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Suínos resistentes a doenças já são realidade

Avanço dos sistemas de informação, causador de disrupturas em vários setores, foi extremamente benéfico ao melhoramento genético

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“O dia em que teremos um suíno ideal está cada vez mais próximo. O papel de transformar sonho em realidade é atribuído à genética. Há pelo menos 20 anos, as modificações de genes vêm transformando a produção de suínos. Porém, o sistema enfrentou barreiras com a necessidade de grandes volumes de dados e a dificuldade de processar matematicamente os mesmos. O avanço dos sistemas de informação, causador de disrupturas em vários setores, foi extremamente benéfico ao melhoramento genético. A edição genética, difundida recentemente, deve elevar as possibilidades a um novo padrão. Mas, para isso acontecer, é preciso derrubar mitos e ampliar o debate com a sociedade”.

Para tratar dos avanços da genética, especialmente na produção de suínos resistentes a doenças, o médico veterinário e diretor de uma empresa genética, Alexandre Rosa, palestrou durante o 11º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura. O evento foi realizado nos dias de 21, 22 e 23 de agosto, em Chapecó, SC. A palestra “Como a genética pode contribuir para os novos desafios sanitários na produção de suínos. Animais resistentes a enfermidades, mito ou realidade?” lotou o auditório.

Alexandre Furtado da Rosa é médico veterinário formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), preside a Abegs (Associação Brasileira de Empresas de Genética de Suínos) e é membro do Comitê de Suinocultura da Sociedade Rural Brasileira.

Embalada pela tecnologia

Na palestra, Rosa definiu que os sistemas de informação ampliaram o leque do melhoramento genético. “As fêmeas, por exemplo, não são mais avaliadas apenas em questões reprodutivas, mas aspectos como carcaça, rendimento de corte, melhor conversão alimentar e ganho de peso também são considerados”, exemplificou.

Outro avanço do melhoramento genético foi considerar dados de desempenho comercial. A análise comercial, afirma Rosa, baseia-se na premissa de que um programa genético tem que ter viabilidade, com melhor ganho genético e densidade de seleção. “O animal melhorado vai ser utilizado num sistema com desafios”, explica Rosa.

Ele cita como exemplo um macho reprodutor, que pode ter um excelente desempenho na granja núcleo, mas não apresentar o mesmo resultado no sistema comercial. “Os dados dessa progene, relacionados a crescimento, conversão alimentar, carcaça e mortalidade, vão retroalimentar o sistema. O índice genético do macho da granja núcleo é afetado em função dos resultados no sistema comercial”, explica.

Um exemplo claro de desempenho no campo são as fêmeas modernas, com um grande número de nascidos. Inicialmente, junto com a maior quantidade de leitões, aumentou a mortalidade pré-desmame e a variação no tamanho dos leitões, no entanto isso foi superado. “A partir de 2012, a genômica conseguiu resolver esse fator negativo. Além de fazer com que nasçam mais leitões, também gera animais com maior viabilidade”.

Nos últimos oito anos, outro fator muito observado nos programas de seleção é o estresse. A intenção é evitar essa característica nas futuras progenes. “O estresse tem um efeito negativo associado à qualidade da carne”. A resistência a doenças também tem sido fortemente estudada no campo da genética. Rosa acredita que em breve muitas doenças poderão até mesmo ser erradicadas através da edição de genes.

“O fim das doenças”

Nos últimos quatro anos tem-se ouvido falar da edição genética que é, conforme Rosa, uma verdadeira revolução. Não pode ser considerada transgenia (mistura de espécies), mas sim uma sisgênia (manipulação). “Pode-se fazer uma secção em qualquer ponto do DNA, para neutralizar um efeito negativo”, explica Rosa. A edição genética também pode ser aplicada em humanos.

Ele lembra que a edição genética já foi utilizada no controle do Zica Vírus, produzindo mosquitos em que as fêmeas têm filhos estéreis. “Produzir animais estéreis também é possível em suínos”. No gado de leite, por exemplo, a edição genética produz mochos. “Permite eliminar uma característica indesejada”, exemplifica.

Em 2015, na Universidade de Edimburgo, na Escócia, foi produzido o primeiro suíno totalmente resistente à Peste Suína Africana. “É um fato relevante para um problema gravíssimo que ainda afeta muito o hemisfério Norte”. Em 2016, na Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, amplia Rosa, a edição genética acenou com a eliminação da PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos), uma importante doença que afeta rebanhos de todo o mundo.

Apesar dos consideráveis avanços, tratam-se de pesquisas ainda muito caras e que envolvem uma grande população de animais. Por isso, existe a priorização de quais enfermidades serão atacadas, respeitando questões comerciais. “São avaliadas quais infecções causam maior impacto, no bem-estar animal, mortalidade, trânsito animal no mundo, entre outros fatores. Peste Suína Africana e PRRS são priorizadas nesse modelo”, explica.

As possibilidades da edição genética são ilimitadas. Mas, a técnica que pode revolucionar não só a produção animal, mas também a qualidade de vida humana, precisa de regulamentação. Para isso, acredita Rosa, a tecnologia deve trazer benefícios como menor mortalidade, bem-estar animal e um menor uso de antimicrobianos.

A tecnologia já foi validada e os primeiros suínos totalmente resistentes à PRRS já nasceram nos Estados Unidos. Após abatidos, esses animais não entram na cadeia alimentar, pois são avaliados, em primeira mão, pelo FBI. A partir da confirmação da segurança da técnica pela principal economia do mundo, haverá a busca por aprovação nos demais países. “Sabemos que na Europa a discussão será mais calorosa. Há pouco tempo saiu uma decisão da comunidade europeia de que a tecnologia deve passar pelo mesmo sistema regulador dos transgênicos, embora não seja transgenia. Na Ásia provavelmente isso não vai acontecer”, acredita Rosa.

Com a discussão em andamento, espera-se que, em três ou quatro anos, os primeiros suínos editados geneticamente devam estar disponíveis no mercado para comercialização. “Até lá, deverá ocorrer uma grande mudança de paradoxo”, avalia.

Suínos que salvam vidas

O sequenciamento de 100% do genoma suíno em 2012 mostrou que, além do chipanzé, os animais cuja carne é a de maior consumo do mundo, tem uma correlação genômica acima de 95% com o homem. Uma das razões pelas quais esse sequenciamento avançou diz respeito ao interesse dos suínos como doadores de órgãos para humanos. Existe um grupo trabalhando nos Estados Unidos, em cooperação com a USP (Universidade de São Paulo) na questão da adaptação dos órgãos suínos ao organismo humano, a grande barreira que ainda impede esse procedimento.

O órgão suíno, dentro de seu sequenciamento genético, tem um vírus que atrapalha a adaptação do homem a esse órgão. “Com a edição genética, é possível eliminar o efeito negativo, evitando a rejeição”, diz Rosa. O ponto é que tal avanço diminuiria absurdamente a fila de transplantes para órgãos como fígado, rins, coração, entre outros. “Em breve, além de produzir carne, nossos suínos também podem salvar vidas”, vislumbra Rosa.

Diálogo

“Ainda não temos o suíno perfeito, mas a simples possibilidade de chegar perto disso motiva uma empresa de genética a trabalhar nesse sentido”, comenta Rosa. Ele salienta que o melhoramento genético está cada vez mais acelerado, numa velocidade nunca antes vista. “Os últimos cinco anos foram de muita ruptura nessa área da ciência”.

Porém, diante de tecnologias tão disruptivas, é preciso dialogar com a sociedade. “A tecnologia está dominada e a edição genética já possibilita uma qualidade de vida melhor para os animais e para o homem”, comemora. “Para quem é contra, a pergunta que faço é: ainda na forma de blastocisto embrionário, a edição genética pode eliminar 100% das possibilidades de um filho seu ter câncer, por exemplo. Você não faria?”. Rosa sabe que essa discussão é extremamente delicada. “Infelizmente, nem sempre a tecnologia caminha junto com a conscientização e com um pensamento melhor de mundo”, avalia.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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