Suínos Produção
Suinocultura rentável sem o uso de antibióticos promotores de crescimento
É possível parar de usar antibióticos promotores de crescimento sem perder dinheiro

Artigo escrito pela equipe técnica da Trouw Nutrition
O risco de resistência antimicrobiana atua diretamente nas decisões dos suinocultores sobre o que administrar aos animais. Aditivos para ração e água estão cada vez mais disponíveis e têm sido mundialmente comprovados como substitutos eficientes dos antibióticos promotores de crescimento (APC).
Mais de 70 anos já se passaram desde a descoberta das vantagens do uso de antibióticos para aumentar a taxa de crescimento de suínos, e o uso de antibióticos promotores de crescimento (APC) tornou-se difundido durante a industrialização da suinocultura na década de 1950. Por um período, os APC pareciam ser a forma perfeita e a mais eficiente, na transformação de ração em carne.
Eles são eficazes em todas as fases de crescimento dos suínos, mas particularmente quando estes são jovens, melhorando a conversão alimentar (CA) de leitões entre 7-25 kg em 6,9%. Em boas condições higiênicas, o efeito dos APC é limitado a uma melhora de apenas 2,2% da CA na fase de crescimento-terminação (24-89 kg).
Em partes do mundo onde o uso de APC é comum, a maioria dos produtores relutam em descontinuar a prática, devido ao risco de doenças e queda na produtividade. No entanto, experimentos recentes na China e América do Norte mostraram que rações com aditivos da Selko apresentaram uma melhora ainda maior na conversão alimentar (CA) comparados com APC: quase 13% em leitões e cerca de 4% em suínos em crescimento e terminação.
Diferente das expectativas de muitos produtores, o uso de aditivos para ração como parte do bom manejo da granja, pode ser uma estratégia para manter os suínos saudáveis e rentáveis comparativamente melhor do que o uso contínuo de APC.
Perigos e escala da resistência antimicrobiana
A União Europeia (UE) proibiu em 2006 o uso de APC. No entanto, o uso preventivo de antibióticos ainda é permitido na maioria dos países fora da UE. Ao contrário dos antibióticos utilizados exclusivamente para fins terapêuticos, a maioria dos APC são medicamentos de amplo espectro que levam à resistência antimicrobiana em uma escala mais ampla. Em um estudo global recente, a taxa de “uso inadequado” de antibióticos mostrou 25% em humanos e 50% em animais. Na China, que já era o maior consumidor de antibióticos em 2010, a maioria dos antibióticos são APC e o uso no pais no país deve dobrar até 2030.
Restrição no uso dos APC
Alguns governos e varejistas tentam restringir o uso de APC por ameaças à saúde e também pelo interesse público. Há uma boa razão para isso, uma vez que a resistência antimicrobiana em animais está relacionada diretamente a resistência em humanos.
Estima-se que até 2050, mais pessoas morrerão em todo o mundo por doenças que não poderão mais ser tratadas efetivamente por antibióticos, do que por câncer.
Além disso, a queda do desempenho animal devido à resistência antimicrobiana é crescente. Avanços em genética, instalações, manejo e formulação de rações não atingem seu efeito máximo devido à resistência antimicrobiana. Ainda, alguns animais doentes não podem ser tratados adequadamente porque os antibióticos terapêuticos não funcionam mais. Um dos APC mais utilizados para leitões é, na verdade, um antibiótico de importância crítica para humanos. Em vários países, esse antibiótico em particular é usado como último recurso quando outras drogas falharam, por isso é vital que os pacientes não desenvolvam resistência a esse medicamento.
Desmame sem APC
Especialmente para um país densamente povoado como a China, a resistência antimicrobiana é uma ameaça em potencial, portanto governo e consumidores estão naturalmente muito preocupados.
Os resultados de ensaios recentes nesta e em outras regiões servem para mostrar que existem substitutos alternativos economicamente válidos para APC, em todas as fases da vida do suíno.
Os aditivos funcionais para ração foram comprovados como agentes importantes para minimizar o uso de APC, em combinação com um bom manejo sanitário e de granja. Os dois produtos descritos neste artigo são administrados em água potável e ração, e têm contribuído para o aumento de peso corporal e a melhora da conversão alimentar. Estes resultados são atribuídos aos efeitos positivos no equilíbrio da microbiota intestinal, na barreira da mucosa intestinal e na imunidade do animal. Tudo isso contribui para um animal saudável com bom desempenho dentro de um sistema de produção livre de APC.
Estudo australiano
Em um estudo australiano, leitões desmamados que receberam uma mistura sinérgica de ácidos orgânicos livres via água potável apresentaram melhor desempenho quando o número de APC foi reduzido.
Os animais suplementados com dois APC, sem aditivos, apresentaram o pior desempenho, enquanto os que receberam dois APC, com aditivos, tiveram um resultado melhor, porém, os leitões do grupo com apenas um APC, com aditivos, superou os demais. Em comparação com o grupo de pior desempenho, os leitões com dois APC e aditivos apresentaram 10g de ganho diário extra e 0,3kg a mais no peso final, enquanto os leitões com apenas um APC e aditivos ganharam, em média, 40g a mais por dia, resultando em 1kg a mais no peso final e melhora de 0,3 na CA após quatro semanas.
Estudo chinês
Ainda, em um estudo chinês, leitões desmamados que receberam uma mistura de ácidos orgânicos (butiratos, ácidos graxos de cadeia média) e outros compostos naturais ganharam 30g/dia extra na primeira semana após o desmame, em comparação com aqueles que receberam APC. Isto resultou em 800g a mais por leitão ao final de quatro semanas após o desmame.
O desmame é um período muito estressante para os leitões e tem um impacto claro na saúde intestinal, resultando frequentemente em diarreia em torno de duas semanas após o desmame. O uso dos aditivos para ração também melhorou significativamente a consistência fecal dos leitões, mostrando que estes animais jovens podem crescer de forma saudável nas primeiras três semanas após o desmame, sem o uso de APC.
Uma abordagem integrada para suínos em fase de terminação
Como o maior volume de antibióticos em suínos é usado como APC, na fase de terminação, a questão é se bons resultados poderiam ser obtidos em animais dessa idade também, mesmo sob melhores condições de criação. Por isso, realizou-se um experimento na América do Norte para comparar os efeitos benéficos entre o uso de um APC e de um aditivo para ração. Os suínos que receberam o mesmo tipo de aditivo do experimento mencionado acima, na China, apresentaram Conversão Alimentar (CA) significativamente melhor, resultando em uma economia significativa próxima de US$ 4/suíno. Como a ração corresponde ao maior custo na fase de crescimento e terminação de suínos, isso é economicamente muito interessante.
Implementar um bom manejo da granja, combinado com o uso de aditivos na água e na ração é importante. Melhores resultados com esta prática podem ser esperados onde instalações e gestão ainda são pouco tecnificadas. No entanto, esta estratégia também melhorou claramente o desempenho dos suínos na fase de terminação, em rebanhos de elevada sanidade na América do Norte.
Em outro experimento foi avaliado se a salinomicina, ionóforo muito utilizado e barato, poderia ser substituído por um aditivo para ração sem prejudicar a rentabilidade. Foi realizado também na América do Norte, outro experimento com o mesmo intuito em suínos na fase de terminação. O resultado: o aditivo para ração melhorou a conversão alimentar (CA) em dois pontos, com um custo geral por kg ganho semelhante ao do tratamento contendo o ionóforo.
Deixar o uso de APC sem prejuízo
É possível parar de usar antibióticos promotores de crescimento sem perder dinheiro. Ao substituir APC por aditivos administrados via água e ração, os suinocultores podem realmente ganhar mais dinheiro, enquanto reduzem o risco de resistência antimicrobiana.
Outras notícias você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



