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Suinocultura nacional mobilizada

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O reconhecimento obrigatório da Peste Suína Clássica (PSC) pela Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE), a partir de 2015, exige de todos os elos da suinocultura nacional a definição de uma estratégia conjunta para garantir a inclusão do maior número de estados brasileiros na chamada “área livre” no menor espaço de tempo.
Embora boa parte do território brasileiro, sobretudo sul, sudeste, centro-oeste e parte do nordeste, seja reconhecido como livre pelo MAPA, será necessário uma série de requisitos técnicos para atender as exigências da OIE.
Visando Alcançar as exigências da OIE, Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e a Associação Brasileira das Empresas de Genética Suína (ABEGS) em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),  promoveram um amplo debate durante o Workshop, realizado na terça (02) em São Paulo. Foram discutidas ações sobre Defesa sanitária e Peste Suína Clássica no Brasil. A intenção das discussões é a prevenção da entrada de doenças no país, bem como as diretrizes para a busca da certificação da área livre de Peste Suína Clássica(PSC). 
O Workshop que contou com a presença do presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o presidente da ABEGS, Alexandre Furtado da Rosa e a Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella, teve duas palestras e debates sobre os assuntos que objetivaram a realização do evento.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, deu início as apresentações do Workshop ressaltando a grande relevância que deve ser dada ao tema, bem como aos resultados das discussões do evento sobre a PSC. 
Marcelo agradeceu ainda o apoio da ABEGS, do Ministério da Agricultura, da Embrapa, além de produtores e técnicos presentes. “Devemos trabalhar juntos para avançar no reconhecimento da OIE e este é o espaço para nivelar a informação sobre o tema e alinharmos nossos esforços para isso”, disse.

Palestras

O chefe do Departamento de Saúde Animal do MAPA, Dr. Guilherme Marques do Departamento de Saúde Animal (MAPA), ministrou palestra sobre "Peste Suína Clássica: avanços e desafios" e o representante do Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), Jader Nones, falou da, "Gestão Compartilhada de Programas de Sanidade Suídea".
Dr. Guilherme , apresentou um amplo histórico da PSC no Brasil, desde seu primeiro foco na década de 1980 até o recente reconhecimento do Acre como área livre da doença pelo Ministério. “Avançamos muito, no entanto, temos que nos antecipar e nos mantermos livre de PSC na maior área possível”, destacou.
Atualmente somente os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina tem toda a documentação e prática necessárias para serem declarados livres da PSC, pela OIE. Marques explica ainda que a exigência para o reconhecimento nacional é diferente do nível de exigência internacional. Com relação a situação dos outros 14 estados (reconhecidos como livres de PSC pelo Mapa) quanto ao reconhecimento da OIE, Dr. Guilherme explica, "Os outros estados reconhecidos pelo Mapa seguirão com o mesmo status mas, se algum país passar a exigir o mesmo que a OIE a partir do ano que vem, estes 14 estados devem se adequar para seguir exportando. Ou seja, temos que estar preparados para isso", explicou Marques.
O chefe do DSA do Mapa, Guilherme Marques, lembrou ainda que os avisos sobre a elevação do nível de exigência sobre a PSC são dados há anos para os governos estaduais, associações e empresas privadas. "Se trata de uma responsabilidade compartida. E acredito que podemos dar um salto nos próximos pleitos para a OIE desde que os estados corram atrás. Apresentamos o pleito destes dois estados agora em setembro para sair em maio do ano que vem", afirmou.

Exemplo

O representante do Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), Jader Nones, deu segmento ao evento proferindo uma palestra, "Gestão Compartilhada de Programas de Sanidade Suídea". Jader falou sobre a produção de suínos em Santa Catarina, que é exemplo de status sanitário no Brasil. 
"Temos oito pontos fundamentais em nosso programa: motivação, vigilância (quase 4 milhões de suínos monitorados em 2013), educação sanitária aos produtores, auditorias, controle de trânsito (animais e produtos), serviço de denúncias gratuitas, conhecimento sobre a população de suídeos de vida livre e capacidade de ação em caso de ação ou foco", detalhou.
Já o diretor de Qualidade e Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Roni Barbosa, enfatiza que é de suma importância essa luta dos Estados do Sul na busca pela certificação junto a OIE de área livre de Peste Suína. "É fundamental não só para o Sul do país, como para com toda a suinocultura brasileira porque se está abrindo uma oportunidade para que o Brasil mantenha e alcance novos mercados. Santa Catarina e Rio Grande do Sul formando uma zona livre de Peste Suína Clássica, significa que 45 a 50% da produção desta região tem condições de ser exportada para os países mais competitivos em importação", define. 
Roni defende ainda que a luta pela certificação é de interesse de muitos estados brasileiros que tem potencial para o setor. "Temos estados como Minas Gerais que tem boa produção, Goiás, Paraná o próprio Mato Grosso do Sul e Mato Grosso que estão despontando na produção de suínos em função da grande capacidade de produção de grãos, isso favorece a expansão da suinocultura para estas regiões, que somente o Centro Oeste. Se o Brasil todo obter a certificação será evidentemente um grande salto, um grande avanço para a suinocultura brasileira", considera.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, lembrou que uma nova "janela" para reconhecimento da OIE será aberta em setembro do ano que vem. "Neste ano não teremos problemas, mas no ano que vem poderemos ter consequências. E, no ano que vem, quantos dos outros estados estarão prontos? A ABCS se compromete em usar sua capilaridade em todo o Brasil para acelerar este processo e, assim, conseguirmos mais estados já no próximo pleito", detalhou.

Parceria

O Presidente da Abegs (Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos) e Diretor Superintendente da Agroceres PIC, Alexandre Rosa, defende vigilância sanitária colaborativa e ressalta parceria entre Abegs, ABCS e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. "O debate sobre a PSC é de grande importância e eventos como esse sempre contribui e muito, tanto para produtores, bem como os entes governamentais", disse.
“Esta maior aproximação entre as entidades tem gerado bons frutos já que é interesse de todos manter a competitividade da suinocultura brasileira, e um exemplo é o lançamento da Estação Quarentenária de Cananéia”, destacou Alexandre.
Para a chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella, uma das principais noves exigências é o conhecimento sobre suídeos asselvajados mas existem outras. "Este é um dos pontos que gerará maior trabalho. É um investimento necessário para nossa evolução", frisou
A chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, se mostrou muito empenhada nessa luta conjunta do setor, tanto que colocou os técnicos da empresa de pesquisa à disposição da suinocultura para responder da melhor maneira possível às exigências da OIE. "Nossos pesquisadores estão preparados para prestar o apoio e os esclarecimentos que a suinocultura precisa", destacou.

Fonte: O Presente Rural com Informações da Ass. da ABCS

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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