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Jacir José Dariva,

Suinocultura em risco. Ajuda já passou da hora!

O momento que o setor de suínos passa é algo apreensivo e com consequências imagináveis se perdurar por algumas semanas a atual situação

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* Jacir José Dariva

 

Há tempos a Associação Paranaense de Suinocultores tem alertado sobre os riscos da crise no setor, desde seus momentos iniciais. E exige ações imediatas das autoridades, além da organização do produtor para evitar o caos na atividade que mais emprega no meio rural.

Passados vários meses desde o alerta inicial da APS, temo que já tenha passado da hora e que qualquer ajuda que venha ao encontro das necessidades do produtor, independente ou integrado, seja tardia!

O momento que o setor de suínos passa é algo apreensivo e com consequências imagináveis se perdurar por algumas semanas a atual situação.

Neste cenário, como nas crises passadas, os responsáveis pela política agrícola do Brasil voltam a afirmar que nada ou pouco pode ser feito para salvar o setor. Já os suinocultores, fragilizados agora pela alta do preço do milho e sua falta no mercado interno, sem uma política eficiente de abastecimento, assistem aflitos a perda diária de seu patrimônio, e também pouco podem fazer diante desta situação ainda agravante, a não ser, arcar mais uma vez com o prejuízo imposto por um mercado desorganizado e dominado por estruturas corporativas que vivem sob os mantos do poder, utilizando-se do dinheiro público e dos benefícios fiscais, com taxas diferenciadas dos produtores, e ainda por cima, com sérias dúvidas quanto ao pagamento dos empréstimos tomados a juros a perder de vista, muito diferente do que ocorre com a classe produtora. E isso se justifica por um simples fato: ontem, os grandes financiaram os atuais integrantes do poder, e hoje são beneficiados por políticas direcionadas, no verdadeiro “toma lá, dá cá”, que continua intensamente a persistir no atual quadro político brasileiro.

No mercado independente de suínos, a competição é predadora com níveis de desigualdade impostas pelo atual modelo na economia nacional. O setor precisa se organizar melhor e fazer a lição de casa, evitando ser afetado de maneira ainda mais cruel diante das crises como a vivida agora.

Da crise atual, alguns números chamam nossa atenção: o suíno vivo e carne recuaram entre 20% e 25% neste início de ano, e na primeira quinzena de abril as quedas se intensificaram. O milho, por sua vez, acumula alta neste ano acima de 30%.

A carcaça comum também apresenta grandes quedas. O acumulado no ano é de mais de 20%, com preço abaixo dos R$ 5,00/kg. Isso dá uma ideia do mercado, onde os grandes desovam seus estoques e forçam o preço para baixo, aumentando ainda mais o prejuízo do produtor.

Com custos nunca vistos e receita em queda, os suinocultores são pressionados a comercializar seus animais sem o peso ideal para aliviar os custos de produção e o prejuízo. Enquanto isso, os compradores aproveitam o momento para ofertar valores cada vez mais baixos pelo quilo do animal, o que resultou em quedas intensas nos últimos dias. O preço do suíno mantém-se abaixo dos R$ 3,00, e os bons níveis de exportação não estão sendo suficientes para enxugar o mercado interno.

O número de abates no Paraná também nos chama a atenção. Algo nos leva a crer que a crise não está relacionada somente com falta de consumo no mercado interno, e que existe um aumento descontrolado de produção, pois só no Paraná foram abatidas 276.133 cabeças a mais que em 2015, com aumento de 22% em dois meses.

Enquanto isso, os investimentos bilionários do sistema cooperativo não garantem um crescimento sustentável para toda a cadeia. Seria a hora de travar o aumento de produção? Será que o setor conseguirá exportar mais, para acomodar o mercado interno?

Portanto, quando a crise passar, o setor precisa se organizar melhor, fazer a lição de casa e tomar todas as medidas para evitar ser afetado de maneira ainda mais cruel diante de crises como a vivida agora. Já passou da hora para que as lideranças do setor produtivo tomem atitudes para evitar o caos, apesar que sempre é tempo. Então, mãos na massa, minha gente, e vamos passar a suinocultura a limpo!

 

* Jacir José Dariva, produtor de suínos das Granjas Dariva, presidente da Associação Paranaense dos Suinocultores, de Itapejara D’Oeste, PR.

Fonte: Ass. de Imprensa da APS

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