicos. Além de tudo, por utilizarem insumos e serviços dos seus contextos locais e regionais, compartilham a prosperidade com a sociedade, criando riqueza e oportunidades para a comunidade ao seu redor, atendendo assim aos requisitos ESG (Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa – Environmental, Social and Governance, em inglês) em plenitude.

Fig. 1: A Agricultura Regenerativa Tropical é um novo modelo de produção agrícola e pecuária que busca a melhoria contínua da saúde do ecossistema produtivo e do uso eficiente de recursos finitos. Baseia-se em uma agricultura de processos, onde diferentes manejos, técnicas e práticas são integradas para obter uma gestão holística do ecossistema.

Desta forma, entende-se como Agricultura Regenerativa Tropical (ART) um conjunto de ações e boas práticas que atuam na recuperação do ecossistema produtivo de forma a deixar um saldo de impactos positivo nas características físicas e químicas do solo, na micro e na macrodiversidade do solo, na resiliência da produção, na redução de resíduos nos produtos, no sequestro de carbono e na melhoria da sociedade local e regional. Esses produtores de alimentos, fibras e energia atuam conscientemente na adoção de manejos e suas práticas que visam promover positivamente o ambiente de produção utilizando recursos e tecnologias acessíveis da forma mais eficiente possível dentro de uma agricultura de processos, em que desafios bióticos e abióticos são equacionados através de manejos realizados em caráter preventivo. Por todas essas características, a ART tem uma forte conexão com o consumidor final, o qual prioriza a regeneração e cura dos agroecossistemas, visando impactos positivos ao ambiente, à cadeia e à sociedade. Com essa missão, os produtores visam criar novas formas de relacionamento com as cadeias de fornecedores de insumos, serviços e equipamentos, bem como de fidelidade com as cadeias de valor e com os consumidores, diferenciando sua produção, seja pela forma de produzir como pela qualidade intrínseca do produto final.

Entre as práticas utilizadas na ATR podemos destacar:

  • Manejo integrado da fertilidade do solo através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais, corretivos e circularidade da matéria orgânica com o processamento adequado de insumos orgânicos, visando a eliminação de patógenos e germinação de plantas daninhas;
  • Rotação de culturas e sistema de plantio direto sobre a palha, visando aumentar a diversificação de plantas no sistema enquanto mantém, sempre que possível, o solo coberto e revolvido o mínimo possível;
  • Uso de comunidades microbianas funcionais e de microrganismos específicos que atendam às necessidades da cultura;
  • Redução e, quando possível, a eliminação de insumos que agridem a vida no solo, nas plantas e das pessoas;
  • Recuperação de pastagens degradadas;
  • Integração lavoura-pecuária-floresta;
  • Gestão integrada da paisagem.

A implementação destas práticas depende de o agricultor sair da zona de conforto e experimentar novos processos visando a redução de custos, com uso de soluções locais e regionais. Cabe ao agricultor, pecuarista, e/ou consultor identificar a lista de prioridades a serem equacionadas e determinar a melhor forma de atuar nos processos para implementar a transição. Por exemplo, muitas doenças e a presença de pragas podem ser equacionadas com uma nutrição adequada e balanceada. Como não existe uma tabela de determinação do requerimento e balanço nutricional da cultura para cada tipo de solo, o mais adequado é construir a fertilidade do solo de forma estruturante e deixar que a planta determine qual nutriente está sendo necessário em determinada fase fisiológica.

Essa fertilidade do solo pode ser construída ao longo dos anos com o manejo integrado da fertilidade do solo, o qual visa aumentar a eficiência do uso de fertilizantes solúveis através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais e compostos orgânicos. No início da implementação deste manejo, correções pontuais através da adubação foliar podem ser necessárias ao longo do ciclo da cultura. O monitoramento semanal da lavoura se faz necessário para atender as demandas nutricionais e de correção para a supressão de pragas e doenças.

Com bom senso e políticas públicas, a adoção das práticas regenerativas devem continuar crescendo rumo à sustentabilidade da nossa agricultura. Na perspectiva de país, a ampliação da regeneração agrícola tem muitas justificativas para se transformar numa iniciativa estratégica, implementada de forma permanente e legitimada na Política Nacional Agrícola. Pois, podemos reduzir de forma significativa nossa dependência internacional de insumos fundamentais; podemos aumentar a renda dos agricultores e ativar as economias locais com a circulação de recursos da aquisição de insumos e serviços; podemos promover uma redução significativa nas contaminações e no oferecimento de produtos de melhor qualidade; podemos desempenhar uma agricultura de carbono negativo e, finalmente, podemos atender às demandas e compromissos das cadeias de valor por produtos regenerativos.

Fonte: Por Pablo Hardoim e Eduardo de Souza Martins, membros do Grupo Associado de Agricultura Sustentável
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Notícias

Carrefour boicota carne do Mercosul: decisão é vista como protecionismo

Suspensão das compras de carne pelo Carrefour francês reforça críticas ao protecionismo europeu contra o agronegócio brasileiro.

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Presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto: Divulgação/ACCS

A decisão do Carrefour de parar de vender carne proveniente dos países do Mercosul, incluindo o Brasil, gerou fortes reações. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) classificou a medida como “lamentável” e reafirmou que o Brasil segue os mais altos padrões de qualidade e sustentabilidade na produção agropecuária. O anúncio foi motivado por pressões do sindicato agrícola francês FNSEA e alegações relacionadas ao impacto ambiental.

“O Brasil tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Atendemos a padrões que garantem a rastreabilidade e qualidade das nossas exportações para 160 países, incluindo a União Europeia há mais de 40 anos”, destacou o Mapa, que acusou a medida de ser infundada e prejudicial à reputação do agronegócio nacional.

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, também criticou duramente a decisão. “Essa atitude é claramente protecionista. Não há motivos razoáveis para essas restrições. O Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo e seguimos rigorosos padrões ambientais e sanitários”, afirmou. Ele sugeriu que os brasileiros adotem uma resposta proporcional ao boicote. “Se eles boicotam nossos produtos, devemos reconsiderar a compra de produtos dessa rede.”

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) reforçou que o Brasil desempenha um papel essencial na segurança alimentar global. A Apex classificou como “lamentável” a postura da rede francesa, que poderia prejudicar as relações comerciais e a imagem do Brasil no cenário internacional.

O impacto da decisão também acende debates sobre a relação entre medidas ambientais e práticas protecionistas, muitas vezes vistas como barreiras não tarifárias. Especialistas alertam que atitudes como esta podem prejudicar os esforços globais de segurança alimentar em um momento crítico de demanda crescente.

O que está em jogo?

Enquanto o Carrefour cede à pressão interna, o Brasil continua sua luta por reconhecimento no mercado global, reafirmando a qualidade e sustentabilidade de seus produtos. Para muitos, a decisão francesa representa mais uma batalha na complexa relação entre o Mercosul e a União Europeia.

Fonte: Assessoria ACCS
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Notícias Em São Paulo

‘Conta do Boi’ aponta caminhos para produzir mais e melhor na pecuária

Tema central da Feicorte foi debatido no âmbito da cria e recria durante o segundo dia da feira, em Presidente Prudente.

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Fotos: Arart

O tema “conta do boi” norteou os debates do segundo dia da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, evento que reúne diversos elos da cadeia da pecuária brasileira, e vai até sexta-feira, 23/11, em Presidente Prudente (SP).

O tema central da feira visa oferecer subsídios e informações que auxiliem o pecuarista a produzir mais e melhor, analisando o sistema de produção em sua propriedade e apontando os fatores que podem ser aperfeiçoados para potencializar os resultados de cada fase.

“Toda a estrutura da ‘conta do boi’ está baseada nos três ciclos principais: cria, recria e engorda, que foram divididos em três painéis, além de um quarto dedicado ao mercado. Hoje, iniciamos os debates destacando as duas primeiras fases, com informações que auxiliem o pecuarista”, explicou o diretor de Mercado Corte da Semex Brasil, Daniel Carvalho, moderador do Fórum Feicorte.

De acordo com o moderador, o painel destacou elementos importantes que mostram que exercer a atividade sem planejamento, profissionalismo, uso de tecnologia e boa execução tende a ser tratado de forma ‘improvisada’, algo que não é mais aceito na pecuária. “Quanto mais profissionais formos na gestão dos recursos, no consumo eficiente, na administração dos insumos e no aproveitamento das informações compartilhadas em eventos como este, mais assertivos seremos em aumentar a produtividade. A mensagem principal é clara: podemos produzir mais. Mas a questão crucial é: como? Para isso, é essencial reconhecer que o mercado está mais oportuno do que nunca nos últimos três anos”, salienta Carvalho.

O médico-veterinário, pecuarista e editor do informativo de mercado pecuário “Notícias do Front”, Rodrigo Albuquerque abordou, em sua apresentação, temas essenciais para a pecuária, como a recuperação do mercado em 2024 e estratégias para aumentar a lucratividade no sistema de cria. Ele destacou as cinco etapas da virada de ciclo pecuário: “Tudo começa com a recuperação do preço nominal do bezerro, seguida pela redução no abate de fêmeas, valorização do boi, recuperação do preço real e, por fim, o aumento dos preços em todas as categorias até o limite da demanda”.

O consultor técnico Rogério Fonseca discutiu a eficiência no sistema de cria, enfatizando a gestão da lotação e o manejo estratégico: “A retirada precoce dos animais da seca permite melhores condições corporais para vacas e novilhas, aumentando a eficiência reprodutiva”.

Fechando o painel, o médico-veterinário e proprietário da empresa Firmasa Tecnologia para Pecuária, Luciano Penteado destacou o papel da gestão integrada: “É fundamental equilibrar a gestão financeira e produtiva. Quem ignora uma dessas áreas corre o risco de sofrer com perdas significativas”.

A cobertura completa do painel está disponível, clicando aqui.

A conta da recria

Professor Rodrigo Goulart, da USP

O segundo painel do Fórum Feicorte debateu a conta do boi, discutindo os desafios e soluções para a recria. O médico-veterinário Rodolfo Saraiva abordou os impactos da saúde animal na rentabilidade da pecuária, destacando como problemas sanitários, como clostridioses e verminoses, podem afetar a produtividade. Ele sugeriu medidas preventivas, como a vacinação e o controle de parasitas, e ressaltou ganhos de até 20 quilos por animal com manejo adequado.

Em seguida, o professor Rodrigo Goulart, da USP, falou sobre a importância da recria no ciclo produtivo, enfatizando a necessidade de estimular o crescimento muscular e evitar a deposição de gordura. Goulart também destacou a variabilidade dos bezerros adquiridos em leilões e a importância do planejamento financeiro para garantir um bom custo-benefício.

O diretor da Agropecuária Maragogipe, Lucas Marques destacou que o sucesso na recria de bovinos está diretamente ligado à união de três pilares: método, conhecimento do negócio e gestão de pessoas. Para ele, esses elementos precisam estar alinhados para gerar resultados consistentes. “É possível ter a melhor genética, o manejo mais avançado e os melhores insumos, mas, sem integrar esses pilares, o resultado não vem”, afirmou. Marques reforçou que estratégias bem definidas e equipes capacitadas são indispensáveis para fechar a conta na pecuária moderna.

“A Feicorte é reconhecida por oferecer conteúdo e informações que contribuem para a evolução da pecuária, incentivando a troca de experiências e conectando o campo, o mercado e as instituições de pesquisa. Os painéis da ‘conta do boi’ têm como objetivo ir além, detalhando cada etapa do processo produtivo, sempre com foco no desenvolvimento sustentável e no fortalecimento da pecuária brasileira”, destaca a CEO da Verum e organizadora da Feicorte, Carla Tuccilio.

A cobertura completa pode ser conferida aqui.

Pecuária solidária arrecada R$ 600 mil para Núcleo Ttere

O Leilão Pecuária Solidária, realizado na noite da última terça-feira (19/11), durante a Feicorte, arrecadou mais de R$ 600 mil destinados ao Núcleo Ttere de Trabalho – Realização, uma entidade assistencial que promove a inclusão social de pessoas com deficiência na região.

Entre os itens leiloados estavam bovinos, equinos, sêmen, insumos agropecuários, equipamentos, joias, tapetes, além de outros itens doados. A iniciativa reforçou a responsabilidade social do setor agropecuário, dando visibilidade a causas sociais.

“O engajamento dos pecuaristas de Presidente Prudente foi excepcional e estamos extremamente felizes com o resultado. O Leilão Pecuária Solidária arrecadou R$ 600 mil, valor que será destinado a uma entidade de confiança, o Núcleo Ttere, que realiza um trabalho maravilhoso e de grande impacto social. Agradecemos imensamente a todos do setor que apoiaram essa causa e à organização da Feicorte, que está sendo um verdadeiro sucesso. O evento começou com uma grande proporção e tem recebido muitos elogios. Ajudar quem precisa é algo que não tem preço. Muito obrigado a todos que contribuíram!”, declarou o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Guilherme Piai.

Carne como protagonista

Ampliar a percepção da sociedade sobre a qualidade e a origem da carne brasileira. Esse é o objetivo da Beef Hour, um espaço na Feicorte que reúne projetos, marcas de sucesso e profissionais que contribuem para a construção de uma carne de confiança, abrangendo toda a cadeia produtiva até o consumidor final.

São três painéis, um por dia, com grupos de especialistas diferentes, focados na discussão da carne bovina de qualidade, privilegiando o debate e a interação com o público.

Na agenda de hoje, participaram dos bate-papos o proprietário do restaurante Vermelho Grill, Eduardo Fornari; o zootecnista e pesquisador, Gustavo Rezende; o proprietário da Celeiro Carnes Especiais, Marco Túlio Soares e o agrônomo e consultor Roberto Barcellos.

Fonte: Assessoria Feicorte
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