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Avicultura Suplementação 1,25(OH)₂D₃ na avicultura

Estratégia multifuncional para saúde óssea, imunidade e desempenho em frangos de corte

Avanços no uso do metabólito ativo da vitamina D₃ reforçam o papel da nutrição de precisão na prevenção de distúrbios locomotores, fortalecimento imunológico e ganho de desempenho em aves de corte.

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Leandro Nagae Kuritza, doutor em Medicina Veterinária, Pesquisa, Desenvolvimento e Innovação – Oligo Basics Innovad.group e Livia Grigoletto – Médica Veterinária, MSc Nutrição Animal, gerente Técnica de Avicultura BR – Oligo Basics Innovad.group

A avicultura consolidou-se, desde 2018, quando ultrapassou a carne suina, como a principal fonte de proteína animal no mundo. Essa liderança resulta da combinação de seleção genética, nutrição de precisão, sanidade, ambiência e tecnologias de manejo, que elevaram a produtividade e encurtaram o ciclo de produção. Contudo, o rápido crescimento muscular em aves com sistema esquelético ainda em desenvolvimento tem aumentado a ocorrência de síndromes metabólicas, alterações ósseas e distúrbios locomotores em linhagens de alto desempenho. Entre os principais, destacam-se a discondroplasia tibial (TD), a condronecrose bacteriana com osteomielite (BCO) e as artrites sépticas, condições que reduzem a produtividade, comprometem a qualidade da carne e afetam o bem-estar.

Nesse contexto, torna-se fundamental o uso de ferramentas nutricionais que auxiliem na melhoria efetiva das aves. A vitamina D3 (colecalciferol) é uma das vitaminas mais importantes nesse sentido, uma vez que influencia diretamente no metabolismo ósseo e na homeostase do cálcio e fósforo no organismo das aves, além de atuar sobre a imunidade dos animais, garantindo melhor desempenho. Tradicionalmente fornecida como D₃, essa vitamina requer duas hidroxilações, uma hepática (25-hidroxicolecalciferol, 25(OH)D₃) e outra renal (1,25-diidroxicolecalciferol, 1,25(OH)₂D₃), para exercer efeito biológico maximo. Em aves modernas, a alta demanda metabólica e o estresse produtivo podem limitar essas etapas, reduzindo a eficiência da suplementação convencional.

O fornecimento da vitamina D3 na forma de 25(OH)D₃ contorna a primeira hidroxilação, mas ainda depende da ativação renal; por isso, a suplementação direta com 1,25(OH)₂D₃ destaca-se como alternativa estratégica, por disponibilizar imediatamente a forma ativa que induz transportadores de Ca no intestino, regula a mineralização óssea e modula a resposta imune.

Diversos estudos tem demonstrado que o 1,25(OH)₂D₃ aumenta a absorção intestinal de Ca e P ao induzir a expressão de proteínas transportadoras, promovendo maior mineralização óssea e reduzindo a ocorrência de TD. Além da redução do risco de TD, o 1,25(OH)₂D₃ também apresenta efeito sobre a BCO, reduzindo significativamente a presença desse distúrbio.

A TD é multifatorial e está associada a desbalanços de Ca:P, rápido ganho de peso e falhas na ossificação endocondral, enquanto a BCO está relacionada a baixa mineralização dos condrócitos na fase de desenvolvimento dos ossos longos, permitindo a entrada de patógenos dos gêneros Staphylococcus, Escherichia e Enterococcus. O uso de metabólitos ativos da vitamina D assegura aporte mineral adequado às cartilagens de crescimento, fortalecendo tíbias e prevenindo deformidades com impacto negativo sobre o bem-estar e conversão alimentar.

A interrelação entre ossificação deficiente, inflamação e artrites explica a magnitude das perdas quando esse eixo falha, reforçando a importância da 1,25(OH)₂D₃ na integridade locomotora dos frangos. Aves com TD, BCO ou artrite apresentam maior mortalidade, condenações e pior desempenho zootécnico. Ao otimizar a utilização de Ca e P, modular a resposta inflamatória e a imunidade, o 1,25(OH)₂D₃ contribui para reduzir perdas produtivas e os problemas de bem estar, áreas cada vez mais críticas na produção intensiva de aves.

Ação anti-inflamatória, imunomoduladora e antiviral

Além da função mineral, o 1,25(OH)₂D₃ apresenta ainda ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Pesquisadores demonstraram redução na IL-10 e IL-1β em frangos de corte desafiados com lipopolissacarídeo. Outros estudiosos demonstraram que o metabólito ativo reduziu significativamente a expressão de citocinas pró-inflamatórias como IL-6, IL-8 e IL-1β em fibroblastos de embrião infectados por vírus da bronquite infecciosa, ao mesmo tempo em que estimulou defensinas (AvBD9 e AvBD14) e receptores específicos de aves (TLR15), fortalecendo a imunidade inata.

Esses achados sugerem que o 1,25(OH)₂D₃ pode atenuar a intensidade de processos inflamatórios articulares, reduzindo o risco de artrites e melhorando a resposta a infecções secundárias, aspectos críticos em sistemas intensivos, nos quais artrites bacterianas e virais são recorrentes.

Adicionalmente, o 1,25(OH)₂D₃ tem mostrado potencial antiviral em aves, reduzindo a replicação de agentes respiratórios e controlando “tempestades de citocinas” que agravam quadros infecciosos. Essa proteção é especialmente relevante em frangos de corte, cuja alta densidade favorece a disseminação de agentes patogênicos.

Impactos zootécnicos

Os impactos zootécnicos também são consistentes com o uso da 1,25(OH)₂D₃. Aves tratadas com dietas suplementadas com 1,25(OH)₂D₃ apresentaram melhor ganho de peso e conversão alimentar, mesmo em dietas com Ca e P reduzidos, reforçando sua utilidade em formulações otimizadas. Ao reduzir distúrbios locomotores e sustentar o desempenho, o metabólito ativo se integra como ferramenta de nutrição de precisão.

Além dos efeitos diretos, a suplementação com 1,25(OH)₂D₃ também traz benefícios a pintainhos provenientes de matrizes suplementadas, com melhor ganho de peso, menor conversão alimentar e maiores níveis de calbindina D28K, IL-10 e IL-1β aos 21 dias de vida, deixando esses animais mais prontos a responder a desafios.

Conclusão

Em síntese, a suplementação com 1,25(OH)₂D₃ oferece múltiplas vantagens, como a otimização da mineralização óssea e a redução de problemas locomotores, com destaque para a TD; efeito anti-inflamatório e imunomodulador, capaz de atenuar artrites e melhorar a resposta contra infecções. Esses mecanismos não apenas preservam o bem-estar das aves, mas também elevam a eficiência produtiva e reduzem perdas econômicas. O conhecimento científico atual consolida o 1,25(OH)₂D₃ como uma ferramenta estratégica e multifuncional para a avicultura moderna, integrando desempenho, saúde óssea e imunidade.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Carne de frango recua após três meses de avanço

Queda em novembro foi puxada pela oferta elevada de frango vivo e pela demanda mais fraca na segunda quinzena, enquanto o setor se divide sobre o rumo dos preços no fim do ano.

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Foto: Divulgação/Freepik

Os preços da carne de frango caíram em novembro, interrompendo três meses seguidos de alta, apontam levantamentos do Cepea.

De acordo com agentes consultados pelo Centro de Pesquisas, a maior disponibilidade de frango vivo para abate ao longo do mês acabou elevando a oferta de carne no mercado atacadista.

Além disso, o movimento sazonal de enfraquecimento da demanda na segunda quinzena do mês causou queda nos valores no período – o que pressionou a média mensal.

No atacado da Grande São Paulo o frango inteiro congelado teve média de R$ 7,77/kg em novembro, baixa de 2,1% frente à de outubro.

Para as próximas semanas, as expectativas de colaboradores do Cepea são divergentes. Uma parte do setor está otimista e à espera de reações nos preços, fundamentados no possível aquecimento na venda de aves neste período de final de ano.

Outros agentes, porém, estão atentos à oferta de animal vivo acima da procura, que tenderia a manter o mercado da carne pressionado.

Fonte: Assessoria Cepea
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Avicultura

Calor extremo desafia a produtividade das aves e expõe falhas no manejo térmico

Pesquisa aponta que o estresse por calor afeta não só o consumo, mas também o metabolismo das aves, ampliando perdas e exigindo novas estratégias de controle nas granjas.

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Foto: Shutterstock

Artigo escrito por Jean François Gabarrou, gerente científico Phodé Animal Care. 

A temperatura ideal no final da fase de criação de frangos de corte depende da densidade, mas gira em torno de 20°C. Para poedeiras, esta temperatura é de apenas 17°C. A redução da densidade permite aceitar de 2 a 4°C a mais. Com ventilação dinâmica, é possível lidar com 4 a 6°C a mais, sem impacto significativo no desempenho dos animais. Com o uso de resfriamento evaporativo (pad cooling), uma redução de até 8°C é possível a menos que a umidade seja muito alta. Independentemente do equipamento, temperaturas acima de 28°C acabam afetando o conforto dos animais.

Se nos referirmos à tolerância das aves ao Índice de Temperatura e Umidade (THI), apenas países de clima temperado fora do verão poderiam criar aves com alto desempenho. No entanto, as regiões com maior demanda por ovos e carne de frango são justamente países quentes, como os do Oriente Médio e África – ou regiões quentes e às vezes úmidas, como América Latina, Sudeste Asiático e China.

Para ajudar as aves a lidar com esse estresse térmico inevitável, existem diferentes estratégias que geralmente precisam ser combinadas:

  • Ventilação dinâmica e sistemas de resfriamento à base de água
  • Eletrólitos para corrigir perdas minerais devido ao aumento da ingestão de água
  • Antioxidantes, que predominam entre os aditivos alimentares
  • Agentes anti-inflamatórios para reduzir a temperatura corporal dos animais

Mas será que realmente identificamos todos os problemas relacionados ao estresse térmico? Será que deixamos algo passar?

Utilizando um modelo com animais alimentados em condições termoneutras (22°C), comparados a animais submetidos a estresse térmico crônico (32°C) e um terceiro grupo mantido a 22°C, mas com a alimentação restrita ao mesmo nível do grupo com estresse térmico, pesquisadores conseguiram decompor o efeito do estresse térmico em dois componentes:

  • Um efeito devido à redução da ingestão de ração, explicando mais de 60% da perda de desempenho.
  • Um efeito direto do estresse térmico que altera as vias metabólicas, produzindo mais gordura e menos proteína, aumentando a produção de radicais livres e citocinas no sangue que promovem inflamação. Também se observa uma leve hipertermia, que pode levar à morte súbita nos animais mais pesados.

Redução da ingestão de ração durante o estresse térmico

Como as estratégias para prevenir mortalidade tardia se concentram em evitar a sobreposição entre a termogênese induzida pela dieta e os picos de calor, a queda na ingestão de ração é frequentemente considerada uma consequência inevitável. No entanto, a redução na ingestão de ração é um efeito distinto do estresse térmico e deve ser tratada como uma questão comportamental.

Durante o estresse térmico, os animais tendem a ofegar e abrir as asas para se resfriarem. Esse comportamento compete com a ingestão de água e ração e aumenta o risco de alcalose. Muitos acreditam que simplesmente fornecer água à vontade é suficiente, especialmente porque a ingestão de água aumenta durante o estresse térmico. Mas, se observarmos de perto os padrões de consumo, vemos que a ingestão de água aumenta no início da tarde, durante o aumento da temperatura, mas diminui levemente no pico de calor.

Uma solução com modo de ação cerebral (aditivo à base de Citrus sinensis) é desenvolvida para ajudar os animais a se adaptar melhor a situações de estresse, mantendo um comportamento adequado. Nessas situações, os animais interrompem o comportamento de ofegância para realizar pequenas refeições de água e ração. Isso lhes permite passar pela fase crítica com mais conforto, limitando a queda na ingestão de ração e reduzindo a mortalidade tardia.

Em uma granja experimental nas Filipinas, onde foi testado o estresse térmico severo, foi avaliado o padrão de ingestão de ração em pintinhos da raça Cobb. A ingestão foi medida a cada 2 horas. O grupo controle apresentou uma forte queda no desempenho durante toda a tarde. O grupo tratado com um aditivo à base de Citrus sinensis também reduziu a ingestão de ração nesse período quente, mas a queda foi aproximadamente duas vezes menor (Gráfico 1).

Gráfico 1. Efeito de um aditivo à base de Citrus sinensis sobre a ingestão de ração em aves durante o estresse térmico

Alteração das vias metabólicas devido ao estresse térmico

Balanço oxidativo

A queda no desempenho causada pelos radicais livres também precisa ser combatida. Em um teste realizado em condições de granja, galinhas poedeiras sob estresse térmico apresentaram, por exemplo, uma melhora na qualidade de frescor dos ovos em mais de 2 unidades Haugh (Gráfico 2), graças à suplementação com um potente antioxidante à base de extratos de sementes e cascas de uva, particularmente rico em proantocianidinas (valor ORAC de 11.000 molTE/g). O efeito antioxidante do produto no metabolismo das aves ajuda a atenuar os efeitos do estresse térmico sobre os radicais livres — conhecidos por reduzir as unidades Haugh e, consequentemente, o frescor dos ovos.

Gráfico 2. Efeito de um antioxidante à base de extratos de sementes e cascas de uva na qualidade e frescor dos ovos

Sub-inflamação

A curcumina é conhecida por seus efeitos anti-inflamatórios naturais. No entanto, trata-se de uma molécula frágil que precisa de proteção para continuar eficaz até atingir seu alvo no intestino. Um aditivo à base de curcumina ajuda a reduzir a temperatura corporal e pode aumentar o peso dos animais em até +7,8% em condições de granja (Gráfico 3).

Gráfico 3. Efeito da suplementação com um aditivo à base de curcumina no peso vivo de frangos de corte aos 35 dias de idade

O estresse térmico limita significativamente o bem-estar das aves e reduz seu desempenho. Dependendo de cada situação, pode-se priorizar uma abordagem comportamental, antioxidante ou anti-inflamatória.

Na maioria das vezes, será necessário combinar estratégias comportamentais (como o manejo da ingestão alimentar) com abordagens antioxidantes ou anti-inflamatórias (apoio fisiológico), pois essas estratégias são complementares e contribuem para manter o desempenho animal, sendo vantajosas também em nível de produtividade na granja.

As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: loliva@phode.fr

versão digital está disponível gratuitamente no site oficial de O Presente Rural. A edição impressa já circula com distribuição dirigida a leitores e parceiros em 13 estados brasileiros.

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Frango congelado inicia dezembro com preços estáveis no mercado brasileiro

Cotações do Cepea/Esalq permanecem em R$ 8,11/kg pelo terceiro dia seguido, indicando equilíbrio entre oferta, demanda e consumo de fim de ano.

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Foto: Jonathan Campos/AEN

Os preços do frango congelado no mercado paulista seguem estáveis no início de dezembro, de acordo com dados do Cepea/Esalq divulgados na quarta-feira (03). Pelo terceiro dia consecutivo, o produto é negociado a R$ 8,11/kg, sem variação diária ou mensal registrada até o momento.

Os números mostram que, entre esta segunda e quarta-feira, o valor permaneceu inalterado. A última movimentação no indicador ocorreu no fim de novembro, quando, nos dias 27 e 28, houve avanço de 1,25% no mês, elevando o preço justamente para o patamar atual de R$ 8,11/kg.

A estabilidade sugere um mercado ajustado entre oferta e demanda, sem pressões significativas capazes de alterar as cotações nos primeiros dias de dezembro. Segundo analistas, esse comportamento costuma ser comum no período, quando a indústria observa sinais do consumo de fim de ano e calibra a produção à procura do varejo.

Fonte: O Presente Rural com informações Cepea
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