Suínos
Suplementação com plasma spray dried auxilia na recuperação de leitões com baixo peso no desmame
Suplementação com SDP por 14 dias após o desmame aumenta o ganho de peso, melhora a conversão alimentar e reduz o número de leitões inviáveis nas granjas comerciais.


Foto: Divulgação/APC do Brasil
Artigo escrito por: Luís Rangel médico-veterinário, mestre em Agronomia com ênfase em Nutrição Animal, diretor de Serviços Técnicos para América Latina da APC
Os leitões de baixo peso têm menor sobrevivência e crescimento em comparação com leitões de maior peso e precisam de cuidados e nutrição especiais. À medida que se aumenta a inclusão de plasma spray dried (SDP) na ração dos leitões até 10%, ocorre um aumento linear no consumo de alimento e no crescimento dos animais, independentemente do peso ou da idade à desmama. A ração comercial para creches com nenhum ou baixos níveis de SDP pode não oferecer suporte à recuperação do crescimento, viabilidade e sobrevivência de leitões com baixo peso. Oito estudos envolvendo 1.644 leitões (média de peso ao desmame de 4,04 a 5,18 kg) avaliaram os efeitos de crescimento da suplementação (top-dressing) de SDP na ração de creche para leitões com baixo peso ao desmame em comparação com grupos de Controle. A suplementação de SDP (10-26 g/leitão/dia), com duração de 10 a 28 dias, totalizou de 100 a 390 g/leitão (E1-E8). As diferenças no ganho de peso entre os grupos e entre os testes foram ajustadas para 14, 28 ou 49 dias de avaliação. As diferenças de ganho de peso no dia 49 favoreceram o grupo do SDP, de 0,5 a 5,3 kg em 7 de 8 dos testes (Figura 1). Em geral, a suplementação com SDP (10-28 dias) aumentou o crescimento durante a dieta e manteve uma vantagem no ganho de peso até a saída da creche (dia 49).

Objetivos e metódos
Com base nos resultados de experimentos anteriores na Figura 1, foi realizado um experimento em duas granjas comerciais (Granja 1; Granja 2) para comparar o crescimento, a sobrevivência e a viabilidade de leitões, categoria de 15% mais leves ao desmame, quando receberam SDP top dressing na ração comercial a 20 g/leitão/dia durante os 14 dias após o desmame (total de 280 g de SDP/leitão) em comparação com o grupo Controle, sem SDP.
Na Granja 1 utilizou-se 335 leitões com baixo peso, desmamados entre 20 e 27 dias de idade, que foram distribuídos em 26 baias com 12 a 13 leitões por baia, o que resultou em 13 baias/tratamento. O peso dos leitões no dia 0 e no dia 14 pós-desmame e o consumo de ração nas baias foram registrados.
Na Granja 2 utilizou-se 368 leitões de baixo peso, desmamados entre 17 e 27 dias de idade, e alojados em 4 baias (2 baias/tratamento). O peso dos leitões no dia 0 e 14 foi registrado, mas o consumo de ração não foi contabilizado.
Os leitões inviáveis (descartados ou não transferidos para a terminação) e a mortalidade até o final da creche (dia 42 de experimento) foram analisados de acordo com as categorias de peso dos leitões desmamados <3 kg, 3-4 kg e >4 kg usando o procedimento estatístico NPAR1Way para ambas as granjas.
Resultados
Na Granja 1, o peso no dia 0 (3,30 kg; 3,58 kg), o peso no dia 14 (5,44 kg; 5,46 kg) e o consumo médio diário de ração (177,5 g/dia; 177,5 g/dia) não diferiram entre os grupos SDP e Controle. Porém, o ganho médio diário de peso (SDP, 152,3 g/dia; Controle, 133,1 g/dia) e a Conversão Alimentar (SDP, 1,17; Controle, 1,34) melhoraram (P<0,05) no grupo SDP.
A Figura 2 mostra a diferença no ganho de peso (kg) no dia 14 para o SDP vs. Controle nas Granjas 1 e 2 e a melhora na Conversão Alimentar para o SDP vs. Controle na Granja 1.

A mortalidade na Granja 1 aos 14 ou 42 dias não diferiu entre os grupos SDP (2,4%, 4,8%) e Controle (3,0%, 6,0%). Aos 42 dias, houve uma interação (P<0,05) entre a categoria de peso vivo e o grupo para mortalidade e suínos inviáveis. A mortalidade dentro das respectivas categorias de peso vivo (<3 kg, 3-4 kg, >4 kg) foi de 9,3%, 2,1%, 5,6% para o SDP e 17,9%, 3,9%, 2,6% para o Controle e diferiu (P<0,05) por grupo para a categoria de peso vivo <3 kg (Figura 3). Os leitões inviáveis dentro das respectivas categorias de peso <3 kg, 3-4 kg, >4 kg foram 42,9%, 31,2%, 11,8% para o SDP e 82,6%, 28,6%, 24,3% para os grupos Controle e diferiram (P<0,001) por grupo para as categorias de peso <3 kg ou >4 kg.

Na Granja 2, o peso no dia 0 foi de 3,75 kg para o SDP e de 3,68 kg para o grupo Controle. O peso no dia 14 foi maior (P<0,01) para o SDP (6,17 kg) vs. Controle (5,54 kg) e para o ganho médio diário (SDP, 172,7 g/dia; Controle, 132,8 g/dia). A mortalidade no dia 14 (SDP, 1,6%; Controle, 1,6%), a mortalidade no dia 42 (SDP, 5,4%; Controle, 7,9%) e os leitões inviáveis (SDP, 18,6%; Controle, 24,7%) não diferiram entre os grupos. Os leitões inviáveis dentro das respectivas categorias de peso vivo (<3 kg, 3-4 kg, >4 kg) foram 45,5%, 25,4%, 4,2% para o SDP e 59,3%, 20,3%, 13,5% para o Controle e diferiram (P<0,001) por grupo para as categorias de peso vivo <3 kg e >4 kg.
A Figura 4 mostra a porcentagem de leitões inviáveis no 42º dia por grupo e categorias de peso em ambas as granjas.

Conclusão
A suplementação de SDP em rações comerciais durante 14 dias após o desmame é uma estratégia nutricional eficaz para aumentar o crescimento e a sobrevivência de leitões com baixo peso ao desmame e também contribui para aumentar o número de leitões desmamados leves transferidos para a fase de crescimento-terminação.
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Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.
Colunistas
Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.
O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

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Reposicionar para crescer
Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.
Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.
O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.
Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.
Digital: o novo campo do agro
As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels
compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.
Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.
Promoções e estratégias de varejo
Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.
Marketing como elo da cadeia produtiva
A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.



