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Surto de E. coli nos EUA destaca importância da prevenção de doenças relacionadas aos alimentos
Além do controle rigoroso na origem dos alimentos, é essencial que os manipuladores de alimentos sigam práticas adequadas de higiene para evitar a contaminação cruzada.

Recentemente, um surto de infecção por Escherichia coli (E. coli) nos Estados Unidos, associado ao consumo de lanches de uma das maiores redes de fast food do mundo, o McDonald’s, trouxe à tona a relevância do papel dos médicos-veterinários na prevenção de doenças transmitidas por alimentos. Mais de 50 pessoas em diferentes estados americanos adoeceram após consumir o lanche “Quarteirão”, e uma delas veio a óbito. As investigações preliminares apontam que cebolas cruas servidas no lanche poderiam estar contaminadas com a bactéria. O episódio reforça a necessidade de um controle sanitário rigoroso em todas as etapas da cadeia produtiva de alimentos, desde o campo até o consumidor final.
A E. coli é uma bactéria comum no ambiente, presente em alimentos, água e no trato intestinal de pessoas e animais. Embora muitas cepas sejam inofensivas, algumas variantes, como a E. coli O157, produzem toxinas que podem causar complicações graves, como diarreia com sangue, desidratação e, em casos severos, insuficiência renal ou até a morte. Esses casos podem ser particularmente perigosos para crianças, idosos e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido.
Investigação sobre a origem do surto
As autoridades sanitárias dos Estados Unidos apontam que as cebolas cruas fatiadas, usadas no lanche “Quarteirão”, são as principais suspeitas de contaminação. O McDonald’s informou que as cebolas foram adquiridas de um único fornecedor, atendendo três centros de distribuição, mas que podem ter sido cultivadas por diferentes produtores. Embora os hambúrgueres também tenham sido investigados, sua probabilidade de envolvimento é baixa, pois, segundo o comunicado, o McDonald’s segue protocolos de cozimento que eliminam a presença de E. coli.
O papel do médico-veterinário na segurança dos alimentos
A responsabilidade pela saúde pública começa bem antes do produto chegar aos restaurantes ou às casas dos consumidores. A prevenção de surtos como o de E. coli envolve uma série de medidas que começam no campo, passam pela indústria e chegam ao varejo, sendo fundamental o papel dos médicos-veterinários para garantir a segurança dos alimentos de origem animal e vegetal.

Presidente da Comissão Estadual de Alimentos do CRMV-RJ, Isabelle Campello: “A maioria dos casos se resolve sem tratamento em cerca de uma semana, mas indivíduos imunocomprometidos, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas, podem ter complicações mais graves, o que pode levar à hospitalização e, em alguns casos, à morte” – Foto: Arquivo pessoal
A presidente da Comissão Estadual de Alimentos do CRMV-RJ, Isabelle Campello, destaca que a Escherichia coli é uma bactéria comum no trato gastrointestinal de indivíduos saudáveis, mas algumas cepas patogênicas podem causar infecções graves no sistema digestivo e em outras partes do corpo. “Os sintomas variam de cólicas abdominais severas a diarreia com sangue, febre e vômitos. A maioria dos casos se resolve sem tratamento em cerca de uma semana, mas indivíduos imunocomprometidos, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas, podem ter complicações mais graves, o que pode levar à hospitalização e, em alguns casos, à morte”, afirma.
O médico-veterinário atua diretamente na inspeção e fiscalização de produtos de origem animal, mas seu papel vai além, envolvendo também o controle de segurança dos vegetais, do transporte e do armazenamento de alimentos. Ele garante que boas práticas de manejo e produção sejam implementadas ao longo de toda a cadeia produtiva, minimizando riscos de contaminação.
Medidas preventivas para evitar surtos
Embora a investigação sobre o surto de E. coli ainda esteja em curso, as suspeitas sobre as cebolas cruas revelam a importância de medidas preventivas rigorosas em toda a cadeia de produção de alimentos. Se o processo de produção e distribuição não for executado com os devidos cuidados, os riscos de contaminação são altos.
Carla Campos, presidente da Comissão Estadual de Saúde Única do CRMV-RJ, reforça que a responsabilidade pela segurança dos alimentos é de toda a cadeia produtiva, desde a origem até o consumidor. “O médico-veterinário é peça-chave na prevenção de surtos ligados ao consumo de produtos de origem animal e vegetal. Sua atuação começa no campo, com o cuidado na criação de animais, passando pela fiscalização de frigoríficos e indústrias de alimentos, e chega até o consumidor final. Esse é um exemplo claro de saúde única, que demonstra que as saúdes humanas, de vegetais, animais e do ambiental estão intrinsecamente ligadas e são interdependentes”, ressalta.
Ela também explica que o controle sanitário na produção de vegetais é igualmente fundamental. “O fornecedor de cebolas e de qualquer outro alimento vegetal precisa seguir padrões rigorosos de controle de qualidade. Além disso, no caso de produtos como carnes, o ideal é que o cozimento seja verificado com o auxílio de termômetros para garantir que o alimento atinja a temperatura necessária para eliminar patógenos como a E. coli”, completa Carla.
Boas práticas de manipulação
Além do controle rigoroso na origem dos alimentos, é essencial que os manipuladores de alimentos sigam práticas adequadas de higiene para evitar a contaminação cruzada. Isabelle Campello observa que a falta de higiene dos manipuladores é uma das principais vias de transmissão de E. coli em ambientes alimentares. “A E. coli está presente no trato gastrointestinal de pessoas e animais, e a falta de higiene pessoal, especialmente após o uso do banheiro, pode levar à contaminação dos alimentos”, afirma.
Campello também chama a atenção para o uso correto de luvas, que não substituem a necessidade de lavar as mãos, além da limpeza adequada de utensílios e superfícies. “Superfícies de corte, facas e outros utensílios devem ser bem higienizados para evitar a contaminação cruzada. O uso de dispositivos como celulares em áreas de manipulação também deve ser evitado, pois esses objetos podem ser fontes de contaminação”, alerta.
A relevância do controle sanitário no Brasil
No Brasil, o médico-veterinário é um dos principais agentes responsáveis por garantir a segurança dos alimentos, com base na Lei nº 5.517/1968, que regulamenta suas funções. Eles são os responsáveis pela inspeção e fiscalização tecnológica, sanitária e higiênica de produtos de origem animal, garantindo que esses alimentos cheguem aos consumidores em condições seguras para consumo. Além disso, orientam sobre boas práticas de manipulação e preparo de alimentos, prevenindo surtos de doenças como o de E. coli.
O surto nos Estados Unidos é um alerta global para a importância de uma vigilância constante sobre a cadeia produtiva de alimentos. No Brasil e no mundo, a atuação dos médicos-veterinários é essencial para assegurar que surtos semelhantes não ocorram e que a saúde pública seja preservada. Ao fiscalizar desde a produção no campo até o prato dos consumidores, esses profissionais garantem que o país mantenha altos padrões de segurança dos alimentos e saúde pública.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



