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Suínos / Peixes Sistemas de produção

Suinocultura independente: novos tempos e velhos paradigmas

A busca por alternativas que caibam na granja, dentro do acompanhamento da experimentação e observação dos resultados, uma a uma, levará o produtor a um patamar de sucesso produtivo e financeiro.

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Fotos: Divulgação/Arquivo/OP Rural

A arte da criação de suínos ocorre quase que no mundo todo, com exceção da Antártida. É uma atividade que ocorre sob os mais diversos sistemas de produção (do extensivo ao intensivo), utilizando-se de diversos graus tecnológicos, com mão-de-obra de familiar a particular (terceirizada e quarteirizada), com o objetivo de criação de subsistência até como atividade econômica financeira primária.

No Brasil a suinocultura independente é praticada em todos os Estados, comumente como atividade de pequeno e médio porte, estando as granjas de grande porte ligadas de alguma forma aos grandes projetos de integração.

O suinocultor independente delimita o seu sistema particular com grau tecnológico próprio de produção. Determinando a genética, a nutrição, as instalações, os equipamentos, etc. Trabalha no mercado “spot”, onde a sua produção (suínos terminados aptos ao abate) é vendida para abatedouros/frigoríficos de suínos, que em sua maioria das vezes, abastece o mercado nacional com carcaças e cortes.

De um modo geral, as granjas independentes trabalham com genéticas tipo carne atendidas pelos grandes fornecedores de genética internacionais, bem como por empresas nacionais, devendo-se obter sempre reprodutores suínos advindos de Granjas GRSC (Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas), registradas no Mapa e tendo a sua sanidade acompanhada pelo Sistema Veterinário Oficial.

Quanto a alimentação de suínos, de um modo geral trabalha-se como ingredientes principais o milho e o farelo de soja, que nas fábricas próprias são misturados a núcleos comerciais, seguindo o modelo nutricional norte-americano.

E o Mercado Spot tem os seus preços diários, definidos pela oferta e procura, caracterizado por altos e baixos, que de um modo geral não acompanham os custos diários da produção de suínos vivos, que logicamente em épocas fecha no azul, bem como em outras no vermelho, se não atentado para o efeito preço de mercado. Além da oferta e procura, este tipo de mercado acaba sendo afetado também pela condição sanitária, seja da suinocultura como das outras atividades pecuárias, que diante de surtos de doenças, causam limitação de acesso a mercados e forte queda de preços dos suínos vivos, e às vezes, por bons períodos.

Com relação aos custos de produção, a produtividade continua sendo um indicador avaliativo, mas com certeza o segmento nutrição tem um efeito econômico muito expressivo, haja visto que é responsável por 70 a 85% do custo total de produção. E com a Pandemia do Covid-19, houve um aumento mundial pela busca por milho e soja, que fez com que estas commodities tivessem os seus preços elevados. Associado a isto, fora da porteira, ainda sofremos os elevados preços do dólar e dos combustíveis, que acabam impactando também no valor das matérias-primas que precisam chegar às granjas.

E dentro deste contexto, está cada vez mais difícil de praticar a suinocultura independente sem que a mesma esteja adjunta a agricultura na mesma propriedade, onde a primeira fornece um adubo orgânico, e a segunda fornece algum tipo de alimentos (produtos e coprodutos), e assim auxiliar na diminuição dos custos de produção de ambos os negócios.

Alguns paradigmas nutricionais e não nutricionais potenciais a serem batidos pelos suinocultores independentes (“saindo do quadrado”):

  • Planejamento de Longo Prazo (antecipado) e real da estrutura e do Custo de Alimentação: medindo, monitorando e gerenciando os resultados. Existe no mercado várias plataformas digitais que trazem esta ferramenta, que auxilia na definição da alimentação com as hipóteses econômicas mais favoráveis.
  • Utilização de ingredientes nutricionais alternativos: silagem de grão de milho úmido (S.G.M.U.), milho produzido na propriedade ou comprado de vizinho; DDG (grãos secos de destilaria): coprodutos de milho oriundos de destilarias de etanol; farelos de leguminosas (de amendoim, de girassol, de algodão, etc.), disponíveis regional e em época logo após a colheita; farinhas animais (de carne e ossos, de vísceras, de sangue, de penas, etc.), de fornecedores idôneos, adicionadas em sua produção de anti-oxidantes e anti-salmonela); pré-limpezas de milho, soja, trigo, etc. (secos e logo após a colheita, e isentos de terra e sementes de plantas daninhas nocivas aos suínos); cereais de inverno na região sul (triticale, centeio, aveia, cevada, farelo de arroz, farelo de trigo, ervilha, etc.); uso de óleos (de frango, de peixe, mistos) como fontes de energia, se disponíveis; sorgo, milheto, casca de soja, feno de parte aérea de mandioca, raspa de raiz de mandioca, etc. (quando disponíveis, com qualidade e preços interessantes, ou serem produzidos pelo próprio suinocultor); etc.
  • Utilização de melhoradores zootécnicos nutricionais: aditivos tecnológicos (adsorventes de micotoxinas, etc.); aditivos sensoriais (principalmente extratos herbais); aditivos nutricionais (principalmente minerais orgânicos); aditivos zootécnicos (enzimas: fitases, proteases; prebióticos; probióticos; acidificantes; etc.).
  • “Um passo além da produção de suínos vivos”: produção de um suíno específico com melhor preço no mercado (tipo orgânico, que já tem empresas trabalhando com este tipo de produto). Ou até mesmo a produção de um produto premium (com foco na qualidade da carne, cortes diferenciados, temperados com costumes locais), que também agreguem valor ao seu produto final. Isto pode ser conseguido via parceria com abatedouros e supermercados

Considerações sobre o uso de formulações de rações com ingredientes alternativos, ou seja, saída do quadrado do suinocultor independente:

– As rações produzidas com ingredientes alternativos, de um modo geral, causam uma leve queda nos resultados zootécnicos;

– O uso de ingredientes alternativos, tende a aumentar o uso de mão-de-obra, mas pode compensar o resultado financeiro final (“saindo da zona de conforto”);

– Para que estas quedas zootécnicas sejam compensatórias financeiramente, o suinocultor independente precisa fazer com que o custo real por quilo produzido vivo diminua a partir do resultado financeiro anterior (custo);

– Em uma experiência em passado recente em uma integração ao qual trabalhei como supervisor de produção no Paraná, onde as médias zootécnicas eram menores (em torno de 10%) e a diminuição do custo por quilo do suíno vivo produzido de até 20% (incluindo custo de impostos e financeiro), quando comparada com os resultados previstos para uma produção em sistema convencional com uso de milho e soja, bem como comparado via benchmarketing com as demais empresas suinícolas da época.

Adaptações na estrutura da granja e outras que devem ser planejadas para o sucesso do uso das sugestões acima:

  • As formulações devem ser desenvolvidas e prescritas por assessoria nutricional, com conhecimento técnico e prático no assunto;
  • A fábrica de rações deve ser adaptada para o uso de alguns ingredientes: armazenamento das matérias-primas; maquinário de moagem conjunta, quanto ao uso de ingredientes com mais fibra bruta, que diminuem a capacidade de moagem; depósito e injetores de óleos, etc.
  • Os comedouros automáticos tipo holandês dos suínos (principalmente para as fases de creche, crescimento e terminação) devem ser adaptados a apresentação da ração pronta. Por exemplo, para o uso de S.G.M.U., é interessante o uso de comedouros que tenham mecanismos de giro interno, bem como do depósito externo, para facilitar a caída da ração, em presença de parte de sabugo).
  • Pode-se optar por trabalhar com premix aberto (modelo de nutrição animal europeu), ou conversar com o seu fornecedor de nutrição de suínos para desenhar e desenvolver produtos específicos para as condições de uso.

O que não mudou para o sucesso econômico do suinocultor independente:

– Ter balanças, para saber e conferir tudo que entra (matérias-primas), bem como tudo que sai (produção de suínos vivos), para que tenha em mãos os números e controle total do processo de produção;

– O “mapa da mina”, gestão total sobre a produção, resultados financeiros – em todas as fases de produção – para definição do diagnóstico da problemática: a crise é de baixa produtividade, alto custo dos insumos ou baixo preço do suíno vivo. O sucesso do tratamento, também aqui, está diretamente ligado ao acerto na definição da causa;

– Provisionar o estoque anual das principais matérias-primas, necessário para a produção anual do ciclo de produção dos suínos, comprando na safra e produzindo na entressafra;

– Uso de financiamentos de custeio para compra de matérias-primas na safra, auxiliando no capital de giro do negócio, se necessário;

– Ajuste do plantel de suínos e sua produtividade dentro das fases de produção ao tamanho livre da construção disponível, ou vice-versa, em busca do bem-estar animal, tão necessário na condição atual de retirada/banimento dos antibióticos promotores de crescimento dos sistemas de produção animal;

– Manutenção de um excelente regime de biosseguridade (isolamento da granja, restrição de visitas, controle de roedores e de moscas, etc.), principalmente nesta fase de mitigação de risco frente a Peste Suína Africana, que assola diversos países;

– Produção alternativa de energia elétrica via transformação do biogás dos dejetos dos biodigestores via motor-gerador, ou até via placas solares, que com certeza, tem algum impacto no custo de produção;

– Sustentabilidade ambiental continua: destinação correta dos animais mortos e restos de parto (compostagem); armazenamento, tratamento e destinação dos dejetos; armazenamento e destinação dos demais resíduos da produção (reciclagem e logística reversa), etc.

A busca pela alternativa e/ou alternativas que caiba(m) em sua granja, dentro do acompanhamento da experimentação e observação dos resultados, uma a uma, te levará a um patamar de sucesso produtivo e financeiro. E lembre-se de que “um desistente nunca vence, e um vencedor nunca desiste”.

E finalizando, sempre dá para melhorar, é só prestar atenção nas ocorrências. E ainda, se você quer algum resultado diferente do conseguido, tem que mudar a sua estratégia. Do contrário estará fadado a manutenção do mesmo resultado anterior, que poderá dar continuidade a sua conta no vermelho de sua granja.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: Por Rogério Paulo Tovo, médico-veterinário, administrador, mestre em Biociências Animais, professor de Zootecnia e Nutrição Animal no Unilassale

Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Pesquisadores adaptam técnica que acelera o crescimento do tambaqui

Por meio de um equipamento de pressão, é possível gerar um par a mais de cromossomos no peixe, gerando animais triploides e favorecendo o seu crescimento. Técnica foi adaptada de versões empregadas em criações de truta e salmão no exterior. Método gera animais inférteis, o que possibilita criações em regiões em que o tambaqui é exótico, uma vez que eventuais escapes não impactarão a fauna aquática local no longo prazo.

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Além do crescimento mais rápido e do peso maior do tambaqui, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa - Foto: Siglia Souza

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estuda uma técnica capaz de deixar o tambaqui (Colossoma macropomum) aproximadamente 20% maior e mais pesado. A técnica consiste em gerar, por meio de aplicação de pressão nos ovos fertilizados, peixes com três conjuntos de cromossomos (triploides) – em condições naturais são dois conjuntos – para deixar o peixe infértil. Com isso, ele cresce e engorda mais rápido do que em condições normais. A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Aldessandro Costa do Amaral, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a orientação da pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O´Sullivan.

Além do crescimento mais rápido, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa. “Quando você tem um peixe estéril, abre a possibilidade de regularização de seu cultivo em uma região onde ele seja exótico”, ressalta a pesquisadora. Isso porque, em caso de escape para a natureza, os animais estéreis não ofereceriam risco de se reproduzir em regiões das quais eles não fazem parte como, por exemplo, a Bacia do Prata, no Pantanal. “Assim, você expande os locais em que a espécie pode ser cultivada, mediante a regularização da atividade”, destaca a cientista.

A tecnologia já é empregada no exterior em peixes como salmão e truta, e o maior desafio era adaptá-la para o tambaqui, a segunda espécie mais produzida no Brasil. “Nas pisciculturas de truta na Escócia, o peixe cultivado tem que ser obrigatoriamente triploide, para não desovar. Como essas espécies são criadas em gaiolas no mar, precisam ser estéreis para não se reproduzir, o que causaria uma contaminação genética na população natural. Por isso é uma obrigação que todos os peixes sejam triploides”, explica a pesquisadora, acrescentando que a técnica em si não é nova; a novidade está na aplicação em peixes nativos brasileiros. “É uma tecnologia antiga, relativamente simples e de grande efeito na aquicultura, que estamos adaptando para o tambaqui.”

Equipamento de pressão para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes – Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Equipamento importado
A pesquisa faz parte do projeto Aquavitae, o maior consórcio científico já realizado para estudar a aquicultura no Atlântico e no interior dos continentes banhados por esse oceano. Por meio do Aquavitae, a Embrapa utilizou de 2019 até 2023, para os primeiros testes dessa técnica, um equipamento de pressão próprio para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes. A empresa norueguesa Nofima cedeu o equipamento para os experimentos na Embrapa Pesca e Aquicultura. Trata-se de aparelho de grande porte que opera de forma automática, bastando regular a pressão e o tempo desejados. A máquina é inédita no Brasil. “O aparelho que mais se assemelha pertence à Universidade de Santa Catarina, porém, a aplicação da pressão é manual”, conta a pesquisadora.

Como é a técnica utilizada?
O´Sullivan explica que a pesquisa buscou definir três parâmetros cruciais para induzir à triploidia. Primeiro, o tempo após a fecundação do ovo em que se deve iniciar o choque de pressão. Depois, foi preciso definir a intensidade da pressão a ser aplicada para o tambaqui, e, por fim, a equipe teve que descobrir a duração ideal da pressão. “Tivemos que identificar esses três parâmetros para o tambaqui ao longo do projeto”, explica a cientista.

Para realizar a técnica, são utilizados um milhão de ovos recém fertilizados, que vão para a máquina de pressão. Em seguida ao choque de pressão, os ovos vão para as incubadoras comumente usadas e o manejo é igual à larvicultura tradicional e à alevinagem. A quantidade de ração também é a mesma por biomassa; apenas os peixes começam a crescer mais. A pesquisadora conta que o protocolo para obtenção de 100% de triploides levou cinco anos para ser alcançado, após vários testes-piloto.

À esquerda, animais convencionais e, à direita, peixes submetidos ao processo de indução de poliploidia. Ambos originários da mesma desova e de idades idênticas.

Em seis meses, 20% maior
Durante a pesquisa, que avaliou o ciclo de crescimento e engorda do tambaqui triploide durante seis meses, observou-se que o peixe ficou 20% maior e mais pesado que os irmãos que não tinham passado pelo choque de pressão (usados como controle). O próximo passo da pesquisa é fazer uma avaliação durante o ciclo completo de crescimento da espécie, que dura 12 meses. “Produzimos um novo lote de triploides que deixaremos crescer até chegarem a um quilo. Se o resultado for o mesmo que tivemos com o peixe de seis meses, eles vão chegar a um quilo em menos de 12 meses”, calcula a pesquisadora, acrescentando que também estão sendo avaliadas a sobrevivência larval e a ocorrência de deformidades nesses peixes.

Outra característica que preocupa os pesquisadores são as consequências da triploidia no sistema imunológico destes peixes. Resultados preliminares indicam que o tambaqui triploide pode ter uma resistência reduzida a condições desafiadoras, como alteração da temperatura da água. Por isso, segundo a pesquisadora, antes que a tecnologia seja repassada para o setor produtivo, serão realizados estudos para a validação completa da técnica de produção de tambaquis triploides. “O primeiro passo era conseguir obter um protocolo que nos desse 100% de triploidia em tambaqui. Ficamos muito felizes e esperançosos de termos alcançado esse objetivo. Agora, outros estudos vão avaliar as vantagens e possíveis desvantagens dessa técnica na produção da espécie”, conclui Fernanda O’Sullivan.

Produção de tilápia usa outra técnica
Embora a infertilidade dos peixes seja uma vantagem para o crescimento do animal e para a expansão a novas regiões de produção, a triploidia não é indicada para a tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida no Brasil. Segundo a pesquisadora, há para a tilápia uma técnica mais econômica, que promove a criação do monosexo do macho pelo tratamento com hormônio para esse fim.

“A tilápia também tem protocolo de triploidia desde 1980, mas não estão mais usando, pois fica mais barato fazer a masculinização pela ração”, ressalta O´Sullivan. Ao contrário do tambaqui, em que as fêmeas são maiores do que os machos, na tilápia, os machos é que são maiores. Assim, foram desenvolvidas técnicas para masculinizar as larvas da tilápia. Ainda, para se fazer a triploidia, os ovos devem ser fertilizados in vitro, ou seja, artificialmente. E a produção de larvas de tilápias hoje se baseia na reprodução natural dos casais e coletas dos ovos já em desenvolvimento.

No caso da criação de monosexo da tilápia, quando os alevinos começam a comer, é oferecida ração com metiltestosterona. Isso faz com que todos os peixes se tornem machos. Com a produção exclusiva de machos, além de acelerar o crescimento, evita-se problemas de reprodução desenfreada da espécie, que é exótica no Brasil.

A pesquisadora ressalta que a técnica do monosexo nada tem a ver com a triploidia. “A técnica empregada no peixe triploide está ligada ao crescimento e à esterilidade. A esterilidade é muito importante, porque é uma característica que o monosexo não tem. Os peixes são do mesmo sexo, porém são férteis”. Ela conta que a Embrapa já está pesquisando produzir monosexo de tambaqui feminino, também pelo uso da ração – no caso, acrescida de estradiol.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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