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Suínos: Quais são as soluções existentes para combater o calor?

Estratégias de manejo e suplementação alimentar ajudam a reduzir os impactos do calor sobre o desempenho e a saúde dos suínos.

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Fotos: Shutterstock

Artigo escrito por Dra. Elisa A. Arnaud Laboratórios Phodé, Terssac, França

Altas temperaturas ambientais e dias quentes no verão em países tropicais podem representar um sério problema para os animais de criação, causando estresse térmico. Isso pode afetar seu crescimento e diminuir os resultados econômicos das propriedades. Na indústria de suínos, em quase todas as fases de produção os animais são afetados pelo estresse térmico: porcas prenhas, porcas lactantes e suínos de engorda. Este artigo tem como objetivo destacar algumas das alterações que ocorrem nos suínos sob estresse térmico. Também apresenta soluções para atenuar os efeitos negativos do estresse térmico em suínos.

Quando um suíno sofre estresse térmico?

O estresse térmico ocorre quando o corpo não consegue regular sua própria temperatura. Ele começa quando o animal está fora de sua zona térmica neutra. Isso é influenciado pela temperatura externa e pela umidade. O estresse térmico pode afetar os suínos em todas as fases do ciclo de produção. Para um suíno de engorda de 50 kg, a zona de estresse térmico começa a partir dos 25°C. Isso significa que, acima de 25°C, um suíno com esse peso começa a experimentar os efeitos negativos do estresse térmico.

A zona térmica neutra da porca situa-se entre 12 e 20°C, enquanto a dos leitões está entre 27 e 30°C. Na maternidade, é comum manter a temperatura das salas entre 21 e 25°C, junto com ninhos aquecidos, para criar um ambiente favorável aos leitões. Portanto, as porcas lactantes também podem sofrer estresse térmico, independentemente da estação ou da região. O estresse térmico também pode afetar as porcas prenhas e impactar sua descendência.

Como os suínos reagem ao estresse térmico?

Entre os animais de criação, os suínos são especialmente sensíveis ao estresse térmico, pois possuem poucas glândulas sudoríparas e pulmões pequenos. Sua alta produtividade e rápido crescimento os tornam ainda mais suscetíveis ao estresse térmico (figura 1). Quando a temperatura aumenta, o suíno adapta seu comportamento. Ele reduz sua locomoção e a ingestão de alimentos, o que limita a termogênese (produção de calor pelo organismo). Além disso, aumenta sua frequência respiratória. O fluxo sanguíneo é redirecionado dos órgãos internos para a pele, a fim de evacuar o excesso de calor. Esse fenômeno é denominado vasodilatação. Isso aumenta a termólise (dissipação do calor pelo organismo).

No trato intestinal, a falta de fornecimento de oxigênio, provocada pelo redirecionamento do fluxo sanguíneo, é prejudicial para as células epiteliais, que são muito sensíveis à hipoxia e à redução dos nutrientes disponíveis. Isso degrada o epitélio intestinal. Substâncias exógenas, como antígenos ou toxinas bacterianas, podem passar do lúmen intestinal para o fluxo sanguíneo (intestino permeável), o que provoca uma resposta inflamatória e a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO). Trata-se de um círculo vicioso, pois as ERO podem ser prejudiciais para as células epiteliais se produzidas em excesso. Se o estresse térmico persistir, ele pode causar diversos problemas no crescimento e no desempenho reprodutivo.

Figura 1. Mecanismos de adaptação de suínos em condições de estresse térmico

Como o estresse térmico afeta a produtividade?

Vários estudos destacam os efeitos negativos do estresse térmico sobre o desempenho reprodutivo das porcas e o crescimento dos suínos. Em porcas lactantes, um aumento da temperatura de 18°C para 29°C reduziu a produção de leite entre 12% e 26%, o que impactou o crescimento da leitegada (em média -15 kg de peso da leitegada. Porcas expostas ao estresse térmico durante a gestação sofreram partos prematuros. Além disso, seus leitões nasceram com menor peso, e essa redução se manteve até o abate. Em suínos de engorda, o aumento da temperatura provocou uma diminuição no consumo de ração e no ganho de peso, reduzindo assim o peso da carcaça no frigorífico.

Como atenuar os efeitos negativos?

Podem ser aplicadas várias estratégias nutricionais e de manejo para atenuar os efeitos negativos do estresse térmico: dispor de um bom sistema de ventilação, aumentar o fluxo de ar nas instalações, nebulizar água, reduzir a densidade dos currais, fornecer água de alta qualidade e ad libitum e utilizar aditivos alimentares.

Os aditivos alimentares podem se tornar soluções que ajudam os suínos a se adaptar melhor às condições de estresse térmico, com possibilidade de atuação:

Em nível comportamental, para melhorar a ingestão de ração e manter atividades normais.

Em nível fisiológico, para melhorar a resposta do organismo.

Em nível comportamental, a suplementação com um ingrediente funcional sensorial à base de cítricos pode ajudar os suínos a lidarem melhor com o estresse psicossocial que enfrentam em ambientes desafiadores. Essa solução contribui para a manutenção de comportamentos normais, como a ingestão de água e de ração.

Um ensaio conduzido com porcas lactantes em condições de estresse térmico demonstrou que a suplementação da dieta com o ingrediente funcional sensorial à base de cítricos aumentou a ingestão de ração em 10%, o que resultou em um aumento de 4% no peso da leitegada ao desmame.

Em nível fisiológico, a suplementação com um aditivo para rações à base de ingredientes ativos específicos de especiarias é uma abordagem interessante.

As especiarias picantes podem ajudar o metabolismo dos suínos em situações de estresse térmico, limitando a inflamação intestinal e reduzindo o estresse oxidativo. Algumas dessas substâncias são bem conhecidas, como a capsaicina, presente na planta Capsicum, que demonstrou reduzir os níveis de citocinas pró-inflamatórias no soro de suínos, ajudando assim a controlar a inflamação. Também foi comprovado que essa especiaria aumenta as atividades de α-amilase, lipase e protease na mucosa do jejuno de leitões desmamados.

Em conclusão, o estresse térmico pode afetar tanto as porcas quanto os suínos em todas as fases da produção, com efeitos de longo prazo que impactam nos resultados reprodutivos e no crescimento. Duas abordagens podem ser adotadas para ajudar os animais a enfrentar o calor: melhorar sua resistência em ambientes desafiadores e apoiar sua fisiologia.

Referências bibliográficas: loliva@phode.fr

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuito. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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